Soja: Com força do dólar, preços sobem no Brasil e estimulam novos negócios nesta 2ª feira

Publicado em 14/11/2016 16:55

A segunda-feira, 14 de novembro, foi mais um dia de alta para o dólar frente ao real, levando a moeda americana a encerrar o dia com R$ 3,4408 e avanço de 1,43%. Na máxima da sessão, a divisa foi a R$ 3,4752, com um ganho de 2,44%. A sessão foi, novamente, intensa e bastante volátil e, o movimento do câmbio segue puxando os preços da soja no Brasil para cima. Nos últimos quatro pregões, a alta passa de 8%. 

Apesar da véspera de feriado no Brasil - amanhã se comemora a proclamação da República e os mercados não operam por aqui - as referências em alguns portos e praças de comercialização voltaram a subir. No terminal de Rio Grande, a soja disponível fechou o dia com R$ 78,00 por saca e alta de 2,23%, enquanto no mercado futuro foi a R$ 83,00, subindo 1,22%. Já em Santos, ganho de 0,44% no disponível para R$ 80,00. No porto de Paranaguá, por outro lado, os preços se mantiveram estáveis e suas referências desta segunda-feira foram de R$ 79,00, no disponível, e R$ 80,00, para os negócios do próximo ano. 

No interior do país, novas altas também foram registradas. Em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, o preço subiu 1,49% para R$ 68,00 por saca; no Oeste da Bahia, 2,05%, para R$ 66,33. No Paraná, altas de 0,72% para R$ 69,50 por saca em Ubiratã e Londrina. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, algumas registraram alguma queda - como Campo Novo do Parecis e Mato Grosso, onde a cotação cedeu 4,41% para R$ 65,00 - e nas demais, houve estabilidade. 

A movimentação do câmbio tem sido, nos últimos dias, especialmente após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos no último dia 8, o fator mais acompanhado no mercado brasileiro de soja e o responsável por destravar a comercialização no país, mesmo que momentâneamente. E, após os bons negócios feitos nos últimos dias, as expectativas é de que esse melhor ritmo ainda continue. 

" Com expectativa que voltemos a ter oportunidades de bons fechamentos, aqueles que passaram sem fechar na última semana poderão o fazer agora e, principalmente com a safra nova, ir fazendo uma boa media, porque as cotações que têm aparecido já dão boa margem de lucros ao setor. Assim,
deve-se ir aproveitando os bons momentos para não correr riscos em segurar toda a safra para vender no ano que vem", oriente o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Para o executivo, o dólar deverá continuar flutuando, testando alguns novos patamares, podendo sentir, porém, uma intervenção maior do Banco Central. "Avançando acima dos R$ 4,00, a moeda tende a trazer pressão sobre a inflação e o BC não tem interesse niosso, já que pode voltar a desequilibrar a economia, que anda cambaleante", completa. 

Além disso, há ainda um novo momento na política do Brasil com as especulações de uma possibilidade de cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral e os rumores acentuam ainda mais a volatilidade do dólar e também deverá impactar no ritmo da comercialização no Brasil nos próximos meses. 

Mercado Internacional

Para Flávio França Junior, a palavra-chave da vez é imprevisibilidade. Segundo o analista de mercado da França Junior Consultoria, com Trump assumindo a presidência norte-americana há a chegada ainda de uma de incerteza muito grande nos ambientes político, econômico e financeiro globais que deve trazer mais volatilidade ainda aos negócios daqui em diante, principalmente com a soja na Bolsa de Chicago. 

No entanto, ele ainda afirma que estaria "mais inclinado a acreditar que as coisas poderiam se acomodar nas próximas semanas", mas ainda não é possível entender isso como uma máxima, justamente frente a este mercado bem mais imprevisível como este que vem sendo esperado, salienta França. 

E já nesta segunda-feira, os futuros da soja negociados na CBOT registraram uma sessão de volatilidade, operando durante todo o dia em campo negativo. No final dos negócios, porém, a commodity conseguiu recuperar parte de suas baixas e encerrou o pregão, nos principais contratos, com pequenas baixas de 1,75 a 2,25 pontos. O janeiro/17, que é a posição mais negociada deste momento, valendo US$ 9,84 por bushel. 

Ainda para a movimentação dos negócios em Chicago, atenção à força da demanda - que permanece presente e dando importante sustentação aos preços - e ao desenvolvimento da nova safra da América do Sul. "A safra nova é a bola da vez e uma variável central na formação dos preços nas próximas semanas", diz o consultor da França Junior. "A América do Sul está só começando seu plantio", diz. 

E sobre a demanda, as notícias desta segunda-feira foram bem positivas. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe o reporte de novas vendas de soja de 456 mil toneladas da safra 2016/17, sendo 324 mil para a China e mais 132 mil para destinos não identificados.  

Ao mesmo tempo, o novo reporte semanal de embarques norte-americanos de grãos trazido pelo departamento mostrou uma nova semana forte para a oleaginosa. Na semana encerrada em 10 de novembro, os embarques norte-americanos da oleaginosa somaram 2.785,428 milhões de toneladas. O volume, apesar de bastante elevado, ficou dentro das expectativas do mercado, que variavam de 2,5 a 2,8 milhões de toneladas. 

O total é maior do que o registrado na semana anterior, no mesmo período do reportado ainda no mesmo período da temporada 2015/16 e eleva o volume acumulado na temporada a 19.082,295 milhões de toneladas embarcadas, contra 16.319,058 milhões do mesmo período da safra passada. 

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja recua em Chicago nesta 2ª, voltando a focar o clima bom nos EUA
Soja/Cepea: Valorização do farelo e clima adverso mantêm preços do grão em alta
Soja tem nova alta em Chicago, fica acima dos US$12/bushel, mas continuidade do movimento ainda depende do clima nos EUA
Paraguai: soja safrinha terá um dos menores rendimentos dos últimos anos, diz StoneX
Safra de soja do RS pode cair 15% por chuvas, com impacto em números do Brasil