Problema em Paranaguá pode levar indústria de soja a parar no PR

Publicado em 15/03/2011 17:14
Problemas no acesso rodoviário para levar cargas agrícolas até o porto de Paranaguá (PR) poderão levar algumas esmagadoras de soja do Paraná a suspenderem as operações, caso a situação não seja solucionada rapidamente, disse o presidente da associação de exportadores de cereais do Brasil à Reuters.

As chuvas que atingiram no final de semana a região sul do Paraná provocaram deslizamentos e afetaram a estrutura de pontes na principal rodovia de acesso ao porto paranaense, a BR-277, limitando o acesso de veículos pesados, como caminhões carregados com mercadorias.

Pela rodovia, os caminhões levam não apenas a matéria-prima, mas também o produto processado, como o farelo de soja. Se o transporte não puder ser feito, as indústrias teriam que parar o processamento.

"Ainda estão avaliando o que sobrou das outras pontes para saber se é possível receber o tráfego de caminhões pesados. Assumindo que isso não aconteça (liberar acesso), nós teremos um problema sério", disse Felicio Aguiar, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Aguiar considera que o problema é mais grave no Paraná, onde ficam algumas esmagadoras cuja produção é destinada principalmente ao mercado externo.

"Em Mato Grosso, parte da produção pode ficar no mercado doméstico, para fábricas de ração e o setor de carnes. No Paraná, é mais difícil", explicou ele, no intervalo da apresentação do programa Soja Plus, criado por entidades do agronegócio, para ajudar os produtores a obterem certificações sócio-ambientais.

Para Aguiar, a interrupção do acesso ao porto é pior que as filas de caminhões que se formam na rodovia até a entrada do porto. "A fila é temporária, acontece todo ano e é resolvida no porto, quando se carregam os navios. Mas o acesso ao porto é que preocupa mais. O transporte (rodoviário) de soja até o porto está parado desde sábado", acrescentou.

Segundo a Anec, cerca de 20% a 25% da soja e de 30% do farelo brasileiros são exportados pelo porto de Paranaguá.

"Este ano nós tivemos muito mais chuvas do que esperávamos. Algo assim na região, com deslizamentos e quedas de pontes, eu nunca havia visto. É inesperado", disse. Ele explica que a maioria dos portos brasileiros opera com terminais privativos, o que dificulta o remanejamento das cargas para outros terminais, de outras companhias.

"Ninguém consegue, em pleno mês de março, correr atrás de alternativas (nos portos)", afirmou. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, observou que o remanejamento de cargas para outros portos já chegou a ocorrer no país, mas que pode movimentar um volume limitado.

"Isso ocorreu em situações de greve nos portos, por exemplo, mas só pode ser feito provisoriamente", acrescentou.

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Fonte: Reuters

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