O GRANDE MUDO (Seis notas de Carlos Brickmann)

Publicado em 17/07/2013 12:01 e atualizado em 11/09/2013 13:07
Publicado na coluna de Carlos Brickmann + Lauro Jardim + Augusto Nunes

O grande mudo… 

O ex-presidente Lula continua em silêncio, quase 240 dias depois da operação Porto Seguro, que envolveu a funcionária federal Rosemary Noronha. Não falou sobre o caso, não falou sobre as manifestações de rua, não fala sobre as articulações de setores do PT que pretendem lançá-lo candidato à sucessão de Dilma.

…continua mudo
Não são só assuntos públicos que emudecem o ex-presidente. Neste domingo, o sexto neto de Lula foi batizado em Santo André, SP. A história é muito bem narrada pela repórter Bruna Gonçalves, do Diário do Grande ABC: Lula não quis falar com jornalistas. Sentou-se longe dos parentes, conversou apenas com um amigo. 

Em silêncio entrou, em silêncio saiu, pela porta dos fundos da paróquia.

Onde está o dinheiro? 
A Assembleia Legislativa de São Paulo pagava auxílio-moradia para todos os 94 nobres parlamentares ─ inclusive os que moram na Capital. O Tribunal de Justiça extinguiu o auxílio-moradia, em 9 de maio; oito dias depois, a Assembleia criou o auxílio-hospedagem, que é a mesma coisa, só que pago apenas a quem não mora na Capital, no valor de até R$ 2.850 mensais. E, como ninguém é de ferro, aproveitou para aumentar, discretamente, o valor da Gratificação Especial de Desempenho, que Suas Excelências podem distribuir entre os servidores de seu gabinete. 

Claro, é mais do que se gastava com auxílio-moradia; e amplia as despesas em R$ 4,3 milhões por ano. Não é uma quantia que desequilibre o orçamento do Estado, nem que, se economizada, resolveria outros problemas; mas é um problema de falta total de sensibilidade. É o levar vantagem em tudo.

Notícia boa ─ 1
Dentro de poucos dias, o papa Francisco deve chegar ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude. Este colunista não é católico, nem religioso praticante; é totalmente favorável ao Estado laico; e apoia sem restrições qualquer esforço para garantir ao papa as melhores condições possíveis para pregar, orientar e conduzir seus fiéis. Não é na estrutura do grande evento que se deve fazer economia. A jornada do papa é um fato internacional, positivo, uma vitrine do Brasil no mundo. 

Se é para economizar, há muitos lugares em que isso deve ser feito.

Notícia boa ─ 2
Um dos melhores amigos do papa Francisco é um judeu, o rabino Abraham Skorka; ambos dedicaram muito tempo de seus encontros a conversas sobre religião, a partir da origem comum de Judaísmo e Catolicismo, e escreveram juntos um livro notável, Sobre o céu e a terra, em que o tema é abordado com rara profundidade e texto de primeira linha, que prende o leitor e o leva a pensar. 

O livro do cardeal Jorge Mario Bergoglio, papa Francisco, e do rabino Abraham Skorka deve ser lançado amanhã, no Salão Nobre da ARI, Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro, a partir das 19h (Rua General Severiano, 170). A partir das 20h, sob o título Concordo contigo, ainda que discorde ─ razões para o diálogo inter-religioso, o rabino Skorka conversa com o padre jesuíta Jesus Hortal, com mediação da jornalista Leila Sterenberg. Oportunidade única.

Chega de boas notícias
O Governo nega, o ministro Mantega explica, o ministro Gilberto Carvalho diz que não é bem assim, a ministra do Planejamento está mais quieta do que Lula desde o caso Rose, mas desde a manifestação das centrais sindicais não dá para negar o fenômeno. Não faz muito tempo, conforme o local, colocava-se um manifestante nas ruas por R$ 30,00, lanche incluído. 

Agora, os manifestantes cobraram R$ 70,00, fora a condução. Quem pode dizer que não há inflação?

POR CARLOS BRICKMANN

 

Governo

Bancada revoltada com ministro da Agricultura

Queixas dos correligionários

Toninho Andrade mal esquentou a cadeira do Ministério da Agricultura, mas seu nome já está correndo na boca dos seus correligionários na Câmara. A bancada do PMDB anda esbravejando pelo cantos – algo corriqueiro – que Andrade não vem atendendo aos pleitos levados ao ministério.

Diz um dos reclamões do PMDB:

- Para todo mundo que vai lá, ele diz que está arrumando a casa e não resolve nada, não libera coisa alguma. Vai arrumar a casa até quando? Desse jeito, não adiantou nada termos um ministro no governo. É só mais um para dizer não.

Por Lauro Jardim

 

Direto ao Ponto

Para a Bolívia, o Brasil é um grandalhão medroso que reage a afrontas com outro gesto de carinho e o sorriso dos palermas

Disfarçado de Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Defesa, o polivalente Celso Amorim divulgou nesta tarde os seguintes ─ aspas obrigatórias ─ “esclarecimentos”.

A propósito de informações veiculadas na edição de hoje (16/07) do jornal Valor Econômico, na matéria intitulada “Bolívia revistou avião de Amorim em busca de opositor”, o Ministério da Defesa esclarece o seguinte:

1 ─ Não procede a informação de que o avião da FAB utilizado nesta viagem oficial, no dia 3 de outubro de 2012, foi vistoriado por autoridades bolivianas no aeroporto de Santa Cruz de La Sierra;

2 ─ Houve, no segundo semestre de 2011, ações por parte de autoridades bolivianas que configuraram violações de imunidade de aeronaves da FAB, uma delas envolvendo o avião que levou o ministro da Defesa em viagem oficial a La Paz no final de outubro de 2011;

3 ─ O ministro da Defesa brasileiro nunca autorizou tal vistoria;

4 ─ Os episódios ocorridos em 2011 foram objeto de nota de reclamação encaminhada pela embaixada do Brasil em La Paz à chancelaria boliviana;

5 ─ No documento, a embaixada informou que a repetição de tais procedimentos abusivos levaria à aplicação, pelo Brasil, do princípio da reciprocidade;

6 ─ Desde o envio da nota, a FAB não registrou novos episódios de vistorias em suas aeronaves por autoridades bolivianas.

Tradução: Amorim jura que não foi agora que o governo de Evo Morales ordenou à polícia que desse uma geral no avião que o transportava. A humilhação ocorreu em 2011, garante. Num rasgo de bravura, o Pintassilgo do Planalto deixou claro que não foi ele quem determinou a revista (nem a entrada de cães farejadores estrangeiros no jato da FAB). De volta ao lar, o ministro que comanda as Forças Armadas pediu que o embaixador em La Paz comunicasse ao presidente Morales que ficara muito triste com a vistoria.

(Lula vivia dizendo que seus ministros jamais tirariam os sapatos na alfândega americana. Esqueceu de recomendar-lhes que não ficassem de quatro em aeroportos de países vizinhos).

A notícia confirmada pelo jornal Valor (e detalhada pelo próprio Amorim) acrescentou mais um andor vergonhoso à procissão de afrontas iniciada em maio de 2006, quando os bolivarianos do leste expropriaram os ativos da Petrobras e sugeriram ao Planalto que se queixasse ao bispo.

De lá para cá, entre outros abusos, o companheiro Morales elevou unilateralmente o preço do gás fixado no contrato com o Brasil, trancafiou numa cela 12 torcedores corintianos, soltou sete depois de 100 dias, mantém cinco presos sem acusação formal, ignora sistematicamente as cláusulas dos acordos para a proteção das fronteiras, vive amedrontando investidores brasileiros e se recusa a permitir que o senador oposicionista Roger Pinto Molina, asilado há mais de um ano na embaixada em La Paz, embarque rumo a Brasília.

Desde a chegada de Evo Morales ao poder, o Brasil é tratado como um grandalhão medroso que se ajoelha ao som do primeiro grito. “Devemos ser generosos com a Bolívia, é um país muito sofrido”, recitava Lula a cada insulto. Dilma prefere ser humilhada em silêncio. Com Antonio Patriota no comando do Itamaraty, o Planalto decidiu que é melhor apanhar sem contar a ninguém.  A cada pancada desferida pelo Lhama-de-Franja, o governo lulopetista revida com mais um gesto de carinho e o sorriso inconfundível dos palermas.

(por Augusto Nunes)

 

No vídeo em que tratou pela primeira vez da patifaria com o Bolsa Família, Dilma qualificou de criminosos os companheiros da Caixa Econômica que já começou a absolver

Em 20 de maio, no comício em Pernambuco que precedeu o primeiro banho de mar do navio petroleiro Zumbi dos Palmares, a presidente da República abriu uma clareira na floresta de menções amalucadas ao personagem que batizou a embarcação, frases sem pé nem cabeça sobre a seca do Nordeste e meia dúzia de pitos na inflação. Dilma Rousseff achou indispensável tratar também do crime hediondo praticado dois dias antes contra os beneficiários do maior programa oficial de compra de votos do mundo ─ e, por consequência, contra o governo que dele se beneficia. O vídeo de 1:36 eternizou a mistura de precipitação, oportunismo eleitoreiro, pilantragem irresponsável e pontapés na língua portuguesa:

“Pois muito bem, o que aconteceu no Brasil sábado?”, pergunta Dilma Rousseff, que já tem a resposta pronta na cabeça habitada por um neurônio só: “Espalhou-se um boato falso, negativo, um boato que leva intranquilidade às famílias mais pobres deste país, que são aquelas que recebem o Bolsa Família. Qual era o boato? O boato era que o governo federal não ia pagar o Bolsa Família. É algo absurdamente desumano o autor desse boato. Por isso, além de ser desumano, ele é criminoso, por isso nós colocamos a Polícia Federal para descobrir a origem de um boato que tinha por objetivo levar a intranquilidade aos milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza extrema. ”Eu queria deixar, e aproveitar aqui a imprensa e deixar claro: o compromisso do meu governo com o Bolsa Família é um compromisso forte, profundo e definitivo”. 

Imediatamente, como recorda o editorial do Estadão desta terça-feira, começou o desfile dos áulicos. No mesmo dia 20, Maria do Rosário, que se apresenta como ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, fantasiou-se de detetive para, simultaneamente, espancar o idioma, agradar à comandante e garantir o emprego com a elucidação do crime pelo Twitter: “Boatos sobre fim do bolsa família deve (sic) ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política”.

Animado com a pilantragem eleitoreira que resultaria em mais um tiro no pé, José Eduardo Cardozo passou a tarde e a noite decorando advérbios antes de entrar em cena na manhã seguinte: “Evidentemente houve uma ação de muita sintonia em vários pontos do território nacional, o que pode ensejar a avaliação de que alguém quis fazer isso deliberadamente, planejadamente, articuladamente”, caprichou o ministro da Justiça com que sonham todos os fora-da-lei.

Na muda desde a descoberta do escândalo em que se meteu ao lado da segunda-dama Rose Noronha, Lula recuperou a voz uma semana mais tarde para emitir seu parecer: “O que mais falar com um ato de vandalismo desse?”, miou o ex-presidente em 27 de maio. ” Ou seja, eu só espero que se descubra quem fez isso, porque brincar com as pessoas mais pobres desse país é, eu diria, uma ofensa”.

Na primeira semana de apurações, soube-se que mais de 600 mil famílias recebiam a mesada em dobro. Menos de dois meses depois da denúncia registrada no vídeo, a Polícia Federal concluiu as investigações com a constatação que um sherloque boliviano poderia ter feito sem sequer dar as caras no Brasil: os culpados foram os companheiros da Caixa Econômica Federal que resolveram antecipar o pagamento do Bolsa Família e depositaram o dinheiro mais cedo. Que punições serão aplicadas ao bando formado por incompetentes e espertalhões, uns e outros desprovidos do sentimento da vergonha?

Nenhuma, avisa o comportamento dos declarantes desde que a PF confirmou que a bandidagem está logo ao lado. Dilma emudeceu. Nesta terça-feira, falou por ela o ministro Cardozo: “Havia depoimento que dizia que uma empresa de telemarketing havia informado que o Bolsa Família estava acabando e, com base nisso, a PF atuou na perspectiva de descobrir que empresa seria essa, pedindo inclusive a quebra do sigilo telefônico da pessoa que declarou ter recebido a ligação”, desandou em dilmês de porta de cadeia. “Só que, por uma série de contingências, não se chegou ao resultado se esta empresa teria encaminhado ou não. Há um conjunto de situações que talvez tenham concorrido para isso”.

Tradução: como os delinquentes são gente nossa, ocorreu aquele tipo de crime em que só há inocentes entre os culpados. Os comparsas já começaram a absolvê-los. Assim será até que as multidões indignadas voltem à rua para demolir de vez  a usina de monumentos à impunidade.

(por Augusto Nunes)

 

Feira Livre

Reynaldo BH: O lulopetismo quer transferir para os médicos a responsabilidade sobre a própria incompetência

REYNALDO ROCHA

Na economia, era a “herança maldita” de FHC que durou 10 anos. Ao fim dos quais, a inflação voltou, a Petrobras quebrou, o BNDES tenta explicar o que fez com o dinheiro público, os dividendos são pagos ao governo antecipadamente em uma tentativa desesperada (o poço secou!) de apresentar saldos nas contas oficiais, os ministérios são 39, existem 508.000 cargos comissionados (sem concursos) nos municípios, mais de 1.000.000 nos governos federal e estaduais, um descontrole sobre o câmbio, uma desconfiança internacional consolidada, enfim, a herança não era lá tão “maldita”. Um cenário velho e bolorento.

 

Na Justiça, a culpa é dos advogados! Eles são mal formados, estudam em Universidades péssimas (que foram, segundo os mesmos que acusam, liberadas para funcionar POR ELES MESMOS!) e são TODOS desonestos. Esta é a versão oficial. Confundem o advogado medalhão – podem ser encontrados atuando na Ação Penal 470 – com os que exercem dia-a-dia o difícil ofício de ser mal pago, pouco reconhecido e até humilhado por uma estrutura ESTATAL que os trata como penduricalhos. Não são. São a essência do Direito. Todos são acusados pelo partido oficial. Exceto os que são do partido oficial. Estes viram ministros do STF.

Na Educação, a culpa é dos professores. Uns preguiçosos que só querem saber de ganhar fortunas (uns 900,00 reais por mês) ao invés de serem estoicos sacerdotes que deveriam até agradecer por ensinar. Mesmo morrendo de fome.

Ainda havia os empresários (só os pequenos e médios, visto que Eike Batista é um dos novos patrões de Lula e apoiado por Dilma). Estes seres inferiores que só querem saber do lucro. Empregam mais de 96% da força de trabalho do Brasil? Detalhe… Dão prejuízo? Não podem, visto que não dispõem de dinheiro público para continuar operando, como – infelizmente – se vê no BNDES e Petrobrás de hoje. Se derem prejuízo, quebram. Desaparecem.

Agora são os médicos. Quer dizer então que recusam um salário de R$ 10.000,00? Para fazer O QUÊ exatamente? Quantos médicos aceitariam R$ 50.000,00 para fazer de conta que exercem a profissão? Não seria uma prova de honradez não compactuar com o caos e não participar de uma farsa?

É disto que são acusados?

Qual a sensação que sente um profissional ao se deparar com um posto de saúde sem remédios, sem exames e sem a mínima estrutura? A mesma que sentiria um engenheiro ao tentar construir uma ponte – por dia – sem calculadora e nenhum equipamento? Ou a de um advogado que teria, em um julgamento, um prazo estipulado de 1 minuto para apresentar sua tese de defesa?

Sei que existem professores que ensinam (ensinam?) em escolas sem lousas, sem carteiras escolares e sem cadernos. Livros são um luxo inatingível. Sabemos o resultado. Somos um dos campeões da ignorância mundial. Da desigualdade de ensino e da ofensa ao direito de aprender.

É este o resultado que se espera dos médicos do Brasil? Na medicina o resultado não se mede pelo não-aprendizado (que é um crime!); mede-se pelo número de mortos. Este é o parâmetro. Estamos longe disto ou já ingressamos neste cenário de horror?

Durante a ditadura militar proibiu-se a divulgação de um surto de meningite em São Paulo, o que só fez a epidemia crescer.

Hoje, o lulopetismo pretende apresentar uma solução desonesta, transferindo a responsabilidade da própria criminosa incompetência para uma categoria profissional. A epidemia de meningite era – frente ao que assistimos hoje – um mal até menor.

O PT – principalmente Lula, o lobista amante de Rosemary – se notabilizou em dividir o Brasil de acordo com os próprios interesses.

Assistimos a divisão de “direitistas raivosos x esquerdistas angelicais”. Entre “nordestinos x sulistas”. De um lado, os ricos; de outro os pobres! Os que eram “companheiros” x os que eram “atrasados”.

Toda a divisão é – por definição – odiosa. Mas hoje, é real.

Não esperava esta última tentativa de separação. A divisão entre “médicos x pacientes”!

Se ela acontecer, o PT ganhou. Terá conseguido o desejado. Deixar tudo como está. E a partir daí passaremos a odiar aquelas pessoas que usam uniforme branco e trabalham em hospitais.

A Saúde estará salva? Os pacientes melhor atendidos? O sistema de saúde adquirindo alguma dignidade?

Óbvio que não!

Mas para o PT estes dados são irrelevantes?

por REYNALDO ROCHA.

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Fonte:
Blog de Augusto Nunes (veja.com.

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