Soja: Mercados estão patinando em Chicago e no Brasil, mas negócios ainda fluem por aqui
Nesta quinta-feira (4), o mercado da soja registrou um novo dia de lateralização e encerrou os negócios com leves baixas na Bolsa de Chicago. As perdas entre as posições mais negociadas foram de 1 a 2,50 pontos, com o maio sendo cotado a US$ 11,80 e o agosto a US$ 11,91 por bushel.
No Brasil, o dólar vai encerrando o dia em queda, mas ainda acima dos R$ 5,00, o que acaba sendo um fator importante de suporte aos preços no mercado nacional, onde alguns negócios ainda estão sendo registrados, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
"O produtor vê que o mercado chegou a um patamar e agora começa a patinar. Está neste momento de serrote, as oportunidades de insumos estão ainda aí e o produtor não quer perder. Então, há negócios fluindo", Brandalizze. Nesta quinta, ainda segundo o consultor, os preços se mantiveram no mercado de balcão no Rio Grande do Sul - porque a colheita no estado ainda está no começo, porém, cederam em algumas outras partes do país, como também recuaram nos portos.
Assim, no balcão gaúcho os indicativos variam de R$ 116,00 a R$ 119,00 por saca, enquanto nos demais, entre R$ 104 a R$ 116,00, com uma queda de R$ 1,00 a R$ 2,00 por saca saca em relação ao início da semana, justamente em função das baixas observadas em Chicago, e da pressão que se observou também nos portos.
A estabilidade dos prêmios em relação aos últimos dias aliada às perdas na CBOT se refletem em pressão nos principais portos exportadores. Ainda assim, são referências que variam de R$ 125,00 a R$ 126,00 por saca nos portos, enquanto para mais a diante, no junho, julho, os preços já sinalizam indicativos na casa dos R$ 130,00, R$ 131,00 e até R$ 132,50 a depender dos prazos de pagamento e entrega.
BOLSA DE CHICAGO
"O mercado da oleaginosa reflete o enfraquecimento nas vendas semanais de soja dos EUA", afirma o time da Pátria Agronegócios.
Nesta quinta, os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) vieram, mais uma vez, fracos e abaixo do esperado para a soja em grão, pesando sobre as cotações na CBOT, que já estavam fragilizadas pela falta de novas notícias e pelo atual momento de redefinição.
"Na semana encerrada em 28 de março, o país comprometeu apenas 194,2 mil toneladas da oleaginosa, contra expectativas de 200 mil a 600 mil toneladas. O volume caiu 26% em relação à semana anterior e 54% em relação à média das últimas quatro. A China foi o principal destino da soja norte-americana.
Em toda temporada, os EUA já venderam 40,594,1 milhões de toneladas, ainda distante do total do mesmo período do ano passado, quando mais de 49 milhões de toneladas estavam comprometidas. A estimativa total do USDA para as exportações 2023/24 é de 46,81 milhões de toneladas.
"O farmer selling do produtor americano continua fraco, especialmente para a nova temporada. Apenas 470,3 mil toneladas de soja da safra 2024/25 foram vendidas na exportação, contra 1,836 milhão do mesmo período do ano passado", explica o time da Agrinvest Commodities.
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Além disso, ainda segundo a Pátria, o mercado se divide também entre a a conclusão da safra da América do Sul e o início da safra norte-americana 2024/25, com olhos vivos sobre o atual momento climático. Até agora, as condições climáticas são favoráveis para os trabalhos de campo com o milho e, com a soja, deverão ser iniciados no próximo mês.
O mercado da soja está em momento de redefinição, explica o consultor de mercado do Sistema Manancial Consultoria, Aaron Edwards, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio, do Notícias Agrícolas, nesta quinta-feira (4). No entanto, ele alerta ainda sobre estas redefinições estarem acontecendo em um momento em que os fundos ainda carregam posições vendidas ainda muito grandes, ao passo em que em mais algumas semanas o plantio da nova safra dos Estados Unidos trará ainda mais incertezas ao mercado.
Reveja a entrevista:
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