Soja tem alta de até R$ 5/saca nos últimos dias nos portos do BR com foco na China

Publicado em 07/08/2019 16:54

Os preços da soja no mercado brasileiro continuam subindo na medida em que Chicago encontrou estabilidade nos últimos dias, o dólar intensificou suas altas e os prêmios voltaram a subir nos portos do país diante da intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos. 

Desde a última semana, segundo relatou o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado, somente nos portos, as referências subiram cerca de R$ 5,00 por saca - passando de R$ 78,00 para R$ 83,00 - e vem estimulando bons negócios nos últimos dias. 

Com uma demanda chinesa maior - as informações dão conta de que a nação asiática já teria comprado mais de 1 milhão de toneladas da oleaginosa desde a última quinta-feira, quando Donald Trump anunciou novas tarifas sobre produtos chineses - os prêmios têm encontrado espaço para uma reação considerável e voltam a superar os 100 centavos de dólar. Algumas posições de entrega já registram valores de US$ 1,25 por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago. 

O conflito também tem provocado uma intensa aversão ao risco no cenário externo e, consequentemente, uma escalada do dólar frente a uma cesta de moedas, entre elas o real, que voltou a se aproximar dos R$ 4,00. Nesta quarta-feira (7), a divisa chegou a superar os R$ 3,99, para, na sequência voltar à casa dos R$ 3,97. 

Ainda segundo Gutierrez, essa é um dos fatores que exige maior atenção do produtor brasileiro, uma vez que seu movimento é o mais frágil neste momento. "Além da cena externa, o dólar ainda depende também de muitas questões internas importantes, como a votação da reforma da Previdência", diz. "É da questão cambial que o produtor tem que cuidar mais". 

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BOLSA DE CHICAGO

Nesta quinta, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago trabalharam durante todo o dia em campo positivo, porém, registrando apenas tímidas altas. Assim, fechou os negócios subindo 1 ponto nos contratos mais negociados, com o agosto valendo US$ 8,48 e o novembro, US$ 8,66 por bushel. 

Embora os traders estejam bastante focados nas questões comerciais entre China e Estados Unidos, o mercado também se mantém muito atento às questões ligadas à nova safra de grãos norte-americana. E agora, começam a chegar a primeiras estimativas para o novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no dia 12 de agosto e deixa os negócios ainda mais especulados.

Com a China ausente nas compras de soja, um dos produtos que está no coração da guerra comercial, os estoques norte-americanos são historicamente altos e seguem pressionando os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago. Com isso, os EUA deverão iniciar o ano comercial 2019/20 com um dos menores volumes de vendas antecipadas da commodity dos últimos anos. 

Segundo explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, os americanos têm apenas 3,3 milhões de toneladas comprometidas da nova safra, contra uma média de 20 milhões dos últimos anos para este mesmo período. 

"O posicionamento para o relatório será feito com cautela na medida em que as tensões da guerra comercial se intensificam", acreditam os especialistas da consultoria internacional Allendale, Inc. 

As informações mais esperadas são as de área de plantio, uma vez que os problemas enfrentados durante a época da semeadura em praticamente todo o Corn Belt foram bastante severos, impedindo a coleta desses núemros de forma adequada. 

Além disso, muitas áreas foram destinadas ao programa do Prevent Plant e outras até mesmo abandonadas, o que fez com que a projeção sobre a nova área se mostrasse bastante desconhecida. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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