Votação de relatório de PEC que muda demarcação de terras indígenas é prorrogado

Publicado em 21/10/2015 06:59

A votação do relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00, que altera a demarcação de terras indígenas, quilombolas e de unidades de conservação, pela comissão especial criada para analisar a PEC foi prorrogado por mais dez sessões. A votação foi suspensa nesta terça-feira (20) em razão da ordem do dia no Plenário da Câmara dos Deputados.

A proposta do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), retira do Executivo e dá ao Congresso Nacional a palavra final sobre a demarcação das terras indígenas. O governo afirma que a PEC é inconstitucional por retirar competência exclusiva do Executivo, ferindo a separação dos poderes e direitos assegurados na Constituição.

O relator defende a proposta com o argumento de que não há nenhuma fragilidade jurídica no texto apresentado. "Não me envergonho do texto e não admito que o tratem como inconstitucional”, disse Serraglio durante a discussão do substitutivo.

O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) disse que, se a PEC for aprovada, ela vai “sepultar” 228 processos de reconhecimento de terras indígenas; “engavetar” 144 processos sub judice; e “jogar no lixo da história” mais de 1.600 processos de reconhecimento de áreas quilombolas. “É uma PEC a favor dos latifundiários e dos agronegocistas”, disse.

A proposta também é criticada por organizações que atuam na defesa dos direitos indígenas e de comunidades quilombolas e tradicionais, que lançaram em agosto um manifesto contra a PEC.

“A PEC 215 e seus apensos pretendem paralisar a demarcação de terras indígenas, a titulação de territórios quilombolas e a criação de unidades de conservação, bem como permitir a liberação de grandes empreendimentos dentro das áreas protegidas, tais como hidroelétricas, mineração, agropecuária extensiva, implantação de rodovias, hidrovias, portos e ferrovias”, diz o manifesto.

Nesta terça-feira, a violação aos direitos dos povos indígenas brasileiros foi tema de audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. O pedido de audiência foi feito por entidades da sociedade civil, como a Justiça Global e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Na ocasião, as entidades que defendem os direitos dos indígenas voltaram a afirmar que a proposta é inconstitucional e que sua aprovação praticamente impediria a demarcação de novas terras, para atender a interesses da bancada ruralista e atentando “contra os direitos fundamentais dos povos”.

Fonte: Agência Brasil

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Indígenas voltam a defender demarcação de territórios em evento na Câmara dos Deputados
Marco Temporal: "Decisão de Gilmar Mendes é mais uma vitória importante" e garante constitucionalidade da lei, afirma Lupion
STF suspende tramitação de todas as ações judiciais sobre Lei do Marco Temporal
FPA se manifesta sobre busca da PGR por derrubada do Marco Temporal das Terras Indígenas
FPA se posiciona sobre decisão do STF em relação às demarcações em Guaíra/PR