Soja fecha terceiro pregão consecutivo em alta, com sinais importantes vindos da relação China-EUA

Publicado em 23/04/2025 16:23 e atualizado em 23/04/2025 18:07

A soja fechou o pregão desta quarta-feira (23) em alta na Bolsa de Chicago. Os ganhos foram tímidos ao final do dia, porém, sendo sinais importantes de um mercado ainda bastante resiliente frente a tantas turbulências que têm enfrentado, em especial para os preços no cenário norte-americano. 

Os futuros da oleaginosa terminaram a sessão subindo entre 2,75 a 5,50 pontos nos principais contratos, com o maio sendo cotado a US$ 10,41 e o setembro a US$ 10,24 por bushel. Os ganhos mais intensos se deram nos contratos mais curtos. 

"Posições mais cautelosas aumentam chance de mediação do conflito China-EUA, com conversas agendadas para os próximos dias, o que anima o mercado da soja na CBOT", afirma o time da Pátria Agronegócios. 

Este foi o terceiro pregão consecutivo de ganhos para a soja na CBOT, refletindo uma combinação de sinais importantes que vêm dos fundamentos e também dos cenários macroeconômico e geopolítico. Há uma chance um alinhamento entre as duas maiores economias do mundo, como também a possibilidade de a área dedicada ao plantio da soja nos EUA para a safra 2025/26 seja ainda menor do que o esperado. Em março, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sinalizou uma diminuição de 4% em relação à temporada anterior. 

Do mesmo modo, um sentimento de certa tranquilidade toma conta dos mercados nesta quarta-feira depois que o presidente americano Donald Trump adotou um tom menos austero e agressivo sobre o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Nos últimos dias, Trump fez duras críticas ao chairman do Fed, depois recuou dizendo que não pretende demiti-lo - o que teria que fazer na Suprema Corte, já que a instituição é independente - e as declarações acalmaram pelo menos uma parte dos ânimos do mercado. 

Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os sinais de uma possível negociação entre China e EUA se somam ao plantio do milho avançando rápido nos EUA. 

"Com a fala do Trump sobre tarifas mais amenas para a China mostra que pode haver negociação lá na frente, e na negociação um acordo em que a China vai se comprometer a comprar soja americana e isso dá suporte aos preços em Chicago. Acontecendo isso, a frente, a soja pode vir a trabalhar de US$ 10,50 a US$ 11,00. O mercado tem espaço para isso no médio prazo", explica. 

MERCADO BRASILEIRO

No Brasil, o mercado está mais pesado nestes últimos dias, sentindo a pressão do dólar e também dos produtores ainda avançando com as vendas, precisando fazer caixa para cumprir seus compromissos financeiros do final deste mês, ainda como detalha o consultor. 

"Isso é o normal. Chegaram as contas, o produtor deixou para a última hora, vai pegar uns reais a menos por saca, e isso está acontecendo, com balcões e portos em queda. Mas, é o mercado local, porque em Chicago, normalmente, de maio a julho, ele tende a ter uma evolução das cotações", diz Brandalizze. 

Para o consultor, a semana deverá ser marcada pela comercialização de, aproximadamente, dois milhões de toneladas de soja brasileira - ou algo como 40 milhões de sacas. Para este volume, a média dos portos deverá ser R$ 4,00 por saca menor, o que significa que R$ 160 milhões poderão "se perder" pelos produtores não terem vendido antes ou travado seus preços em patamares mais elevados, em especial nas últimas duas semanas.

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Plantio de soja no Rio Grande do Sul tem avanço moderado pela redução de chuvas
Soja segue lateralizada em Chicago nesta 6ª feira e ainda espera por novidades e pelo novo USDA
Soja sobe em Chicago com atenção à demanda da China e clima na AMS, mas preços sentem leve pressão no BR nesta 5ª feira
Safra 25/26: primeiro foco de ferrugem asiática em área comercial é confirmado em MS
Empresas da Índia cancelam importação de óleo de soja após alta no preço, dizem traders
Soja sobe levemente em Chicago nesta 5ª feira, esperando pelo USDA e monitorando notícias conhecidas