Irrigação noturna barateia custos de produção do produtor

Publicado em 08/01/2009 13:34

Quando chega a época de estiagem o uso de irrigação na lavoura torna-se fundamental para garantir a produtividade e a qualidade da plantação. No Paraná, um programa que incentiva a irrigação noturna está ajudando os pequenos produtores a diminuírem os custos com energia elétrica. O sistema permite uma redução de até 40% na redução de custos com o consumo de energiaa e a garantir uma boa produção no campo. Este é um programa que poderia ser utilizado nas propriedades do Mato Grosso do Sul.

Trata-se do PIN (Programa de Irrigação Noturna), desenvolvido em parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná e a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica). A economia chega a 70% na conta de luz dos produtores que utilizam energia elétrica fora do horário de pico, entre 21h30 e 6h.

“O agricultor que tiver inscrito no programa e solicitar esse horário para fazer irrigação, vai pagar o equivalente a 60% do valor da tarifa rural”, explica o coordenador estadual do projeto, Tarcísio Cialho.

Além de economizar energia, o programa também ajuda na economia de água, já que “no período noturno as plantas têm menor exigência por água”, explica Cialho.

O PIN é focado na agricultura familiar e foi lançado em 2004, mas ganhou corpo em 2008, quando todas as licenças para seu funcionamento foram obtidas. Dessa maneira, o produtor ganha tempo e não precisa mais obter as licenças por conta própria para instalar o sistema de irrigação.

Outro benefício é a disponibilização de crédito, com juros de 1% ao ano, através do FDE (Fundo de Desenvolvimento do Estado) para a compra dos equipamentos, como bombas, canos e medidores.

“Nossa intenção é incentivar a irrigação entre os agricultores familiares para ajudá-los a ter mais renda”, destaca Cialho. Atualmente, cerca de 900 produtores participam da iniciativa, sendo que a maioria trabalha com pastagem, olericultura e fruticultura.

Capacitação

Para participar do PIN, o pequeno produtor deve se dirigir à Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) no estado do Paraná, onde receberá a orientação para entrar no programa. O primeiro passo é a realização de uma reunião para que o produtor conheça o projeto e defina a sua participação. Uma vez dentro do projeto, a Emater auxilia com os trâmites legais junto à companhia de energia elétrica e indica empresas onde o equipamento necessário pode ser adquirido. Estima-se que o gasto para instalação do sistema de irrigação gire em torno de R$ 8 mil.

“Nós utilizamos a irrigação como ferramenta de solução para as mudanças climáticas dos últimos tempos”, destaca o agrônomo da Emater/PR, Valdir Koch, que desenvolve o programa com agricultores do município de Salto de Lontra, onde existem 76 propriedades participando do PIN.

A irrigação dos pastos fez a produção de leite local chegar a 75 mil litros, número mantido mesmo na entressafra. Outras culturas como a cebola, chegam a ter a produtividade triplicada através desse processo.

“Hoje, o produtor pode dar continuidade à sua produção, mesmo na entressafra. Ele tem como definir melhor a época em que vai plantar e obter um aumento do pastejo”, comemora Koch.

Segundo o agrônomo, alguns produtores locais estão perdendo até 50% da sua produção com a estiagem que atinge o município no momento, enquanto os participantes do projeto têm mantido produção constante, muitas vezes apresentando crescimento.

Sucesso

Quem aprova o uso da irrigação são os agricultores Antônio Berndt e Osmarina Petrosqui Berndt, donos de uma propriedade com dois hectares de terra produtiva em Salto de Lontra (PR). Eles aderiram ao projeto no ano passado, quando perderam a plantação de batata doce durante a seca. Como alternativa para descansar a terra, optaram por plantar milho, mas não acreditavam que a irrigação fosse auxiliar na produtividade.

“Eu pensei: Meu Deus, molhar milho? Que coisa estranha”, conta Osmarina, que hoje comemora o sucesso da empreitada. Os dois hectares de milho já estão quase prontos para ser colhidos e a estimativa é que a safra ultrapasse 200 sacas.

O casal também plantou batata doce em uma pequena área, para testar os resultados do sistema na hortaliça, e obteve frutos que já alcançaram dois quilos.

“Agora, nós pretendemos plantar milho cedo para manter a família e pegar a renda da plantação tardia para pagar a prestação do crédito do governo”, planeja Osmarina. A ideia do casal é trabalhar com outras culturas para encontrar a mais rentável. “Todo mundo que vem aqui, fica de queixo caído. Enquanto a maioria vai ao mercado comprar feijão porque não teve produção, nós comemos o feijão que plantamos e irrigamos”, conta satisfeita, a produtora.



Fonte:  Campo  News

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Campo News

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário