Boi: Além do recuo nas exportações, Operação Carne Fraca pode gerar competição entre a carne bovina e de frango no país

Publicado em 21/03/2017 11:30
Egito e Hong Kong também suspenderam as compras de carne brasileira. Com o cenário, frigoríficos continuam fora das compras e não há ocorrência de negócios. Pecuaristas devem ter cautela. Perspectiva é que o mercado volte a trabalhar os fundamentos nos próximos dias. Consumo permanece lento e oferta de fêmeas é maior nesse período.
Confira a entrevista de Hyberville Neto - Scot Consultoria
Nesta terça-feira (21), a maior parte dos frigoríficos continuam fora das compras do mercado do boi gordo. Aqueles frigoríficos que ofertam, testam o mercado com valores abaixo da referência, o que faz com que não haja negócios. Logo, o mercado está travado, como avalia Hyberville Neto, consultor da Scot Consultoria.

 

O impacto, para o consultor, vem mais da incerteza do que dos efeitos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Ainda há muitas dúvidas do que poderá acontecer com as exportações para os mais diferentes destinos. Os frigoríficos estão avaliando essa situação e optam por ficar fora das compras, o que gera um encurtamento das escalas. Fica a expectativa de como essa oferta vai chegar e como o pecuarista irá lidar com a pressão de baixa.

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Em relação aos embargos de diversos países importadores da carne brasileira, Hyberville diz que os embargos e as solicitações de explicações são "esperados". A preocupação é de isso irá perdurar depois dos esclarecimentos feitos e das atitudes tomadas, mas ele acredita que pode ser que observemos alguma resolução de boa parte desses embargos "relativamente cedo". Por outro lado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) inspeciona todas as áreas e produtos de bovinos, suínos e aves, o que afeta a imagem do sistema de inspeção como um todo, mesmo que os casos tenham sido pontuais. No entanto, "é difícil de avaliar como o consumidor vai interpretar isso", destaca o consultor.

Nas exportações, o dólar cede, o que se torna um fator negativo, somado à operação. No fator positivo, há uma maior oferta de fêmeas e gado em geral. A preocupação, no entanto, está com a diminuição das exportações de carne de frango. Se limitadas no curto prazo, tudo indica uma maior oferta desses produtos no mercado interno, competindo diretamente com a carne bovina e atrapalhando a recuperação de preços, gerando maior pressão no mercado. Com a carne suína, também existe competição, mas como o consumo é menor entre os brasileiros, isso tende a ser um pouco menos sentido.

Para os frigoríficos, a tendência é que as escalas se encurtem. "Nós não acreditamos que haja um impacto forte no mercado interno para carne bovina", aponta Hyberville. Logo, a necessidade dos frigoríficos de comprar deve aumentar nos próximos dias puxada pela demanda.

Com a maior oferta de fêmeas e um consumo que ainda deixa a desejar, não quer dizer que, passando a turbulência da Carne Fraca, o mercado irá voltar a subir, mas pode-se esperar um mercado moderado para as próximas semanas.

O consultor aconselha os pecuaristas a trabalharem com cautela, acompanhando o mercado. Caso haja alguma nova surpresa negativa, "também podemos ter uma situação pior do que a atual, mas nada indica que podemos ter isso", diz. O cenário, analisa, caminha "rumo à calmaria e não à piora".

Por: Fernanda Custódio e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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