Soja: Mercado brasileiro puxa prêmios diante da baixa do dólar e estabilidade em Chicago

Publicado em 11/01/2022 18:03

A terça-feira (11) fechou com estabilidade para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. Depois de começarem o dia com perdas fortes, o mercado voltou à neutralidade, passou a caminhar de lado e terminou o dia com pequenas altas de 1,75 a 2 pontos nos principais vencimentos. O janeiro ficou em US$ 13,76, o maio em US$ 13,95 e o julho resistiu nos US$ 14,01 por bushel. 

O mercado vai retomando espaço e fôlego depois das baixas da sessão anterior e da manhã de hoje, buscando se ajustar antes da chegada do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e frente às condições de clima ainda bastante adversas na América do Sul. 

As previsões continuam mostrando temperaturas elevadíssimas para Argentina, Paraguai, Uruguai e Sul do Brasil, com a influência de uma severa onda de calor, além de chuvas escassas ou completamente ausentes. No Centro-Oeste, Sudeste e MATOPIBA, no Brasil, o que mais traz preocupação é o excesso de chuvas. 

Ainda no radar dos traders nesta terça-feira esteve o novo número da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que revisou a estimativa para a safra 2021/22 de 142,8 para 140,5 milhões de toneladas, frustrando algumas expectativas do mercado dado o corte tão tímido diante de relatos de perdas tão agressivas pelos produtores em todas as regiões do país. 

Para Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, a quebra no Brasil é muito mais séria do que isso e a Conab foi bastante moderada em seu corte, e poderia ter trazido algo entre 135 e 138 milhões de toneladas.

"O Brasil não repete nem mesmo a safra do ano passado, podemos chegar a perto de 130 milhões de toneladas somente, e digo depois de ter visitado muitas lavouras no sul do país e ouvindo relatos de produtores do Brasil inteiro. Temos problemas em todos os lugares agora e o clima é muito diferente do que tivemos no ano passado", diz.

Os traders também seguem atentos ao mercado financeiro e ao comportamento da demanda, que ainda traz algumas preocupações diante das exportações ainda lentas nos EUA e de margens de esmagamento ruins na China. Ainda nesta terça, o USDA informou uma nova venda de 100 mil toneladas de soja para o México. O volume é todo da safra 2021/22. 

PREÇOS NO BRASIL

No Brasil, a maior parte das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas mostrou baixa nos preços refletindo a combinação da estabilidade das cotações na Bolsa de Chicago e uma baixa forte do dólar nesta terça-feira. A moeda americana encerrou o dia com queda de 1,66% e valendo R$ 5,58. 

Algumas praças chegaram a marcar perdas de até 1,45%, como foi o caso de Itiquira ou Alto Garças, ambas em Mato Grosso, para levar a saca a ainda R$ 170,00 no disponível. No Oeste da Bahia, a perda foi ainda mais agressiva, de 4,91% para R$ 162,13. 

Nos portos, porém, as cotações permaneceram estáveis. Em Paranaguá, R$ 182,00 no disponível e R$ 181,00 para fevereiro, já em Rio Grande, R$ 180,00 e R$ 179,00, respectivamente, nas referências. Ao longo do dia, no entanto, o mercado testou patamares mais elevados. 

"As posições nos portos variam de R$ 182,00 a R$ 186,00, aé R$ 188,00 para fevereiro em Rio Grande, com mercado comprador. A indústria gaúcha pagando R$ 186,00 e não consegue oferta. Nas posições mais distantes, nos portos, os indicativos seguem próximos dos R$ 190,00", relatou Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. 

E ele explica que o mercado também corrigiu seus prêmios nesta terça-feira diante das baixas que foram mais acentuadas durante a manhã em Chicago, bem como a baixa do dólar. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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