Soja: Antes de números do USDA, mercado opera na defensiva na CBOT

Publicado em 06/06/2014 12:45

Nesta sexta-feira (6), o mercado internacional da soja caminha de lado na Bolsa de Chicago. As cotações da oleaginosa não apresentam uma direção definida, os futuros vêm testando os dois lados da tabela e as oscilações são bem pouco expressivas neste pregão regular. Segundo analistas, o mercado carece de novas informações para que volte a registrar movimentações mais expressivas.

Além dos números de oferta e demanda mexendo com o andamento do mercado, há também movimentos técnicos que influenciam os preços. Nesta semana, muitos fundos de investimento venderam suas posições mais curtas - principalmente o contrato julho - para comprar as mais distantes, como o vencimento novembro, que é referência para a nova safra norte-americana. 

De acordo com Bryce Knorr, analista de mercado do site norte-americano Farm Futures, as posições mais curtas mantém seu foco na situação dos estoques da safra velha dos Estados Unidos extremamente apertados frente à atual força da demanda mundial. Entretanto, explica ainda que apesar disso, o mercado ontem foi pressionado pelos baixos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para as exportações semanais da safra 2013/14. 

Enquanto o mercado apostava em um volume entre 100 e 125 mil tonelas, as vendas somaram apenas 41,3 mil toneladas. Ainda assim, esse número, considerado não tão alto, elevou o acumulado no ano para quase 45 milhões de toneladas, enquanto a estimativa para todo a temporada comercial é de 43,5 milhões de toneladas. 

Assim, o mercado observa também como caminha a demanda de importação de soja dos Estados Unidos, ainda de acordo com Knorr, que salienta a atenção dos investidores para a movimentação dos navios que chegam aos portos do país. Alguns locais, onde há forte produção de suínos e frango, já contam com essas compras para o esmagamento e produção de farelo de soja para ração animal. 

Dessa forma, a tendência de suporte e necessidade de novas altas continua. Como explicam analistas, somente preços mais elevados poderiam racionar a demanda pela oleaginosa nesse momento, e as cotações nos atuais níveis não cumprem esse papel. 

Análises gráficas indicam que o vencimento julho conta com um suporte de preços na casa dos US$ 14,45 por bushel e, caso perca esse patamar, pode iniciar um novo processo de quedas. 

Pressão da nova safra

O quadro para as cotações no longo prazo, porém, é diferente. As expectativas para a temporada 2014/15 dos Estados Unidos são muito boas nesse momento e se intensificam a medida que o clima nas principais regiões produtoras do país se mantém favorável aos trabalhos de campo.

Da área estimada para a nova safra - de 32,98 milhões de hectares - 78% já foram plantados até o último domingo, segundo informações do USDA. O número está bem acima dos níveis registrados no ano anterior e acim ainda da média dos últimos cinco anos. Assim, a estimativa do departamento é de que sejam produzidas 98,93 milhões de toneladas. 

De acordo com previsões do instituto climático dos EUA MDA Weather Services, a próxima semana deverá ser boas chuvas no Meio-Oeste norte-americano, o que deve manter a umidade do solo em níveis adequados. Já no norte do Missouri e Iowa o clima seco dá uma trégua e reduz a preocupação com a estiagem que vinha castigando as regiões. 

As condições de clima dentro da normalidade e essas boas expectativas para a produção têm acentuado a pressão sazonal pela qual passa o mercado nesse período do ano. 

Ainda sobre a safra nova, o USDA informou as vendas semanais, nesta quinta-feira (5), em 230,5 mil toneladas, contra 821,1 mil da semana anterior e bem abaixo das expectativas do mercado, que variavam de 500 mil a 1,050 milhão de toneladas.  

Semana de Expectativas

Na próxima semana, o departamento de agricultura traz quatro novos boletins e o mercado espera esses números com ansiedade. Na segunda-feira (9), saem os embarques semanais e o acompanhamento de safras; na quarta-feira (11), o relatório mensal de oferta e demanda e, na quinta-feira (12), as exportações semanais norte-americanas. Além disso, no dia 10 a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) traz seu novo levantamento da safra de grãos do Brasil. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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