Soja: Perdas se intensificam no Centro-Oeste e Matopiba por conta do clima

Publicado em 07/01/2019 16:19

A irregularidade da nova safra brasileira continua preocupando os produtores tanto onde as perdas já são consolidadas e onde podem se agravar em função das adversidades climáticas. A pior situação ainda é observada no Paraná, mas áreas do Centro-Oeste e do Matopiba já começam a registrar preocupações cada vez mais sérias. 

No Matopiba, o temor de um período de veranico ronda os agricultores. No Oeste da Bahia, por exemplo, principal região produtora do estado, as chuvas continuam chegando de forma mal distribuída, com volumes limitados e tiram a produtividade das lavouras de soja. 

Dessa forma, a média das 63 sacas por hectare registrada no ano passado não será alcançada nesta temporada, como relatou o diretor da ABAPA (Associação Baiana dos Produtores de Algodão), Celito Breda, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (7). 

Veja mais:

>> Chuvas manchadas tiram produtividade no Oeste da Bahia; Temor de veranico preocupa o Matopiba

O oeste baiano, este ano, plantou a soja 15 dias mais cedo do que no ano anterior e essas são as lavouras que correm mais risco. São nessas propriedades onde a última chuva expressiva aconteceu em 8 de dezembro. 

Ainda segundo Breda, se as chuvas vierem logo, as perdas poderão ser amenizadas. No entanto, demorando mais 10 dias podem desenhar um cenário semelhante ao que tem sido observado no estado do Paraná. 

Para o Nordeste do Brasil, as previsões mostram, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que as chuvas podem ser mais volumosas, no entanto, chegam ainda de forma mal distribuída nos próximos dias. Nas próximas 72 horas, as precipitações mais expressivas deverão se concentrar no Tocantins, interior do Maranhão e Piauí. 

Enquanto isso, os próximos dias serão de chuvas ainda limitadas em toda a região do Brasil central, pelo menos até 23 de janeiro. Nesse cenário, Paraná e o Mato Grosso do Sul deverão receber menos volumes, com má distribuição pelas próximas duas semanas. 

>> Paraná e sul do Mato Grosso do Sul seguem com previsão de pouca chuva e distribuição bastante irregular nos próximos 15 dias

Também sentindo esse tempo mais seco no Centro do Brasil, as lavouras de soja em Goiás já apresentam também um menor potencial produtivo. Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda, o presidente da Aprosoja GO, Adriano Antônio Barzotto, informou que a insituição já espera uma safra 10% menor do que a anterior por conta do clima. 

“Nós realizamos um levantamento do estado onde nos foi reportado perdas de 10 até 15% devido à falta de chuva. No ano passado tivemos uma produtividade de 11,3 milhões de toneladas e esperávamos para a safra 2018/19 chegarmos muito próximos de 12 milhões. Com esse levantamento estimamos a produtividade em torno de 10,5 milhões de toneladas ainda tendo em vista que houve um incremento de 3% na área plantada nesse ano”, diz. 

Veja a entrevista na íntegra:

>> Aprosoja Goiás estima produtividade 10% menor do que a registrada na safra passada

Com a situação das perdas se agravando, as instituições já começam a reduzir suas estimativas para a nova safra de soja do Brasil. O Rabobank, que projetava uma colheita de 123 milhões de toneladas já reduziu seus números para algo entre 119 e 120 milhões. 

“No caso da soja tínhamos uma expectativa de que o Brasil pudesse alcançar uma safra recorde considerando que o Brasil tinha tido um bom volume de chuvas em novembro e um plantio que ocorreu dentro das melhores condições, estimávamos uma safra na ordem de 123 milhões de toneladas. Com base nas informações que nós tivemos em dezembro, a gente vê que houve uma piora nas condições das lavouras brasileiras, em especial no Paraná e Mato Grosso do Sul, e condições levemente piores do que tivemos no ano passado", diz o analista de grãos do banco, Vitor Ikeda. 

A Aprosoja Brasil já estima a produção brasileira 2018/19 em algo entre 110 e 115 milhões de toneladas. 

E leia ainda:

>> Perdas na soja se agravam no Paraná; veja fotos e vídeos

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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