Ministério Público quer que ex-produtores rurais da Suiá-Missu paguem pela recuperção ambiental da área

Publicado em 21/05/2014 11:53 e atualizado em 22/05/2014 15:59

Vinte e sete dos produtores rurais expulsos pela Funai da área da antiga Fazenda Suiá-Missu foram denunciadas pelo Ministério Público Federal. Os procuradores querem R$ 42 milhões para restauração ambiental da área. Apenas três dos 27 indiciados tinham áreas maiores de mil hectares. Vinde e um eram pequenos produtores rurais com áreas menores de 500 hectares, dos quais 6 tinham minifúndios com menos de 100 hectares.

 
Imagem de satélite de 28 de julho de 2013 mostrando incêndio iniciado
na aldeia xavante se espalhando pela área demarcada pela Funai

De acordo com o Ministério Público, as 27 propriedades cometiam o crime de explorar a atividade econômica da agropecuária. Todas as áreas cujos proprietários estão sendo denunciados foram fiscalizadas pelo Ibama, multadas e muitas delas chegaram a ser embargadas por crime ambiental.

A área da antiga Fazenda Suiá-Missu foi expropriada pelo Governo nos anos 90 para criação de uma Terra Indígena, mas foi invadida por posseiros antes que pudesse ser entregue aos índios. Embora fique em área de floresta na Amazônia a Fazenda foi considerada pela Funai como território Xavante, etnia cuja ocupação tradicional sempre foi em áreas de Cerrado. De acordo com dados da própria Funai, apenas 11% da área demarcada é de cerrado. Cerca de 7 mil produtores rurais foram expulsos da área em 2012 e o povoado de Estrela do Araguaia foi completamente demolido.

Além de pedir a condenação dos 27 ex produtores rurais, incluindo os 21 pequenos, pelos crimes de invasão de terra pública e exploração econômica de área de floresta nativa, o MPF pede na ação a condenação de todos ao pagamento do custo para reflorestar a Terra Indígena Maraiwatsédé.

De acordo com os laudos de perícia ambiental feita pela Polícia Federal, o valor necessário para recuperar uma área de 10 mil hectares desmatados nas 27 fazendas é de R$ 42.356.578,90. Ainda de acordo com a perícia ambiental, o custo é uma estimativa para que a restauração da vegetação seja feita o mais próximo possível da condição original.

As 27 ações criminais são assinadas pelos procuradores da República Lucas Aguilar Sette e Wilson Rocha Assis e tramitam na Justiça Federal em Barra do Garças, Mato Grosso.

Enquanto o MPF continua tentando retirar dinheiro dos ex produtores que já perderam as terras para recuperar ambientalmente a área, os xavantes continuam ateando fogo à reserva.

Conforme mostramos aqui no #Qi através de imagens de satélite do ano passado, uma série de grandes incêndios que iniciaram no entorno da aldeia dos índios, calcinou mais de 60% da área de 165 mil hectares retirados dos agricultores e entregues a eles.

Veja aqui a sequencia de imagens de satélite do período seco de 2013 quando a área havia sido entregue à Funai: 

Situação em 02 de julho de 2013
 


Situação em 18 de julho de 2013


Situação em 28 de julho de 2013


Situação em 03 de agosto de 2013


Situação em 19 de agosto de 2013


Situação em 27 de agosto de 2013


Situação em 04 de setembro de 2013

 

Entenda porque esta terra indígena foi incendiada em 2013 e porque este site monitorou estes incêndios: Fogo na Suiá-Missu: Sequência de imagens de satélites mostra queimadas na Terra Indígena Maraiwatsede 

 

Fonte: Blog Questão Indígena

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Indígenas voltam a defender demarcação de territórios em evento na Câmara dos Deputados
Marco Temporal: "Decisão de Gilmar Mendes é mais uma vitória importante" e garante constitucionalidade da lei, afirma Lupion
STF suspende tramitação de todas as ações judiciais sobre Lei do Marco Temporal
FPA se manifesta sobre busca da PGR por derrubada do Marco Temporal das Terras Indígenas
FPA se posiciona sobre decisão do STF em relação às demarcações em Guaíra/PR