Soja: Chicago tem dia de correção e fecha em alta; portos do BR mantêm patamar dos R$ 86

Publicado em 08/05/2018 17:31

Nesta terça-feira (8), os preços da soja trabalharam em campo positivo durante todo o dia na Bolsa de Chicago e fecharam o pregão com ganhos de 7,50 a 9 pontos entre os contratos mais negociados. O vencimento julho, que é o mais importante agora, encerrou os negócios com US$ 10,20 por bushel. Na máxima do dia, a posição bateu nos US$ 10,23. 

Como explicou o analista de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, o mercado parece ter deixado de lado o peso das informações sobre o avanço do plantio nos Estados Unidos e buscou uma acomodação depois das últimas baixas. "O mercado corrigiu parte das baixas de ontem que foram desproporcionais", diz. 

De acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o plantio norte-americano já está concluído em 15% da área, número que ficou acima das expectativas do mercado - de 9 a 11% - e dos 13% do ano passado, nessa mesma época, e da média dos últimos cinco anos. 

Além disso, os ganhos do mercado internacional, ainda segundo explicam analistas e consultores, foram reflexo também de um reajuste dos traders antes do novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA traz nesta próxima quinta-feira, 10 de maio. O reporte será o primeiro a chegar com as informações iniciais da temporada 2018/19 e já causa, portanto, especulação no mercado. 

Ademais, as tensões comerciais entre China e Estados Unidos seguem no radar dos traders e o mercado deu espaço às informações, nesta terça-feira, de que o vice-premier chinês visitará, com sua equipe, a Casa Branca na próxima semana para reaver as negociações em torno dos acordos comerciais entre as duas economias. 

"Se um acordo for firmado, os EUA voltam a exportar soja para a China, reduzindo a eventual alta dos prêmios no Brasil", explica o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Mercosul. Entretanto, lembra ainda que, nesse momento, o cenário segue favorecendo a soja brasileira. "O fator China não está resolvido. Ao fim de maio, se os EUA decidirem por implementar a proposta tarifária de US$ 50 bi sobre a China, os chineses vão retaliar sobre a soja americana. Com isso, os prêmios no Brasil voltam para o "arranha-céu", completa.

Leia mais:

>> EUA x China: Negociações serão retomadas na próxima semana; soja em foco

Mercado Brasileiro

Apesar das altas em Chicago e do dólar, que nesta terça-feira fechou próximo de R$ 3,57, os ganhos para os preços da soja no Brasil não foram generalizados. Ainda assim, os patamares atuais seguem trazendo margens interessantes para os produtores e o momento pode ser propício para dar continuidade à mais uma parte da comercializaçao da safra 2017/18, ainda como explica Carlos Cogo em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

Em praças como Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, as referências subiram 1,47% e 1,49%, respectivamente, para R$ 69,00 e R$ 68,00 por saca. Em Castro/PR, alta de 0,58% para R$ 86,50. 

Nos portos, os preços recuaram nesta terça. Em Paranaguá, o produto disponível perdeu 0,58% para R$ 86,00 por saca, enquanto em Rio Grande foi a R$ 85,80, caindo 0,23%, e a referência maio/18, que teve a mesma queda, ficou em R$ 86,30. 

Mesmo com essa acomodação, as margens de renda do produtor estão melhores do que as observadas no final do ano passado. Ainda segundo Cogo, a margem bruta de lucro da soja, no Sul e Sudeste do Brasil, passou de 15% para 40% Cerrado, e de 40% para 55% no Sul e Sudeste. O avanço é resultado da combinação dos bons momentos, portanto, de Chicago, do dólar frente ao real e dos prêmios no Brasil. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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