Etanol de sorgo deve abrir forte demanda pelo cereal no Brasil, afirma Sawa
O investimento de R$ 2 bilhões do Grupo Inpasa em sua nova indústria em Sidrolândia (MS) e o anúncio de que estará recebendo sorgo granífero para a fabricação de etanol a partir do segundo semestre deste ano, são algumas das iniciativas que “abrem nova perspectiva, consolida o avanço da cultura no Brasil e amplia o mercado para o produtor de cereais no País”. A avaliação é do empresário e executivo Willian Sawa, uma das lideranças do Movimento + Sorgo no Brasil.
“Nos últimos anos a demanda por sorgo já ocorre de forma crescente e deve ganhar nova proporção a partir desta nova tendência, que introduz o conceito de ‘etanol de cereais’ e não somente de ‘etanol de milho’ em sua estrutura industrial. Ganha o produtor que agora terá mais um motivo para investir na lavoura graças a um novo e forte canal para o escoamento de sua produção”, avalia o especialista, CEO da Latina Seeds.
Em 2023, o IBGE considerou o sorgo granífero como a atividade agrícola (grãos) que mais avançou, em comparação a 2022. No início do segundo semestre (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - junho/2023), isso significava um aumento de 22,3% na área plantada e de uma produção 34% superior. Segundo os dados, a área plantada com o sorgo aumentou de 1.030.866 (2022) para 1.260.355 hectares (2023). Já a produção disparou de 2.850.368 para 3.818.734 toneladas no mesmo período.
No final de 2023 a Inpasa anunciou que passará a receber sorgo em suas unidades de Dourados (a partir de julho/2024) e Sidrolândia (novembro/2024) e abriu canal de contato para o produtor começar a negociar sua safra.
A Inpasa se coloca hoje no mercado como a maior transformadora de cereais em energias limpas e renováveis da América Latina. Com um investimento estimado em mais de R$ 2 bilhões em sua nova unidade (que deve entrar em funcionamento até o final do ano), em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul (60 km da capital, Campo Grande), há previsão da geração de mais de 2 mil empregos na etapa de obras, além de 350 novos postos de trabalho efetivos, a partir do funcionamento da planta, no segundo semestre de 2024. A unidade também contará com um Posto de Combustíveis e um centro de serviços, totalizando 110 empregos diretos e cerca de 60 indiretos.
Mas não é apenas a Inpasa que segue este caminho. Sawa cita também um exemplo que vem do Nordeste. “A Cooperativa Pindorama, em Alagoas, iniciou em dezembro passado a fase de testes de produção de etanol a partir do sorgo, que agora passa a compor o rol de matérias primas da indústria junto com o milho e a cana. É uma decisão estratégica, uma vez que se ganha alternativa importante para ampliação da margem de lucro na produção do combustível e de coprodutos, como o DDG, sempre que o uso do milho esteja comprometido ou economicamente inviável”, conta.
Cultivo, uso e consumo
O sorgo é considerado uma cultura de fácil adaptação e com possibilidade de altas produtividades, podendo ser utilizado tanto na alimentação animal quanto na humana. Segundo a Embrapa, o cereal está entre os cinco mais produzidos no mundo, ficando atrás do trigo, arroz, milho e cevada. Além disso, apresenta um alto valor nutricional em ferro, proteínas, zinco, fibras e vitamina D.
O “Movimento + Sorgo” é uma articulação público-privada que visa estimular o cultivo, a diversificação de uso e consumo sustentáveis do cereal nos mais variados segmentos agropecuários e agroindustriais. Estruturada no âmbito da Embrapa (unidade Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, MG) em parceria com a Latina Seeds, a iniciativa está em processo de institucionalização para adesão de novas empresas e organizações interessadas em apostar no crescimento e fortalecimento da cultura.
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