Atrasos nas chuvas e produção mais ajustada deram sustentação aos preços do leite ao produtor no pagamento de outubro
Os atrasos nas chuvas esse ano impactaram na produção de leite no Centro Sul e Brasil Central, mantendo a concorrência mais acirrada entre os laticínios pela matéria-prima (leite cru).
Além do clima adverso, os preços do milho e do farelo de soja em alta pesaram sobre os custos na alimentação concentrada do rebanho, refletindo na produção de leite nos últimos meses.
Com isso, o preço do leite pago ao produtor subiu no pagamento realizado em outubro, referente ao leite entregue em setembro. Os reajustes foram menores comparativamente com os pagamentos anteriores, mas refletem esse cenário mais ajustado do lado da oferta nas principais bacias leiteiras do país.
Considerando a média dos dezoito estados pesquisados pela Scot Consultoria, a alta no preço do leite ao produtor foi de 1,9%, na comparação com o pagamento anterior. O preço vigente está 33,0% maior em relação à igual período de 2019.
Do lado da demanda, o cenário foi positivo até setembro, mas em outubro foi relatado maior dificuldade de escoamento na ponta final da cadeia, devido aos elevados patamares de preços atingidos pelos produtos lácteos no mercado interno. Pressionado pelos varejistas, os preços no atacado recuaram em outubro, depois das fortes altas nos meses anteriores.
Com relação à produção, o volume captado (média nacional) caiu 0,5% em setembro/20, na comparação mensal, e foi 2,4% menor que em setembro de 2019. Em outubro, o volume captado de leite aumentou no Brasil Central e Centro Sul em outubro último, mas os incrementos foram historicamente menores, devido aos fatores já citados. Já no Sul do país, o volume captado pelas indústrias caiu no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Com isso, considerando a média nacional, o volume de leite captado cresceu 2,2% em outubro (dados parciais), frente a setembro desse ano, mas está 1,9% abaixo na comparação com outubro do ano passado, segundo o indicador.
Para o pagamento a ser realizado em novembro/20, referente a produção entregue em outubro/20, o viés de baixa ganha força, sendo que 53% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria estão apontando para queda nos preços do leite ao produtor, mas 30% das indústrias estimam manutenção das cotações e 17% dos laticínios falam em alta no preço do leite.
A maior parte das indústrias que apontam para aumento do leite no próximo pagamento estão na região Nordeste
Com as chuvas mais regulares nas últimas semanas de outubro, espera-se uma condição melhor das pastagens em meados de novembro, o que deverá fazer aumentar a produção com mais força daqui para frente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, pressionando o mercado para baixo.
No mercado spot (leite comercializado entre as indústrias), os preços do leite caíram em outubro, bem como as cotações dos produtos lácteos recuaram no atacado no mês que encerrou.
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