Chuva atrapalha colheita da soja e compromete qualidade em SP

Publicado em 22/03/2011 07:45
Segundo a previsão, tudo era para ter sido colhido até o final de fevereiro. Além do atraso para tirar o grão do campo, chuva comprometeu a qualidade.
A chuva tem atrapalhado a colheita da soja em São Paulo. Além de impedir o trabalho das máquinas, a qualidade do grão está comprometida.

Em uma propriedade em Guaíra, norte do estado de São Paulo, o agricultor João Ferreira plantou 288 hectares de soja. A previsão era colher tudo até o final de fevereiro, mas a chuva atrasou o trabalho no campo.

Nos primeiros 15 dias de março choveu 270 milímetros, o equivalente ao esperado para todo mês, e ainda falta colher metade da produção prevista para a região.

O agrônomo Renato Massaro, do Sindicato Rural de Guaíra explica que a soja colhida agora está fora do padrão de qualidade. “Do jeito que está com exce4sso de umidade em torno de 29, 30% está totalmente fora do padrão. Os grãos são de qualidade ruim. Do jeito que estamos vendo, de 50 a 70 % da lavoura será perdida com grãos ardidos, brotados e de má qualidade, muito mofados”.

No inicio da colheita, Edvaldo Ortigoso, agricultor, estava otimista com a produtividade da lavoura. Ele plantou 500 hectares de soja e agora está preocupado. “A perda é quase total, no máximo 15% será aproveitado. Muitas empresas já recusaram o produto”.

O problema da qualidade é sentido na hora da venda. A chuva fora de hora se transforma em uma enorme dor de cabeça para os produtores.

O excesso de chuva não está atrapalhando apenas os produtores de São Paulo. No Centro-Oeste, onde ficam dois dos principais estados produtores, a situação é bem complicada. Um levantamento realizado junto aos órgãos de pesquisa mostra que em Mato Grosso do Sul, 70% das lavouras foram colhidas. O ideal para este período é de 90%. Em Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, a situação é pior: até agora temos 67% das lavouras colhidas, contra 93% do ano passado.

E além do atraso para tirar a soja do campo, a chuva compromete a qualidade. Em uma empresa que compra cerca de 20% da soja produzida na região, o empresário Vilber Stein contou que o principal problema da soja que está chega no cerealista é problema de qualidade, muito grave e péssimo para os produtores, que estão perdendo renda. “Em geral, a soja está ardida. Com a umidade, a soja sofre um problema de decomposição natural no pé, então enquanto não secar, ela vai se decompondo. O produtor chega com 30, 40% de ardido, o que é um problema grave. A perda está em torno de 20% do valor que ele iria arrecadar”.

O valor médio pago pela saca da soja na região é de R$ 44.

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Fonte: Globo Rural

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