Defensores públicos que tentavam esconder salários integram a elite de 0,7% do país;

Publicado em 08/08/2012 08:11 e atualizado em 21/08/2013 10:24
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Defensores públicos que tentavam esconder salários integram a elite de 0,7% do país; a maioria ganha mais do que Alckmin para tentar impedi-lo de governar. Podem protestar! Eu adoro protestos! É inútil me xingar; tentem me contestar!

Hoje não começo o dia com CPI, não, embora eu vá falar a respeito, é claro! A propósito: hoje há debate na VEJA: Augusto Nunes, Marco Antônio Villa, Roberto Podval e eu. Assim que encerrar a sessão, a gente entra no ar. Adiante.

Andei fazendo aqui algumas críticas a defensores públicos do Estado de São Paulo. Muitos deles querem impedir o governo de governar e a Prefeitura de administrar a cidade. Comportam-se como se tivessem um mandato do povo para impedir a aplicação da lei, especialmente quando o assunto é droga e ocupação indevida de áreas públicas. Não hesitam um segundo em se alinhar com os que afrontam a lei e mandam o cidadão pagador de impostos, que arca com o peso de seus salários, plantar batatas. Eles se zangaram. A Defensoria decidiu emitir uma nota desastrada como reação às minhas críticas. E eu respondi, é claro! E olhem que sou praticamente o único jornalista que lhes cobra responsabilidade. Quase todo o resto da imprensa come por suas mãos e se deixa pautar bovinamente por eles sem nem mesmo tentar saber o que dizem as leis e a Constituição da República. Isso é apenas um fato. Volto a esses aspectos daqui a pouco. O que me traz aqui de imediato é outra coisa. No sábado passado, dia 4,escrevi um texto cujo título era este: “Defensores públicos, os ‘amigos dos vulneráveis’, dão um jeito de o povo não saber quanto eles ganham”. Por que eu o escrevi?

Obrigada pela Lei da Transparência a divulgar os salários dos seus integrantes, o que fez a Defensoria Pública? Deu um truque e tornou pública a tabela oficial com as faixas oficiais de salários. A tabela que se encontrava em seu site era esta. Vejam de novo. Volto em seguida.

 

Voltei
Por aí, como se vê, o salário dos defensores ia de R$ 11.235 (Nível I) a R$ 18.725 (Defensor Público Geral), ganhos, sem dúvida, muito convidativos, só que, infelizmente, falsos. Como informei naquele texto, em razão de acréscimos vários — tempo de serviço, por exemplo —, os ganhos deveriam ser bem maiores. Antes que continue, quero chamar a atenção de vocês para um dado objetivo, que é do IBGE, não meu! A mão de obra ativa brasileira, segundo dados de 2010, é de 92,6 milhões de pessoas. Sabem quantos ganham acima de 20 salários mínimos (R$ 12.440)? Apenas 0,7%, Isto mesmo, leitor amigo: ainda que os defensores públicos do Estado de São Paulo recebessem só o valor de tabela, isso já os colocaria no topo do topo da pirâmide salarial. Acontece que aqueles eram apenas números de referência. Não eram salários efetivamente pagos, COMO EXIGE A LEI DA TRANSPARÊNCIA.

Depois da crítica que fiz aqui, a Defensoria decidiu cumprir a lei e divulgou ontem o salário real de cada defensor público. É impressionante! Encontrei um único salário de R$ 12.920, um único de R$ 14.465, uns quatro ou cinco na faixa dos R$ 16 mil e poucos, dezenas, muitas delas, de R$ 17 mil a 19 mil e tantos e um calhamaço que ganha acima de R$ 20 mil!!! O máximo que se paga por lá, à diferença da tabela original, não são R$ 18.725, mas R$ 24.107,62.

Se algum leitor tiver tempo e paciência para calcular quantos são, percentualmente, os defensores na faixa de R$ 16 mil, R$ 17 mil, R$ 18 mil, R$ 19 mil e acima de R$ 20 mil, publico os números aqui. Deem depois uma olhada na tabela. Duvido que haja categoria profissional no Brasil, exceção feita a ministros de tribunais superiores, que tenha um salário médio tão elevado. E, no entanto, muitos deles querem brincar do quê? Ora, de luta de classes. Taí um assunto de que gosto. Passei boa parte da juventude lendo a respeito. Calma, senhores! Não se zanguem! Eu chego lá. Eu juro que eu também os quero ao lado dos pobres, defendendo seus direitos. Ah, sim: sabem quanto ganha o governador Geraldo Alckmin? R$ 18.725 brutos. Menos do que a maioria dos defensores.

Quem são os vulneráveis?
Há muito, uma boa parcela de defensores públicos — quantos? — se ocupa de uma agenda que é, na verdade, ideológica. Vejam o comportamento lamentável de muitos de seus integrantes no caso da retomada — pelo Estado de Direito! — da Cracolândia. Não só eles tentaram impedir a ação da Prefeitura e da polícia como recorreram à Justiça em busca de uma liminar para impedir a Polícia Militar de abordar os consumidores (e, por consequência, os traficantes) de crack.

Pergunto: quantas vezes eles recorreram à Justiça, no passado, para obrigar o Poder Público a cumprir uma de suas funções, que é reprimir o crime?. Quero lembrar a esses valentes que tráfico —  E CONSUMO — de drogas são crimes definidos em lei. Ocupar o espaço público, impedindo o direito de ir e vir, também. Com que então os senhores defensores dão uma solene banana para os moradores do Centro de São Paulo em nome do que chamam  ”proteção aos mais vulneráveis”? E quem protege os direitos daqueles que não conseguem botar o nariz fora da porta tão logo o sol se põe? Esses moradores de São Paulo, que pagam os altíssimos salários do senhores defensores — pertencem a 0,7% da mão de obra ativa —, não merecem atenção???

Uma das líderes na ação contra o cumprimento da lei — lamento ter de escrever assim — é Daniela Skromov (salário em julho: R$ 19.296). Foi participante ativa de uma audiência pública que pediu nada menos do que o afastamento do Comando da PM em São Paulo, tentou impedir a ação do estado e da Prefeitura na Cracolândia e compareceu a lançamento de site petista que faz campanha eleitoral aberta. Eu lhe dediquei um post no dia 27 de julho. Essa moça é capaz de afirmar coisas como esta:

“A autonomia de toda e qualquer pessoa, inclusive da pessoa que usa, abusa ou é dependente de drogas, é premissa no Estado Democrático de Direito. O mito de que o ‘viciado’ é alguém que não sabe o que quer se presta a legitimar invasões violentas. O autoritarismo se traveste de salvacionismo: é necessário proteger a pessoa dela mesma, importando menos o custo humano e psíquico que isso implica. A pessoa é usada como meio ‘para o seu próprio benefício’ e em especial a socialmente vulnerável é vista como uma constante ameaça contra os outros e contra si própria, numa visão paternalista típica de regimes autoritários, na contramão do imperativo da autodeterminação do sujeito e da dignidade humana, bases da ordem democrática.”

Entenderam? Por isso ela quer impedir a PM de atuar na Cracolândia. Ela ache o que quiser. Como defensora pública, tem de ser também uma procuradora da lei. Com esse salarião, é claro que ela não mora no Centro degradado da cidade. Também não tem viciados reunidos à porta de sua casa ou de seu prédio. Se isso acontecer,  vai fazer o óbvio: chamar a polícia. O mesmo vale para seus pares de militância na Defensoria. Não obstante, para os moradores da região central, que ganham um vigésimo do que ela recebe, a moça tem uma receita: não tocar nos viciados. Também são de sua autoria estas palavras, definindo a retomada da Cracolância: “Na verdade, o que existe é a intenção de uma valorização imobiliária da região central, e isso é um dos fatores que move essa ação de limpeza social”.

Podem vir quente que eu…
A maioria dos defensores é mais jovem do que eu. Conheço essa geração. Seus professores foram meus contemporâneos na universidade. É a “Geração PT”, uns monstrengos teóricos que confundem crime com luta de classes e banditismo com rebeldia. Um de seus mentores poderia ser o professor Vladimir Safatle, que já confundiu até terrorismo com política.

Depois que comecei a me interessar pelo assunto, recebi uma penca de ofensas. Passaram a me satanizar. Não estou acusando os defensores pelos xingamentos, é evidente — até porque nada tenho contra a Defensoria em si, embora o comando do órgão tenha emitido uma nota cretina, atacando “setores refratários aos direitos humanos”. Era comigo o negócio. Uma ova! Eu quero ver os defensores é com coragem para defender a massa de moradores de São Paulo que ganha até um mínimo, até dois, até três, até quatro, até cinco… Essa gente, valentões, paga o salário de vocês, acima de 20! E está sendo molestada pelo consumo e pelo tráfico. Ninguém defende violência contra os viciados — até porque se instalou na região um centro de tratamento. Mas o estado de direito tem de valer no Centro como vale em Moema, Alto de Pinheiros, Higienópolis, Vila Nova Conceição, Brooklin, Itaim Bibi, bairros que vocês conhecem muito bem, não é?

Querem brincar de luta de classes comigo? Perda de tempo! Comecem por não usar a sua suposta piedade de burgueses bem pensantes do capital alheio contra aqueles que arrecadam os impostos que são consumidos na forma de salários do funcionalismo. É claro que as funções de estado são necessárias. É por isso que existe a arrecadação. Como prestadores de serviço da Defensoria — que é de todos os paulistas —, vocês têm a obrigação legal, funcional, de zelar por todos eles. Inclusive, sim, por aqueles que têm seus imóveis degradados, ora! Ou será a propriedade um direito inumano? Não é que o que diz a Declaração dos Direitos Humanos, da ONU. Já leram? Está lá, no Artigo XVII:
“Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
 Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.”

Andaram pulando essa parte?

Escutem uma coisa: eu não me assusto nem me intimido com correntes da Internet. Ao contrário! Elas me estimulam. Passei a me interessar por esse assunto agora. Vi na lista de salários uma coluna chamada “Atrasados”, por exemplo. O que significa? “Atrasado” de quê? São Paulo não atrasa vencimentos de servidores. Paga em dia. Como é que se geraram valores que podem chegar a R$ 3,880, R$ 4.632, R$ 5.617, R$ 10.551, SOMADOS AOS SALÁRIOS? Aí resolvi ler algumas leis, portarias etc. Espero não estar penetrando na Casa do Espanto, mas posso estar… Isso significa, por óbvio, que vou voltar ao assunto.

Assim, os inconformados que aprendam a argumentar em vez de se indignar; que aprendam a contestar as evidências em vez de me ofender. A Defensoria fez bem em divulgar os salários reais. E o fez depois que reclamei aqui. Espero que seja isso mesmo. Não, não! Eu não quero acabar com a Defensoria Pública, como sugerem alguns tontos; tampouco me ocorre difamá-la — não há uma só ofensa no que escrevo, um só xingamento. Ao contrário: xingado fui eu.  Só quero que ela cumpra os seus deveres legais. E, como sou curioso, continuarei a fazer perguntas, apegado apenas aos fatos. De resto, louvo em saber que os defensores, que sempre posam de heróis nas reportagens, não são, ao menos, mártires, não é mesmo? Ao contrário: a sua dedicada defesa dos “vulneráveis” lhes garante o topo do topo da pirâmide salarial. Numa linguagem puramente econômica, a gente poderia dizer que eles são o seu verdadeiro “ativo”.

O povo pobre, que trabalha, estuda e arrecada impostos para lhes garantir a boa vida, aguarda pelos senhores! Não tentem ser mais humanistas do que eu. Os que eu defendo — sem receber nada do estado por isso — são os milhões que suam para ganhar a vida. Eles têm de ter garantido o direito de ir e vir, independentemente das virtudes libertárias que dona Skromov possa enxergar num cachimbo de crak — desde que na boca alheia, é claro! Eu gosto desse assunto. Podem contar comigo, senhores defensores! O cachimbo — o moral — dos direitos humanos tem servido para entortar muitas bocas. Humanismo é comigo mesmo! Como disse certo imperador romano, no humano encontro tudo, até o divino. Vamos ao debate!

Texto originalmente publicado às 4h32

Por Reinaldo Azevedo

 

08/08/2012 às 6:47

Marta Suplicy resolve falar bobagem, e eu resolvo lhe dar aula de matemática e lógica elementar! Nunca é tarde!

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) deu mostras de não entender nada sobre o petismo, apesar de militante antiga. Mas há coisas em que ela consegue ser ainda pior: matemática, por exemplo! No dia 4, ela publicou um espantoso artigo na Folha. Espantoso de vários modos. Como ela é chegada àquele estilo “deixa que eu chuto”, advertida do erro, ficou brava e emendou uma bobagem à outra.

Depois de pintar um quadro tétrico sobre a segurança pública em São Paulo, com aquela ligeireza e distração com que costuma comandar as sessões do Senado, escreveu isto:

“O Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari, mostrou que São Paulo é o Estado que teve mais casos de mulheres assassinadas no Brasil em 2010 (foram 663 vítimas).
Os números assustam e a questão continua desprezada. A Lei Maria da Penha, que completará seis anos no próximo dia 7, assim como em outros Estados, carece de implementação adequada por falta de recursos e de funcionários preparados. O pouco que tem vem da União. Inquéritos são devolvidos às delegacias, pois, de tão malfeitos, não podem ser aceitos pelo Ministério Público.”

Bem, essa história de que o “pouco que tem vem da União” é uma tolice. Mas não vou me perder nisso agora. O governo de São Paulo reagiu ao artigo. Enviou ao jornal esta resposta. Leiam (em azul)

É gravíssima a atrocidade estatística cometida pela senadora Marta Suplicy em sua última coluna (“Violência no Limite”, “Opinião”, 4/8). Segundo ela, São Paulo foi o Estado que teve mais casos de mulheres assassinadas no Brasil em 2010. A senadora diz usar como base o Mapa da Violência, do Instituto Sangari, mas o levantamento informa justamente o contrário.
São Paulo, com 3,1 assassinatos por 100 mil habitantes, é o Estado com o segundo menor índice do país. Aliás, trata-se do único ranking divulgado pelo instituto, o que compara a taxa por 100 mil habitantes em todas as 27 unidades da Federação. E São Paulo ocupa a 26ª posição, numa comparação dos mais violentos para os menos violentos.
E como foi, então, que a senadora chegou à conclusão diametralmente oposta? Ela comparou apenas os números absolutos de assassinatos, desprezando a brutal diferença entre as populações dos Estados. Na melhor das hipóteses, um erro primário. Nesse sentido, sua coluna desinforma e subestima a inteligência de todos. A senadora Marta Suplicy deveria admitir seu erro. Por uma questão de honestidade.
Marcio Aith, subsecretário de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Marta não seria Marta se, diante de uma argumentação razoável, dissesse: “É verdade! Que mancada!”. Que nada! Ela resolveu treplicar (em vermelho). Volto em seguida:

RESPOSTA DA COLUNISTA MARTA SUPLICY – Gravíssima e vergonhosa é essa reação! Os números são absolutos, como está claro no artigo. A perda de 663 vidas mostra a gravidade do caso e a inércia do Estado. A morte de mulheres é somente um dos aspectos do fracasso da política de combate ao crime em São Paulo. Ação!

Voltei

Fracasso uma pinoia! Fracassada é a política de segurança pública do governo federal, que não consegue diminuir os índices de violência. Fracassada é a política de segurança pública do PT na Bahia, estado que assistiu ao maior salto no número de homicídios do país. Dona Marta recorre ao Mapa da Violência para distorcer uma evidência. Vejam:

Penca de tolices
A realidade do Brasil é de tal sorte escandalosa que, mesmo com o assassinato de 4.297 mulheres em 2010 (um número absurdo!), isso representa 8,6% do total: 49.932! É claro que políticas públicas de combate à violência têm influência também nessas mortes — como evidencia São Paulo —, mas a violência contra a mulher traz particularidades, como sugere o estudo. Nada menos de 68,8% das agressões contra as mulheres, por exemplo, acontecem em casa e têm como agente marido, namorado, pai, alguém da família. Estamos lidando aí com dados que são também da cultura, da educação, da formação familiar. Também nesse caso, é óbvio, o fim da impunidade tem efeitos positivos.

Marta deveria saber que, em números absolutos, São Paulo tem mais mulheres mortas, mais homens mortos, mais gênios, mais idiotas, mais pessoas bonitas, mais pessoas feias, mais honestos, mais desonestos, mais ricos, mais pobres… Em números absolutos, São Paulo sempre terá mais do que quer que seja porque tem 42 milhões de habitantes — 22% da população do país. E só diminuiu drasticamente as mortes porque tem mais presos também — tanto em números relativos como em números absolutos: 40% do total do país.

São Paulo só não tem mais senadores que sabem matemática porque o número, infelizmente, é fixo, né? Não é proporcional à população. Continuaremos por um tempo com apenas um…

Deveria aplaudir
Marta deveria aplaudir os números de São Paulo. Se os homicídios do primeiro semestre se repetirem no segundo, o estado fechará o ano com 11,4 homicídios por 100 mil habitantes (mas acho que vai cair). Se o Brasil conseguisse chegar a esse índice, senhora senadora, em vez de 50 mil homicídios por ano, aconteceriam no país 21.698 — 28.302 vidas se salvariam segundo o “padrão São Paulo”. Ainda que se mantivesse a percentagem de 8,6% de mulheres assassinadas desse total, em vez de 4.297 ocorrências, elas seriam 1.865 — salvar-se-iam 2.432 mulheres.

Assim, se o seu intento é salvar vidas, especialmente as das mulheres, então comece a pedir que, no mínimo, o Brasil siga o modelo de São Paulo, que precisa, sim, ser aperfeiçoado. O que vai aqui são fatos. O que vai aqui, senadora, é matemática. Eu não tenho um jeito melhor de lhe ensinar as coisas. Infelizmente, não dá para desenhar.

Para encerrar
Como Marta parece falar primeiro e pensar depois, escreve ainda isto:
“Quanto aos homossexuais, pesquisa publicada pela Folha (“Cotidiano”, 23/7) traz uma surpresa, quando indica a família e os vizinhos em primeiro lugar como os mais violentos contra gays.O número de 62% dos ataques feitos por conhecidos mostra uma sociedade ainda preconceituosa e com muita dificuldade em aceitar o diferente. Mas, evidencia também, o descaso governamental com a educação nas escolas, que falham no ensino ao respeito à diversidade sexual.”

Surpresa para quem? A história de que gays são agredidos por aí a três por quatro, na rua, é uma invenção da militância, um mito que a senhora ajudou a criar. Por isso a sua PLC sobre a homofobia é um desvario. A questão é de outra natureza. Mais uma vez, estamos falando de questões que remetem à educação, sim (mas não com o aloprado kit gay), e à cultura do país. Não será com uma lei que viola direitos fundamentais. Ou a senhora pretende meter na cadeia mães, pais e irmãos de homossexuais? Ou, nesse caso, a violência será tolerada desde que doméstica?

A pesquisa mostra que a senhora está propondo o remédio errado para um mal que demonstra desconhecer — daí a sua “surpresa”.

Como se vê, além de Lula, também a atropelaram a realidade e a matemática. Advertida, no entanto, mandou a objetividade às favas. A senhora é senadora da República. Seja mais responsável mesmo no papel de colunista de jornal! 

Texto originalmente publicado às 5h38

Por Reinaldo Azevedo

 

08/08/2012 às 6:45

Julgamento do mensalão – Advogados estão exagerando na dose e convidando os ministros do Supremo a desempenhar um papel patético. Ou: Individualização da conduta é princípio do direito, não porta da impunidade

Não sei, não… Tenho pra mim que os advogados de defesa estão exagerando na dose e convidando os ministros do Supremo para o patético. Não sou advogado, não sou criminalista, não sou formado em direito. Mas lido razoavelmente bem com a lógica. Não descerei a minudências sobre as atuações de ontem porque escrevi nada menos de 15 (!!!) posts a respeito. O que tenho visto até agora é o desfile de uma impressionante galeria de heróis. Fica-se com a impressão de que o Brasil é um estado totalitário e que, por alguma razão, os advogados têm a liberdade de que gozavam os bobos da corte de antigamente (e não vai aqui associação jocosa para quem sabe do que falo). Só eles tinham o direito de falar a verdade e de fazer ironias, inclusive com o rei. Mas não! Este é um estado democrático e de direito, que assegura o amplo direito de defesa. E põe “amplo” nisso, não é mesmo? Mais a impunidade, especialmente dos poderosos, nos define do que o contrário.

Quem, no entanto, ouvisse os advogados, ignorando tudo o que se deu no país — e, sobretudo, ignorando a ORDEM DOS FATOS —, ficaria com a impressão de que os 38 réus (36 com pedidos de condenação) foram lá parar em razão da ação de um estado discricionário, que não respeita os ritos processuais, que age movido pela vontade se déspotas, que ignora as proteções garantidas nos vários códigos.

Atenção! Os senhores advogados têm o direito — e, em certa medida, o dever, ainda que contra muitas evidências — de declarar a inocência dos seus clientes, mas abusam da nossa boa vontade e da do país, da nossa paciência e da de milhões de brasileiros quando tentam nos convencer de que nada de anormal aconteceu naqueles dias, a não ser a movimentação de alguns milhões de caixa dois de campanha, ainda que em anos não eleitorais. Estariam pagando dívidas de 2002 já na véspera da eleição de 2006…

Os advogados mais estrelados, mesmo declarando quase o heroísmo de seus clientes, foram, não obstante, respeitosos com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Ontem, no entanto, assistimos a um notável espetáculo de grosserias (ver posts a respeito). Curiosamente, ainda que com palavras lhanas e sem agressão frontal a Gurgel, José Carlos Dias exagerou na retórica e fez do procurador-geral uma espécie de delegado Fleury da tortura psicológica. Defendia a sua cliente, banqueira com alma de bailarina, uma “mulher mineira” — e por isso lamentou adicionalmente a ausência de Carmen Lúcia, mulher e conterrânea da ré, como destacou. Incrível!

Não obstante…
Não obstante, o show de horrores se deu. Os empréstimos do BMG e do Rural a Marcos Valério, ainda que formalmente legais, deixou claro a CPI, eram operações de fachada para justificar a entrada do dinheiro que alimentaria o que chamaram de mensalão. Fica parecendo que nada neste imenso mundo é mais normal do que um publicitário que detém contas de empresas públicas ser o operador, então, do caixa dois do PT. Insiste-se na patacoada de que o fundo Visanet era apenas uma operação privada — a gestão até podia ser —, quando é fato que o Banco do Brasil detinha 30% do capital. Até agora não se respondeu ao fato de que os mais de R$ 70 milhões repassados não tiveram a contrapartida em serviços. Reitera-se na história absurda de que a retenção da bonificação por volume — descontos concedidos por empresas de comunicação para a veiculação de anúncios — era coisa legal e corriqueira. Tenta-se, em suma, negar a óbvia origem pública do dinheiro que alimentou o que foi chamado de “mensalão” — mas que poderia se chamar, sei lá, de “Bagunção”. Considera-se que acionar um carro forte para carregar a grana, tal o seu volume, é só decorrência do fato de que, afinal, era muito dinheiro para levar em malas…

Impressiona o modo como os advogados de defesa vão ali desfilando irregularidades ao mesmo tempo em que vão asseverando a inocência e até a pureza d’alma dos seus clientes. E, obviamente, todos estão convidando os ministros a entrar na seu balão mágico. Reitero: alegar a inocência é do jogo; heroicizar os réus é um convite a que os ministros façam o papel de tolos.

Individualização das condutas
Sim, é verdade, num processo criminal é preciso individualizar as condutas. Mas é preciso tomar cuidado para que esse seja um princípio do direito, não porta da impunidade. Ontem, o advogado de Rogério Tolentino tentou nos convencer de que foi seu cliente a fazer o empréstimo de R$ 10 milhões no BMG, mas sem intimidades maiores com Marcos Valério e com o mensalão. Limitou-se, assegurou o defensor, a pegar a grana e a entregar a uma secretária três cheques em branco, que foram parar numa corretora e depois nas mãos dos mensaleiros. E nos perguntava: “Onde está o crime?”

Pois é. Onde?

Está no domínio dos fatos, doutor! O de seu cliente e o de muitos outros. Cito apenas um caso. Porque é no domínio dos fatos, com o concurso de todas essas personagens, que se deu o escândalo. Do modo como as coisas estão se encadeando, estão convidando os ministros do Supremo e o país a engolir mais uma jabuticaba, mais uma criação nativa: a do crime sem autores, a do crime sem criminosos.

Se tudo aquilo restar impune, fico a imaginar a cara dos ministros do Supremo no dia seguinte e o comportamento em julgamentos futuros. Mais do que isso: fico a imaginar que novo padrão de moral com o dinheiro público e com a política se vai, então, estabelecer. O tribunal mergulhará numa crise de credibilidade da qual levará anos para sair.  Hoje é dia de Márcio Thomaz Bastos, o grande artífice da defesa — ou “das defesas”. Uma montanha já havia sido prometida ontem na vez de José Carlos Dias. Seu melhor momento foi seu pior momento — aquela associação infeliz. Vamos ver as virtudes quase metafísicas do doutor Bastos, chamado de “Deus” por alguns de seus pares

Nunca antes na história deste país tantos inocentes se uniram para praticar tanta lambança!

Para encerrar
Lembram-se da invasão da fazenda da Cutrale, da derrubada de parte do laranjal, da depredação das instalações, do roubo de equipamentos?  Pois bem! A Justiça rejeitou a denúncia oferecida porque afirmou que as condutas dos acusados não estava devidamente individualizada. Sim, é claro que é preciso dizer quem fez o quê — algum quê pelo menos ou o quê possível. Mas notem: os fatos estavam lá, as evidências estavam lá, o movimento que invadiu estava lá, e a cadeia de comando do MST, todo mundo sabe, é de caráter quase militar, segundo a obediência devida. Queriam o quê? O nome de quem dirigiu o trator? O nome de quem depredou as instalações? O que se quer? Um direito para a Justiça ou para o crime?

Eis uma boa pergunta para os 11 do Supremo: o que se quer? Um direito para a Justiça ou para o crime? Aquele foi um caso em que o crime não teve criminosos. E eles continuaram a delinquir.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 23:36

A Cruz Vermelha na versão corrupto-verde-amarela – Dirigentes da Cruz Vermelha trocam acusações sobre desvio de recursos

Por Leslie Leitão, na VEJA Online:

Os desvios milionários de recursos arrecadados pela Cruz Vermelha no Brasil, revelados por VEJA desta semana, geraram uma troca de acusações entre o Órgão Central – a entidade nacional, reconhecida há exatos cem anos pela entidade internacional – e suas filiadas. Na tarde desta terça-feira, notas oficiais da Cruz Vermelha Brasileira e da filial do Maranhão apresentam versões conflitantes sobre a responsabilidade sobre as contas bancárias que receberam recursos para tragédias na região serrana do Rio, no Japão e na Somália. O total desviado ainda não é conhecido.

O desentendimento entre órgãos que, em tese, deveriam trabalhar em cooperação é um indício claro de que algo vai mal nas instituições. A nota da Cruz Vermelha Brasileira traz a seguinte explicação: “Todas as denúncias estão sendo apuradas pelo Órgão Central. As filiais envolvidas nas denuncias, em cumprimento ao Estatuto Nacional, apresentarão seus relatórios de atividades e balanços e os resultados serão apresentados publicamente”. Ou seja: o órgão central dá a entender que está cobrando uma explicação de suas subsidiárias para ‘entender’ o desaparecimento de valores depositados por doadores.

Em matéria de explicação, a filial do Maranhão é um pouco mais incisiva. A nota assinada por Carmen Maria Serra, presidente do conselho diretor naquele estado e irmã do presidente nacional, Walmir Moreira Serra Júnior, diz o seguinte: “A Cruz Vermelha Brasileira solicitou uma conta bancária à filial do Maranhão para que os recursos fossem recebidos e destinados aos cidadãos necessitados, em razão dos inúmeros processos judiciais que determinam bloqueio em suas contas; a preferida conta bancária teve, portanto, sua gestão diretamente conduzida pela Cruz Vermelha Brasileira, Órgão Central, com sede no Rio de Janeiro”.

Carmem Maria Serra devolve a bola para o irmão, que está licenciado desde a semana passada, e cita os bloqueios judiciais de contas que, segundo VEJA apurou, são referentes a ações trabalhistas, totalizando uma dívida que ultrapassa os 40 milhões de reais. No lugar de Walmir, assumiu o vice, Anderson Choucino – braço direito do presidente.

A poeira que sobe do embate entre irmãos embaralha um pouco mais o cenário. A solução ‘caseira’ para driblar o arresto de dinheiro por determinação judicial fez com que o dinheiro arrecadado para os 35.000 desabrigados pela chuva na região serrana, no ano passado; os recursos para a população da Somália, devastada por guerras civis e castigada pela fome; e as doações para vítimas do terremoto no Japão fizessem um ‘tour’ por São Luís, a capital maranhense. nas explicações sobre o destino do dinheiro e o montante desviado, por enquanto, nenhum dos dirigentes avançou um milímetro.

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“A imagem da Cruz Vermelha Internacional foi prejudicada”
MP investiga desvio milionário de doações à Cruz Vermelha

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 23:27

TIM contesta relatório da Anatel que acusa empresa de derrubar sinal de propósito

Na VEJA Online:
O diretor de assuntos regulatórios da TIM, Mario Girasole, contestou nesta terça-feira o relatório preliminar da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que acusa a empresa de derrubar de propósito as ligações de clientes do plano Infinity, cuja cobrança é feita por chamada, e não por minutos. Segundo o jornal Folha de S.Paulo desta terça-feira, o estudo foi entregue ao Ministério Público do Paraná, que pediu a suspensão das vendas de planos da operadora no estado, o que poderá ser decidido nesta quarta-feira pela 11ª Vara Cível de Curitiba. 

Críticas
O executivo negou veementemente a prática que, se comprovada, pode configurar crime. Para Girasole, o documento da Anatel fez uma reconstrução de “relatos de quedas de chamadas” e a transformou numa “suposta ação” criminosa. Ele apontou “falhas técnicas graves” na fiscalização da agência reguladora e disse que a TIM ainda não havia sido chamada para apresentar a contraprova — um procedimento tido como padrão.

“Há erros tão grandes nesse relatório que me parece que o trabalho não está sendo feito de forma muito isenta”, afirmou o diretor da TIM. “Se essa ação for comprovada, é crime. Se não for, indica que a qualidade dessa fiscalização não teve o nível que a Anatel costuma ter”, acrescentou.

Girasole foi recebido pelo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), por ocasião de audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados (CCTCI), convocada para tratar das recentes suspensões nas vendas de operadoras de telefonia móvel. Na reunião, os parlamentares debateram a nova proposta do governo para uma Lei-geral das Antenas. A falta de um marco regulatório e a excessiva burocracia para instalação desses equipamentos – hoje normatizada geralmente por leis municipais – têm sido apontadas pela Anatel e por operadoras como as principais vilãs da ampliação e melhoria do serviço no país.

O presidente do órgão regulador, João Rezende, também presente na audiência pública, evitou falar em eventuais sanções à empresa de telefonia. Disse apenas que a ideia é que o marco regulatório antecipe-se à implantação da tecnologia 4G no Brasil, prevista para o ano que vem nas cidades sedes da Copa das Confederações – e que demandará maior número de antenas que a tecnologia de terceira geração.

Nova fiscalização
Rezende destacou ainda que o órgão pretende iniciar em novembro uma fiscalização para acompanhar os problemas nos planos de internet fixa e móvel. Segundo ele, 12,5 mil equipamentos de medição vão analisar a velocidade dos planos de banda larga que as operadoras ofertam aos usuários.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 19:34

Na metáfora de Dias, Roberto Gurgel vira o delegado Fleury da tortura psicológica. Não dá!

José Carlos Dias reservou o pior — alguns dirão que é o melhor — de sua fala para o fim da intervenção. Resolveu colocar a sua experiência de advogado que defendeu presos políticos a serviço de sua cliente, Kátia Rabello, essa grande “mulher mineira”, essa “moça com alma de artista”. E o que fez o doutor?

Lembrou ter sido advogado de um jovem economista, depois jornalista, que fora torturado no DOI-Codi, inclusive pelo delegado Fleury, e condenado pelo Superior Tribunal Militar a 30 anos de prisão. No STM, informou Dias, ele conseguiu reduzir a pena para 15 anos. Decidiu então recorrer ao Supremo. E ali conseguiu a absolvição.

Em seguida, afirmou que a situação hoje, claro!, é muito melhor. Mas não perdeu a chance: sua cliente estava sendo intimamente torturada. Advogado há 50 anos, disse confiar no tribunal e pediu a absolvição desta “moça que merece respeito”. Ou, então, disse Dias, “é melhor voltar para casa”.

Com o devido respeito a José Carlos Dias, acho sua retórica exagerada e até desrespeitosa. Se ele não desistiu de advogar nem numa ditadura, por que haveria de fazê-lo numa democracia?

A metáfora é dele, não minha. Se Kátia Rabello, na sua fala, corresponde àquele rapaz que fora torturado no DOI-Codi, então Roberto Gurgel, o procurador-geral, virou o delegado Fleury da hora. As palavras fazem sentido, doutor Dias! Se o senhor escolheu esse caminho, cabe-me repudiá-lo e classificá-lo de infeliz.

Foi mais um dia em que assistimos ao desfile dos mártires. Ontem, o advogado de Genoino evocou até o nazismo. Hoje, José Carlos Dias, querendo confundir a sua própria biografia com a da cliente, resolveu ressuscitar os porões do DOI-Codi.

Dias não deveria tratar assim a sua própria biografia, ainda que queira lustrar a de sua cliente. Afinal, doutor Dias, o mensalão — ou como queira o senhor chamar aquela lambança — foi exatamente uma agressão ao estado de direito.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 19:11

Dias assegura que empréstimo do Rural a agência de Valério realmente existiu; em todo caso, diz que sua cliente não tinha nada a ver com o assunto…

A defesa de José Carlos Dias era aguardada. É considerado uma das estrelas do julgamento, só menos reluzente do que Márcio Thomaz Bastos. Até agora, investe no mais do mesmo: faltam provas etc e tal. Diz que o banco — na verdade, Kátia Rabello — não pode ser acusado de lavagem de dinheiro porque a origem do dinheiro na conta da SMP&B era legal, “especialmente Banco do Brasil”. Segundo Dias, o banco não tinha consciência de qualquer ilicitude.

Dias inova — considerando os que falaram até agora — ao se colocar pessoalmente no caso, dando mesmo um testemunho pessoal, embora ele mesmo tenha observado: “Não posso falar como testemunha…” Num dado momento, afirmou: “Acreditem em mim!”

O empréstimo
José Carlos Dias usa um lado do Instituto de Criminalística para assegurar que o empréstimo do Banco Rural à agência de Valério era legal, regular. Que se note: nunca ninguém questionou as formalidades legais do empréstimo. A questão é outra: essa formalidade servia justamente para ocultar a sua inexistência. Era um truque. Tanto é assim que, antes de o escândalo estourar, esse dinheiro nem era cobrado.

Mas José Carlos Dias é esperto. Embora assegure a existência do empréstimo, deixa claro que Kátia Rabello não tinha nada com isso. A operação foi feita pelo diretor José Augusto Dumont, que morreu num acidente em abril de 2004. Dias remete parte da sua argumentação a defesas que ainda serão feitas por outros colegas, que defendem outros diretores do Banco Rural. Um deles é justamente Márcio Thomaz Bastos, que tentou articular com ele hoje a suspensão do julgamento.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 18:42

Para lembrar: Justiça bloqueou bens do Rural de R$ 100 milhões há 15 dias em outro processo

Leiam trecho de texto publicado pelo Estadão no dia 23 de julho, no Estadão Online:

Por Marcelo Portela:
(…)
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizou o bloqueio e execução de bens da instituição no valor de mais de R$ 100 milhões para o pagamento de dívidas trabalhistas do empresário Wagner Canhedo, ex-proprietário da extinta Vasp. Para o Judiciário, o Rural auxiliou Canhedo em “cristalina fraude” para tentar ocultar patrimônio e evitar a penhora de bens.

O caso começou em 2005, em uma ação que tramitou na 14ª Vara da Justiça Trabalhista em São Paulo, na qual o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Sindicato dos Aeroviários no Estado pediam a execução de bens de Canhedo para o pagamento de dívidas com os funcionários da Vasp, cuja falência foi decretada em 2008, por causa de um acordo “que foi integralmente descumprido” pelo empresário, segundo o relator do processo no TST, ministro Pedro Paulo Teixeira Manus. O Judiciário constatou que houve “fraude de execução, no que tange a toda a alienação e oneração feita no patrimônio da Vasp ou seu controlador”.A juíza Soraya Galassi Lambert determinou então, entre outros, a penhora de bens do Banco Rural no valor de R$ 43 milhões devido a duas vendas de 71,6 mil cabeças de gado que Canhedo, por meio da Agropecuária Vale do Araguaia, fez à Rural Agroinvest S/A em 2004, quando já não podia se desfazer de seus bens devido a outra sentença judicial. A magistrada ainda considerou “ineficazes” as vendas de Canhedo à Securinvest Holding S/A – pertencente ao grupo Rural – do imóvel do Hotel Nacional, em Brasília, avaliado em R$ 70 milhões, e de um imóvel em Guarulhos (SP) avaliado em R$ 20 milhões.O banco recorreu e, em janeiro de 2012, o presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, concedeu liminar suspendendo a execução dos bens. No entanto, a Subseção II da corte, especializada em dissídios individuais, seguiu o entendimento do ministro Pedro Paulo Manus, cassou a decisão e determinou novamente a penhora de bens, que, em valores atualizados, ultrapassam R$ 100 milhões. O acórdão é de 5 de junho e foi divulgado pelo jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte.Por meio de nota, o presidente do Conselho de Administração do Rural, Plauto Gouvêa, informou que quando o banco fez o “negócio regular” com a Agropecuária Vale do Araguaia, a empresa de Canhedo não estava entre os réus do processo contra o empresário.

Segundo a nota, não havia impedimento à negociação, “que consistiu em um contrato de compra e venda de gado, absolutamente dentro do objeto social de ambas” as empresas. Gouvêa afirmou ainda que o banco ofereceu ações da Tratex Mineração Ltda., “avaliadas em valor superior”, como garantia da execução e que, com relação à decisão do TST, a instituição vai continuar recorrendo à Justiça “buscando o reconhecimento de seu direito”. “O Banco Rural, por ter convicção que realizou todos os procedimentos estritamente nos limites legais, reforça sua confiança na Justiça e na solução positiva dessa questão”, conclui a nota. O Estado não conseguiu localizar o advogado de Wagner Canhedo.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 18:36

José Carlos Dias: “Kátia Rabello é uma mineira séria!”

Ficamos sabendo que ela é filha de Sabino Rabello. Kátia Rabello, informa José Carlos Dias, é bailarina, não tinha vocação para banqueira, mas para artista. Vocacionada era sua irmã, Júnia, que morreu num acidente. Mesmo assim, assumiu a presidência do Conselho Executivo. Numa reforma administrativa, profissionalizou a direção do banco. Vamos ver onde isso vai dar. Dias diz que sua defesa é um desagravo moral. Afirma que vai provar que há provas abundantes de que ela é inocente. Kátia Rabello é acusada, entre outras coisas, de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O advogado sustenta que ela é uma “mineira séria”.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 18:27

Fala José Carlos Dias, advogado da dona do Banco Rural

Agora fala José Carlos Dias, defensor de Kátia Rabello, dona do Banco Rural. Saúda todo mundo e volta a lamentar a ausência de Carmen Lúcia, especialmente porque é defensor de uma “mulher mineira” — Carmen Lúcia é de Minas. O que isso quer dizer? Não sei. Depois vocês perguntem a ele.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 18:08

Fala advogado de Geiza, outra funcionária de Valério que fazia o repasse de dinheiro

Paulo Sérgio Abreu e Silva, advogado de Rogério Tolentino, também defende Geiza Dias, gerente financeira da agência SMP&B. Ajudava Simone Vasconcelos a repassar dinheiro para os mensaleiros. O advogado diz que ela só obedecia ordens. Com a delicadeza já demonstrada ao defender Tolentino, acusou o procurador de então, Carlos Fernandes de Souza, de “não saber redigir uma denúncia”. Afirmou que sua cliente era uma “funcionária mequetrefe”.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 17:59

José Carlos Dias tenta suspender julgamento; plenário rejeita pedido por unanimidade

José Carlos Dias, advogado de Kátia Rabello, sócia do Banco Rural, pediu a suspensão do julgamento por causa da ausência da ministra Carmen Lúcia, que foi para uma sessão do TSE. O representante do OAB do Distrito Federal endossou o pedido. Ayres Britto afirmou o óbvio: há quórum para tocar o julgamento. Bastaria, atenção!, a existência de seis ministros para manter a sessão. Mas submeteu a decisão ao plenário. Foi rejeitado por unanimidade.

No intervelo, Dias combinou com Márcio Thomaz Bastos o pedido de suspensão. Carmen Lúcia há havia afirmado que assistirá às fitas amanhã de manhã. Dias pediu que fique consignado o seu protesto.

Quinze minutos do nosso tempo, do tempo dos ministros e do tempo em si foram gastos por nada…

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 17:40

Sociedade civil se mobiliza e promove atos contra o mensalão

No Estadão Online:
Grupos de ativistas que acompanham o julgamento do mensalão começaram a se mobilizar e já planejam atos para discutir o processo e pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo caso. O Movimento 31 de Julho organiza na quinta-feira, 9, um encontro com outras organizações sociais do Distrito Federal, Rio de Janeiro, de São Paulo e de Santa Catarina para avaliar o andamento do julgamento, que teve início na última quinta-feira, 2. O evento ocorre em Brasília, na sede do IFC.

Em São Paulo, os movimentos Nas Ruas e Revoltados Online promovem nesta terça-feira, 7, uma vigília “pedido celeridade” ao STF. Os grupos acenderão mais de 500 velas no Museu de Arte de São Paulo (MASP) a partir das 18h30.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 17:37

Policiais federais de todos os estados aderem à greve

Por Gheisa Lessa, no Estadão Online:
Em greve nacional a partir desta terça-feira, 7, os policiais federais dos 26 estados do País e do Distrito Federal pedem por reestruturação da carreira e reajuste do piso salarial da categoria.

O País conta com aproximadamente 9 mil agentes federais, entre policiais, escrivães e papiloscopistas. A categoria deve suspender o trabalho de 70% de todo o efetivo, o que pode causar a adesão de 5 e 6 mil trabalhadores. O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Wink explica que as reivindicações vão além de reajuste salarial. Para ele, desde 1996 – quando a categoria passou a exercer cargos de nível superior – a legislação que trata das atribuições dos policiais federais de todo o País não sofreu correções em relação ao desempenho do cargo de nível médio. “É preciso que o papel reconheça aquilo que é feito no dia a dia e que não está lá”, diz.

Na pauta de protesto há o pedido da reestruturação da carreira. Wink afirma que um policial federal com 15 anos de carreira já alcança o topo da função e não há motivações para a permanência na academia. “Não houve até hoje reajuste legal nas nossas atribuições”, argumenta o presidente da federação.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 17:11

Doutor Yarochewsky. E, de novo!, Chico Buarque; agora MP é tratado como se fosse a ditadura…

Doutor Leonardo Isaac Yarochewsky estava tão apaixonado pela sua própria retórica e tão ocupado em dar aula ao tribunal que acabou não se dando conta do que dizia. Falou demais e deu “bom dia!” a cavalo. Num dado momento de sua defesa, lembrou que alguém perguntou a Delúbio Soares por que Marcos Valério teria interesse em fazer empréstimos para repassar aos parlamentares, a serviço do PT. E Delúbio teria respondido: “Porque ele quer contratos com do governo”. Contratos de publicidade, claro! O doutor achou uma resposta normal. Ora, agências que trabalham para governos são escolhidas em concorrência pública! Se PT e Valério acertaram que essa seria a paga, que nome se dá a isso?

Ironizando a postura de Roberto Gurgel, a sua “maneira educada”, Yarochewsky disse: “Educação que este modesto advogado não tem”. Se deseducado, não sei. Modesto, ficou claro, o doutor não é.

Encerrou a sua fala, também ele, citando Chico Buarque, para responder à citação feita por Gurgel. Referindo-se ao procurador-geral, declamou:
“Você que inventou esse estado/
que inventou de inventar/
toda a escuridão.
Você que inventou o pecado/
esqueceu-se de inventar o perdão.

Apesar de você/
Amanhã há de ser outro dia.”

Na música original, Chico estava a falar de um dia em que não haveria ditadura, e então o país seria melhor. Segundo entendi, doutor Yarochewsky assegura que o país será melhor se o procurador-geral for vencido.

Nesse caso, todos os acusados do mensalão serão inocentados e ficarão livres, leves e soltos. O Brasil, assim, construirá um “outro dia”, com a participação ativa desses heróis.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 16:41

Agora é advogado de Simone que debocha do Ministério Público Federal

O doutor Leonardo Isaac Yarochewsky também perdeu a mão, a exemplo do doutor que o antecedeu. Ao contestar que sua cliente tenha cometido o crime de “formação de quadrilha”, afirmou que essa acusação no país foi banalizada e emendou: “Até a Carminha afirmou que iria acusar a Nina de formação de quadrilha”. A plateia riu. Como achou que tinha ido bem, tentou uma segunda: “A minha secretária não questiona se eu lhe dou dinheiro para comprar bombom, jogar no lixo ou comprar flores. Ou comprar ingresso para ver o jogo do Flamengo, que vai muito mal e não está valendo a pena”.

Então tá!

Seu argumento principal é que sua cliente não tinha “consciência da ilicitude”

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 16:27

Fala agora o advogado de Simone Vasconcelos, a que sacou R$ 600 mil e chamou um carro-forte; ele também ataca a denúncia de forma extremamente agressiva

O advogado que fala agora é Leonardo Isaac Yarochewsky, advogado de Simone Vasconcelos, secretária de Marcos Valério. Abre a sua intervenção admitindo o óbvio: houve distribuição de dinheiro para parlamentares e dirigentes partidários. Citando Fernando Pessoa, afirma que existe um fato e duas versões: a dos acusados, que afirmam que os recursos eram recursos pra saldar dívidas de campanha, oriundos de empréstimo legal; e do Ministério Público, que fundamenta a denúncia. É acusada de lavagem de dinheiro no caso do empréstimo do Banco Rural. A tese do advogado: ela era apenas uma empregada, embora diretora financeira da agência da agência SMP&B, de Valério. Ele sustenta que os empréstimos eram legais.

Simone é a secretária que, certa feita, chamou um carro-forte para transportar R$ 600 mil em dinheiro vivo.

Também o doutor Yarochewsky ataca, sem mesura, a denúncia de Gurgel. Acusa o procurador de ter feito a acusação com base em informações de jornal. Se os cinco advogados que falaram ontem mostraram respeito pelo trabalho do Ministério Público, embora discordem dele, claro, pelos menos dois dos que falaram hoje escolheram o confronto.

Yarochewsky não se limita a defender a sua cliente, não! Ele, visivelmente, decide desqualificar toda a denúncia do Ministério Público. A exemplo do que fez o advogado de José Genoino, acusa o Ministério Público de uma “prática medieval”. 

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 16:02

Kátia Abreu compara Andressa e Cachoeira aos vilões Carminha e Max, de “Avenida Brasil”

Por Nathalia Passarinho, no Portal G1:
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) comparou nesta terça-feira (7) o casal Carlinhos Cachoeira e Andressa Mendonça aos vilões Carminha e Max, da novela da TV Globo “Avenida Brasil”. Kátia Abreu pediu a palavra no início da reunião desta terça-feira (6) da CPI do Cachoeira, marcada para ouvir o depoimento de Andressa.

Ao iniciar a fala, a senadora afirmou que foi “afrontada” pela mulher do contraventor. Kátia Abreu relatou que Andressa disse, em entrevista à imprensa, que teria um dossiê contra ela. A mulher de Cachoeira teria dito ainda, segundo Kátia Abreu, que a senadora sempre pedia dinheiro a Cachoeira para financiar campanhas.

“Carminha e Max só na TV. Não vão jogar meu nome no lixão, não, porque eu não sou uma criança indefesa, sou uma mulher forte”, disse a senadora. “Pelo visto, a bela resolveu ser fera, e ela precisa ter muito cuidado para não ser enjaulada”, disse ainda a parlamentar. Kátia Abreu citou a lei que trata das comissões parlamentares de inquérito.

“Talvez eu seja a única senadora afrontada por esta senhora. A lei 1.579, que criou a CPI em 1952 por Getúlio Vargas, diz que constitui crime impedir ou tentar impedir mediante violência ou ameaça o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito [...] e remete ao Código Penal dando detenção de dois meses a dois anos”, destacou a senadora.

A senadora também chamou Andressa Mendonça de “mentirosa e caluniadora”. “Essa calúnia é uma vingança [...] Ela não vai me intimidar. Estou aqui na primeira fila aguardando esta senhora Cascata”, afirmou Kátia Abreu, antes da chegada de Andressa Nascimento à CPI.

Na semana passada, a mulher do contraventor foi acusada de tentar chantagear o juiz responsável pelo caso, Alderico Rocha. Ela foi levada à sede da Polícia Federal de Goiânia para prestar depoimento, e teve de pagar fiança de R$ 100 mil para não ser presa. Além da fiança, Andressa foi proibida pela Justiça de visitar Cachoeira.

Por Reinaldo Azevedo

 

07/08/2012 às 16:00

Um advogado além de suas sandálias

O advogado de Rogério Tolentino, Paulo Sérgio Abreu e Silva, parece ter ido além de suas sandálias. Tratou a denúncia do Ministério Público Federal de forma jocosa, irônica, agressiva, e chegou a acusar o “auxiliar do procurador”, que teria feito o texto, de padecer de “preguiça mental”.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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