Os fascistas de esquerda da política e da imprensa querem censurar a oposição, o jornalismo independente e o debate.
Os fascistas de esquerda da política e da imprensa querem censurar a oposição, o jornalismo independente e o debate. É parte da guerra cultural para impor a sua pauta. Isso tem história e teoria
Já recomendei o livro algumas vezes e volto a fazê-lo. Leiam “Fascismo de Esquerda” (Editora Record), do jornalista americano Jonah Goldberg. Ele evidencia como as esquerdas, nos EUA (lá, chamam-se “liberais” — não confundir com o “liberalismo” como doutrina do livre mercado), tentam cercear o debate, promovendo uma verdadeira guerra cultural — prática herdada de totalitarismos d’antanho — para silenciar o “inimigo”. Nos EUA, demonstra-o a campanha eleitoral em curso, essas forças são menos bem-sucedidas do que por aqui.
Li há pouco nos sites noticiosos que o presidente do PT, Rui Falcão, acusa o tucano José Serra de disseminar o “ódio” — nada menos! — na campanha eleitoral. O espantoso não é que diga isso, já que espero de Falcão rapinagens teóricas ainda mais grosseiras. O espantoso é que lhe deem trela e julguem que isso é notícia. Referindo-se ao julgamento do mensalão no Supremo, este senhor afirmou que tudo não passava de uma reação da “elite suja e reacionária”. Ele se referia apenas ao Poder Judiciário. Às vésperas da instalação da CPI do Cachoeira — da qual o PT e PMDB saíram correndo para não investigar a Delta e os “cachoeiras” de mais elevada estirpe que estão fora de Goiás —, o presidente do PT gravou um vídeo em que afirmou: “As bancadas do PT na Câmara e no Senado defendem uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão”. Estrelas do seu partido estão por aí a pregar uma “reação” — QUAL SERÁ? — ao Supremo. Eis Falcão! Um homem sem ódio no coração!
Guerra de valores
Vamos pensar um pouquinho. Quem é que se dedica já há anos — e cada vez com mais ênfase — a promover uma guerra de valores na sociedade entre “conservadores” e “progressistas”? Quem é que se empenha com dedicação a dividir a sociedade em vez de uni-la? Na ofensiva, o esquerdismo significa cotas raciais, integrar a cultura gay à cultura predominante, apagar da praça pública os símbolos do cristianismo e um sem-número de ambições explicitamente culturais. Isso que escrevi em negrito, caros leitores, é trecho do livro de Goldberg. Ele se refere aos EUA. Parece falar sobre o Brasil. Só troquei a palavra “liberalismo” (empregada pelo autor) por “esquerdismo” para não confundir os registros. Entre nós, “liberalismo” quer dizer necessariamente outra coisa.
Vejam o caso do tal kit gay. Não se trata, é evidente, de demonizar este ou aquele grupos ou de negar que possa haver manifestações de preconceito. Ocorre que, quando se escolhe fazer um kit como aquele, faz-se a opção por uma abordagem também política. Trata-se de uma escolha. Como tal, pode — e deve — estar submetida ao crivo crítico, às contraditas, aos argumentos contrários. Não para os “fascistas de esquerda”. Marcelo Coelho, articulista de Folha — de quem discordo quase sempre, mas em quem não tinha vislumbrado até agora o viés intolerante —, escreveu em seu blog o seguinte: “Se alguém acha errado isso, e julga poder tirar votos de Haddad falando do ‘kit gay’ sem ter visto os vídeos, está cometendo um ato de desumanidade e sordidez”. Logo, só é possível dar provas de humanidade e decência concordando com Coelho e com os defensores do kit gay.
Alguém poderia, julgando apressadamente que me pegou, observar: “Calma lá, Reinaldo! Ele está se referindo às pessoas que condenaram os filmes sem ver…”. Pois é. E se eu lhes disser que a coisa fica ainda pior? Coelho está tão certo de que não se pode pensar o contrário do que ele pensa e, ainda assim, ser humano e decente que não conta com a possibilidade de que alguém possa ver os filmes e reprová-los. Para ele, assistir aos vídeos implica necessariamente aprová-los, sob pena de a pessoa ser excomungada do mundo dos humanos e decentes.
Chamam a isso tolerância e democracia.
Quem é que está sempre no ataque quando o assunto é a guerra cultural? São os ditos “conservadores”? Acho que não… Quando, depois de aprovar cotas raciais obrigatórias nas universidades federais, a presidente Dilma demonstra a disposição de fazer o mesmo com o funcionalismo público, cumpre perguntar: é para unir a sociedade brasileira que ela o faz? Não é preciso ser muito esperto (bastam algumas sinapses do nível Massinha I de Lógica Elementar) para vislumbrar que o próprio conceito da representação democrática — um homem, um voto — passou a correr risco. Afinal, nada mais justo, então, do que exigir que a maior de todas as representações democráticas, o Congresso, passe a espelhar a dita composição racial da sociedade brasileira — como se raça existisse… O mesmo espírito de porco que seria tentado a me pegar acima poderia se manifestar de novo: “Ora, Reinaldo, se cada um votasse em alguém da sua cor, teríamos a relação um homem/um voto do mesmo modo”. Ainda que isso não implicasse questões bem mais complexas num sistema proporcional como o nosso, notem que a vontade do eleitor teria sido suprimida, uma vez que ele estaria obrigado a votar em alguém pertencente a seu grupo. Imaginem filas de negros para votar em urnas de candidatos negros; de brancos, em candidatos brancos e assim por diante…
Não ocorre aos fascistas de esquerda que aqueles a que chamam “conservadores”, “reacionários” ou “direitistas” têm um outro conteúdo e uma outra pauta, legitimados pela pluralidade democrática, para a luta por justiça, por exemplo. Em que cânone, ditado pelos céus, está escrito que o combate ao preconceito contra homossexuais, mulheres ou negros passa necessariamente pela agenda dos grupos militantes? Que determinação da natureza nos informa que a afirmação de identidade é o melhor caminho da integração, especialmente quando a concessão de um direito a uma dita minoria pode implicar a supressão de direitos que são universais — como a efetiva igualdade perante a lei, por exemplo?
Isso tem teoria
A cultura liberal brasileira é frágil — refiro-me ao liberalismo propriamente, aquele do livre mercado e dos direitos individuais. As vozes hegemônicas hoje da política são herdeiras, bem ou mal, do marxismo, ainda que possam estar distantes da teoria; em muitos casos, há mesmo ignorância de causa, repetindo conteúdos cuja origem ignoram. Os marxistas há muito desistiram do socialismo, como se sabe, mas não da perspectiva autoritária da engenharia social.
Se vocês recorrerem ao arquivo, encontrarão dezenas de textos em que trato de Gramsci, o mais importante teórico, na modernidade, da guerra cultural. Os espaços de debate, inclusive os da imprensa, foram sendo paulatinamente ocupados pelos militantes da tal “agenda progressista”. Chamam de diversidade e de progresso social a imposição de sua agenda.
De volta à religião
O que mais mobiliza a reação de alguns boçais nas redações é o fato de a crítica ao kit gay — como era a crítica à descriminação do aborto — ter, sim, um fundamento religioso. E por que não poderia? “Porque o estado é laico”, poderia responder alguém. É verdade! Por laico, então está obrigado a tolerar as críticas dos religiosos — ou estaríamos falando de um estado fundamentalista ateu, que consideraria ilegítima qualquer restrição de natureza religiosa.
Note-se que a grita havida em 2010 contra as críticas que católicos dirigiam a Dilma por causa de sua opinião favorável ao aborto estava menos relacionada ao suposto direito de escolha da mulher do que ao fato de que a raiz da restrição era religiosa. Entenderam o ponto? Os esquerdistas pró-aborto estavam menos preocupados em garantir o que chamavam de “um direito da mulher” do que em calar a boca dos crentes. Fenômeno semelhante de vê agora com o kit gay. Querem saber? Esses fascistas de esquerda não estão nem aí para os direitos dos homossexuais. Eles querem mesmo é calar os cristãos — é isso que não toleram.
Mas chamam a isso democracia e tolerância.
E, nesse caso, é preciso, sim, recuperar um pouco da história. Reproduzo um trecho de “O Fascismo de Esquerda”. Goldberg lembra que Hitler era furiosamente anticristão. Leiam. Volto para encerrar.
(…)
Sob o poder progressista, o Deus cristão havia sido transformado num oficial ariano da SS tendo Hitler como seu braço direito. Os chamados pastores cristãos alemães pregavam que “assim como Jesus havia liberado a humanidade do pecado e do inferno, Hitler salva o Volk alemão da decadência”. Em abril de 1933, o Congresso Nazista de Cristãos Alemães deliberou que todas as igrejas deveriam catequizar que “Deus me criou como um alemão; o germanismo é uma dádiva de Deus. Deus quer que eu lute pela Alemanha. O serviço militar de forma alguma ofende a consciência cristã, mas é obediência a Deus”
Quando alguns bispos protestantes visitaram o Führe rpara registrar queixas, a fúria de Hitler chegou ao extremo. “O cristianismo desaparecerá da Alemanha assim como aconteceu na Rússia… A raça alemã existiu sem cristianismo durante milhares de anos… e continuará depois que o cristianismo tiver desaparecido… Precisamos nos acostumar com os ensinamentos de sangue e raça.” Quando os bispos fizeram objeções a apoiar os propósitos seculares do nazismo, e não apenas suas inovações religiosas, Hitler explodiu: “Vocês são traidores do Volk. Inimigos da Vaterland e destruidores da Alemanha”
Em 1935, foi abolida a prece obrigatória nas escolas e, em 1938, cânticos e peças de Natal foram totalmente proibidos. Em 1941, a instrução religiosa para crianças acima de 14 anos havia sido completamente abolida, e o jacobinismo reinava supremo. Uma canção da Juventude Hitlerista ecoava nos acampamentos:
Somos a alegre Juventude Hitlerista.
Não precisamos de virtudes cristãs,
Pois Adolf Hitler é nosso intercessor
E nosso redentor.
Nenhum padre, ninguém maléfico
Pode nos impedir de nos sentirmos
Como filhos de Hitler.
A nenhum cristo seguimos,
Mas a Horst Wessel!
Fora com incensos e pias de água benta!
Encerro
O que vai acima faria muitos de nossos supostos militantes do laicismo babar de satisfação, não é mesmo? Afinal, estamos no país em que uma ministra de Estado (Marta Suplicy), que ganhou o cargo na boca da urna como paga por sua adesão a uma campanha eleitoral, decretou que Lula, que não tem vocação para Cristo, é o próprio Deus.
Os fascistas de esquerda estão assanhados. Ou você está com eles, ou eles decretam que você é desumano e sórdido. E nós sabemos o que eles fazem com desumanos e sórdidos, não é? O ataque organizado a cristãos, católicos e evangélicos, sob a pele de suposto progressismo e de amor à tolerância, é só obscurantismo e fascismo. De esquerda, sim! Como é, em essência, qualquer fascismo.
Texto originalmente publicado às 4h28
Por Reinaldo Azevedo
16/10/2012 às 5:25
O PT prepara, imaginem vocês, uma resposta ao Supremo
Leio na Folha que o PT prepara, imaginem vocês, uma “resposta” ao Supremo sobre a condenação de seus capas-pretas no processo que julga os mensaleiros. Tivessem sido absolvidos, não haveria, claro, resposta nenhuma! Como foram condenados, então é preciso reagir.
É mais uma das expressões do chamado “fascismo de esquerda” (ver texto na home). As instituições são boas ou não e são respeitadas ou não na exata medida em que servem ou não aos interesses do partido. Ou, então, a gente mete fogo nelas!
Está de acordo com o que quer Rui Falcão. Está de acordo com o que pediu o presidente da CUT. Está adequado à pregação de Marilena Chaui, que cobra que alguém levante “a voz contra o STF”.
Marilena é aquela que, em recente intervenção, afirmou que Paulo Maluf, hoje aliado do PT, não é de direita porque “ele sempre se apresentou como engenheiro”.
Faz sentido! Se o cara é engenheiro, como é que vai ser de direita, né?
Vocês conhecem aquela piada do “tens um aquário”?
Texto originalmente publicado às 4h41
Por Reinaldo Azevedo
16/10/2012 às 5:21
A acusação de Joaquim Barbosa e uma pergunta ao Banco Central
A muitos passará despercebido, mas cumpre destacar.
Ontem, durante o julgamento do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, referindo-se ao Banco Rural, mandou ver: “Trata-se de uma verdadeira lavanderia de dinheiro”.
O Banco Rural foi personagem do escândalo PC Farias-Collor. Foi personagem do escândalo da CBF. Está envolvido no rolo do mensalão.
Não obstante, continua por aí, a operar normalmente.
Não era uma figura qualquer que fazia a acusação. Era um membro do Supremo. E o fazia depois de uma investigação meticulosa. Concordam com ele todos os ministros do Supremo, que condenaram os dirigentes do banco por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.
O BC tem cumprido, de fato, a sua função de fiscalizar os bancos?
Por Reinaldo Azevedo
16/10/2012 às 5:19
Dilma muda data de comício em SP com medo da Carminha! É verdade!
Na Folha:
A presidente Dilma Rousseff foi convencida pela coordenação da campanha de Fernando Haddad a mudar a data do comício que fará com o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. De acordo com um integrante do comitê petista, o evento, previsto para a próxima sexta-feira, ocorreria no mesmo dia e horário do capítulo final da novela “Avenida Brasil”, da TV Globo. A conclusão é que “não haveria ninguém” para ouvi-la, já que a maioria das pessoas ficaria em casa para ver o desfecho da trama em vez de prestigiar a presidente.
O evento foi remarcado para o sábado, no mesmo local: o ginásio da Portuguesa, ao lado do estádio do Canindé. Por causa da mudança, os petistas tiveram que reprogramar toda a agenda do fim de semana, incluindo minicomícios com a presença de estrelas petistas como o senador Eduardo Suplicy e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. A própria Dilma já admitiu em entrevistas ser fã de novelas. No ano passado, ao participar de premiação em São Paulo, ela comentou com a atriz Lilia Cabral que assistia a “Fina Estampa”.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
16/10/2012 às 5:17
O DEBATE DESTA SEGUNDA NA VEJA.com – A questão da lavagem de dinheiro
Por Reinaldo Azevedo
16/10/2012 às 5:15
Imprensa – Alckmin repudia as tentações dirigistas e o jornalismo do nariz marrom
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, discursou ontem na 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que acontece em São Paulo. Fez uma ótima intervenção. Alertou para o risco do populismo autoritário nas Américas e para a tentação daqueles que decidem usar dinheiro público para dar voz, digamos, às “parcelas aliadas” da sociedade. Afirmou ainda sobre as ambições dirigistas: “Executada sob lemas grandiosos, como ‘democratização dos meios de comunicação’ ou ‘controle social da mídia’, essa ameaça tem sempre a mesma receita: o poder esmagador do Estado e doses variadas de truculência. Sobre ela, tenho uma opinião.” Leiam:
*
É com muito prazer que o Brasil recebe, pela terceira vez em sua história, uma Assembleia Geral da SIP. A primeira delas, em 1975, em plena ditadura militar. A segunda, em 1991, encontrou um Brasil que reencontrava sua democracia, mas afundava no caos econômico e na desorganização dos meios de produção. O Brasil de hoje vive um momento singular – estabilidade econômica com liberdade de imprensa, ambas conquistadas a duras penas nos últimos 20 anos.
Mudamos muito. Mudamos para melhor.
Mas a história recente mostra que a liberdade de expressão não é um ativo cuja conquista podemos imaginar irreversível. Ao contrario, deve ser defendida dia após dia de suas ameaças, pois é como o oxigênio que respiramos. Só percebemos seu valor quando sentimos a sua falta. E de que ameaças estamos falando?
Creio que o populismo com viés autoritário representa hoje, nas Américas, a maior ameaça não só à liberdade de imprensa quanto à sua raiz mais ampla, que é a liberdade de expressão — direito individual, básico e fundamental do ser humano.
Executada sob lemas grandiosos, como “democratização dos meios de comunicação” ou “controle social da mídia”, essa ameaça têm sempre a mesma receita: o poder esmagador do Estado e doses variadas de truculência. Sobre ela, tenho uma opinião.
É obrigação do Estado oferecer educação pública e gratuita às crianças e jovens. É papel do Estado formar cidadãos com juízo crítico, capazes de produzir cultura e informação, capazes de defenderem-se por si próprios. Mas não pode um Estado, sob a bandeira da democracia, usar dinheiro publico, dinheiro do contribuinte, para proteger a expressão de uns contra a expressão de outros. Não pode o Estado usar instrumentos oficiais de fiscalização para calar a liberdade de um povo. O Estado não pode imaginar-se como juiz da imprensa, pois, como conquista civilizatória, a liberdade de expressão não pertence ao universo oficial.
Não pode porque a liberdade, por não ser um bem fornecido pelo Estado, não é um bem que possa ser usurpado pelo Estado.
Abusos da imprensa, e eles ocorrem, se combatem com mais liberdade, não menos. Se combatem, quando de fato existem, com juízes de verdade, no Judiciário, nunca de forma prévia, e não por meio de tribunais ideológicos, no âmbito do oficialismo.
Vivemos um período de mudanças tecnológicas profundas no mercado de comunicação. Hoje, entrevistas às rádios são filmadas; vê-se TV pelo telefone celular; os jornais estão na Internet. O conteúdo jornalístico se espalha como poeira ao vento, às vezes atingindo sua missão, às vezes perdendo sua alma no meio do caminho. Tudo mudou. Mas algumas coisas não se perdem.
O diâmetro da imprensa, por exemplo, é e sempre será o mesmo da civilização, como afirmava, no século 19, o escritor, poeta, dramaturgo e político francês Victor Hugo.
Não tenham dúvida: quanto mais liberdade cultural, artística e jornalística existir em um determinado país, maior é seu grau civilizatório; mais avançado o seu patamar de desenvolvimento; maior o bem-estar de sua população.
Cabe a nós definir o diâmetro de nossa civilização.
Muito obrigado!
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 22:51
Malafaia não cai no truque primário do PT-SP e de parte da imprensa e separa alhos de bugalhos, dizendo, como sempre, o que pensa — concordem ou não com ele
Tentaram envolver o pastor Silas Malafaia numa trapaça óbvia, comparando o material produzido pela Secretaria de Educação de São Paulo contra várias formas de preconceito ao kit gay do MEC, elaborado na gestão Haddad. Reportagem publicada pela Folha Online não hesitou: afirmou que “Serra distribuiu” (sic) material semelhante ao kit gay. Nota: a Folha nunca atribuiu o material do MEC a Haddad pessoalmente. Sigamos.
Como o pastor Malafaia gravou um vídeo em apoio à candidatura Serra, começou uma cobrança para que, acreditem!, retirasse o seu apoio ao tucano — que é dele, pessoal, não da sua igreja. Igreja não vota, como ele meso destacou. E ele gravou um novo vídeo dizendo o que pensa e reafirmando o apoio a Serra, deixando claro que não concorda com todos os aspectos do material preparado pela Secretaria de Educação. Eu também não concordo, diga-se. As minhas restrições são diferentes das dele. Ocorre que estamos entre aqueles capazes de tolerar a divergência — o que não é verdade no mundo petralha. Segue o novo vídeo. Volto em seguida.
Voltei
No vídeo, como vocês viram, Malafaia faz referência ao senador Lindberg Farias (PT-RJ) a partir dos 50 segundos. Esclareço do que ele está falando reproduzindo parte de uma post que escrevi aqui no dia 5 de abril deste ano:
Comecemos pelo lead, pela notícia do dia, porque o início dessa história está lá atrás, em junho do ano passado. Já conto. O Setorial LBGT (lésbica, gays, bissexuais e transgêneros) do PT divulgou nesta quinta uma nota de repúdio ao senador do partido Lindberg Farias. O que ele fez? Num discurso em plenário, solidarizou-se com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, que está sendo acusado de homofobia pelo Ministério Público Federal. Mas o que fez, afinal de contas, o pastor? Então agora é preciso recuar a junho do ano passado.
O tema da marcha gay de 2011, em São Paulo, a maior do país, fazia uma óbvia provocação ao cristianismo: “Amai-vos uns aos outros”. Nem eles nem os cristãos são ingênuos, não é? O “amar”, no caso, assumia um conteúdo obviamente “homoafetivo”, como eles dizem. Como provocação pouca é bobagem, a organização do movimento espalhou na avenida 12 modelos masculinos, todos seminus, representando santos católicos em situações “homoeróticas”.
Tratava-se de uma agressão imbecil a um bem, destaque-se, protegido pela Constituição. Na época, escrevi:
“Sexualizar ícones de uma religião que cultiva um conjunto de valores contrários a essa forma de proselitismo é uma agressão gratuita, típica de quem se sente fortalecido o bastante para partir para o confronto. Colabora com a causa gay e para a eliminação dos preconceitos? É claro que não! (…) Você deixaria seu filho entregue a um professor que achasse São João Batista um, como posso dizer, “gato”? Que visse São Sebastião e não resistisse a o apelo ‘erótico’ de um homem agonizante, sofrendo? O que quer essa gente, afinal? Direitos?”
Ah, sim: a proposta então, não sei se levada a efeito, era distribuir 100 mil camisinhas que trouxessem no invólucro a imagem dos “santos gays”. A hierarquia católica fez um muxoxo de protesto, mas nada além disso. Teve uma reação notavelmente covarde. O sindicalismo gay reivindique o que quiser! Precisa, para tanto, agredir a religião alheia? Embora, por óbvio, não seja católico, Malafaia reagiu em seu programa de televisão. Afirmou: “É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha!”. Ele acusou os promotores do evento de “ridicularizar os símbolos católicos”. Teve, em suma, a coragem que faltou à CNBB!
Pois é. O Ministério Público viu na sua fala incitamento à violência!!! Ah, tenham paciência, não é? O sindicalismo gay tem de distinguir um “pau” que fere de um “pau” metafórico — ou “porrete”. Alguém, por acaso, já viu católicos nas ruas, em hordas, a agredir pessoas? Isso não acontece em nenhum lugar do mundo! O contrário se dá todos os dias: o cristianismo, nas suas várias denominações, é a religião mais perseguida do mundo, especialmente na África e no Oriente Médio. E, no entanto, não se ouve um pio a respeito. A “cristofobia” é hoje uma realidade inconteste. A homofobia existe? Sim! Tem de ser coibida? Tem! Mas nem as vítimas desse tipo de preconceito têm o direito de ser “cristofóbicas”!
É evidente que “baixar o pau” ou “porrete”, na fala do pastor, acena para a necessidade de uma reação da religião agredida — legal, se for o caso. É uma metáfora comuníssima por aí afirmar que alguém decidiu pôr outrem “no pau”, isto é, processá-lo: “Fulano pôs a empresa no pau”, isto é, “entrou com um processo trabalhista”. Os cristãos, no Brasil, não agridem ninguém. Mas são, sim, molestados, a exemplo do que se viu há dias numa manifestação contra o aborto. Faziam seu protesto de modo pacífico, sem agredir ninguém, quando o ato foi invadido por um grupo de abortistas. Estes queriam o confronto, a agressão. Ganharam uma oração.
A ação contra Malafaia, na verdade, tem um alcance maior. Ele é um dos mais notórios críticos da tal lei que criminaliza a homofobia — e que, de fato, avança contra a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. Os que cultivam os valores da democracia não precisam, no entanto, concordar com o que ele diz para reconhecer seu direito de deixar claro o que pensa.
Vejam como autoritarismo e hipocrisia se cruzam nesse caso. Os agressores — aqueles que levaram os “santos gays” para a avenida — se fazem de vítimas e, em nome da reparação a um suposto agravo, querem punir um de seus críticos. É um modo interessante de ver o mundo: os sindicalistas do movimento gay acham que, em nome da causa, tudo lhes é permitido. E aqueles que discordam? Ora, ou o silêncio ou a cadeia!
É assim que pretendem construir um mundo melhor e mais tolerante.
Encerro
A ação contra Malafaia não foi nem julgada. Foi apenas extinta, tão absurda era ela, pois se tratava de uma óbvia agressão à liberdade de expressão. A propósito: quem agrediu um bem protegido pela Constituição — valores religiosos — foi o movimento gay. Malafaia apenas havia exercido um outro bem protegido pelo Artigo 5º: o direito de se expressar.
Quanto à questão do dia, dizer o quê? Tentaram tratar Malafaia como um ingênuo, procurando forçá-lo a retirar o apoio a Serra ao igualar alhos com bugalhos. Mas ele não caiu no truque e estabeleceu as devidas distinções.
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 21:56
STF absolve Duda Mendonça de lavagem de dinheiro e evasão de divisas
Por Laryssa Borges e Gabriel Castro, na VEJA.com:
Responsável pela campanha que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, o publicitário Duda Mendonça foi absolvido nesta segunda-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do mensalão. Ele respondia pelos crime de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, por ter recebido recursos do esquema do publicitário Marcos Valério de Souza.
Duda utilizou a empresa offshore Dusseldorf, com sede nas Bahamas, para receber 10,4 milhões de reais como pagamento pelas campanhas publicitárias. O veredicto foi firmado nesta segunda-feira com ampla maioria pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na 36ª sessão plenária convocada para julgar o processo do mensalão. Apenas os ministros Joaquim Barbosa, relator da ação penal, Luiz Fux e Gilmar Mendes consideraram Duda Mendonça e a sócia dele, Zilmar Fernandes, culpados por lavagem de dinheiro.
O voto condutor da absolvição dos dois publicitários foi proferido pelo revisor do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski. Para ele, é fundamental que os réus soubessem claramente que a origem dos recursos recebidos era ilegal e, com isso, tivessem a intenção de lavar o dinheiro. Segundo o magistrado, cujo entendimento foi seguido pelos ministros Rosa Weber, José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto, não existem provas cabais de que os dois publicitários soubessem que o dinheiro recebido era resultado de crimes anteriores.
Conforme a acusação do Ministério Público Federal, Duda Mendonça e Zilmar Fernandes utilizaram duas técnicas para receber o pagamento pelas peças publicitárias da campanha vitoriosa “Lulinha paz e amor”, de 2002. Ora sacaram diretamente de uma conta corrente do Banco Rural, em São Paulo, recursos providenciados pelo publicitário mineiro Marcos Valério, operador do mensalão, ora receberam diretamente no exterior o restante do pagamento. Ao todo o MP identifica 53 operações de remessa de dinheiro para o exterior em favor de Duda e de sua sócia.
Embora não tenha havido contestação sobre a existência dos depósitos no exterior – o próprio publicitário admitiu o recebimento dos recursos em depoimento espontâneo na CPI dos Correios, em 2005, a maioria dos ministros considerou que os réus não tinham conhecimento de que os recursos eram resultado de crimes. Sem a ciência de que o dinheiro era criminoso, não haveria razão para lavá-lo.
Decano do STF, o ministro Celso de Mello se apegou a um aspecto temporal para defender que não há certeza de que Duda e Zilmar tinha conhecimento pleno da origem ilegal dos recursos. Ele lembrou, por exemplo, que a conta da empresa Dusseldorf foi aberta em 19 de fevereiro de 2003, período em que os contratos com o Banco do Brasil ou os empréstimos do Banco Rural, cujos recursos irrigaram o valerioduto, ainda não tinham sido firmados.
“Como réus poderiam saber da existência de uma organização criminosa em processo de formação e destinada no futuro ao cometimento de crimes contra a administração pública e contra o sistema financeiro? Como os réus poderiam saber que em 31 de dezembro de 2003 seria assinado um contrato entre a Câmara dos Deputados e a (agência de publicidade) SMP&B e que seriam desviados valores? Como em 19 de fevereiro de 2003 os réus poderiam saber que em setembro de 2003 seria assinado contrato entre Banco do Brasil e a (agência de publicidade) DNA e que recursos seriam desviados?”, questionou Celso de Mello. “O crime antecedente verificou-se em momento posterior ao crime de lavagem”, resumiu ele.
“Os atos preparatórios, inclusive a abertura da conta, foram feitos sem a ciência de que o dinheiro provinha de atos criminosos”, completou o ministro Ricardo Lewandowski.
Evasão de divisas
Por nove votos a um (vencido o ministro Marco Aurélio), o STF também livrou os dois publicitários de uma condenação por evasão de divisas. Embora a acusação quisesse que Duda e Zilmar fossem apenados por retirar dinheiro do país sem declarar ao Fisco, os ministros entenderam que, para caracterizar o crime, deveria haver um saldo mínimo de 100 000 dólares em 31 de dezembro de cada ano. No caso de Duda e Zilmar, tanto em 2003 quanto em 2004, época de vigência do mensalão, havia menos de 600 dólares na conta Dusseldorf nesse dia.
Impunidade
Com um voto duro pela condenação dos publicitários, o ministro Gilmar Mendes questionou o fato de o crédito do publicitário Duda Mendonça junto ao PT ter sido pago também por um publicitário, e ainda mais concorrente do profissional baiano. Para o magistrado, nem o mais inocente cidadão admitiria que a prática heterodoxa de receber recursos por meio de uma offshore não tivesse como objetivo ocultar a prática de crimes.
“O ônus do pagamento transferido a um empresário do mesmo ramo, concorrente. Nem o mais cândido dos ingênuos admite isso. Um publicitário passa a fornecer recursos, ele vai pagar a dívida e não há razão para desconfiar?”, questionou o ministro sem, contudo, convencer os demais integrantes da corte.
Em seu voto, Mendes ainda afirmou que a diversidade de operações para o pagamento e recebimento desses recursos revela práticas alheias ao senso comum, delineando uma “confiança muito grande na impunidade”. “É um todo intrincado de uma ousadia quase que incomensurável quando se conhece todo o entrelaçamento das operações. É uma confiança muito grande na impunidade”, disse ele.
Na mesma sessão, o STF também condenou cinco réus por evasão de divisas: três do núcleo publicitário (Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Simone Vasconcelos) e dois do núcleo financeiro (Kátia Rabello e José Roberto Salgado) e absolveu Geiza Dias, Cristiano Paz e Vinícius Samarane (ligados a Marcos Valério e ao Banco Rural) das mesmas acusações.
Por Reinaldo Azevedo
Lewandowski e Rosa Weber absolvem Duda e Zilmar
Ricardo Lewandowski e Rosa Weber absolvem Duda Mendonça e Zilmar Fernandes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Daqui a pouco, debate na VEJA.com.
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 18:22
Marcelo Coelho, da Folha, inventa um fato que não aconteceu e, segundo a lógica, chama Dilma de “desumana e sórdida”
Eu e Marcelo Coelho, colunista da Folha, não concordamos em quase nada. Ele já me criticou. Eu já o critiquei. É do jogo. Numa coisa, no entanto, ambos concordamos: os vídeos do kit gay têm de ir parar no horário eleitoral. Como ele considera aquela coisa toda bacana, acha que será bom para Fernando Haddad, em quem provavelmente vai votar — que eu saiba, não declarou voto. Como avalio que o kit reúne uma coleção de absurdos, creio que será ruim para o petista — como sabem, já declarei voto em Serra. No Brasil, chama-se “independência” não declarar voto, né? Gato escondido com o rabo de fora pode, hehe…
Coelho escreve em seu blog, leitores me enviam o link, o que segue (os negritos são meus). Volto em seguida.
Talvez o grande erro de Fernando Haddad, no Ministério da Educação, tenha sido retirar o famoso “kit gay” de circulação, cedendo a pressões obscurantistas e conservadoras.
Três peças publicitárias do “kit” foram mostradas, na época, pelo site da UOL.
São lindas.
Repito, são lindas. Contam de forma delicada os problemas de adolescentes que são normais e felizes, exceto pelo fato de sofrerem discriminação. Duas meninas que namoraram numa festa são surpreendidas porque as fotos do romance aparecem na internet. Vêm os risinhos dos colegas, a vergonha. As duas resolvem enfrentar juntas a situação, e assumem o namoro.
Se alguém acha errado isso, e julga poder tirar votos de Haddad falando do “kit gay” sem ter visto os vídeos, está cometendo um ato de desumanidade e sordidez.
Se a campanha de Haddad tivesse a coragem que os vídeos preconizam, o melhor a fazer seria mostrar esses vídeos no próprio horário eleitoral.
Se Haddad tivesse enfrentado a situação na época, sem recuar, provavelmente toda a exploração em torno do assunto teria sido impossível.
Voltei
A opinião é livre. Cada um diga o que quiser. Já os fatos são os fatos. HADDAD NÃO RECUOU. FOI DILMA QUEM VETOU O KIT. Disse Dilma:
“Não é permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais. Nem, de nenhuma forma, nós não (sic) podemos interferir na vida privada das pessoas”.
Assim, se Coelho considera que a restrição ao conteúdo daqueles vídeos é coisa de gente desumana e sórdida, deve incluir Dilma na sua lista. Segue o vídeo em que a presidente comenta o kit. Este também deveria ser levado à TV pela campanha tucana.
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 17:03
Barbosa condena Duda e Zilmar por uma das imputações de lavagem e os absolve de evasão de divisas
A coisa está um pouco atrapalhada, mas vamos lá. Joaquim Barbosa absolveu Duda Mendonça e a sócia, Zilmar Fernandes, de parte das imputações de lavagem de dinheiro, relativas a cinco saques no Banco Rural. Há pouco, no entanto, ele condenou os dois por esse crime em razão de outras operações. Os publicitários também foram absolvidos do crime de evasão de divisas, mas Barbosa deixou claro que pode mudar o seu voto a depender do entendimento do colegiado. Segue trecho de reportagem do Portal G1:
Por Fabiano Costa, Mariana Oliveira e Nathalia Passarinho:
O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, condenou nesta segunda-feira (15) o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, pelo crime de lavagem de dinheiro. Antes, os dois haviam sido absolvidos de uma outra acusação de lavagem e do delito de evasão de divisas.
A primeira acusação de lavagem, pela qual eles foram absolvidos, se refere a cinco retiradas de agência do Banco Rural que totalizaram R$ 1,4 milhão em espécie. A segunda acusação de lavagem de dinheiro, que resultou na condenação, se refere a 53 operações de envio de recursos para o exterior por meio da offshore Dusseldorf, de propriedade de Duda Mendonça.
Marcos Valério, seu sócio Ramon Hollerbach, além de Simone Vasconcelos, ex-diretora das agências do grupo, foram condenados por evasão de divisas. Também foram condenados pelo delíto a ex-presidente do Banco Rural Kátio Rabello, e o ex-vice-presidente José Roberto Salgado. Foram absolvidos dos crime de evasão de divisas Cristiano Paz, Vinicius Samarane e Geiza Dias.
A lavagem de dinheiro é delito que consiste em tentar dar aparência de legalidade a dinheiro proveniente de atividade criminosa, enquanto evasão de divisas significa realizar operação de câmbio não autorizada com o objetivo de tirar dinheiro do país.
De acordo com o Ministério Público, os dez réus no item da denúncia que trata de evasão de divisas enviaram de modo ilegal para Miami R$ 11 milhões recebidos do PT por Duda Mendonça. O publicitário foi responsável pela campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. De acordo com o Ministério Público, o pagamento pelo serviço teria sido feito por meio de mecanismos de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Duda e sócia
Ao ler o voto, o ministro Joaquim Barbosa ressaltou que a sócia de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes, sacou em cinco vezes o valor de R$ 1,4 milhão em espécie no Banco Rural.
Barbosa citou depoimento de Marcos Valério, apontado como o operador do esquema de compra de votos no Congresso, no qual Valério destaca que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares determinou que ele fizesse repasse de recursos a Duda Mendonça.
O relator afirmou, contudo, que não há provas de que o publicitário e Zilmar Fernandes sabiam da ocultação de dinheiro. Por conta disso, absolveu-os da acusação de lavagem de dinheiro. “Entendo que há dúvida razoável sobre se Duda Mendonça e Zilmar Fernandes tinham conhecimento dos crimes antecedentes [praticados pelo grupo de Marcos Valério e pela cúpula do Banco Rural].”
Segundo Barbosa, Zilmar sacou o dinheiro porque era beneficiária dos valores. “Valores sacados por Zilmar Fernandes, em última análise, também lhe pertencia. Ela, portanto, não era terceira pessoa, subalterna, utilizada pelo beneficiário direto para retirar esses valores diretos e esconder a identidade do real beneficiário.”
O relator destacou, porém, que, “ao que tudo indica, o objetivo final de Duda e Zilmar era, tão somente”, recorrente da dívida dos serviços que prestaram ao PT.”
O relator disse ainda que Zilmar e Duda podem ter praticado sonegação de tributos, mas não lavagem. “Assim, analisando todo esse contexto, não há como afirmar que ambos integraram a quadrilha a que se referem esses atos. É até possível dizer que Duda e Zilmar tinham o objetivo de sonegar tributos, porém, eles foram denunciados nesse ponto tão somente por lavagem de dinheiro, mas não por sonegação.”
Em relação ao crime de evasão de divisas, o relator afirmou que “impõe-se também a absolvição de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes”. Segundo ele, os autos mostram que os réus mantiveram valores superiores a 100 mil dólares na conta no exterior, valor que, por lei, deve ser declarado para o Banco Central. No entanto, disse Barbosa, no dia em que deveriam ter declarado os valores ao BC, o saldo era de apenas 573 dólares.
O relator afirmou que existe uma circular do Banco Central que determina que os valores a serem declarados devem ser os constantes no dia 31 de dezembro. Para ele, isso abre brecha para que brasileiros mantenham recursos no exterior sem que isso seja crime. Embora tenha votado pela absolvição, Joaquim Barbosa disse que o plenário deve decidir.
“Eu submeto essa questão ao plenário para deliberação. [...] Não há dúvida de que mantiveram valores superiores a 100 mil dólares no exterior de maneira sem declaração. Acontece que há circulares, que são normas em aberto, normas que fixam balizas, dizem quais datas para parâmetro de observação se a pessoa deteve valores no exterior.”
(…)
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 16:33
A incrível tentativa de jogar o kit gay no colo de Serra e de igualar coisas desiguais. Ou: campanha eleitoral oblíqua
A Folha Online publica um texto de Mônica Bergamo cujo título é “Serra distribuiu material similar ao kit anti-homofobia do MEC em SP”; na homepage: “Serra distribuiu material similar ao ‘kit anti-homofobia’ do MEC em SP”. Estão tentando comparar coisas distintas. Falo disso daqui a pouco. Começo demonstrando que, do modo como está editada, a matéria é campanha eleitoral oblíqua em favor de Fernando Haddad. E demonstro por quê.
A Folha nunca escreveu coisas como “Haddad fez o kit gay”, “Haddad elaborou o kit gay” ou algo assim. Nunca personalizou o caso. Sempre se atribuiu o material ao Ministério da Educação, nunca ao então ministro. Também costuma chamar o kit gay de “kit anti-homofobia”. Agora, no esforço de igualar coisas desiguais, força a mão contra o tucano: “Serra distribuiu”; o material passa a ser chamado de… “kit gay”. É fabuloso. O material produzido pelo MEC para ser apresentado AOS ALUNOS nunca foi atribuído a Haddad pessoalmente; o material preparado pela Secretaria de Educação de São Paulo para os professores vira obra de Serra.
Segue trecho do texto da Folha. Volto em seguida.
*
O candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) distribuiu para as escolas paulistas, em 2009, quando era governador, um material semelhante ao que o MEC (Ministério da Educação), na gestão de Fernando Haddad (PT), começava a elaborar para combater a homofobia nas escolas.
O guia do governo de SP é assinado por Serra, pelo então vice-governador Alberto Goldman e pelo então secretário estadual de Educação, Paulo Renato Souza. Até um dos vídeos recomendados aos professores pelo kit tucano, “Boneca na Mochila”, é igual a um dos que, na época da polêmica com o MEC, foram criticados pela bancada evangélica, que ameaçou abrir CPI contra o governo de Dilma Rousseff caso o material fosse divulgado.
O MEC negou que este vídeo estivesse entre os que estudava adotar e a presidente suspendeu o programa. Destinado aos professores, o guia tucano aconselha que eles mostrem aos alunos desenhos ou figuras de “duas garotas de mãos dadas, dois garotos de mãos dadas, uma garota e um garoto se beijando no rosto, dois homens se abraçando depois que um deles faz um gol e duas garotas se beijando”.
(…)
A Secretaria de Educação de SP disse ontem, em nota, que “não possui o kit anti-homofobia nem material assemelhado. Temas como violência, uso de drogas e combate à discriminação em todos os aspectos, inclusive sexual, são abordados em programas como o Prevenção também se Ensina e em outras atividades pedagógicas”. Hoje, o órgão enviou nova nota à Folha em que afirma que o material anti-homofobia foi enviado apenas a professores, ao contrário do que ocorreria com kit do MEC.
O ministério, por sua vez, informa que os kits, caso fossem aprovados, iriam para 6.000 professores, e não para os estudantes.
(…)
Íntegra da nota da secretaria
“A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo esclarece que o material “Preconceito e discriminação no contexto escolar” é distribuído apenas para a equipe docente das escolas, diferentemente do kit sobre homofobia, que foi produzido pelo Ministério da Educação para ser apresentado diretamente aos alunos.
Além de seu público-alvo não ser os estudantes, seu conteúdo se baseia em propostas de abordagens mais sutis de situações a serem discutidas. O uso desse material pelos professores não é obrigatório. Trata-se de um suporte para lidar com assuntos sensíveis, podendo o educador, a seu critério e da equipe pedagógica, aproveitar esse material na medida do seu planejamento, com acompanhamento da coordenação escolar.
Assessoria de Imprensa
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo”
Voltei
O material distribuído pelo governo do estado AOS PROFESSORES — NÃO SE PRODUZIU NADA PARA OS ALUNOS — combate todas as formas de preconceito, inclusive os relacionados à sexualidade. NÃO, EU NÃO CONCORDO COM TUDO O QUE VAI LÁ, não (para ler a íntegra do material, clique aqui). Também ele é fruto de um tempo de coisas fora do lugar. O fato é que são coisas muito distintas. Querer igualar o que se produziu na Secretaria com o que se produziu no MEC é uma forma de fazer campanha eleitoral em favor de Haddad.
Reitero: o material preparado por Fernando Haddad fazia proselitismo. Afirma com clareza que a bissexualidade é mais vantajosa do que a homossexualidade e defende que travestis usem banheiros femininos nas escolas. OS FILMES SERIAM EXIBIDOS AOS ALUNOS!
Estão tentando igualar o que é um material de ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR COM FILMES QUE SERIAM EXIBIDOS EM SALA DE AULA.
Seguem os três vídeos que Haddad queria distribuir AOS ALUNOS!
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 15:39
Barbosa absolve Duda Mendonça e Zilmar Fernandes de parte da imputação de lavagem de dinheiro
No Estadão Online:
O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, votou pela absolvição do publicitário da campanha de Lula em 2002, Duda Mendonça, e de sua sócia Zilmar Fernandes pela acusação de lavagem de dinheiro relativa a cinco saques no Banco Rural. Duda e Zilmar são acusados de lavagem e evasão de divisas pelo dinheiro recebido no exterior.
Barbosa entendeu que, apesar de terem se beneficiado do mecanismo de lavagem de dinheiro disponibilizado pelo Banco Rural e por Marcos Valério, o publicitário Duda Mendonça e sua sócia poderiam não ter conhecimento que o dinheiro recebido era proveniente de crimes. “Entendo que há dúvida razoável sobre se Duda e Zilmar tinham conhecimento dos crimes antecedentes”.
O relator destacou ainda que a própria Zilmar realizou os cinco saques no montante de R$ 1,4 milhão disponibilizados pelo esquema. Para o ministro, o objetivo dos publicitários seria apenas receber por serviços prestados ao PT na campanha de 2002. “Ao que tudo indica, o objetivo final de Duda e Zilmar era tão somente o recebimento da dívida dos serviços publicitários que prestaram”.
Barbosa afirmou que não há como comprovar a prática de lavagem de dinheiro. Afirmou que pode ter havido sonegação fiscal, mas que isso não foi denunciado pelo Ministério Público.
(…)
Mudança de ordem
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, abriu nesta segunda-feira a 36ª sessão de julgamento do mensalão. Houve uma mudança de última hora no cronograma previsto para a sessão desta tarde. A sessão recomeçou com o voto do ministro relator, Joaquim Barbosa, sobre os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas cometidos pelo publicitário Duda Mendonça e a sócia dele Zilmar Fernandes.
A dupla é acusada pelo Ministério Público Federal de ter recebido ilegalmente do esquema operado por Marcos Valério recursos fora do País. O dinheiro, R$ 10 milhões, seria, segundo admitiu Duda Mendonça à CPI dos Correios em 2005, pagamento da dívida da campanha presidencial de Lula.
O julgamento seria retomado com o voto do ministro Gilmar Mendes, o oitavo a se manifestar no capítulo em que seis réus são acusados no processo por lavagem de dinheiro. Ocorre que Gilmar Mendes e Celso de Mello, que votaria em seguida, não haviam chegado ainda ao plenário quando começou a sessão. A previsão é que eles só votem nesse item após o intervalo da sessão.
(…)
Aqui e aqui
Por Reinaldo Azevedo
Programa de Haddad propõe incluir no currículo escolar temas como “orientação sexual e religião”. Ou: A grande mentira: kit gay era para alunos a partir dos 11 ANOS.
Vejam esta imagem.
O que ela faz aqui? Vocês saberão.
Na página 93 de seu programa de governo, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, promete, se eleito, fazer o seguinte: “Fomentar a inclusão no currículo municipal das temáticas relativas a gênero, idade, raça e etnia, religião, orientação sexual, necessidades especiais, entre outras”. Como é? “Temáticas relativas a gênero, religião e orientação sexual”? Na última vez em que este senhor enveredou por esse caminho, fizeram-se os famigerados kits gays. Como se vê, ele ainda não desistiu da ideia. Mais: a religião, como fato social, já é objeto dos professores de história — com raras exceções, submarxistas sem informação, formação e imaginação, que fazem profissão de fé de sua ignorância sobre o tema.
Quando, num mesmo parágrafo, um programa de governo mistura “sexualidade, gênero, orientação sexual e religião”, o que se quer é doutrinação. Alguma dúvida de que o cristianismo entraria no chicote e que se faria a apologia dos chamados “comportamentos alternativos”? Como eu sei? Mais do que sei. Eu posso provar.
ATENÇÃO! A Constituição brasileira proíbe qualquer tipo de discriminação. O combate ao preconceito é uma diretriz da educação brasileira. A questão é saber como se faz isso. Há uma diferença gigantesca entre educar e doutrinar.Haddad tem de ser confrontado com suas verdades. Enquanto estava no MEC, autorizou a produção de um material que estimulava crianças de 11 anos a assistir filmes impróprios para a sua idade e a debater o “desconforto com o órgão genital”. Eu demonstro o que digo.
Se o candidato do PT não fosse protegido de sua própria obra por amplos setores da imprensa paulistana, seria confrontado com o trabalho que efetivamente realizou. Em entrevista à Folha e ao Estado, seu adversário, o tucano José Serra, INDAGADO A RESPEITO DO TEMA, afirmou o óbvio: o kit gay que Haddad queria enviar para as escolas era doutrinação, não combate à homofobia. E como reagiu o petista? Chamou a crítica do outro de “ataque pessoal”. E os jornalistas fizeram o quê? Rigorosamente o que têm feito até mesmo antes de a campanha começar: silenciar. Há até um editorial de jornal que decidiu dizer o que pode e o que não pode ser debatido em campanha. Kit gay, pelo visto, não pode! Qual é?
Nas poucas vezes em que se pronunciou a respeito, Haddad falta à verdade de forma clamorosa. Um dos filmes, como já vimos, defende que travestis usem o banheiro feminino nas escolas e que os professores os chamem por seu nome feminino. Outro sustenta que a bissexualidade é mais vantajosa do que a heterossexualidade. Isso não é invenção de ninguém. Está nos filmes. Certa feita, o MEC afirmou que o kit gay seria enviado apenas para alunos de segundo grau — a partir dos 14 ou 15 anos. É mentira. É uma mentira escandalosa! OS KITS GAYS ERAM DIRIGIDOS A ALUNOS A PARTIR DOS 11 ANOS. E por que isso é importante? Ora, perguntem à página 93 do programa do petista.
A imagem
Agora voltamos àquela imagem.
O MEC havia preparado um caderno chamado “Escola Sem Homofobia”, que orientava como aplicar em sala de aula os tais kits gays. Havia lá três vídeos, um DVD e guias de orientação aos professores. O Globo publicou uma reportagem a respeito no dia 26 de maio do ano passado.
O material orienta as dinâmicas em sala de aula para tratar de assuntos como “homossexualidade e bissexualidade” e deixa claríssimo: “Essas dinâmicas podem ser aplicadas à comunidade escolar e, em especial, a alunas/os do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio”. Vale dizer: HADDAD PREPAROU AQUELE LIXO PARA SER OFERECIDO A CRIANÇAS A PARTIR DE 11 ANOS.
Reproduzo um trecho da reportagem do Globo (em vermelho):
A destinação do kit contra a homofobia a alunos do ensino fundamental fica evidente no conteúdo do vídeo “Boneca na mochila”. Este é um dos filmetes do kit e traz na capa uma criança pequena com uma mochila. O vídeo conta uma história baseada em fato verídico: uma mãe é chamada às pressas na escola porque “flagraram” o filho com uma boneca na mochila. No caminho do colégio, num táxi, a mãe escuta essa notícia no rádio e fica ainda mais aflita.
O guia de discussão que acompanha o vídeo sugere dinâmicas para os professores trabalharem com os alunos e discutirem esse conteúdo. Um dos capítulos propõe mostrar os “mitos e estereótipos” mais comuns que envolvem gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, a partir das seguintes afirmações, que devem ser completadas pelos alunos: “Meninos que brincam de boneca e de casinha são…”; “Mulheres que dirigem caminhão são…”; “A pior coisa num gay é…”; “Garotas que partem para a briga são…”.
Ao propor debate sobre sexualidade, a cartilha recomenda questionar ao aluno: “Ser um menino mais sensível e uma menina mais durona significa que são ou serão gay e lésbica?” No material do kit em poder do MEC, há seis Boletins Escola sem Homofobia (Boleshs), destinados aos estudantes, com brincadeiras, jogos, letras de música e dicas de filmes. Todos com o tema diversidade sexual e homofobia. Uma das letras de música incluídas foi a canção “A namorada”, de Carlinhos Brown, cujo refrão diz “a namorada tem namorada”.
Esse tal pênis…
Você achou um pouco exagerado para alunos de 11 anos? Calma que isso é rigorosamente o de menos. No material há coisas como um caça-palavras. O menino e a menina de 11 anos são estimulados a procurar o termo que define, atenção!, “pessoa que sente desconforto com o seu órgão genital”. Ele tem de achar a palavra “transexual”. Apelando à história (é uma gente profunda!), propõe-se “nome da ilha que deu origem à palavra ‘lésbica’”. É “Lesbos”, como sabe o leitor. A estupidez é de tal sorte que, nesse mesmo exercício, há esta proposição dificílima: “órgão sexual que é associado ao ser homem”. Estão a falar do tal “pênis”.
Atenção! O “pênis”, contrariamente à sabedoria convencional, não mais será tratado como um dos traços distintivos do macho. Nada disso! É coisa reacionária! Isso poderia ofender a “pessoa que sente desconforto com seu órgão genital”, entenderam? Afinal, um dos filminhos conta a história justamente do rapaz que se sente mulher. Logo, ter o pênis não quer dizer ser “homem”. De igual sorte, uma menina pode se sentir homem sem ter um pênis. O pênis virou só um penduricalho…
DIGAM-ME: ESSE É OU NÃO UM MATERIAL ADEQUADO PARA SER USADO COM CRIANÇAS DE 11 ANOS??? ACREDITEM! Não sei se fico tentado a pedir cadeia ou hospício para Fernando Haddad.
Os estudantes, a partir dos 11 anos, também são estimulados a procurar nas locadoras filmes como “Brokeback Mountain”, “A gaiola das loucas”, “Milk” e “Desejo proibido 2”. Um deles, “Milk”, é bastante violento, não recomendado para menores de 16 anos.
Reproduzo outro trecho da reportagem do Globo. Volto para encerrar.
No guia do vídeo “Torpedo”, com a perseguição de alunos a duas estudantes que mantêm uma relação, as ONGs responsáveis pelo material sugerem que, após exibição, seja perguntado aos alunos: “É diferente a reação das pessoas quando vêem duas garotas de mãos dadas e dois garotos de mãos dadas?”; “Um professor, ou uma professora, teria menos credibilidade se fosse homossexual, travesti, transexual ou bissexual? Por quê?”
O Ministério da Educação informou nesta quinta-feira que o material produzido seria indicado apenas para o ensino médio. E que a indicação para o ensino fundamental não seria aprovada. A distribuição do kit foi abortada por ordem da presidente Dilma. A professora Lilian do Valle, professora de Filosofia da Educação da Uerj, alerta: “Quanto mais baixa a idade, mais delicada a situação. É uma idade muito sensível para questões afetivas e psiquícas. Uma palavra mal colocada pode resultar num dano maior do que simplesmente não falar nada. Tem que envolver um trabalho maior, interdisciplinar. Não é simplesmente aprovar uma lei e jogar o kit. É pedir demais do professor esse tipo de responsabilidade. Não se pode esperar que a escola resolva os problemas da sociedade.
Voltei
Haddad quer esconder a própria obra. E conta com a ajuda de amplos setores da imprensa paulistana. Se alguém coloca em seu programa de governo que pretende, se eleito, “fomentar a inclusão no currículo municipal das temáticas relativas a gênero, idade, raça e etnia, religião, orientação sexual, necessidades especiais, entre outras”, então tem de se pronunciar sobre o material que estava pronto para ser distribuído nas escolas. Aliás, consta que algumas serviram de piloto e chegaram a receber os kits.
Respondam:
– Criticar o que vê acima é obscurantismo?
– Uma criança de 11 anos deve ser estimulada a debater o “desconforto” com o órgão genital?
– Uma criança de 11 anos deve ser estimulada a debater se o pênis é ou não uma distinção do “ser homem”?
– Uma criança de 11 anos deve ser estimulada a buscar nas locadoras filmes não recomendados para a sua idade?
Isso é ataque pessoal? Haddad quer ser prefeito, certo? E promete, se eleito, fazer o que vai na página 93 do seu programa. Ora, ele tem biografia nessa área. Obscurantista é ignorar o óbvio. Reacionário é negar o fato por causa de alinhamento ideológico. Estúpido é querer omitir o fato dos eleitores.
Texto publicado originalmente às 5h48
Por Reinaldo Azevedo
15/10/2012 às 7:05
Sim, acompanhei cada VERSO da “ocupação” de Manguinhos e Jacarezinho, no Rio. Não me comovo com má poesia!
É claro que eu vi na televisão a operação de “pacificação” do Complexo de Manguinhos e da favela do Jacarezinho, no Rio. Acompanhei cada verso! Sim, leitores, falo em “verso” porque, em matéria de UPP e José Mariano Beltrame, boa parte da imprensa, especialmente a televisão, prefere a poesia — e poesia de péssima qualidade — ao jornalismo. Ontem, houve até reportagem que terminou com crianças sorrindo. Quando a imprensa apela a um clichê, ou não tem o que informar ou tem o que esconder. É batata!
Os policiais chegaram, os bandidos evaporaram, e Beltrame concedeu uma entrevista coletiva em que exaltou o ambiente de paz em que tudo se deu. Já são 30 “comunidades” — “favela”, agora, só em São Paulo! — “pacificadas”. Parece haver pouco mais de 1.200. Entendo. O importante é começar.
Ao exaltar a paz da ocupação, entendi que a bandidagem deu no pé. Dali, foi para algum outro lugar, aonde a “pacificação” ainda não chegou. Cinco traficantes pés de chinelo foram presos. Os chefões do tráfico sumiram. Mas o Rio, aquele pedaço ao menos, segundo entendi, voltou a sorrir.
Se um dia o Rio conseguir espantar todos os seus bandidos, os estados fronteiriços é que terão problemas, não é mesmo?
Não! Não venham me pedir versos. Não que não goste deles ou que já não os tenha até mesmo cometido. É que prefiro, nesses casos, a lógica. Os bandidos que Beltrame não prende ficam soltos. Como não mudam de ramo, apenas de rumo, vão fazer vítimas em outro lugar. Como sou um cara bacana, aceito que tentem provar que estou errado.
Por Reinaldo Azevedo