Excesso de chuvas atrasa plantio no norte do PR e pode comprometer controle de doenças e daninhas

Publicado em 24/10/2018 17:21

O ritmo do plantio da soja no Paraná perdeu força nestes últimos dias dadas as chuvas excessivas que vêm chegando ao estado. Os produtores vinham liderando os trabalhos de campo nesta nova temporada, porém, o clima adverso mudou este quadro e a conclusão da semeadura acabou ficando comprometida.

Na região mais ao norte do estado, os volumes foram tão intensos que alagaram as lavouras de propriedades em cidades como Doutor Camargo, Marialva e Maringá. Nessas localidades, os produtores chegaram até mesmo a perder o replantio que fizeram. 

Como explicou o gestor da Área de Produção Sustentável de Grãos da Emater/PR, Nelson Harger, há situações de plantio nas diversas regiões do estado e, de fato, até este momento, o Norte é a região que mais preocupa. "O plantio no norte ocorre, tradicionalmente, mais tarde, a partir de 10 de outubro, e não houve condições favoráveis para o avanço por conta das chuvas", diz. 

Ainda segundo Harger, o atraso deverá ficar entre 10 e 15 dias e os trabalhos de campo, por conta dessas adversidades climáticas, deverão ser mais escalonados e assim, nessa área, o plantio irá demorar um pouco mais para fechar. 

O replantio em algumas regiões será, portanto, inevitável. "Onde alagou nessas bacias de água nos terraços, o pé morre. Está chovendo, ele fica dois dias coberto com água e não resiste. Onde lavou também, a erosão pega uma largura muito grande e então não tem jeito vai ter que replantar", relata o produtor Ildefonso Ausec, de Doutor Camargo, relatando a situação de seus município e dos demais próximos. 

Há, inclusive, produtores que já fizeram os trabalhos de replantio e também perderam por conta das precipitações intensas. 
E nesses casos, "o prejuízo maior não é tanto a semente e o adubo, mas a terra que vai embora. Aquele lugar que lava para recuperar é ruim, as perdas são grandes ali", diz Ausec. 

As imagens abaixo mostram a situação de lavouras da região de Doutor Camargo e o entorno e foram enviadas pelo produtor. 
 


Até este momento, os problemas e as perdas ainda são casos isolados no norte paranaense, como explica o gestor da Emater/PR. Harger lembra ainda que a região conta com solos mais argilosos, que são mais difíceis de secar, sendo esse outro fator que irá exigir que o produtor escalone seu plantio daqui em diante para que possa conclui-lo de melhor maneira. 

Da mesma forma, alerta também para a maior possibilidade de infecções da planta por doenças radiculares em decorrência do excesso de umidade no solo, bem como outras doenças - como a ferrugem - que encontram ambiente favorável para seu desenvolvimento com o calor e a umidade. O controle de plantas daninhas, dessa forma, também exigirá mais atenção, já que o controle pode se tornar um pouco mais
custoso.  

No oeste do estado, em áreas abaixo de 600 metros de altitude, ainda como explica o gestor, onde é mais quente, a semeadura da soja evoluiu de forma mais tranquila, uma vez que começou um pouco mais cedo e contou com melhores condições climáticas. São cerca de 2 milhões de hectares onde o plantio está, praticamente, concluído. 

De acordo com números do Deral (Departamento de Economia Rural) do Governo do estado do Paraná, já são 59% da área de soja plantada, contra 66% do mesmo período do ano passado. Sua projeção de safra está mantida e traz 19,6 milhões de toneladas da oleaginosa. 

Previsão do Tempo

As instabilidades seguem intensas sobre áreas da faixa Centro-Sul do país com a passagem de uma frente fria e uma área de baixa pressão atmosférica entre o Paraguai e Argentina. As informações partem do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). 

Mapas mostram previsões de chuvas de 24 de outubro a 1º de novembro e 1º a 9 de novembro - Fonte: NOAA

 

As previsões para o norte paranaense trazem a possibilidade de chuvas entre 20 e 30 mm/h ou até 50 mm/dia, ventos intensos (40-60 Km/h), e queda de granizo. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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