Com nervosismo no financeiro, soja fecha o dia com mais de 30 pts de baixa

Publicado em 23/11/2011 17:12
A quarta-feira foi bastante negativa para o mercado de grãos na Bolsa de Chicago. O péssimo humor do mercado financeiro foi responsável pela forte queda dos preços na sessão de hoje, que no caso da soja passaram dos 30 pontos. O dia foi de liquidação geral dos fundos nos mercados de commodities agrícolas.

A situação na Europa está se agravando a cada dia e impulsiona, com isso, a ampliação da aversão ao risco por parte dos investidores, que por sua vez partem para ativos mais seguros, como o dólar por exemplo. Esse movimento dos traders que estimula o avanço da moeda norte-americana também acaba pressionandos os preços na CBOT, uma vez que torna os produtos dos Estados Unidos mais caros, minando a demanda pelos mesmos.

Além do que já é conhecido pelo mercado, outras duas sérias e preocupantes que vieram do continente europeu trouxeram esse turbilhão ao mercado financeiro hoje: a possível saída da Grécia da Zona do Euro e a baixa demanda pelos títulos do governo alemão em um leilão realizado nesta quarta-feira.

A fraqueza do leilão acabou surpreendendo os investidores, já que a Alemanha vinha sendo considerada o porto seguro europeu, como explicou o analista de mercado Pedro Dejneka, da corretora RJ O'Brien, de Chicago.

“A percepção é que se ninguém quer comprar títulos da Alemanha, o País terá que aumentar os juros que são pagos para essa venda e isso é muito negativo para o mercado” explica.

Nesse cenário, as principais bolsas de valores ao redor do mundo fecharam no campo negativo, bem como as commodities agrícolas de uma forma geral. Em contrapartida, o dólar fechou com  alta de 2,83%, a R$ 1,86.

Outra preocupação agora é a França. A agência de classificação de risco Fitch sinalizou nesta quarta-feira que caso a crise na Eurozona se agrave e leve o continente a uma deterioração econômica muito mais forte, a nota de confiança da França poderá ser rebaixada. Atualmente, o rating dos franceses é AAA.

Além da Europa, os Estados Unidos e a China também emitem sinais de alerta sobre o futuro de suas economias. Porém, mesmo com isso, Dejneka afirma que os chineses continuarão comprando, já que precisam recompor seus estoques e, para isso, deverão aproveitar os baixos preços vistos nas últimas semanas.

“A indústria continua comprando devido aos baixos preços. O que não é o fim da queda, mas cada vez que os custos caem a indústria entra comprando”, afirma o analista.

O fechamento negativo de hoje reforça o sentimento de que a relação das commodities agrícolas com o mercado financeiro mundial é muito forte e que, por conta disso, a situação é cada vez mais delicada. Pela primeira vez em meses, os fundos no mercado da soja passarão a ficar negativos. No caso do milho, ainda estão comprados, porém, em bem menos volume do que antes. Já no trigo, eles permanecem negativos.

Diante disso, a postura deve permanecer guiada pela cautela, uma vez que a economia mundial está fadada à incerteza no momento. O quadro, portanto, é nervosismo no cenário macroeconômico que pode continuar provocando baixas nas agrícolas.

Veja como ficaram as cotações no fechamento da Bolsa de Chicago nesta quarta-feira:

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>> MILHO

>> TRIGO

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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