Na Copa da soja seremos vice novamente, por GLAUBER SILVEIRA

Publicado em 04/06/2014 10:58 e atualizado em 06/06/2014 07:39
*Presidente da Câmara Setorial da Soja, Diretor da Aprosoja e produtor rural em Campos de Júlio-MT.

Nas últimas duas safras estamos concorremos com os produtores norte-americanos para obter o título de maiores produtores de soja do mundo. Mas, ao concluirmos a colheita, ficamos tão somente com o segundo lugar (que mesmo assim é uma honrosa colocação nesta disputa pelo topo na produção da proteína vegetal mais importante do mundo). Só que, por tudo que vemos, também nesta próxima safra já temos o nosso segundo lugar reservado novamente.

O Mundo deverá produzir algo em torno de 300 milhões de toneladas de soja para a safra 2014/15, um salto considerável já que na safra anterior o mundo produziu 283,8 milhões de toneladas (segundo o USDA, Departamento de Agricultura Norte-americano). Na safra 12/13 os EUA produziram 82,1 milhões de toneladas, enquanto o Brasil produziu 82,00 milhões de toneladas; na safra 13/14 os EUA produziram 89,5 milhões de toneladas e o Brasil 87,5, quando tínhamos uma previsão de produzir mais que 90 milhões (e atenção, se nesta safra passada tivéssemos tido a mesma média de 2010/11 teríamos produzido 92 milhões de toneladas e teríamos sido já o maior produtor mundial de soja)... Então, o que aconteceu??!! Explico com números...

Evidente que ser o maior produtor mundial seja fundamental ao Brasil, mas o que realmente me preocupa são os fatores que a cada safra indicam termos uma possibilidade de produção e terminamos com 5 a 6 milhões de toneladas a menos. Para a safra 2014/15 já se estima uma produção dos EUA bem maior que a nossa, levando em conta que lá houve um incremento de área significativo (USDA aponta os EUA com 98,9 milhões de toneladas e o Brasil com 91 milhões), lembrando que se estivéssemos tendo avanços em produtividade à previsão brasileira seria de 100 milhões de toneladas.

A área brasileira de soja também deve crescer neste ano-safra, mas bem abaixo do crescimento de anos anteriores. Com isto deveremos ficar com uma área em torno de 30 milhões de hectares, com o MT -- que sempre vinha puxando o crescimento de área brasileiro -- devendo crescer em torno de 350 mil hectares (segundo dados do IMEA), crescimento este que deve ocorrer em pastagens..., aí fica, então, o questionamento: por que não vamos expandir mais o plantio de soja em áreas de pastagens degradadas, uma vez que temos milhões de hectares de pastagens possiveis de serem recuperadas e aptas a produzir soja, milho, algodão etc.

O potencial de crescimento e produção de soja é alto, mas a realidade da produção brasileira tem impedido que possamos a ocupar o pódio da produção de soja. Primeiro: temos tido problemas com produtividade. Nas ultimas safras ao invés de aumentarmos nossa média nacional, estamos perdendo produtividade. Em 2010/11conseguimos produzir 3.115 kg/há e nas safras seguinte a média nacional sempre foi abaixo de três mil kg/há, quando deveríamos estar com uma média nacional acima de 3.400 kg/há... O que tem nos impedido de crescer?

A pesquisa brasileira tem sofrido muito com a falta de recursos, e com isto não conseguimos avanços em problemas que tem roubado nossa produtividade -- que são as novas pragas e doenças,  além da ferrugem da soja, nematoides e pragas como a helicoverpa, que já tiraram bilhões de reais em produtividade dos produtores. Geralmente vemos apontarem a culpa nas variáveis do clima, mas o real vilão é falta de politica pública colocando recurso direto na pesquisa prioritária a produção.

Outro ponto que tem impedido nosso avanço em produtividade tem sido a falta da liberação de produtos de defesa sanitárias mais eficientes. Os atuais produtos, pela falta de novas moléculas para a rotação, tem exigido maior numero de aplicações -- o que torna o custo de produção inviável, pois tira toda a renda do produtor,... e, pior, além de não termos novos produtos de defesa querem ainda nos tirar o que nos resta para produzir.

Estamos em um momento crítico da produção brasileira. Altos custo, insegurança jurídica, falta de logística, etc., e, mais uma vez, vamos para uma safra com os custos estão formados como os mais altos da nossa história, com produtividade a cada ano caindo e preços apertados -- onde perdemos de 2 a 5 dólares a saca de soja produzida pela ineficiência logística.

Mas como sou otimista espero que em breve sejamos os maiores produtores, com a maior produtividade e pelo menos com uma rentabilidade justa.

...E vamos em frente!!!!

*Presidente da Câmara Setorial da Soja, Diretor da Aprosoja e produtor rural em Campos de Júlio-MT.

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Fonte:
Glauber Silveira

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