Se eu fosse o PT, tomaria cuidado com Vargas; se eu fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT

Publicado em 23/04/2014 19:05 e atualizado em 04/07/2014 14:12
por Reinaldo Azevedo + Lauro Jardim, em veja.com.br

Se eu fosse o PT, tomaria cuidado com Vargas; se eu fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT

“Sou persistente e vou continuar insistindo para ver se o convenço. O principal argumento é a preservação do partido e da vida do André para ele ter melhores condições de defesa para ele mesmo. O André, em benefício dele e do PT, deveria renunciar, mas é uma decisão personalíssima e o partido ou a bancada não podem impor a renúncia. É um pedido que temos feito a ele e reiterado”.

Nossa! As palavras acima são de Rui Falcão, do PT, e o “André” a que ele se refere é o deputado André Vargas, aquele que, ao saber que o doleiro Alberto Youssef havia alugado um jatinho, por R$ 100 mil, para que ele tivesse férias confortáveis, exclamou: “Isso é coisa de irmão!”. A fala  de Falcão está emreportagem de Laryssa Borges, na VEJA.com. 

Eu, hein! Se estivesse no lugar de Vargas e se Falcão dissesse uma coisa dessas, eu renunciaria correndo e ainda iria me benzer, né? Imaginem se, da minha renúncia, dependessem, como ele afirmou, “a preservação do partido e da vida”… Sim, claro!, entendi que esse “a vida” não é exatamente no sentido, digamos, biológico — aquela que Celso Daniel, por exemplo, perdeu —, mas existencial. Mesmo assim, eu daria no pé.

André Vargas está que é pura indignação! Sabe na ponta da língua os serviços que já prestou ao partido, e ninguém da cúpula aparece para defendê-lo. Vejam que curioso: cassado, ele será, isso é certo, e estará inelegível por oito anos a partir de 2015. Se renuncia, também estará inelegível pelos mesmos oito anos, mas o desgaste é menor, ainda que o processo no Conselho de Ética continue.

Então por que a resistência? Virou uma disputa lá da, digamos, “famiglia”. Ele já tinha dito que não aceitava ser enxotado. A interlocutores, tem sugerido que o ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann — ambos, como ele, do PT do Paraná — seriam beneficiários de um esquema ilegal de distribuição de recursos na Petrobras que envolveria o grupo Schahin.

Padilha
Quem deve estar contente, dado o potencial de estrago, com o atual estágio do noticiário é Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Afinal de contas, não foi só o avião fretado por Youssef que fez Vargas cair em desgraça, mas também o lobby que ele fez no Ministério da Saúde em favor do laboratório-fachada Labogen, uma estrovenga que, segundo à Polícia Federal, servia à lavagem de dinheiro.

O ministro da Saúde quando se celebrou o contrato era Padilha. O caso, curiosamente, sumiu do noticiário. Essa história, mais do que qualquer outra, evidencia tanto as relações de compadrio de Vargas com Youssef como o uso da máquina federal em benefício de um grupo criminoso. E isso se deu debaixo do guarda-chuva de Padilha, que também é alvo das mágoas de Vargas.

Nas hostes petistas, o ainda deputado é considerado um homem-bomba, um “pote até aqui de mágoa”, como diria o petista Chico Buarque. Por isso, é tratado com todo cuidado. Sabem como é… “Qualquer desatenção/ faça não!/ Pode ser a gota d’água.” Eu, se fosse o PT, tomaria cuidado com Vargas. Eu, se fosse Vargas, tomaria cuidado com o PT.

Por Reinaldo Azevedo

 

PPS pede que Corregedoria investigue envolvimento de deputado do SDD com doleiro

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
O PPS protocolou nesta quarta-feira um pedido para que a Corregedoria da Câmara dos Deputados investigue o envolvimento do deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) com o doleiro Alberto Youssef, preso durante a operação Lava Jato, da Polícia Federal. A investigação tem o aval do partido Solidariedade, ao qual Argôlo se filiou, após militar no PP, sigla que aparece em vários documentos apreendidos.

Conforme revelou a última edição de VEJA, a Polícia Federal interceptou diálogos em que Youssef é cobrado por um interlocutor identificado como “LA”, que pressiona para receber pagamentos do doleiro – no endereço do apartamento funcional de Argôlo, em Brasília, segundo conversa de setembro de 2013. LA pede também que o doleiro pague suas contas e deposite recursos para uma loja de decoração e uma agropecuária no município de Entre Rios (BA), mesma cidade de Argôlo.

Apesar das evidências, o parlamentar nega que ele seja o interlocutor que negocia com Youssef. “As graves acusações precisam ser investigadas”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PPS-PR). Para ele, caso seja confirmada a promíscua relação do parlamentar com o doleiro, o caso deve ser enviado ao Conselho de Ética, colegiado que já avalia a conduta do petista André Vargas (PT-PR), também flagrado em conversas comprometedoras com Youssef.

“Não podemos nos omitir. O Solidariedade, como um partido novo e que tem acompanhado as denúncias [resultado da operação Lava Jato], não pode se omitir. Vamos pedir explicações do deputado”, disse o líder da legenda Fernando Francischini (SDD-PR). “Não podemos dar uma de PT, que enfia a cabeça dentro do buraco e ignora [as denúncias]”, completou.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lava Jato: Justiça aceita denúncia contra Youssef e outros seis

Na VEJA.com:
A Justiça Federal do Paraná aceitou nesta quarta-feira denúncia contra o doleiro Alberto Youssef e outras seis pessoas por crime financeiro e lavagem de dinheiro. Segundo a acusação do Ministério Público Federal, com base nas investigações da Operação Lava Jato feita pela Polícia Federal, eles mandaram para fora do Brasil de forma fraudulenta 444,6 milhões de reais entre os meses de julho de 2011 a março de 2014. Além de Youssef, foram acusados Leonardo Meirelles, Leandro Meirelles, Pedro Argese Junior, Esdra de Arantes Ferreira, Raphael Flores Rodriguez e Carlos Alberto Pereira da Costa.

As remessas ao exterior foram feitas com base em contratos de câmbio fraudulentos, para pagamentos de importações fictícias. Várias empresas foram utilizadas no esquema, entre elas a Labogen Química Fina e Biotecnologia, a Labogen SA e a Piroquímica Comercial. A Labogen, que o deputado federal André Vargas (PT-SP) é suspeito de favorecer, chegou a firmar convênio com o Ministério da Saúde em dezembro passado. O contrato só foi desfeito após o nome da empresa aparecer nas investigações da Operação Lava Jato.

O MPF afirma que Youssef é o chefe do grupo, mandante e executor dos crimes. Os demais, a mando do doleiro, atuaram em gestão de empresas e na execução dos crimes de evasão. De acordo com a denúncia, Pereira da Costa agia como gestor das empresas controladas por Youssef. Entre os elementos de prova da lavagem, o MP cita um apartamento na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo, que Youssef comprou em 2009 com recursos de uma das empresas de fachada e que hoje vale 3.727.733,56 reais.

Petrobras
O MPF começou a apresentar na tarde desta quarta-feira as denúncias contra os demais suspeitos investigados na Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de lavagem de dinheiro de mais de 10 bilhões de reais. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi denunciado junto com as duas filhas (Arianna e Shanni Bachmann) e os genros (Márcio Lewkowicz e Humberto Mesquita). Ele é suspeito de ter cobrado propina de fornecedores da estatal e de ter se associado a Youssef para ocultar a origem de recursos ilícitos. Seus familiares foram formalmente acusados de “embaraço à investigação penal” por ocultar e destruir documentos que seriam apreendidos em escritório do ex-diretor da Petrobras. Depois da apresentação da denúncia, o advogado de Costa, Fernando Fernandes, voltou a requisitar à Justiça que seu cliente responda ao processo em liberdade. Ele está preso desde o dia 20 de março na carceragem da superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Por Reinaldo Azevedo

 

Câmara convida Mantega e Gabrielli para explicar compra de Pasadena

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
Em mais uma tentativa de obter esclarecimentos sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou nesta quarta-feira requerimentos de convite para o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e para os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União). Gabrielli esteve na Casa há duas semanas em reunião a portas fechadas com a bancada do PT. Na ocasião, contrariou a atual presidente da estatal, Graça Foster, ao dizer que a aquisição da refinaria “não foi um mau negócio”.

Também foi aprovado convite ao ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele, que foi apontado pela presidente Dilma Rousseff como o culpado por elaborar um resumo incompleto sobre o contrato da refinaria, prestou depoimento aos deputados há uma semana. Em audiência de mais de cinco horas, o ex-diretor fez coro ao discurso de Gabrielli e saiu em defesa da compra da refinaria. O negócio abriu um rombo de 1,2 bilhão de reais nos cofres da empresa.

Adams e Mantega foram convidados para explicar as advertências que fizeram à cúpula do governo sobre ressalvas na compra da refinaria de Pasadena. Conforme revelou reportagem de VEJA, o então procurador-geral da Fazenda Nacional, Luís Inácio Adams, enviou, em 2008, ofício à Casa Civil pedindo que a ata da reunião do Conselho de Administração da Petrobras incluísse duas ressalvas sobre a compra da refinaria de Pasadena. O pedido feito por Adams havia partido do ministro Mantega e advertia que a chamada cláusula Marlim, que previa que a sócia belga da Petrobras precisava ser beneficiada com rentabilidade de 6,9% ao ano, não havia sido alvo de deliberação pelo Conselho da estatal petrolífera. O requerimento informava ainda que a diretoria executiva da Petrobras havia aberto uma auditoria para identificar os responsáveis pela “falha de procedimento” e apurar eventuais prejuízos envolvendo a compra da refinaria. Apesar do pedido enviado à Casa Civil, o caso foi encerrado sem apuração ou punição dos responsáveis.

Embora Cerveró e Gabrielli já tenham comparecido à Câmara e adotado discurso em defesa da compra da refinaria, o Palácio do Planalto teme que o depoimento possa comprometer a presidente Dilma Rousseff, presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando a compra de Pasadena foi feita. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Gabrielli disse que Dilma “não pode fugir da responsabilidade” sobre o caso.

Nesta manhã, Graça Foster confirmou que estará na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara na próxima quarta-feira, às 10h, para falar sobre a compra da refinaria. Foster deveria falar aos deputados na tarde desta quarta, mas assessores da empresa procuraram os parlamentares para avisar que não foi possível compatibilizar a agenda e entregaram um documento oficializando a nova data. Em audiência no Senado na semana passada, Foster afirmou que a compra da refinaria “não foi um bom negócio”.

CPI
A falta de explicações contundentes sobre o negócio municia a oposição a pressionar pela criação da CPI para investigar a estatal. “Claro que o ideal, neste momento, é termos uma CPI, que tem poder de investigação e de quebrar sigilos. Mas, enquanto não conseguimos aprová-la, vamos tentar avançar nas apurações”, disse o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), um dos autores do requerimento de convite a Cerveró e Gabrielli. De acordo com o parlamentar, o ex-presidente da estatal já manifestou interesse em dar explicações.

O Congresso Nacional aguarda deliberação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o alcance da CPI – se deve ser limitada à Petrobras, a ideia original da comissão, ou se pode incluir outros temas para ser investigados, como o cartel de trens em São Paulo e a compra do Porto de Suape, em Pernambuco, conforme trabalha o governo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Copacabana em chamas. Ou: A soma perigosa de todos os equívocos. Ou: Os fundadores na antropologia da violência. Ou ainda: Imprensa, pare de chamar bandidagem de “comunidade”

Parece uma foto da Síria, mas é Copacabana, no Rio (Foto: Christophe Simon - AFP)

Parece uma foto da Síria, mas é Copacabana, no Rio (Foto: Christophe Simon – AFP)

Quando as coisas ficam muito atrapalhadas, também as palavras perdem o sentido. Vocês viram o caos em Copacabana, no Rio, que se seguiu à morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG. Em todas as reportagens que se produziram a respeito, o rapaz ganhou um aposto, uma expressão explicativa: “dançarino do programa ‘Esquenta’, de Regina Casé”. Como consequência dos confrontos, produziu-se um segundo morto:

No Globo Online, leio o seguinte (em vermelho, com destaques meus):
A morte de um dançarino, numa favela pacificada, provocou, nesta terça-feira, um violento protesto em Copacabana. A Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, teve o trecho entre as ruas Almirante Gonçalves e Sá Ferreira completamente interditado após virar praça de guerra, com barricadas montadas com fogo. A confusão, que também provocou o fechamento do Túnel Sá Freire Alvim, da Rua Raul Pompeia, de lojas e de um dos acessos à estação do metrô da General Osório, começou após a descoberta do corpo de Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, em uma creche no Pavão-Pavãozinho. Inconformados com a morte do rapaz de 26 anos, que fazia parte do elenco do programa “Esquenta”, da TV Globo, moradores desceram para o asfalto e, acusando policiais da UPP de terem espancado Douglas, começaram o tumulto, por volta das 17h30m, provocando pânico na região e atrapalhando a volta para casa dos trabalhadores que não emendaram o feriadão. Parte da comunidade ficou sem luz. O Batalhão de Choque da PM e o Corpo de Bombeiros foram para o local, assim como policiais do 23º BPM (Leblon). Com o reforço no policiamento, começou um intenso tiroteio dentro da comunidade, por volta das 18h30.”

Há coisas que não entendo, por mais que tentem me explicar. Há coisas com as quais não me conformo, por mais que tentem vender como corriqueiras. Há coisas que ofendem a minha inteligência, por mais que tentem demonstrar que são normais.

Se a favela está “pacificada”, como diz o Globo Online, como é que se explica a guerra? Nesse caso, o vocábulo “pacificada” quer dizer o quê, já que, obviamente, paz não é? Eu sei: quer dizer apenas que a UPP, a tal Unidade de Polícia Pacificadora, lá se instalou. Então por que não somos todos, na imprensa, mais precisos? Em vez de “pacificada”, podemos dizer que a área está dotada de uma UPP. E pronto! Não se ofendem nem os fatos nem o dicionário.

Há mais: leio no texto, também, que, às 18h30, começou um “intenso tiroteio”. Mas esperem aí: a tal revolta não era de moradores, da comunidade? Desde quando trabalhadores, pessoas normais, comuns, enfrentam a polícia a tiros? Não resta evidente que a reação foi, então, organizada pelo tráfico de drogas, não pela população? Você que me lê aí no Rio, em São Paulo, onde quer que seja: se a gente fizer de conta que o que aconteceu não aconteceu, a realidade muda? Mais: é possível haver um grupo organizado que enfrenta a polícia a bala numa “comunidade pacificada”?

Acusações contra a polícia
Ninguém sabe o que aconteceu direito. O laudo feito pelo IML indica que Douglas Rafael da Silva Pereira morreu em razão de “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”. Segundo o comando da UPP, haveria ainda fraturas no corpo, compatíveis com uma queda.

Ocorre que se espalhou rapidamente o boato de que ele teria sido assassinado pela Polícia. Na madrugada de terça, nesta dita “comunidade pacificada”, para falar em carioquês — em português, quer dizer “favela com UPP — houve um tiroteio entre policiais e traficantes. Quando a Polícia Civil chegou para fazer a perícia, encontrou o corpo de Douglas. O fato de ele trabalhar no programa de Regina Casé, obviamente, amplificou o boato e a reação. Carlos Henrique Júnior, que a imprensa chama de líder comunitário — seja lá o que isso signifique —, postou numa rede social que o rapaz tinha sido morto pela polícia. O resto vocês já conhecem. Durante o confronto na noite desta terça, um outro homem levou um tiro na cabeça e morreu.

A polícia pode ter sido a responsável? Pode, sim, é claro! O histórico não é dos melhores. Mas há elementos suficientes para que se chegue a essa conclusão agora? É claro que não! A polícia tem de apurar obsessivamente esse caso e punir exemplarmente o culpado, seja quem for, de farda ou não. Mas estará cometendo um erro terrível se não for atrás daqueles que organizaram a baderna.

Desculpem: tenho apreço pelas palavras. Acho que a precisão deve ser uma obsessão do jornalismo, o que descarta a demagogia politicamente conveniente. Notem que não uso a expressão “politicamente correta”. Aliás, eu vou bani-la do meu vocabulário. Doravante será mesmo “politicamente conveniente”, que corresponde à escolha da imprecisão para não ficar mal com grupos influentes.

“Comunidade” não enfrenta a polícia a tiros. Também não sai botando fogo em bens públicos nem fazendo barricadas. Isso é coisa de bandido, própria de áreas que ainda estão submetidas à ditadura do crime organizado e que, portanto, pacificadas não estão.

A imprensa precisa parar de glamorizar ações criminosas, chamando-as de reação popular. Povo gosta de ordem. Quem gosta de desordem é bandido e subintelectual do asfalto, metido a intérprete do pobres. Em São Paulo, eles existem também às pencas. No Rio, no entanto, essa gente do miolo mole se considera fundadora de uma nova antropologia.

Quanto mais as teses desses iluminados triunfam, mais a violência se alastra. A bandidagem sorri.

Cadeia para os assassinos de Douglas! E cadeia para os que promoveram a baderna. O que lhes parece?

Por Reinaldo Azevedo

 

O terror está nas ruas, mas não está previsto em lei. À beira da Copa do Mundo

Ônibus incendiados em Osasco. Parece coisa de país em guerra? Mas estamos em guerra (Foto: Marcelo Sayão/Efe)

Ônibus incendiados em Osasco. Parece coisa de país em guerra? Mas estamos em guerra (Foto: Marcelo Sayão/Efe)

Na madrugada desta terça, bandidos incendiaram 34 ônibus que estavam na garagem da empresa Urubupungá, em Osasco, em São Paulo. Desde o começo do ano, já são 117 os veículos incendiados na Grande São Paulo. Essa modalidade de crime, se vocês prestarem atenção, se espalhou Brasil afora. Deu enchente? Queimam-se ônibus. Faltou água? Queimam-se ônibus. A polícia prende ou mata um traficante? Queimam-se ônibus. Há uma reintegração de posse? Queimam-se ônibus. A imprensa, especialmente a TV, mostra aquela linda fogueira e ainda costuma, vamos dizer assim, entender as razões de bandidos, que são chamados de “manifestantes”. Não há polícia que dê conta. Ainda que fosse possível pôr um PM em cada veículo, ele nada poderia fazer. A ação costuma mobilizar bandos.

No caso de Osasco, um traficante foi morto numa praça com 24 tiros. A polícia suspeita de ajuste de contas entre quadrilhas. Que se apure a autoria. O ponto é outro. Um grupo, em sinal de protesto, ora vejam!, resolveu invadir a garagem da Urubupungá e pôr fogo em 34 veículos de uma vez só. Vinte e um foram completamente destruídos. A polícia prendeu Edison Silva, de 19 anos, irmão gêmeo de Edmilson Silva, o rapaz assassinado. Ele foi reconhecido como integrante do bando incendiário e também aparece em câmeras de segurança.

Muito bem! Qual é o ponto? O Brasil chegará à Copa do Mundo sem ter uma lei que puna duramente ações dessa natureza. O mais impressionante, e já disse isso aqui, é que existe legislação para pôr esses bandidos na cadeia por muitos anos: chama-se Lei de Segurança Nacional, a 7.170, de 1983.
Art. 15 – Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
§ 1º – Se do fato resulta:
a) lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade;
b) dano, destruição ou neutralização de meios de defesa ou de segurança; paralisação, total ou parcial, de atividade ou serviços públicos reputados essenciais para a defesa, a segurança ou a economia do País, a pena aumenta-se até o dobro;
c) morte, a pena aumenta-se até o triplo.

Por essa lei, os vagabundos que põem fogo em ônibus podem ficar presos até 20 anos. Se alguém morrer, como já aconteceu, até 30. Por que essa lei não é acionada? Por covardia das autoridades e por causa da patrulha politicamente conveniente da imprensa, que diz ser essa uma lei da ditadura. Todo o Código Penal brasileiro foi aprovado durante a ditadura do Estado Novo. Vamos declarar a sua nulidade?

No Congresso, está parado o Projeto de Lei nº 499 que define o crime de terrorismo — entre eles, o ataque a meios de transporte, o que poderia render de 8 a 20 anos de cadeia. O governo Dilma chegou a flertar com o apoio, mas recuou. A gritaria contra o texto começou no próprio PT. Por quê? Porque não seria difícil caracterizar certas ações do MST como… terroristas. Setores da imprensa também chiaram. Em recente entrevista a blogueiros puxa-sacos, Lula criticou a proposta.

Resultado: os bandidos estão por aí, livres, leves e soltos, prontos a incendiar mais ônibus. O Brasil é a única democracia do mundo que não tem uma lei que puna ações terroristas. Não tem porque o PT não quer. Mas que se note: existe, sim, legislação para pôr esses bandidos atrás das grades por muitos anos. Mas ela também não é aplicada. País que se nega a fazer as leis de que precisa e que não aplica aquelas que já tem, infelizmente, acaba refém de bandidos.

Por Reinaldo Azevedo

 

A globalização do PT – Pizzolato depõe na Justiça italiana sobre relações com um pilantra que é operador de Berlusconi

Pô, a turma tem mesmo, como posso dizer?, dimensão internacional, né? Henrique Pizzolato, o mensaleiro que se mandou do Brasil, andou se relacionando com um bandido que serviu a Silvio Berlusconi, na Itália. Vejam como as coisas vão se encaixando. Leiam o que vai na VEJA.com. Volto em seguida.

Na VEJA.com:
O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato prestou depoimento à Justiça da Itália sobre suposto envolvimento com o italiano Valter Lavitola, conhecido como operador do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi. Investigações conduzidas pela Justiça italiana apontam que Henrique Pizzolato mantinha uma “relação estreita” com Lavitola, que já morou no Brasil e hoje está preso nas proximidades de Nápoles. Os indícios apontam para a existência de “negócios conjuntos” que envolveria interesses de empresas de telecomunicações italianas no Brasil.

Pizzolato foi condenado no julgamento do mensalão no Brasil, mas fugiu para a Itália antes de ser detido. Em fevereiro, ele foi capturado em Maranello, após entrar no país europeu com documentos de um irmão morto há mais de trinta anos. Por envolvimento com o mensalão, ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a pena de doze anos e sete meses de prisão pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.

As conexões entre Pizzolato e Lavitola apareceram depois da prisão do brasileiro em fevereiro. O mensaleiro foi interrogado no fim do mês passado, quando ele já estava preso, aguardando o processo de extradição para o Brasil. Autoridades brasileiras foram informadas sobre o depoimento.

Segundo a Justiça italiana, a apuração está “apenas começando” e Pizzolato deve ser ouvido novamente nos próximos dias. Integrantes da Interpol não detalharam se Pizzolato foi ouvido como testemunha ou investigado.

Operador
Lavitola foi acusado pela Justiça italiana de ter facilitado uma série de esquemas financeiros comprometendo Berlusconi, que acaba de ser condenado a trabalhos sociais por causa dos processos nos tribunais. O italiano fugiu para o Panamá, depois de ser indiciado em 2011. Mas se entregou em 2012 e retornou a Roma.

Ex-editor do jornal Avanti, Valter Lavitola é acusado de ter pago 24 milhões de dólares em propinas a autoridades do Panamá para que o governo do país fechasse um acordo para a compra de radares e outros equipamentos militares da gigante industrial italiana Finmeccanica. Lavitola também foi acusado de extorsão contra Berlusconi, supostamente exigindo 5 milhões de euros por seu silêncio em relação às atividades do ex-primeiro-ministro italiano.

O suspeito também é apontado pela Justiça italiana como frequente hóspede da Vila Certosa, a casa de verão de Berlusconi onde festas polêmicas – conhecidas como “bunga-bunga” – eram organizadas. O italiano era ainda sócio do empresário da cidade de Bari, Giampaolo Tarantini, que admitiu perante os juízes ter contratado prostitutas de luxo para as festas de Berlusconi.

Os advogados de Pizzolato na Itália não se pronunciaram sobre o depoimento dele, e os defensores de Lavitola não foram localizados.

Encerro
Bonito isso. É o PT demonstrando que entende o sentido da palavra “globalização”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Congresso

Perguntou, ouviu

Ameaça de renúncia

Alvo do Conselho de Ética

André Vargas quis ouvir da boca de Henrique Eduardo Alves o que seria do seu futuro político na Câmara. Mais especificamente, a dúvida era: caso renunciasse, se livraria do processo aberto no Conselho de Ética para investigar suas escusas relações com o doleiro Alberto Youssef?

Vargas ligou para Henrique Alves na quinta-feira. Ouviu o que Henrique Alves repetiu ontem à imprensa. Ou seja, agora já era. Com ou sem renúncia, o colegiado vai apurar as negociatas do petista e seu amigo Youssef.

Por Lauro Jardim

 

Economia

Balança problemática

balança

2014 ainda no vermelho

Em abril, a balança comercial brasileira está melhor do que no primeiro trimestre, mas não o suficiente para virar o jogo. Até agora, a balança está superavitária em 97 milhões de dólares. No ano, no entanto, o vermelho é de 5,9 bilhões de reais.

Por Lauro Jardim

 

Economia

Em queda

reservatorio

Níveis baixos

O mês de abril, tradicionalmente chuvoso, está quase no fim, mas os níveis dos reservatórios estão cada vez mais baixos. Justamente no período do ano que deveriam estar transbordando.

De acordo com Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os níveis dos reservatórios entre 1º de janeiro e 21 de abril caíram 12,7% no Sul do país e 5,53% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Só no Norte e Nordeste houve uma melhora nos índices – subiram, respectivamente, 41,65% e 9,61%.

Por Lauro Jardim

 

Opinião

Reynaldo-BH: ‘Resista, deputado!’

REYNALDO ROCHA

O ainda deputado André Vargas parece ter renunciado à renúncia. Nem a pressão dos próceres do PT o demove da tentativa de usufruir, até o último momento, das benesses que o cargo lhe dá.

Nada de novo, como sempre acontece com o PT. Ou alguém se esqueceu da renúncia irrevogável que durou um dia de Aloizio Mercadante?

Vargas prefere sangrar em praça pública, num repugnante espetáculo de apego ao cargo, falta de decência e desprezo por valores morais. O PT que o embale. Que saiba o que fazer com o provocador de punhos erguidos, líder de mensaleiros e ladrões condenados. Vargas é um cadáver à espera da sepultura ─ e, como todo corpo apodrecido, é tóxico. Que seu julgamento se arraste até as eleições. Será mais um exemplo do jeito petista de governar.

Resista, deputado! Deixe claro que o PT não pode – e nem irá – fazer nada contra quem sabe muito. Nas quadrilhas, é essa a regra de ouro. Não se sinta abandonado. Erga os punhos na presença de ministros e juízes (mas cuidado com as algemas!)

Sua pretensão de fazer o sucessor na vice-presidência da Câmara é abjeta. Mas tudo é possível na Casa dos Horrores. Até a escolha do idiotizado ex-ministro Luis Sérgio.

No mais, que André Vargas seja exposto em praça pública. O DEM expulsou Demóstenes Torres e outros corruptos. O PSDB forçou Eduardo Azeredo a renunciar à presidência do partido. O PT trouxe de volta para a pocilga Delúbio Soares et caterva. Continua a ser comandado por José Dirceu, arrecadou milhões para livrar José Genoíno e companhia, criou tropas de choque para combater em defesa de João Paulo e dos aloprados de São Paulo. Por que com André Vargas seria diferente?

Somente a imagem do cadáver insepulto, apodrecendo e empesteando o ambiente, pode ser uma resposta aceitável. O cadáver cheira mal, incomoda – e o odor atinge Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha.

Resista, deputado! Sua resistência tem sido didática: mostra COMO o PT lida com um bandido pego em flagrante.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, de VEJA

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, num exército de malfeitores sempre há a possibilidade, de algum soldado rebelar-se.

    Devemos incentivar o deputado André Vargas cumprir a sua fala: Agora, vou até o fim!

    Parafraseando aquela máxima portuguesa:

    "O PT SUBIU NO TELHADO". ...."E VAMOS EM FRENTE"! ! ! ....

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