Dados do USDA sobre safra nova pesam sobre os grãos nesta 6ª feira

Publicado em 10/05/2013 17:37
Os contratos futuros da soja, do milho e do trigo fecharam a sessão desta sexta-feira (10) em baixa na Bolsa de Chicago. O mercado recuo diante das primeiras estimativas divulgadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a nova safra de grãos do país e do mundo. Sobre a safra velha, os números apresentaram pouca variação em relação ao boletim anterior. 

Segundo o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Banco e Corretora de Investimentos, de Nova York, os números para a temporada 2013/14 vieram acima das expectativas do mercado e pesaram sobre as cotações em Chicago, principalmente sobre os vencimentos mais longos. No caso da soja, os vencimentos agosto e setembro fecharam o dia com 10 pontos de baixa. No milho, as perdas para o setembro e o dezembro foram de, respectivamente, 11,50 e 12 pontos. 

"O mercado não reagiu bem a esses números. A safra 2013/14 ficou acima das expectativas do mercado e, no cenário mundial, trata-se de um recorde de produção e também de estoques finais", disse Ito. 

Para a soja produzida nos Estados Unidos, o estimado pelo USDA é de que totalize 92,26 milhões de toneladas, com a produtividade estimada em 50,45 sacas por hectare. Os estoques finais devem totalizar, de acordo com o departamento, 7,21 milhões de toneladas. A produção mundial de soja foi estimada pelo órgão em 285,50 milhões de toneladas na safra 2013/14, contra pouco mais de 269 milhões da temporada atual, e os estoques globais podem chegar a 79,46 milhões de toneladas. 

No caso do milho, a estimativa da entidade é de que produção norte-americana seja de 359,18 milhões de toneladas, com uma área plantada de 39,38 milhões de hectares e a colhida em 36,22 milhões. O rendimento está projetado em 167,22 sacas por hectare. O USDA projetou ainda a produção global de milho em 965 mil toneladas. A previsão atual do órgão para a safra 2012/13 é de 857,12 milhões de toneladas. Para os estoques mundiais, o USDA espera 154,63 milhões de toneladas.

Para o analista, o segundo semestre pode registrar uma pressão negativa para os preços com a entrada dessa nova oferta de grãos. O que poderia mudar o cenário, no entanto, seria um significativo impacto negativo das adversidades climáticas nas lavouras dos EUA. 

O início do plantio da nova safra no país já configura um preocupante atraso, principalmente no milho, em relação aos índices tanto do ano passado quanto da média dos últimos cinco anos em função das baixas temperaturas, das chuvas excessivas e até mesmo da incidência de neve e geadas em importantes regiões produtoras. Esse cenário já vem até mesmo estimulando as especulações sobre uma possível perda de produtividade. 

Por outro lado, para o consultor de mercado do SIMConsult, Liones Severo, essa produção de pouco mais de 92 milhões de toneladas de soja ainda seria insuficiente para  atender a demanda mundial pela commodity, fator que poderia permitir novas altas dos preços mesmo diante de uma safra cheia. "Isso acontece porque, a partir de agosto, o Brasil não vai mais exportar mais soja e toda a demanda mundial irá para os Estados Unidos novamente, ficando novamente sozinho para abastecer o mundo, e não será o suficiente", diz Severo. 

Safra Velha - Para o mercado da soja, nos contratos mais próximos, ainda há sustentação para os preços em função do aperto da oferta local. A quantidade de produto disponível nos Estados Unidos é muito baixa e a demanda pela soja segue aquecida, elevando os prêmios nos portos norte-americanos a níveis historicamente altos. 

Esse bom momento do mercado físico norte-americano, que tem feito os produtores locais segurarem suas vendas em busca de preços ainda maiores. 

Veja como ficaram os preços dos grãos no fechamento desta sexta-feira:

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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