EUA: Produtor americano precisa reduzir custos em US$ 100/acre para se manter competitivo

Publicado em 15/01/2016 08:50

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Se a conclusão da safra 2015/16 da América do Sul, principalmente do Brasil, ainda causa muita especulação no cenário internacional, os preparativos e, especialmente, a briga por área da 2016/17 dos Estados Unidos causam ainda mais burburinho entre os traders. 

Uma pesquisa da publicação norte-americana Farm Journal Media mostrou que as margens mais apertadas neste novo ano já forçam os produtores a reduzirem seu orçamento para a nova temporada, diminuindo os investimentos em diversos setores. 

Segundo Matt Bennett, da internacional Bennett Consulting, "os banqueiros estarão acompanhando ainda mais de perto para as dívidas e margens. Os produtores americanos terão que ser homens de negócios ainda melhores". 

A pesquisa foi feita com cerca de 1.500 agricultores e um dos principais resultados mostrou que eles afirmaram que, em 2016, iriam cortar seus gastos pela primeira vez, e a maior parte deles - 38% - afirmou que a primeira redução virá nos maquinários agrícolas. Outros 30% afirmaram que cada uma das categorias de seus insumos serão analisadas e deverão passar por cortes. 

O estudo mostrou ainda que 9% dos produtores entrevistados podem reduzir seus investimentos em fertilizantes, 6% em sementes e 2% em agroquímicos. 

Grafico Reducao de Investimentos

Gráfico da Farm Journal mostra os principais insumos que devem sofrer cortes na safra 2016/17 

Segundo Marcelo Venturoso, gestor comercial da brasileira Venturoso, Valentini & Cia Ltda, que atua no comércio de peças para máquinário agrícola também nos Estados Unidos, o mercado mostrou certo desaquecimento nos últimos meses. Para ele, um dos motivos para esse quadro vem, justamente, desses preços menores dos grãos. 

"Os preços baixaram muito e já sentimos isso com os nossos clientes dos Estados Unidos. No Paraguai, a situação é semelhante, já que eles também dependem dos dólares", diz. Venturoso explica ainda que não se trata somente da compra de novas máquinas e equipamentos, mas também da manutenção das que o agricultor já possui. Peças que ele pode esperar para trocar, aquilo que se pode esperar para ser renovado, ele vai esperar.

Área de Plantio x Investimentos

Em fevereiro, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) realiza o Agriculture Outlook Forum e no evento trará as primeiras projeções oficiais para a área de plantio da safra 2016/17. E não só os investimentos estão sendo considerados para a tomada de decisões, como também o quadro internacional do mercado financeiro, os números que chegam da demanda chinesa, o andamento do dólar - que ainda mantém a soja brasileira mais competitiva, por exemplo, e também os preços do petróleo, que já operam casa dos US$ 30,00 por barril.

"Esse ano será uma disputa para ver qual produto vai ser minimante rentável, qual trará menos problemas. E o americano está mais focado e é muito mais hábil, historicamente, em plantar milho do que soja", explica Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora. "Mas acredito que há uma tendência momentânea para um pouco mais de área de milho do que de soja, o produtor americano está caminhando para isso", completa.

Em setembro de 2015, o portal internacional Farm Futures realizou uma pesquisa com as primeiras intenções de plantio para a safra 2016/17 e o resultado foi um aumento maior sendo esperado para a soja, naquele período. E os números vieram mesmo diante desse aperto nas margens do produtor norte-americano. 

Para a soja eram esperados 34,93 milhões de hectares, contra os 33,47 milhões da safra 2015/16 reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no último dia 12 e, para o milho, a projeção era de um cultivo em 36,28 milhões de hectares, frente aos 35,61 milhões do reporte desta semana para a safra 2015/16.  

Com os preços das commodities atuando em patamares menores, a perspectiva de especialistas norte-americanos é de que os altos custos possam causar uma perda média de US$ 50,00 por acre em 2016. 

"Todos vivemos com os preços do milho oscilando entre US$ 2,00 e US$ 3,00. O que é diferente agora é a estrutura dos custos, a qual não caiu nestes anos todos. Estamos perdendo dinheiro pelo segundo ano consecutivo. Estas são as maiores perdas desde os anos 90", alerta Dan Basse, presidente da AgResource Company em entrevista ao portal AGWeb.

De acordo com levantamentos feito pela Universidade de Illinois, referência em estudos do agronegócio no país, os produtores norte-americanos teriam que reduzir seus custos em cerca de US$ 100,00 por acre para se manter competitivo e "continuar no jogo". 

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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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