Clima nos EUA atormenta mercado de grãos em Chicago. Preços em alta

Publicado em 26/07/2011 17:01
Em um ano em que a safra de grãos dos Estados Unidos teria que ser perfeita, com o principal objetivo de repor os estoques norte-americanos e equilibrar os preços, o clima no país parece não colaborar. Com isso, as cotações já começam a tomar impulso nas incertezas sobre a produção do principal exportador mundial das duas principais commodities agrícolas: soja e milho.

Na época do plantio, os produtores enfrentaram excessivas chuvas que atrasaram os trabalhos no campo e forçaram até mesmo uma semeadura em um tempo além da janela ideal. Depois dessa umidade intensa, o que preocupa os agricultores agora é a onda de calor intenso que castiga as lavouras dos EUA.

Nas últimas duas semanas, as plantações de soja e milho, principalmente na região do Corn Belt norte-americano, sofreram com as mais altas temperaturas desde 1995 e a falta de precipitações. Tais condições mantiveram o solo seco e trouxeram preocupações quanto ao desenvolvimento das plantas.

Em decorrência dessas condições climáticas extremamente adversas para a produção, o que se espera agora é que já comecem a ser registradas perdas na produtividade das duas principais culturas do país. Nem mesmo as últimas chuvas que chegaram a importantes regiões produtoras nos últimos dias foram capazes de aliviar o estresse pelo qual passaram as lavouras.

O resultado desse tempo quente e seco foi refletido no último relatório semanal de acompanhamento divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). No fim da tarde desta segunda-feira (25), o USDA informou um declínio do índice de lavouras de soja e milho em boas ou excelentes condições.

O boletim apontou que até o último domingo (24), as plantações de soja em boa forma somavam 62% da área que já emergiu. Os números ficaram 2 pontos percentuais abaixo do registrado na semana passada e é 5% menor do que o dessa mesma época do ano passado.

No caso do milho, as lavouras em boas ou excelentes condições somavam 62%, recuando 4 pontos em relação à semana anterior. A média dos últimos cinco anos é de 64% e, em 2010, nessa mesma época, o somatório era de 72%.  

Sobre a oleaginosa, os estados que apresentaram um recuo mais expressivo do índice foram Missouri, Ohio e Indiana. Já que o único estado entre os principais produtores que apresentou melhoras foi Minnesota.

Essa preocupação com o destino e os resultados da safra 2011/12 dos Estados Unidos e os números reportados pelo USDA ontem foram os principais fatores de alta para os preços tanto da soja quanto do milho na Bolsa de Chicago. A soja, no vencimento março/2012, conseguiu até mesmo fechar a sessão diurna desta terça-feira de volta ao patamar dos US$ 14 por bushel.

O mercado de grãos, portanto, deverá continuar atento às previsões meteorológicas para o país observando como se desenvolvem as plantações e em quais condições.

Entretanto, apesar de o mercado já estar refletindo essas indicações do departamento norte-americano, o analista de mercado Steve Cachia, da Cerealpar, no caso da soja ainda é cedo para se falar em perdas de produtividade, diferentemente do milho. Isso acontece pois a oleaginosa pode se recuperar mais rápido do que o cereal, explica Cachia.

"O fato é que até agora o clima por mais adverso que esteja, está muito longe de ser normal, ou seja, muito provavelmente as estimativas anteriores de produtividade do USDA não sejam alcançadas", disse o analista.

Nesta terça-feira, o ANZ Bank divulgou uma nota informando que essa recente onda de calor que castigou os Estads Unidos deve reduzir a produtividade do milho no país para algo entre 156 e 158 bushels por acre, enquanto a última projeção do USDA apontava para uma lucratividade entorno dos 158,7 bushels/acre.

"Tem sido muito difícil para os EUA alcançar uma tendência de produtividade, com a piora das condições da safra entre julho e agosto", afirmou o banco.

O que os traders aguardam agora é o próximo relatório de oferta e demanda do USDA, que deverá ser divulgado no dia 11 de agosto. Nesse reporte, o órgão deverá trazer novas estimativas de produção e produtividade. As expectativas são de que o boletim traga uma redução nas projeções e essas especulações já contribuem para o avanço do mercado. A soja encerrou o dia com altas de dois dígitos nos principais vencimentos e o milho encerrou a terça-feira registrando um avanço de quase 10 pontos.

Confira como ficaram as cotações dos grãos no fechamento da Bolsa de Chicago:

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>> MILHO

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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