Café: Saída dos Estados Unidos da OIC abrirá espaço para uma possível entrada da China
Em meio a muita oscilação, os contratos de café com vencimento em maio próximo na ICE em Nova Iorque acumularam perdas de 210 pontos esta semana. As oscilações são fortes e refletem interesses de curto prazo dos operadores. Para terem uma ideia, na terça-feira os contratos para maio fecharam com alta de 210 pontos e na quinta-feira com baixa de 230 pontos.
A alta na última terça-feira parecia indicar que o mercado físico brasileiro teria uma boa semana para trabalhar. Mas já na quarta-feira, O Rabobank, um dos maiores bancos especializados em commodities do mundo, elevou em 1,5 milhão, de sacas para 2,6 milhões, sua estimativa de superávit mundial na safra de 2017/18 e também atualizou de 900 mil para 3,2 milhões de sacas sua previsão de superávit na próxima temporada. A mudança refletiria esperanças de melhora na colheita de países como a Etiópia e Nicarágua. São aumentos inexpressivos, dentro da margem de erro de qualquer estimativa mundial que seja feita, mas foi o suficiente para inverter a sinalização de mercado em Nova Iorque.
O mercado físico brasileiro acompanhou o que aconteceu na ICE. Na terça-feira foi fechado um número maior de negócios, e a partir da quinta-feira a queda em Nova Iorque praticamente paralisou os negócios no mercado físico.
O presidente do CNC - Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, em entrevista à Agência SAFRAS, declarou que o estoque brasileiro de passagem deste ano será o menor de toda a história da cafeicultura no Brasil.
O site Agrimoney informou esta semana que os produtores brasileiros de café diminuíram as compras de fertilizantes para a safra atual em meio ao declínio nos preços do produto. As entregas de fertilizantes aos produtores de café caíram 17% nos três últimos meses do ano passado.
A AE - Agência Estado informou hoje que os Estados Unidos, maior país consumidor de café do mundo, estão pedindo a saída da OIC - Organização Internacional do Café. Representantes do governo norte-americano estão nesta tarde na sede da Organização, em Londres, pra comunicar sua retirada da instituição. Ainda segundo a AE, a saída dos Estados Unidos da OIC não foi motivada por questões específicas do mercado de café. Ela atente mais um passo na meta da administração do presidente Donald Trump de diminuir a participação do país em organismos multilaterais.
A avaliação inicial é a de que a atitude, no curto prazo, enfraquece as instâncias multilaterais. No caso do café, a análise é a que o movimento abra espaço para uma "nova geometria" na Organização, com o possível ingresso da China, considerado um novo e crescentemente relevante país consumidor.
Na próxima semana poderemos ter uma visão melhor do que significará para o comércio mundial de café a saída dos EUA, maior consumidor de café do mundo, da OIC.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.524.867 em 28 de fevereiro de 2018. Uma baixa de 88.613 sacas em relação às 6.613.480 sacas existentes em 31 de janeiro de 2018.
Até dia 15, os embarques de março estavam em 717.891 sacas de café arábica, 4.996 sacas de café conillon, mais 100.593 sacas de café solúvel, totalizando 823.480 sacas embarcadas, contra 1.004.002 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 15, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.268.555 sacas, contra 1.793.259 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 9, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 16, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 210 pontos ou US$ 2,78 (R$ 9,12) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 9 a R$ 517,01 por saca, e hoje dia 16, a R$ 512,19. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 70 pontos.
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