Soja fecha com leves altas em Chicago e acumula ganhos de mais de 3% nos últimos 30 dias

Publicado em 17/10/2019 16:57

Os preços da soja fecharam a sessão desta quinta-feira (17) em campo positivo, porém, com ganhos modestos. O mercado terminou o dia subindo entre 2 e 3,50 pontos nos principais contratos, amenizando as altas observadas mais cedo, que passaram dos 8 pontos. 

Assim, o vencimento novembro/19, referência para a safra dos Estados Unidos, fechou com US$ 9,31 por bushel, enquanto o maio/20, indicativo para a nova temporada do Brasil, foi a US$ 9,65 por bushel. 
Nos últimos 30 dias, os preços da soja subiram de forma bastante considerável, acumulando ganhos de mais de 3%. 

O contrato março/20, de 17 de setembro a 17 de outubro subiu 4,13% passando de US$ 9,19 para US$ 9,57. O maio/20 foi de US$ 9,30 para US$ 9,65, com ganho de 3,76%. 

OFERTA

A preocupação com a oferta tem sido o principal motivador dos preços, diante de problemas que a nova safra norte-americana ainda enfrenta. 

Nos últimos dias, porém, as condições tem se mostrado um pouco mais favoráveis para os trabalhos de colheita no Meio-Oeste dos Estados Unidos, depois de semanas de adversidades como geadas, nevascas e o frio intenso, além de chuvas constantes em alguns pontos. 

De acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, até o último domingo (13), a colheita estava concluída em 26% da área, bem atrasada ainda em relação a 2018 e se comparada à média dos últimos cinco anos. 

E o USDA, inclusive, já informou que fará uma revisão nos números de área colhida de soja e milho nos estados de Dakota do Norte e Minnesota depois dos problemas causados pela neve da semana passada. Ainda segundo o departamento, quaisquer mudanças expressivas serão relatadas nos próximos boletins. 

"Os produtores têm registrado condições melhores, de tempo mais seco para a colheita nos EUA, até que um novo sistema se forme trazendo mais chuvas para a próxima semana", explica Bryce Knorr, analista sênior do portal Farm Futures. O mapa abaixo, do NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, mostra as chuvas mais intensas. 

Previsão de chuvas para 17 a 24 de outubro

No Brasil, o clima também preocupa, porém, os efeitos na Bolsa de Chicago ainda são limitados. Com o Oeste do Paraná sem chuvas há mais de um mês, muitas áreas de soja deverão ser replantadas no estado. Alguns volumes são esperados para os próximos dias.

Mapa com a previsão de precipitação acumulada para até 93 horas (18/10 a 20/10) em todo o Brasil - Fonte: Inmet

Leia mais:

>> Tempo: Cinturão Oeste do PR está sem chuvas há mais de 1 mês e deve terminar outubro abaixo da média

Ainda assim, o Diretor Técnico da EMATER - PR, Nelson Harger, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira, disse que houve um erro estratégico na escolha do plantio antes das chuvas. 

"O produtor arriscou plantar no cedo para viabilizar a safrinha de milho, mas ela dá menos rentabilidade e possui mais riscos. O produtor não deve colocar a semente no solo arriscando a sua renda na principal safra do ano. Hoje em dia, a semente empata com os adubos nos custos de produção e toda a tecnologia empregada se perde neste solo seco", diz Harger.

Veja a entrevista na íntegra:

>> Emater/PR aponta erro estratégico para os plantios antes das chuvas e considera alto o risco de perdas para safra 19/20

DEMANDA 

Do lado da demanda, as especulações são mais frequentes do que notícias efetivas, o que faz com que as altas originadas dessas informações se mostrem bastante frágeis na Bolsa de Chicago. Nesta quinta, a China informou que já está redigindo o texto da fase um do acordo firmado com os EUA na semana passada e animou o mercado. 

O porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Gao Feng, veio à mídia para dar mais detalhes de como a construção do texto está acontecendo, em uma operação bem próxima aos negociadores norte-americanos. Entretanto, se e recusou a comentar os números informados pelo presidente americano Donald Trump na semana passada sobre um comprometimento da China em ampliar suas compras de produtos agrícolas norte-americanos para algo entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões. Afinal, a nação asiática não confirmou o montante. 

"As empresas chinesas aumentarão suas compras de produtos agrícolas americanos de acordo com as necessidades domésticas e os Estados Unidos criarão boas condições para essas compras", rafirmou o porta-voz chinês, reforçando ainda com os dados mais atuais sobre as últimas compras da China no mercado agrícola americano. 

Leia mais:

>> China já está redigindo texto da 'fase um' do acordo com os EUA

Assim, as expectativas de que os chineses seguirão fazendo mais compras de soja e demais produtos no mercado agrícola norte-americano são grandes, porém, ainda sem consistência. E até que isso aconteça, o mercado ainda se mostra um tanto sem direção e mantendo-se cauteloso. 

PREÇOS NO BRASIL

As referências melhores sendo praticadas na Bolsa de Chicago ao lado de um dólar acima de R$ 4,15 puxaram os preços da soja também nos portos do Brasil, mesmo com ganhos tímidos. No interior, as variações foram mais intensas, porém, negativas em algumas praças de comercialização. 

A soja disponível fechou com R$ 89,30 em Paranaguá e R$ 89,00 em Rio Grande. Para a safra nova, referência março/20, são R$ 87,00 no terminal paranaense e R$ 87,50 no gaúcho.

Segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, as referências para a safra nova, em meses mais a frente, como junho e julho, já marcam preços entre R$ 90,00 e R$ 90,50 por saca. E com isso, bons negócios têm sido efetivados.  

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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