Na VEJA: PM encontra coquetéis molotov na reitoria da USP

Publicado em 08/11/2011 11:20

Entre paredes pichadas, barracas de camping abandonadas, móveis quebrados, garrafas e jogos de carteado, os policiais militares que cumpriram o mandado de reintegração de posse do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo encontraram também sete coquetéis molotov. As bombas estavam em sacos plásticos dentro do bloco L do edifício, prontos para serem usados. Ao lado dos artefatos explosivos, isqueiros, litros de gasolina e rojões.

O arsenal foi descoberto pelo guarda municipal Rui Aquino, que acompanhou a ação da PM. Embora tenham ocupado todos os andares do edifício, os invasores se concentraram no térreo.

Segundo o major Marcel Soffer, da assessoria de imprensa da PM, a operação foi um sucesso. Foram presas 63 pessoas dentro do prédio (43 homens e 20 mulhres), além de 7 estudantes que estavam do lado de fora da reitoria e depredaram algumas viaturas policiais.

O delegado Leonardo Simonato, do 91º DP (Jaguaré), responsável pelo caso, determinou o bloqueio do prédio da reitoria. Uma perícia constatará os danos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública estadual, o objetivo é identificar os criminosos e, sempre que possível, individualizar as acusações. A maioria será enquadrada nos crimes de desobediência à ordem judicial e dano ao patrimônio público, mas ainda não foi decidido se sofrerão processos administrativos da faculdade.

A reintegração - A ação de reintegração começou por volta das 5 horas desta terça-feira. "Foi a hora mais conveniente e oportuna", disse Soffer, ao explicar que, assim, os estudantes seriam pegos de surpresa e não haveria possibilidade de confronto. De acordo com o major, a operação estava armada desde antes da meia-noite.

A coronel Maria Yamamoto declarou que a reintegração foi concluída e espera que a tropa de choque da PM deixe a Cidade Universitária no início da tarde. O policiamento, entretanto, será mantido "de acordo com o necessário". Ela contou que os policiais cercaram o prédio da reitoria e entraram com as luzes apagadas para não dar chance de reação.

As aulas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) estão suspensas. Existe a previsão de que a reitoria volte a funcionar já nesta quarta-feira.

Ao lado dos artefatos explosivos, isqueiros, cinco litros de gasolina e rojões

André Vargas
Coquetéis molotov encontrados dentro do prédio da reitoria invadido por estudantes da USP

Coquetéis molotov encontrados dentro do prédio da reitoria invadido por estudantes da USP - André Vargas



Fotógrafo é agredido durante assembleia de estudantes da USP

Cristiano Novaes, da agência CPN, teve a câmera arrancada de suas mãos e, ao cair, foi chutado por estudantes

Estudantes da USP entram em confronto com a imprensa durante assembleia

Estudantes da USP entram em confronto com a imprensa durante assembleia ( ALEX SILVA/AGÊNCIA ESTADO/AE)

Um fotógrafo foi agredido pelos estudantes que invadiram o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP). Cristiano Novais, da agência de notícias CPN, trabalhava no registro da assembleia dos alunos para decidir sobre o fim ou não da ocupação do edifício. 

Para evitar a aproximação de profissionais da imprensa, cerca de trinta universitários formaram um cordão humano em um dos acessos ao local do encontro. O fotojornalista se aproximou do grupo e teve a câmera arrancada de suas mãos. Em seguida, ele foi derrubado e agredido com chutes. 

Em outra cena de violência, uma pedra atirada em direção a um cinegrafista da TV Record atingiu o equipamento e a testa do profissional. Outro cinegrafista, do SBT, também teve a câmera atingida.

Cerca de 450 estudantes decidiram manter a ocupação, iniciada na noite de terça-feira. Os invasores discordaram da proposta da comissão de negociação, que inclui a criação de dois grupos de trabalho integrados por alunos e funcionários da universidade para “oferecer propostas de detalhamento e aprimoramento do convênio USP-PM” e “examinar e buscar promover a revisão conciliatória de processos administrativos e disciplinares em curso envolvendo funcionários e estudantes”. A assembleia, no entanto, prosseguia até à 0h15 de segunda-feira para terça-feira. 

Os estudantes descumpriram a ordem judicial para desocupar a reitoria. O prazo venceu às 23 horas desta segunda-feira. Na manhã de hoje, o major Marcel Soffner, da Polícia Militar, informou que a corporação aguarda um contato da Justiça para, se for o caso, retirar os estudantes à força.

Estudantes podem ser enquadrados em três crimes

Os outros alunos serão liberados depois de pagarem fiança de até dois salários mínimos, de acordo com a condição financeira

André Vargas
Viatura depredada por estudantes da USP durante a reintegração do prédio da reitoria

Viatura depredada por estudantes da USP durante a reintegração do prédio da reitoria (André Vargas)

Além dos crimes de desobediência à ordem judicial e dano ao patrimônio público, os 70 estudantes presos durante a reitegração do prédio da reitoria da USP ainda poderão sem enquadrados por dano ambiental, por causa das pichações das paredes e da sujeira encontrada dentro do edifício. Segundo o delegado Dejair Rodrigues, titular da terceira delegacia seccional da Zona Oeste, a polícia também vai comparar as imagens da depredação ocorrida em 26 de outubro, com as fotografias de quem está preso. Os identificados serão autuados em flagrante.

Os outros alunos serão liberados depois de pagarem fiança de até dois salários mínimos, de acordo com a condição financeira. Eles responderão ao inquérito em liberdade.

Segundo Domenico Colacicco, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que está na delegacia, há quatro trabalhadores da universidade presos juntos com os alunos. "Todos estão detidos nos ônibus desde às 5h30 da manhã, sem água e sem poderem ir ao banheiro", protestou Colacicco. O diretor também reclamou que os celulares dos detidos estão sendo recolhidos pela PM e que alguns alunos sofreram agressões verbais.

O deputado Adriano Diogo (PT), integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, chegou à delegacia e pediu que os policias acelerem a identificação dos criminosos. "Os estudantes estão constrangidos com essa situação", indignou-se o deputado, exigindo que fornecessem água aos estudantes e permitissem o acesso deles aos banheiros.

Os 70 presos passarão por exames de corpo e delito num posto do IML localizado dentro do 91º DP (Jaguaré). As aulas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) estão suspensas. Existe a previsão de que a reitoria volte a funcionar já nesta quarta-feira.

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veja.com.br

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