Carnes: Preço ao produtor pode recuar após denúncias em frigoríficos

Publicado em 21/03/2017 12:13
Impacto sobre o mercado dependerá da efetividade nas ações do Ministério da Agricultura

Os preços aos produtores de carnes bovina, suína e de aves, poderão recuar no mercado interno como consequência das denúncias de irregularidades anunciadas pela Polícia Federal, na última sexta-feira (17).

A operação denominada Carne Fraca tomou proporção mundial, como não era difícil de imaginar já que o Brasil é um grande player no setor. Como consequência, importantes países importadores informam, desde o anúncio, a suspensão temporária de compras da carne nacional.

Também não é novidade que desde 2014 o consumo interno de carnes - especialmente a bovina - vem caindo devido à redução no poder de compra da população brasileira. Resultado, o setor precisou expandir suas vendas externas para garantir o escoamento da produção, cenário que ocorreu em 2016 e se repete neste ano.

"Acontece que o setor de carnes precisaria de um crescimento das exportações em 2017 e não uma queda. Porém, essas denúncias levaram a suspensão das compras, então o que teremos daqui para frente é um excedente de oferta no mercado interno", explica o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

Embora ainda seja muito precoce ponderam a movimentação dessas cotações, o analista afirma que seria impossível não considerar uma redução nos preços internos de todas as carnes. A intensidade e duração dessas consequências, porém,dependerão da rapidez com que as medidas de controle serão aplicadas.

No mercado do boi gordo muitos frigoríficos já iniciaram a semana fora das compras, frente às incertezas dos efeitos da operação Carne Fraca na demanda interna e externa. Mas, o analista da Scot Consultoria, Hyberville Neto, ressalta que a ausência das indústrias no mercado acaba gerando o encurtamento das escalas e "em determinado momento eles precisaram voltar aos negócios", diz. "A expectativa de como essa oferta vai chegar e como o pecuarista irá lidar com a pressão de baixa", diz.

No caso do mercado interno, Iglesias, diz acreditar que o impacto sobre o consumo será menor. "Não acredito que o brasileiro deixará de comer carne, o que provavelmente vá acontecer é uma atenção maior da população pela procedência dos produtos, evitando a compra das marcas envolvidas na operação", pondera.

Por outro lado, o analista da Scot destaca outro ponto importante. Segundo ele, caso as exportações de carne de frango sejam afetadas significativamente, o excedente desse produto poderá elevar a competitividade com a carne bovina e suína no mercado interno, já que o frango é a opção mais barato ao consumidor local.

Vale ressaltar que as denúncias da Polícia Federal apuram 21 plantas frigoríficas, no universo de 4.600 unidades no Brasil. Dessas, apenas em cinco foram confirmadas as irregularidades [maioria na produção de embutidos] e outras 16 em fase de verificação. Contudo, a operação tomou grandes proporções e os consumidores estão receosos quanto a qualidade da carne, mesmo que os apontamentos não representam a imensa cadeia da carne nacional.

A preocupação do setor fica por conta do cenário adverso que já é vivenciado nos últimos meses, com cotações pressionadas e custos elevados. Na carne bovina, a virada de ciclo da pecuária [aumento de oferta] já vem promovendo o declínio das cotações aos pecuaristas. No ano passado a arroba chegou a ser cotada em R$ 160 no mercado futuro, enquanto nesse ano a referência para o mesmo período - contrato outubro - está cotada a R$ 140/@, aproximadamente.

Nas demais proteínas, frango e suínos, o cenário é semelhante. No período de um ano o preço do frango vivo nas granjas de São Paulo caiu 1,8%, saindo de R$ 2,80/kg para os atuais 2,75/kg. Já o custo de produção medido pelo Embrapa Aves e Suínos subiu 5,44%, em termos nominais, no ano passado.

Na suinocultura embora os preços tenham apresentado recuperação nos últimos 12 meses, a alta nos custos compensa a correção das cotações. Segundo levantamento de preço do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em Santa Catarina - maior produtor - o quilo do animal vivo é atualmente comercializado na média de R$ 3,88 contra os R$ 2,94/kg há um ano. O custo, no mesmo período subiu 8,47%

Como ponto positivo, os preços de componentes importantes da nutrição - milho e farelo de soja - vem caindo neste ano, melhorando a margem lucrativa dos produtores.

Em 2017, o ICPSuíno acumula queda de 8,50%, e chega a -7,37% nos últimos 12 meses, já o ICPFrango acumula baixa de 6,74%, enquanto nos últimos 12 meses a variação é de -12,99%.

A expectativa fica agora para que o fluxo de exportação seja retomado o quanto antes, com os esclarecimentos que estão sendo prestados pelo Brasil ao mundo, evitando consequências maiores aos preços.

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Por:
Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • Duite Mara Terezinha Borges Itumbiara - GO

    Persistência, amor próprio e pela profissão são dons dos Pecuaristas; que se reconhecem e se respeitam como labutadores dia e noite, sol e chuva, seca e verde, intempéries, para engordar bois em terra cara, formação de pasto cara, manutenção de pastos cara, insumos caros, genética aprimorada cara, mão-de-obra cara, máquinas caras, estradas de terra abandonadas pelo poder público, esburacadas, com atoleiros, poeirões e pontes precárias para o caminhão boiadeiro se equilibrar, energia elétrica fraca, falha e cara, petróleo caro, suplementação mineral cara, (o único item que tem preço baixo é a arroba do boi gordo, na hora da venda, que o produtor recebe do frigorífico, no valor que este último indica), respeitam o meio ambiente, preservando-o às suas próprias custas para a humanidade, dando conforto aos animais; e, habilitando as fazendas que são inspecionadas nos termos da União Européia (que conhece excelência e importa a carne bovina brasileira).

    Por tudo isso e muito mais, os Pecuaristas estão atentos e de cabeça erguida, no aguardo de AÇÕES IMEDIATAS DOS REPRESENTANTES DE TODOS OS PODERES DESTE PAÍS, que sejam honrados e apurem os fatos, em PLANTÃO JUDICIÁRIO, PORQUE A CAUSA É URGENTE; e, exponham a VERDADE REAL À POPULAÇÃO MUNDIAL; e, caso haja infratores, que publiquem os nomes das pessoas naturais e jurídicas, assim como a aplicação das respectivas penas ... limpando a área ... que a produção da carne prossegue na qualidade total da PECUÁRIA DE CORTE, QUE É ORGULHO NACIONAL.

    É isso, aí!

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  • Ernani Rodrigues dos Santos Martinópolis - SP

    Só acho que estão fazendo muito barulho com tudo isso, mas sempre foi assim..., a agropecuária desse País sempre foi esquecida... lutamos pra sobreviver com isso tudo...

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  • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

    Já dizia Otto Von Bismarck, estadista alemão do século 19, que as pessoas não dormiriam tão tranqüilas se soubessem como se faz política e salsichas. A operação carne fraca mostra que nossos políticos e funcionários públicos não são muito diferentes de salsichas, mortadelas, lingüiças e outros embutidos de marcas duvidosas que nem sabemos direito do que são feitos. O pior de tudo nessa história é que, por causa de alguns frigoríficos desonestos, a reputação de toda a cadeia produtiva da carne no Brasil está sendo jogada no lixo enquanto a grande maioria de nossos produtos à base de carne estão entre os melhores do mundo. Se não fossem, não serviriam para mercados exigentes como o do Japão por exemplo. O mundo sabe disso, nossas aves e suínos são alimentados predominantemente com milho e farelo de soja, produtos considerados nobres, enquanto os da Europa comem farinha de sangue, farelo de peixe, farelo de ossos e sabe-se lá mais o que. Sabem que temos produtos de qualidade, só que não vão perder a chance de depreciar os nossos produtos para comprar na bacia das almas. Por causa de muitos políticos e funcionários ruins e alguns frigoríficos desonestos, toda a cadeia produtiva da carne, o que inclui os grãos, vai ter que pagar um alto preço. Conseguiram envenenar até a galinha dos ovos de ouro do Brasil... a agropecuária. Cabe aqui outra frase do mesmo estadista alemão citado no início deste texto: "Com leis ruins e funcionários bons ainda é possível governar. Mas com funcionários ruins as melhores leis não servem para nada."

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    • Geovani Salvetti Ubiratã - PR

      Acho que não precisava de uma repercussão dessas,era multar as empresas punir os fiscais,mais sem mídia e escândalo.O Brasil levou décadas pra conseguir os mercados Europeus e Chinês,pra depois por conta de 2 ou 3 frigoríficos pequenos sem responsabilidade estragar a exportação, podendo enfraquecer empresas que geram milhões de empregos diretos e indiretos,logo agora,com recessão e desemprego que é grande tirando o sono dos brasileiros.O Brasil tinha que ser mais racional,mais unido. Milhares de famílias dependem do mercado da carne...

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      A merd.....foi colocada no ventilador por causa da nomeação de Osmar Serralho membro atuante da frente parlamentar da agricultura---O criminoso superintendente da agricultura do Parana' era fiel escudeiro de Osmar Serralho para o qual havia conseguido uma doação de R$ 200 000 da JBS----Katia Abreu foi quem deu inicio ao pedido de investigação do superintendente dois anos atrás----Entao toda essa estória foi colocada no ventilador para ser espalhada por motivos políticos--ENTENDERAM??

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      ENTENDERAM OU NAO ENTENDERAM toda essa estória e' uma reação a escolha de Osmar Serralho chefe supremo da policia federal---

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    • victor angelo p ferreira victorvapf nepomuceno - MG

      Deu uma vontade de ir no açougue e escolher um filé, daqueles fresquinhos, fazer um bife suculento...uma batatinha frita...hum sei não, acho que esta reação deve dar naquele pessoal da China também...Se bobear as exportações vão aumentar ...se queriam dar um tiro, ele saiu pela culatra...

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