Dos produtores às tradings: Mercado de café está em pânico com a geada e quebra do Brasil, diz analista

Publicado em 22/07/2021 15:59 e atualizado em 22/07/2021 18:11
Bolsa de Nova York encerrou com alta de 1765 pontos, o equivalente a 10,03%, nesta 5ª feira; com impasses climáticos e incertezas nas próximas safras, produtor quase não participa do mercado
Marcelo Moreira - Analista de Mercado

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Entrevista com Marcelo Moreira - Analista de Mercado sobre o Mercado do Café

O mercado futuro do café arábica segue operando com expressiva valorização, reagindo aos eventos climáticos no Brasil, na medida em que a oferta do maior produtor e exportador de café do mundo pode ficar cada vez mais restrita. 

Na Bolsa de Nova York (ICE Future US), setembro/21 teve alta de 1765 pontos, valendo 193,65 cents/lbp, dezembro/21 subiu 1770, negociado por 196,60 cents/lbp, março/22 teve alta de 1750 pontos, cotado a 198,55 cents/lbp e maio/22 teve alta de 1705 pontos, valendo 199 cents/lbp. 

A alta do pregão é equivalente a 10% em Nova Yor e atinge a máxima de seis anos. Os danos ainda estão contabilizados por produtores e cooperativas, mas especialistas alertam que o frio foi muito mais intenso do que era previsto pelos modelos meteorológicos e que os impactos na produção do ano que vem podem ser significativos. 

O analista de mercado Marcelo Moreira define os últimos dias como "mercado em pânico" em Nova York. "Basicamente o mercado está muito assustado tanto as produtores, como as tradings e as cooperativas porque o estrago foi grande e os números que estão chegando de dos levantamentos é que realmente a quebra não foi tão pequena como se imaginava", comenta em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

O especialista comenta ainda que o dia foi marcado por trocas de posição na Bolsa. "Fala-se que tem uma chamada de margem só no mercado de café ao redor de US$ 2,5 milhões e isso coloca mais gasolina na fogueira. Hoje o mercado subiu e subiu com volume, foram 94 mil lotes negociados hoje. A gente está vendo que o mercado está em pânico", acrescenta. 

Comenta ainda que os próximos dias devem ser de preços firmes para o arábica. "O mercado pode estar 10 mil reais, mas se não tem café para entregar, não adianta. Tem produtor que infelizmente não consegue participar, eu acho que essa alta vai ser para poucos produtores", comenta. Outro ponto de atenção para o mercado são as negociações que o setor terá que fazer para manter os negócios fechados anteriormente. 

"O pessoal que tinha comprado muda para fazer expansão não vai ter muda suficiente para repor o parque cafeeiro que foi quebrado com a geada, então essa recuperação de plantio, potencial de safra grande de novo, ainda é cedo para dizer. Se tiver mais essa geada na semana que vem e a crise hídrica continuar até setembro/outubro, a quebra pode ser maior ainda", comenta. 

A cooperativa Cooxupé ainda está fazendo o levantando as áreas atingidas pela geada e alerta aos cooperados com áreas atingidas para entrar em contato o gerente de sua unidade para realizar o laudo nas lavouras. "É importante a elaboração dos laudos para que a Cooxupé busque soluções para ajudar a viabilizar a recuperação de eventuais danos sofridos", afirma em comunicado oficial. 

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A análise do site internacional Barchart destacou que os preços de café subiram mais de 21% nos últimos três dias. " A preocupação de que as safras de café do Brasil neste ano sejam dizimadas pelos riscos duplos de seca e geada têm alimentado a compra de futuros do café arábica", complementa a análise. 

No Brasil, o mercado físico acompanhou Nova York mais uma vez e manteve as negociações na casa dos R$ 1.000,00 nas principais praças de comercialização do país. + Café: Cotação no BR chega a R$ 1000,00/saca nas principais praças de comercialização

O tipo 6 bebida dura bica corrida teve alta de 6,11% em Guaxupé/MG, negociado a R$ 1.042,00, Poços de Caldas/MG teve alta de 5%, valendo R$ 1.050,00, em Varginha/MG a valorização foi de 11,34%, estabelecendo os preços por R$ 1.080,00, Campos Gerais/MG teve alta de 6,47%, cotado a R$ 1.037,00 e Franca/SP teve valorização de 8%, valendo R$ 1.080,00.

O tipo cereja descascado teve alta de 6% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 1.095,00, Poços de Caldas/MG alta de 4,76%, valendo R$ 1.100,00, Varginha/MG registrou alta de 12,75%, valendo R$ 1.150,00 e Campos Gerais/MG teve alta de 6,09%, valendo R$ 6,09%, valendo R$ 1.097,00. 

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Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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