Venda direta de etanol pelas usinas só beneficiaria 5% do mercado e prejudicaria o Renovabio

Publicado em 14/01/2020 17:55
Entrevista com Caio Carvalho - conselheiro da Única sobre o mercado do Etanol
Caio Carvalho - Diretor da Canaplan

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Entrevista com Caio Carvalho - Diretor da Canaplan sobre o Mercado do Etanol

 

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Os preços do etanol nos postos de combustíveis deverão começar a diminuir a partir de março com a chegada da nova safra, que já está sendo antecipada. Por outro lado, o novo mercado de bio-energia em formação no Brasil -- com o Renovabio -- passará a dar previsibilidade na oferta e demanda para as usinas. Em consequencia, as empresas poderão ter condições de manter estoques e fornecimento também durante a entressafra, equilibrando os preços. 

Essa antevisão de mercado foi antecipada pelo conselheiro da Única, Luiz Carlos Carvalho (diretor do grupo Monte Alegre, detentor de 5 usinas de cana de açúcar em SP e Paraná), em entrevista ao Notícias Agrícolas, esclarecendo os motivos de as usinas do Centro-Sul se posicionarem contra a venda direta de etanol (que passariam a ter o direito de também distribuirem o seu produto aos postos).

-- "Haveriam poucas vantagens e muita confusão", sintetizou Caio Carvalho. Primeiro, porque os beneficios dessa mudanças de relação produção/distribuição atingiria pequena parte da sociedade. "Quando muito 5% de todo o mercado consumidor do País. Ou seja, somente quem mora ao lado de uma usina hipoteticamente teria beneficios de um preço menor. Quem reside em grandes centros, longe das usinas, por exemplo, continuaria pagando pelo combustivel o preço da distribuição e os impostos correlatos".

Caio Carvalho citou as possiveis consequencias negativas de concorrencia desleal e de evasão de divisas como inibidor dessa proposta (pleiteada pelas usinas o Nordeste) para mostrar que existem alternativa mais adequada como forma de eliminar a instabilidade dos preços do etanol durante a entressafra, que é o Renovabio (que começou a existir ainda em fase embrionária).

-- Com o Renovabio as usinas lançarão titulos (os CBios) que, ao serem adquiridos pelo mercado financeiro, darão previsibilidade economica para as usinas. A partir daí toda a relação produção/distribuição/preços ao consumidor passará a ter nova realidade", diz Caio Carvalho. Acompanhe a entrevista acima.

Bolsonaro diz que conversará com ministro sobre venda direta de etanol nos postos

RASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira pela manhã que se reunirá às 10 horas com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para tratar sobre questões referentes a combustíveis, citando a eventual venda direta de diesel e gasolina importados para postos de abastecimento como um dos temas em pauta.

"É lá no Ministério. É a questão do gás, se não me engano, combustível. Não é apenas. Vai tratar também... ontem estive com o Rodrigo Maia (presidente da Câmara), conversei com ele sobre esse assunto também, não é apenas a venda direta de etanol para o posto de combustível, é de outros derivados também", disse.

"Nós importamos óleo diesel, gasolina. Por que não do porto ir direto para o posto de gasolina? Por que tem que viajar centenas de quilômetros? Isso depende de decisão da agência ANP (Agência Nacional do Petróleo)", afirmou, em entrevista na saída do Palácio da Alvorada.

"Mas, conversando com Rodrigo Maia, muitas vezes a gente não depende da decisão deles, depende de revogar uma decisão, e o Congresso tem poder para revogar essas decisões", completou.

SUBSÍDIO A TEMPLOS

O presidente foi questionado ainda sobre uma outra reunião agendada para a manhã desta quarta-feira, com o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

Silas, presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, é coordenador da bancada evangélica e tem defendido publicamente a concessão de subsídios na conta de energia para templos religiosos de grande porte.

O Ministério de Minas e Energia afirmou na semana passada que uma proposta para reduzir gastos de templos religiosos com energia está em discussão no governo. O ministro Bento Albuquerque disse em entrevista à Reuters que a medida teria custos "insignificantes", estimados por ele em cerca de 30 milhões de reais por ano.

Bolsonaro, no entanto, afirmou que ainda não há uma decisão sobre o assunto.

"Se for discutido, a gente decide, né, depende de um decreto meu. Agora, tudo cai no meu colo, tudo. E só vale depois que eu assinar. O Brasil é o país dos subsídios. Quatro por cento do PIB vai para subsídios", disse, acrescentando que quer colocar um "ponto final" nisso.

Questionado por um jornalista se estava propenso a assinar um decreto para conceder o benefício a religiosos, o presidente brincou.

"Ô, rapaz, eu estou apaixonado por você, eu estou propenso a casar contigo, pô? Apaixonado é uma coisa, casar é outra. O Casamento é com a assinatura. Até o altar ali, o padre pergunta, né, quem concorda, quem está contra fala agora ou cale-se para sempre. Pode deixar que a decisão a gente sempre procura atender a toda a sociedade."

Segundo o ministro de Minas e Energia, o subsídio a templos está em avaliação também no Ministério da Economia.

A pasta comandada pelo economista Paulo Guedes publicou em dezembro estudo crítico ao excesso de encargos na conta de luz dos brasileiros-- os subsídios bancados por cobranças na tarifa de energia demandarão 22 bilhões de reais neste ano.

(Reportagem de Ricardo Brito)

Fonte: Notícias Agrícolas

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