Produtividade de soja e milho dos EUA surpreende na reta final da colheita

Publicado em 14/11/2017 15:34

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualizou seus dados sobre a evolução da colheita no país e mostrou que os trabalhos de campo estão quase concluídos para a soja e para o milho. No caso do cereal, a área colhida evoluiu, na última semana, passou de 70% para 83% - contra 91% de média dos últimos cinco anos - e para a soja o número passou de 90% para 93%, enquanto a média para o período é de 95%. Os dados ficaram bem próximos das expectativas do mercado. 

Com a conclusão da safra batendo à porta, as especulações iniciais sobre a essa temporada americana ficaram para trás e foram confirmados níveis de produtividade bastante elevados para ambas as culturas. 

Uma pesquisa realizada pelo portal internacional Farm Futures trouxe rendimentos acima dos 200 bushels de milho por acre e mais de 60 para a soja. Em sacas por hectare, esses números superam, respectivamente, 211 e 68 sacas. Mesmo que ligeiramente, essa confirmação de uma oferta bastante elevada vinda dos Estados Unidos ainda exerce alguma pressão sobre as cotações no quadro internacional. 

E nem mesmo as áreas que vêm registrando a incidência de neve tiraram uma parte considerável do potencial desta safra. Apenas uma semana de tempo mais seco em Iowa, por exemplo, permitiu que o atraso da colheita fosse compensado. 

"Os trabalhos de campo estão retomando o ritmo e agora está somente uma semana atrás da média dos últimos cinco anos", disse o secretário de Agricultura de Iowa, Mike Naig, em entrevista ao site AgWeb.

"Esse evento foi um evento bem localizado no cinturão agrícola. E a neve no Corn Belt é tão comum quanto a chuva no Centro-Oeste do Brasil durante a colheita, e não é um fator para se dar muita atenção, uma vez que é totalmente normal, desde que essa neve não se torne uma invernada e permaneça por alguns dias, algumas semanas", explica o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Brasil. "Isso sim poderia causar algum impacto negativo, principalmente na soja. A soja tem uma facilidade de arder com mais agressividade do que o milho, que segura mais a questão da umidade", completa. 

E são, justamente, os números do milho que mais surpreenderam os analistas nesta temporada 2017/18. De acordo com os últimos números do USDA, em seu reporte mensal de oferta e demanda trazido na última quinta-feira (9), o departamento trouxe um aumento na produtividade do cereal de 181,82 para 185,65 sacas por hectare. - trata-se de um novo recorde.  A produção, portanto, deverá chegar a 370,3 milhões de toneladas. 

No caso da soja, a produtividade estimada pelo USDA foi mantida nas 56,12 sacas por hectare - mesmo número do boletim de outubro - porém, o reporte trouxe uma correção da safra para 120,43 milhões de toneladas, contra 120,58 milhões do mês anterior. Ainda assim, essa também é a maior safra de soja dos Estados Unidos. 

De acordo com o engenheiro agrônomo e phD em agricultura, Michael Cordonnier, esse elevado rendimento pode ser atribuído a uma combinação de fatores, incluindo um investimento maior em genética, tecnologia, planejamento e, é claro, boas condições de clima. 

"Assumimos, no passado, que a genética melhorada aumentou o rendimento do milho em cerca de 1,5 bushel por acre anualmente. Talvez, agora já devamos aumentar isso para 2 bushels ou mais", diz. 

Um gráfico da consultoria internacional Diversified Crop Insurance Services mostra que os índices de produtividade do milho vêm subindo há 67 anos nos Estados Unidos. 

Gráfico mostra a evolução da produtividade de milho nos EUA desde 1950 - Fonte: Diversified Crop Insurance Services

"Um olhar superficial na linha preta mostra a tendência contínua de alta no rendimento, mas um olhar mais atento mostra muita variação ano a ano, incluindo esta década. Tivemos um crescimento médio nas safras de 2010 e 2011, a baixa de 2012 (em função da seca). Em 2013, foi melhor, mas ainda abaixo da tendência. E então, nos últimos quatro anos os números das colheitas de milho têm sido excelentes", diz a consultoria. 

Se os resultados de 2018 também trarão boas surpresas para os produtores norte-americanos ainda é difícil saber, porém, as perspectivas da empresa indicam que, com certeza, que os custos de produção e arrendamento, porém, deverão se manter altos e a maioria dos produtores terão de continuar a produzir muitos bushels para seguir na atividade. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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