Mercado de café e as expectativas da semana (por Mauricio Fraga, da Archer)
A semana começou agitada com +80.181 lotes negociados logo na segunda-feira. Mesmo assim, após o Set-21 negociar @ 165,50 centavos de dólar por libra-peso (o high da semana) o mercado não aguentou e terminou o dia caindo -165 pontos e fechando @ 162.00 centavos de dólar por libra-peso. Foram 5 dias com volumes diários negociados acima dos +65.000 lotes/dia (+80.181/+78.105/+65.591/+78.754/+72.700). O Set-21 oscilou 750 pontos fechando @ 159,60 centavos de dólar por libra-peso (máxima/mínima @ 165,60 / 158,00 centavos de dólar por libra-peso).
Os fundos voltaram com força ajustando as posições. Com esse volume recorde semanal do ano (+375.331 lotes) a posição total dos “fundos + especuladores” terminou comprada em +45,889 lotes - uma redução de -1.928 lotes! Pelo jeito alguns fundos já realizando lucros, outros “rolando as posições com vencimento do contrato Julho-21 para o Set-21” aguardando por novas altas, e possivelmente novos entrantes tomando o lugar de algum fundo que já teve que “estopar” a posição.
As sessões diárias foram mais “sossegadas” com amplitude ao redor dos 400 pontos. Infelizmente o Julho-21 e Set-21 fecharam a semana abaixo do “suporte psicológico” dos 160 centavos de dólar por libra-peso.
O Real voltou a ser a justificativa para a queda da sexta-feira quando voltou a desvalorizar -2,39%, passando dos 5,02 R$/US$ para 5,14 R$/US.
Os boletins climáticos voltaram com previsões de chuvas nas principais regiões produtoras (chovendo entre 10-40mm em várias regiões) acalmando o mercado e melhorando as expectativas para a recuperação das lavouras para a próxima safra 22/23. Novas chuvas estão previstas para os próximos 15 dias e, por enquanto, ainda sem riscos de geadas. Mercado estima aproximadamente 27% já colhido x 29% mesmo período do ano passado.
A preocupação continua sendo com o real tamanho da quebra da safra atual 21/22 e a qualidade dos grãos. As chuvas são muito bem vindas mas poderão atrasar a colheita e a qualidade do produto. Dependendo da intensidade das chuvas/ocorrência de granizo (como ocorreu semana passada em algumas regiões) e ventos fortes muitas plantas poderão ser castigadas e surgir muito grão no chão. O que vem sendo colhido vem sendo entregue pelos produtores e até o momento o “risco de default” continua apenas assombrando o mercado.
Na quinta-feira o IBGE* publicou novo relatório aumentando sua expectativa de produção para 48,6 milhões de sacas (crescimento de 4,3% em relação ao mês anterior). Para o café arábica, a produção estimada ficou em 33,3 milhões de sacas (+ 6,0% em relação ao mês anterior). O Estado de Minas Gerais continua sendo o maior produtor brasileiro respondendo por 69,8% da produção brasileira. Para o café conillon, a estimativa da produção ficou praticamente estável em 15,3 milhões de sacas (+ 0,9% em relação ao relatório anterior) e + 6,3% em relação à 2020. O Estado do Espírito Santo continua sendo o maior produtor brasileiro, com cerca de 67,6% da produção total em 2021/22. Desta forma, as chuvas nesses 2 Estados são acompanhadas de perto por todo o mercado.
As exportações brasileiras no mês de Maio-21 ficaram abaixo dos 2,7 milhões de sacas (segundo a Cecafé*). Com exportações recordes entre junho-20/maio-21 (45,86 milhões de sacas) o mercado externo continua sendo abastecido pelo maior produtor do mundo. Para surpresa de muitos, a Colômbia apareceu nas estatísticas dentro dos “top 6” destinos, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão!
Os problemas políticos e logísticos na Colômbia continuam no radar e afetando as exportações e o abastecimento do seu principal mercado – os EUA. Na semana os Estados Unidos anunciaram a necessidade do Brasil para garantir o abastecimento do produto. Ou seja, o Brasil continua se consolidando como o “celeiro do mundo”.
Mercado interno segue firme com os preços entre 800-900 R$/saca para entrega Agosto-21; 850-950 R$/saca para entrega Agosto-22; e entre 900-1.000 R$/saca para entrega Agosto-23 (preços dependendo da qualidade, peneira e local de entrega do produto). Os prêmios adicionais pagos para “café certificado” vêm sendo reduzidos pelas cooperativas/tradings de +50,00 R$/saca para +20,00 R$/saca. Por quê??
Segundo nossos cálculos e projeções os preços para café padrão tipo 6 para compra deveriam estar acima 850 R$/saca, acima dos 925 R$/saca e acima dos 1.050 R$/saca para entregas Agosto-21, Agosto-22 e para Agosto-23 respectivamente - mais o prêmio de 50 R$/saca para café certificado (Premissas utilizando cotação de NY para os contratos com vencimento em Set-21, Set-22 e Set-23; desconto de -30 pontos contra NY; e o Real projetando uma desvalorização com base na Selic em -5,50% ao ano, partindo do fechamento da última sexta-feira @ 5,14 R$/US$.
Quando o inverno passar e as estatísticas começarem a confirmar uma safra problemática tanto com a quantidade quanto com a qualidade, com atrasos e redução nos embarques (com o Brasil exportando abaixo dos 3 milhões de sacas por mês), acreditamos em um Dez-21 firme, com os prêmios valorizando e uma disputa acirrada entre as cooperativas/tradings pelo café disponível!
Para os produtores que tiverem condições em “segurar” produto da safra 21/22, nossa sugestão é para vender a partir de agora contra o vencimento Dez-21, com “preço a fixar”, garantindo o “preço mínimo” e deixando o mercado trabalhar. Negociem com os compradores a venda do produto através da compra da estrutura de garantia de preço mínimo com a compra de uma “Put-Spread”! Se a geada vier tanto o Set-21 quanto o Dez-21 vão explodir e o mercado vai enlouquecer atrás de produto para embarcar entre Out-21-Maio-22!
Para safra 22/23 e 23/24 seguimos sugerindo cautela, com vendas em USD$/saca, aproveitando os preços atuais, acima dos 175 US$/saca – equivalente a 900 R$/saca. E não esquecer de fazer o hedge cambial contra nova valorização do Real frente ao Dólar. O Real segue sendo uma moeda muito volátil e em 2022 teremos eleições importantes no Brasil. O BTG Pactual estima um Real entre 4,90 – 5,40 R$/US$ para o final de 2021. E para Agosto-2022? E para Agosto-2023?
No Set-21 próximos suportes e resistências respectivamente @ 158,10 / 156,60 / 147,00 e @ 162,80 / 165,50 / 168,65 e 169,40 centavos de dólar por libra-peso.
No Set-22 próximos suportes e resistências respectivamente @ 167,80 / 165,40 / 152,40 e @ 169,50 / 172,50 / 174,70 centavos de dólar por libra-peso.
“Sugestão da semana”: analisar a compra da “Put-Spread” strike +160 / - 130 vendendo a “Call” strike -205. Esta operação fechou a sexta-feira com “custo” zero! Desta forma o produtor garante um preço mínimo ao redor dos 930 R$/saca e um preço máximo ao redor dos 1,250 R$/saca (desde que o mercado feche acima dos 130 centavos de dólar por libra-peso e acima dos 205 centavos de dólar por libra-peso no vencimento das opções contra o contrato Set-22).
MUITO CUIDADO: o inverno e os riscos das geadas estão começando!
OBS: Invistam 2-4 sacas de café nos nossos dois já consagrados Cursos: O Essencial de Futuros em Commodities Agrícolas (de 16 a 20 de agosto) e o Avançado de Opções em Commodities Agrícolas (de 20 a 24 de setembro).
Não percam. Inscrições já estão abertas!
Depois só em 2022!!
Detalhes no nosso site archerconsulting.com.br
Ótima semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira*
** “Call” = opção de Compra
** “Put” = opção de Venda
** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixa e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;
** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Mesmo com entraves, Brasil exporta 2,6 milhões de sacas de café em maio de 2021, diz Cecafé
Segundo o presidente da entidade, Nicolas Rueda, em maio, o desempenho das exportações foi impactado pela continuidade dos entraves logísticos, com falta de contêineres e de espaço nos navios, e pelas adequações que vêm sendo realizadas no processo de modernização da emissão dos certificados de origem da Organização Internacional do Café (OIC), requeridos no embarque do produto.
“O volume de exportações tem sido recorde no acumulado da safra, o que reflete uma colheita também recorde em 2020/21 e a altíssima competitividade do café brasileiro no exterior. Em maio, só não foi maior por conta dos entraves logísticos relativos à disponibilidade de bookings e contêineres, causados por congestionamentos em muitos portos asiáticos e norte-americanos, em função da alta demanda por alimentos e demais produtos nessas regiões ocasionada pela pandemia", explica.
Diante do cenário, o presidente do Cecafé ressalta o “grandíssimo” trabalho que vem sendo realizado pelas equipes logísticas dos exportadores. “Esses profissionais têm redobrado esforços para cumprir os compromissos de embarque frente a essas dificuldades, principalmente no que se refere aos sucessivos cancelamentos de booking por parte dos agentes marítimos”, enaltece.
Outro fator que interferiu no desempenho registrado em maio é a adequação no critério das apurações dos embarques dos certificados de origem, requeridos nas exportações de café, aprovado pela OIC, que passará a considerar a data de conhecimento de embarque e não mais a liberação aduaneira.
"Com os embarques considerando o (Bill of Lading) BL e não mais a liberação aduaneira, os números das exportações de Cecafé, (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia) Secex e da própria OIC tendem a se ajustar e ficar muito próximos", conclui.
RECORDE NA SAFRA
Mesmo um mês antes do fechamento da temporada 2020/21, o Brasil já bateu o recorde em volume exportado durante uma safra. De julho de 2020 ao final de maio deste ano, o país remeteu 42,5 milhões de sacas ao exterior, o que representa incremento de 14,3% sobre idêntico intervalo anterior e supera as 41,4 milhões de sacas registradas nos 12 meses do ciclo 2018/19, até então o maior nível apurado nas remessas de café do país.
A receita cambial com os envios de café ao exterior nos 11 meses da safra 2020/21 totalizou US$ 5,406 bilhões – melhor patamar dos últimos cinco anos –, montante que implica alta de 12,8% na comparação com os recursos obtidos com os embarques de julho de 2019 ao fim de maio de 2020.
ANO CIVIL
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2021, os envios de café ao exterior pelo Brasil somaram 17,767 milhões de sacas, o que equivale a uma média de 3,5 milhões de sacas por mês e confere recorde para a exportação no período. Esse volume representa evolução de 5,1% em relação ao intervalo entre janeiro e maio de 2020, quando o país remeteu 16,9 milhões de sacas a seus parceiros internacionais. No acumulado deste ano, os embarques brasileiros de café renderam o também recorde US$ 2,359 bilhões, crescimento de 4,9% no comparativo anual.
PRINCIPAIS PARCEIROS
No acumulado de 2021, os Estados Unidos seguem como os principais importadores dos cafés brasileiros, com a aquisição de 3,402 milhões de sacas, crescimento de 2,2% na comparação com igual período em 2020. Na sequência, vêm Alemanha, com 3,211 milhões de sacas (+6,7%); Itália, com 1,311 milhão (-13%); Bélgica, com 1,276 milhão (+11,1%); e, fechando o top 5, o Japão, com a importação de 981,4 mil sacas (+15,2%).
Destaca-se, ainda, o crescimento de 50,6% nas exportações brasileiras de café para países produtores, que importaram 1,222 milhão de sacas nos primeiros cinco meses de 2021. Quando o recorte inclui apenas café verde, salienta-se ainda mais essa evolução, que chega a 84,5%, com outras nações cafeeiras elevando a importação do produto in natura de 522,2 mil para 963,3 mil sacas. Os países árabes também merecem destaque com a aquisição de 777 mil sacas no intervalo, alta de 20,8% no comparativo anual.
CAFÉS DIFERENCIADOS
O Brasil exportou 2,652 milhões de sacas de cafés diferenciados (aqueles que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis) de janeiro a maio, volume que representa 14,9% dos embarques totais no período. O preço médio desse produto foi de US$ 172,05 por saca, o que gerou recursos na ordem de US$ 456,4 milhões nos cinco meses, equivalentes a 19,3% da receita total gerada no intervalo.
TIPOS DE CAFÉ
O café arábica foi o mais exportado pelo Brasil no agregado entre janeiro e maio de 2021, com o envio de 14,680 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 82,6% do total. O segundo melhor desempenho foi registrado pelo segmento de solúvel, que embarcou 1,545 milhão de sacas (8,7% do total), seguido pelo café canéfora (robusta e conilon), que soma 1,528 milhão de sacas exportadas (8,6%).
PORTOS
Santos permanece como o principal canal de escoamento dos cafés do Brasil em 2021. De janeiro a maio, 13,926 milhões de sacas partiram do porto paulista, o que representa 78,4% dos embarques totais. Na sequência, vêm os portos do Rio de Janeiro, com a remessa de 2,640 milhões de sacas (14,9%), e de Vitória (ES), com 501 mil sacas (2,8%).
O relatório completo das exportações de café em maio de 2021 está disponível no site do Cecafé: https://www.cecafe.com.br/.
SOBRE O CECAFÉ
Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café no âmbito nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui 120 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.
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