Venezuela: Mulher de Leopoldo Lopez, preso por Maduro, pede ajuda internacional

Publicado em 21/07/2014 15:07

América Latina

Mulher de opositor venezuelano preso pede ajuda internacional

Lilian Tintori, mulher do oposicionista Leopoldo López, escreveu artigo no 'Washington Post' cobrando ações significativas para libertar presos políticos

O opositor Leopoldo López é colocado dentro de veículo da Guarda Nacional depois de se entregar à polícia em Caracas, na Venezuela

O opositor Leopoldo López é colocado dentro de veículo da Guarda Nacional depois de se entregar à polícia em Caracas, na Venezuela (Jorge Silva/Reuters)

A mulher do líder oposicionista venezuelano preso Leopoldo López, Lilian Tintori, pediu apoio internacional para pressionar o governo pela libertação de seu marido e outros presos políticos, em um artigo publicado nesta segunda-feira. "Peço aos governos ao redor do mundo que tomem ações significativas para libertar os presos políticos", afirmou Tintori no jornal americanoWashington Post. "Meu marido precisa do apoio de todos os países que defendem a liberdade", reforçou. "Devemos enviar uma mensagem ao governo venezuelano de que não pode pisotear sobre os direitos das pessoas impunemente", declarou Tintoti, que participará de uma coletiva de imprensa na capital americana nessa segunda-feira.

López, presidente do partido Vontade Popular, está detido desde fevereiro, esperando julgamento. Ele é acusado de incitar a violência durante a onda de protestos que tomou o país no mesmo mês. O dirigente opositor foi um dos incentivadores da estratégia "A Saída", que consistia em ocupar as ruas para forçar a renúncia do presidente Nicolás Maduro, eleito em abril de 2013, o que levou Maduro a classificar os protestos como "golpe de Estado".

Tintori denunciou "várias violações de normas legais e de direitos humanos" na acusação contra seu marido, que o governo, segundo ela, "jurou manter preso durante uma década". "Maduro tem medo dele, e tem razões para isso", assegurou, acusando o presidente de descumprir promessas e acabar com "liberdades fundamentais" na Venezuela.

 

 
 

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Estudante é detido pela Guarda Nacional Venezuelana durante protesto anti-governo em Caracas

Estudante é detido pela Guarda Nacional Venezuelana durante protesto anti-governo em Caracas  - Juan Barreto/AFP

 

Crise – País com as maiores reservas de petróleo do planeta, a Venezuela atravessa uma severa crise econômica. O presidente Maduro, sem mostrar saídas para os problemas enfrentados pela população, acusa setores ligados à oposição venezuelana e conservadores dos Estados Unidos e Colômbia de promover uma "guerra econômica" contra seu governo.

A inflação alta, a falta de produtos básicos, como papel higiênico, açúcar, farinha e leite, além dos altíssimos índices de criminalidade e da falta de liberdades levaram os venezuelanos às ruas em uma onda de protestos que já dura meses. As manifestações têm sido duramente reprimidas e os confrontos já deixaram mais de 40 mortos, 800 feridos e centenas de detidos.

(Com agência France-Presse)

 

 

No EL PAÍS: A oposição venezuelana racha

A oposição ao Governo da Venezuela passa por um mau momento. Sua iniciativa política ficou quase liquidada depois de que uma ala da Mesa da Unidade (MUD), a coalizão que agrupa os principais partidos políticos contrários ao regime, tomou as ruas numa frustrada tentativa de destituir o presidente Nicolás Maduro. À exceção do Estado Táchira, no oeste do país, onde ocorrem eventuais ataques de grupos anárquicos contra instalações públicas, o Governo conseguiu extinguir os protestos – que deixaram 42 mortos e centenas de feridos e detidos em quatro meses – e condenar seus adversários a reverem sua forma de fazer oposição quando não há eleições em curto prazo.

Nas últimas semanas, surgiu uma polêmica em torno da estratégia adequada para alcançar o poder entre três grupos claramente diferenciados. Um é encabeçado pelo coordenador nacional do Vontade Popular, Leopoldo López, que, da prisão, determinou ao seu partido que trabalhe pela convocação de uma assembleia nacional constituinte para refundar o país. Segundo seus detratores das outras organizações, isso teria uma consequência. Tal convocação depende de um abaixo-assinado com 15% do eleitorado. Entre os venezuelanos, está muito presente temor de que se reeditem experiências como a da lista Tascón, batizada assim pelo parlamentar chavista que uma década atrás obteve os nomes daqueles que solicitaram um referendo revogatório contra o presidente Hugo Chávez, para a partir disso elaborar uma lista que era consultada para negar ou conceder empregos públicos.

O segundo grupo é encabeçado pela ex-parlamentar María Corina Machado, que está percorrendo o país para tentar aglutinar ao seu redor a sociedade civil opositora não identificada com os partidos políticos. Aproveitando a iminente realização do congresso ideológico do Partido Socialista Unido da Venezuela, a partir de 26 de julho, Machado pretende convocar para agosto um evento similar, mas com cidadãos contrários ao regime.

Esse congresso de cidadãos é a sua grande preocupação desde que teve seu mandato parlamentar cassado por uma ordem administrativa do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, mas também porque as portas foram se fechando para a sua agenda política. Um tribunal a proibiu de sair do país enquanto é investigada por instigar os fatos que derivaram na violenta manifestação de 12 de fevereiro, quando estouraram os protestos contra o Governo. Não foi preciso encarcerá-la, como ocorreu com López. Para o chavismo, é mais eficaz impedir que descreva um perfil repressor do Governo em suas constantes viagens internacionais.

A terceira ala é encabeçada pelo ex-candidato a presidente Henrique Capriles Radonski, que, assim como a cúpula da MUD, é partidário de acumular forças a partir do descontentamento com a pavorosa situação econômica local, para se tornar majoritário nas próximas eleições. O problema dessa estratégia é o tempo que falta para que os venezuelanos voltem às urnas – as eleições parlamentares estão programadas para setembro de 2015 – e a desconfiança em relação a instituições obedientes aos ditames do chavismo.

Não é iminente a divisão das forças opositoras, mas o fracasso do movimento encabeçado por López e Machado deixou expostas divergências até então encobertas. A mais recente desavença ocorreu há alguns dias. Em um programa humorístico, o subsecretário da MUD, Ramón José Medina, disse que a aliança não tinha plano algum para tirar López da prisão, porque ele mesmo tinha concebido o plano que o levou à prisão. Embora Medina tenha pedido desculpas, alegando ter feito uma piada ruim, o Vontade Popular exigiu sua demissão.

Hoje o debate não está centrado nas propostas para substituir o Governo, e sim nas diferenças internas da MUD e na falta de uma estratégia comum para enfrentar o chavismo. Entre os analistas, existe a sensação de que a oposição não soube capitalizar em benefício próprio as profundas diferenças na troika governante, reveladas em um artigo publicado por um mentor de Hugo Chávez, o histórico ministro do Planejamento da era bolivariana Jorge Giordani. Como o resto do país, a oposição assiste perplexa, sem reação, à primeira grande crise do Governo depois da morte de Hugo Chávez, há 16 meses. Esse imobilismo é muito evidente na Assembleia Nacional, reduzida a uma simples caixa de ressonância do Executivo, mas que também foi descuidada pela oposição como principal fórum político do país.

A oposição na Venezuela é entusiasmo eleitoral ou agitação na rua. Nenhuma das duas opções está na agenda agora, e essa impossibilidade a condenou nestas últimas semanas quase ao papel de atores de cinema mudo. “A oposição venezuelana não está em retirada”, assegurou há alguns dias o secretário-executivo da MUD, Ramón Guillermo Aveledo, em uma viagem de uma semana pelas principais capitais da Europa. O que ela tem é uma placa pendurada que diz: “Em revisão”.

(No El País).

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Fonte:
veja.com.br + El País

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