Após protestos de quase 2 milhões de pessoas, governo faz avaliação com arrogância e sem autocrítica

Publicado em 16/03/2015 09:26
15 de Março: Quase 2 milhões de pessoas vão às ruas mostrar sua insatisfação com o governo Dilma Rousseff no último domingo. Na sequência, Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo fazem um balanço das manifestações com um discurso vazio, arrogante e sem qualquer sinal de autocrítica. Veja o comentário de Miguel Daoud.
Manifestantes protestam contra Dilma em todos os estados, DF e exterior, neste domingo 15 de março. Mais de 2 milhões de pessoas estiveram nos atos de ao menos 160 cidades. Em São Paulo participaram 1 milhão pessoas, segundo a PM.
 
"O 15 de março vai ficar na história como uma data que o povo foi as ruas, com a maior representação dos últimos tempos. O último protesto que tivemos desse porte foi nas 'Diretas Já", portanto o brasileiro está de parabéns porque mostrou que está insatisfeito com a política do governo da Presidente Dilma", declarou o analista financeiro Miguel Daoud.
 
Logo após as manifestações, José Eduardo Cardozo, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da presidência, Miguel Rossetto, disseram em entrevista coletiva que, nos próximos dias, o governo vai anunciar um pacote de medidas contra a corrupção, e que as manifestações ocorreram por parte de setores críticos da sociedade, a qual não são eleitores da presidente Dilma.
 
Para Daoud, o ministro da justiça, em sua declaração, deixou claro que a presidenta considerou apenas a manifestação ocorrida no dia 13 de março - organizada por grupos como MST, CUT e UNE - onde "foi mostrado o desejo do país em fazer reformas", completando que Rossetto foi igualmente 'infeliz' ao declarar que os brasileiros que foram as ruas não eram eleitores do governo.
 
"As pesquisas de popularidade que deverão sair ainda nesta semana, podem mostrar a aprovação de apenas 1% do governo Dilma. Então, eu gostaria de entender como ele pode afirmar que as pessoas que foram as ruas não são eleitores da Dilma", ressalta Miguel.
Além disso, as soluções apresentadas em resposta às manifestações, segundo ele, são as mesmas já expressas durante o processo eleitoral e nas manifestações de junho de 2013. "A impressão é de que eles ao invés de acalmar o povo, instigaram ainda mais, dando margem a novas manifestações. Foi lamentável, e agora vamos ver se a presidente Dilma vem a público, para ver o que ela vai dizer", concluiu.
 
Ainda durante o pronunciamento dos ministros em rede nacional, a população repercutiu as declarações com um novo panelaço em protesto ao governo. Para Daoud, nos próximos dias a presidenta deve avaliar essa e outras repercussões do domingo, para então tomar algum tipo de medida.
 
"Agora, ela tem que vir com um projeto, não adianta falar que vai fazer reforma política, não é isso. O povo está preocupado também com a inflação, com o desemprego, a alta do dólar, enfim todo esse cenário não se resolve com um reforma política. O Brasil precisa de um plano", declarou o analista.
 
Segundo ele, as declarações enfatizam que o governo deve continuar com as mesmas medidas, sem realizar grandes alterações. "Eles quiseram dizer que quem está descontente não são os eleitores da presidente Dilma, então eles vão continuar governando para quem votou nela. No entanto, não é assim que as coisas funcionam e o mercado financeiro vai levar tudo isso em consideração", afirmou.
 
Os impactos no agronegócio, para Daoud, estão relacionados aos custos de produção, uma vez que o dólar vem se valorizando dia a dia. "Alguns produtores estão iludidos que o dólar alto é bom para os exportadores, mas não é bem assim. Nós vimos uma queda no preço das commodities, que estão caindo porque a relação de troca para o exportador está aumentando", explica.
 
Além disso, mesmo deixando a valor dos produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, a alta do dólar, impede investimentos em tecnologias.
 
Dessa forma, Daoud alerta que "o produtor precisa ficar atento aos custos e se programar, uma vez que o acesso ao crédito também ficará mais restrito", concluiu.
Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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