Chicago: Soja confirma abril de volatilidade e fecha em queda

Publicado em 10/04/2014 17:27

Com um movimento de realização de lucros, o mercado da soja fechou a sessão desta quinta-feira (10) em campo negativo na Bolsa de Chicago. Os primeiros vencimentos encerraram o dia registrando baixas de dois dígitos. O contrato maio/14 ficou em US$ 14,82, recuando 13 pontos, e o julho/14 fechou valendo US$ 14,65, com queda de 12,50 pontos. 

Após alcançar os melhores preços em meses nesta quarta-feira (9), após a divulgação dos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado passou por uma correção técnica. Como explicam analistas, os fundos seguem carregando posições fortemente compradas e, quando as cotações se aproximam dos US$ 15, como aconteceu na sessão anterior, ordens de vendas são efetivadas, o que acaba pressionando os preços.

Para Liones Severo, consultor de mercado do SIM Consult, esse deverá ser um movimento bastante comum para os negócios com a soja na Bolsa de Chicago agora em abril, uma vez que esse é, tradicionalmente, um mês de intensa volatilidade.

"Esse é o mês dos financeiros, mês de muitas notícias, muitos boatos que tentarão desestabilizar e derrubar o mercado, mas a tendência ainda é positiva e o cenário é muito bom", diz Severo. 

Ainda assim, o consultor afirma que, apesar desses recuos pontuais, o cenário permanece inalterado e muito positivo para os preços no mercado internacional. Os números trazidos pelo departamento norte-americano confirmam o cenário de uma severa escassez de produto nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, uma demanda extremamente aquecida. 

As estimativas para as importações pelos EUA elevada a um nível recorde - de 1,77 milhão de toneladas - e o número chamado de residual levado a zero, contra 330 mil toneladas do boletim anterior. Ao mesmo tempo, confirmou também a força da demanda, elevando sua projeção das exportações de 41,6 para 43 milhões de toneladas.

O boletim divulgado nesta quinta pelo USDA sobre as exportações na semana que terminou no último dia 3 de abril informou que as vendas semanais de soja entre as duas temporadas ficaram em 289,6 mil toneladas, contra 85,5 mil da semana passada. Da safra 2013/14 foram 79,2 mil toneladas e, da nova safra, 210,4 mil. No acumulado do ano, as exportações da safra velha já somam 44.589,7 milhões de toneladas, contra a última estimativa do USDA de 43 milhões de toneladas. 

Sobre as vendas de farelo de soja, o departamento informou que foram 179,6 mil toneladas da safra 2013/14 e 80,1 mil da temporada 2014/15, somando, entre as duas, 259,7 mil toneladas. Até o momento, as exportações dos EUA do produto chegam a 8.690,8 milhões de toneladas, a projeção do USDA é de que as vendas fiquem em 9.980 milhões. 

Já as exportações de óleo de soja da safra atual foram de 3,4 mil toneladas e elevaram o volume acumulado no ano comercial a 572,2 mil toneladas, contra 700 mil de estimativas do departamento norte-americano. 

Boatos sobre um possível default de uma trading chinesa

Nesta quinta-feria circularam boatos de que uma trading chinesa estaria com dificuldades de pagar e receber aproximadamente 500 mil toneladas de soja do Brasil e da Argentina. Essa informação, ainda de acordo com Liones Severo, chega ao mercado em um momento bastante oportuno para os mercados financeiros, que tentam, com essa e demais informações, desestabilizar o mercado e pesar sobre os preços da commodity. Notícias como essa, segundo explica o consultor, não alteram o atual cenário para o mercado da soja e acabam perdendo rapidamente sua importância, dado que as cotações, nesta quinta-feira, tampouco refletiram um movimento negativo mais expressivo frente a elas. 

Milho: Em Chicago, preços fecham em campo misto, mas fundamentos ainda são positivos

Por Fernanda Custódio

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a sessão desta quinta-feira (10) em campo misto, próximos da estabilidade. Ao longo das negociações, os contratos da commodity reduziram as perdas e fecharam o dia com quedas entre 0,50 e 1,00 ponto. O vencimento maio/14 fechou o dia cotado a US$ 5,01, com desvalorização de 0,19% em relação ao último pregão. 

Segundo analistas, vários fatores exerceram pressão negativa nos preços futuros, principalmente, as previsões climáticas indicando tempo mais quente em partes do cinturão produtor nos Estados Unidos nas próximas duas semanas. Cenário, que se confirmado poderá contribuir para o avanço do milho no país. 

Além disso, o fraco desempenho das exportações semanais reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) também pressionaram os preços. Até a semana encerrada no dia 03 de abril, as exportações da safra 2013/14 somaram 658.700 toneladas. Na semana anterior, o número foi de 960.600 toneladas. O percentual representa um recuo de 30% frente à média das últimas quatro semanas.

No acumulado do ano safra, o país já exportou cerca de 41.965,4 toneladas. Enquanto que, a estimativa do departamento norte-americano é de 44.450,0 toneladas. Do mesmo modo, a previsão de aumento na produção global de milho, para 973,9 milhões de toneladas, previstas ontem pelo órgão também contribuíram para a formação do cenário.

Na visão do operador de mesa da Terra Investimentos, Bruno Perottoni, apesar do recuo nas cotações, o cenário fundamental ainda é positivo para o mercado do cereal. “Os estoques norte-americanos também são apertados, a área cultivada na próxima safra 2014/15 nos EUA será menor e temos todas as preocupações com clima e produtividade. O contrato setembro/14 no patamar de US$ 5,00 está bem consolidado, se tudo correr bem, até podemos ver as cotações cederem um pouco, mas acredito que o preço é firme”, explica.

BMF&Bovespa

Assim como em Chicago, os futuros do milho negociados na BMF&Bovespa registram mais uma sessão em território misto. Ainda segundo analistas, as negociações seguem lentas, uma vez que, os produtores ainda esperam por preços melhores. Também é preciso ressaltar que, neste momento, o foco dos agricultores é comercialização da soja.

Durante essa semana, o Imea (Instituto Mato-grossense) divulgou que a negociação da safrinha do Mato Grosso alcançou o patamar de 11,5% até o mês de abril. E até o mês de março, foram vendidas cerca de 2 milhões de toneladas do cereal, com preço médio de R$ 14,50 a saca.

Já no Paraná, a comercialização da safrinha chegou a 2%, de acordo com informações divulgadas pelo Deral (Departamento de Economia Rural). No mesmo período do ano anterior, o volume era de 5%. 

Neste ano, a tendência é que os preços se mantenham em patamares mais altos do que os registrados no ano passado, conforme apontam os analistas. Ainda segundo o operador de mesa, a safra brasileira não deve ser tão grande quanto o esperado inicialmente e se boa parte da safra for enviada para a exportação, os estoques finais na temporada 2014/15 poderá ser menor. “O produtor deve fazer as suas contas antes de vender”, orienta Perottoni. 

Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento desta quinta-feira:

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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