A REPORTAGEM-BOMBA DE VEJA: O EMPREITEIRO CONTA TUDO – Renuncie, Dilma! Faça ao menos um bem ao Brasil. Ou aguarde o impeachment

Publicado em 28/06/2015 19:01
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

A REPORTAGEM-BOMBA DE VEJA: O EMPREITEIRO CONTA TUDO – Renuncie, Dilma! Faça ao menos um bem ao Brasil. Ou aguarde o impeachment, o que vai custar mais caro aos pobres

Abre VEJA - Revelações de Pessoa

A economia vai mal. Muito mal. Mas a política está muito pior. É discutível se a crise econômica piora a política, mas é certo que a crise política piora a economia. É a fraqueza do governo que dá as cartas. Dilma não sabe o que dizer, o que fazer, o que anunciar. E, um ano e três meses depois de iniciada a operação Lava Jato — depois de muitos desacertos, ainda em curso, protagonizados também pela Procuradoria-Geral da República, sob o comando de Rodrigo Janot, e pelo juiz Sergio Moro —, eis que cai a máscara, eis que a verdade se desnuda:UMA VERDADEIRA MÁFIA TOMOU CONTA DO ESTADO BRASILEIRO. E ELA PRECISA SER TIRADA DE LÁ PELA LEI.

Vá à banca mais próxima e adquira um documento: a edição desta semana da revista VEJA. Em 12 páginas, você lerá, no detalhe, como atuou — atua ainda? — a máfia que tomou conta do Brasil e como se construiu o establishment político que nos governa. O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e ex-amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu contar tudo. Ficou preso mais de cinco meses. Só fez o acordo de delação premiada depois de ter deixado a cadeia. ESTE BLOGUEIRO FALASTRÃO, COMO LULA ME CLASSIFICOU NO CONGRESSO DO PT, SENTE-SE, DE ALGUM MODO, VINGADO. Vingado também contra as hostes da desqualificação e do cretinismo da esquerda e da direita burra e desinformada. NÃO HÁ NEM NUNCA HOUVE CARTEL DE EMPREITEIRAS, COMO SEMPRE SUSTENTEI. O QUE SE CRIOU NO BRASIL FOI UMA ESTRUTURA MAFIOSA DE ACHAQUE.

É claro que as empreiteiras praticaram crimes também. Mas não o de formação de cartel. Insistir na tese do cartel CORRESPONDE A NEGAR A ESSÊNCIA DO MODELO QUE NOS GOVERNA.

Achaque Edinho

O achaque
VEJA teve acesso ao conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, homologada pelo ministro Teori Zavascki. É demolidor. Segue, em azul, um trecho do que vai na revista:

Em cinco dias de depoimentos prestados em Brasília, Pessoa descreveu como financiou campanhas à margem da lei e distribuiu propinas. Ele disse que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da República. Foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com ela também que garantiu o repasse de 3,2 milhões de reais a José Dirceu, uma ajudinha providencial para que o mensaleiro pagasse suas despesas pessoais.

A UTC ascendeu ao panteão das grandes empreiteiras nacionais nos governos do PT. Ao Ministério Público, Pessoa fez questão de registrar que essa caminhada foi pavimentada com propinas. O empreiteiro delatou ao STF essas somas que entregou aos donos do poder, segundo ele, mediante achaques e chantagens. Relatou que teve três encontros em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro de Comunicação Social.

Nos encontros, disse, ironicamente, ter sido abordado “de maneira bastante elegante”. Contou ele: “O Edinho me disse: ‘Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando”. A abordagem elegante lhe custou 10 milhões de reais, dados à campanha de Dilma. Um servidor do Palácio chamado Manoel de Araújo Sobrinho acertou os detalhes dos pagamentos (…).

Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais cada um, em 5 e 30 de agosto de 2014. Depois dos pagamentos, Sobrinho acertou com o empreiteiro o repasse de outros 5 milhões para o caixa eleitoral de Dilma. Pessoa entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes.
(…)

Retomo
Edinho, claro, nega. Será preciso agora saber quem é o tal Manoel Araújo Sobrinho, que tem de ser convocado pela CPI nas primeiras horas da segunda-feira. Ricardo Pessoa sempre foi considerado o homem-bomba do caso, muito especialmente por Lula e pelo Palácio do Planalto. Ele é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como o coordenador do “Clube do Bilhão”. O nome é meio boboca, e duvido que tenha existido algo parecido. Mas é inegável que ele exercia uma espécie de liderança política entre os empresários.

Escrevi aqui umas quinhentas vezes que INSISTIR NA TESE DO CARTEL CORRESPONDIA A NEGAR A NATUREZA DO JOGO. Empresas, quando se cartelizam, fazem uma vítima do outro lado. Sim, as vítimas da roubalheira são os brasileiros, é inegável. Mas, do outro lado da negociação com as empreiteiras, estava a Petrobras, a contratadora única, que determinava os preços, e no comando da empresa, a máfia que tomou conta do governo e impunha as suas vontades.

Achque caneco

Máfia cachaceira
Quando falo em máfia, não forço a mão nem recorro a uma figura de linguagem. Havia até senha secreta para entregar dinheiro aos petistas, segundo Ricardo Pessoa. As palavras, nem poderia ser diferente, referem-se, vamos dizer, ao universo alcoólico. Tudo compatível com um Poderoso Chefão chamado “Brahma”. Leiam esta passagem da reportagem, em que o empreiteiro conta como era entregue O DINHEIRO VIVO AO TESOUREIRO DA CAMPANHA DE LULA, EM 2006.

Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, a UTC contribuiu com 2,4  milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje trabalha como secretário de Saúde da cidade de São Paulo.

Para viabilizar a entrega do dinheiro e manter a ilegalidade em segredo, o empreiteiro amigo de Lula e o tesoureiro do presidente-candidato montaram uma operação clandestina digna dos enredos rocambolescos de filmes sobre a máfia. Pessoa contou aos procuradores que ele, o executivo da UTC Walmir Pinheiro e um emissário da confiança de ambos levavam pessoalmente os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha presidencial de Lula. Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local, a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário.

Ao chegar com a grana, Pessoa dizia “tulipa”. Se ele ouvia como resposta a palavra “caneco”, seguia até a sala de Filippi Júnior. A escolha da senha e da contrassenha foi feita por Pessoa com emissários do tesoureiro da campanha de Lula numa choperia da Zona Sul de São Paulo. Antes de chegar ao comitê eleitoral, a verba desviada da Petrobras percorria um longo caminho. Os valores saíam de uma conta na Suíça do consórcio Quip, formado pelas empresas UTC, Iesa, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que mantém contratos milionários com a Petrobras para a construção das plataformas P-53, P-55 e P-63.

Em nome do consórcio, a empresa suíça Quadrix enviava o dinheiro ao Brasil. A Quadrix também transferiu milhares de dólares para contas de operadores ligados ao PT. Pessoa entregou aos investigadores as planilhas com todas as movimentações realizadas na Suíça. Os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presidente Lula foi beneficiado diretamente pelo petrolão.

Até agora, as autoridades tinham informações sobre as relações lucrativas do petista com grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas nada comparável ao testemunho e aos dados apresentados pelo dono da UTC. Depois de deixar o governo, Lula foi contratado como palestrante por grandes empresas brasileiras. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que ele recebeu cerca de 3,5 milhões de reais da Camargo Corrêa. Parte desse dinheiro foi contabilizada pela construtora como “doações” e “bônus eleitorais” pagos ao Instituto Lula. Conforme revelado por VEJA, a OAS também fez uma série de favores pessoais ao ex-presidente, incluindo a reforma e a construção de imóveis usados pela família dele. UTC, Camargo Corrêa e OAS estão juntas nessa parceria. De diferente entre elas, só as variações dos apelidos, das senhas e das contrassenhas. “Brahma”, “tulipa” e “caneco”, porém, convergem para um mesmo ponto.

Vaccari pixuleco

Pixuleco
Leiam a reportagem da VEJA. Ao longo de 12 páginas, vocês vão constatar que o país foi literalmente assaltado por ladrões cínicos e debochados. João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT que foi objeto de um desagravo feito pela Executiva Nacional do partido na quinta, depois de um encontro de Rui Falcão com Lula, chamava a propina de “pixuleco”. Segue um trecho.

O empreiteiro contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Por orientação do então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, um dos presos da Operação Lava-Jato, Pessoa passou a tratar das questões financeiras da quadrilha diretamente com o tesoureiro. A simbiose entre corrupto e corruptor era perfeita, a ponto de o dono da UTC em suas declarações destacar o comportamento diligente do tesoureiro: “Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que o Vaccari aparecia para lembrar: ‘Como fica o nosso entendimento político?’”. A expressão “entendimento político”, é óbvio, significava pagamento de propina no dialeto da quadrilha. Aliás, propina não.

Vaccari, ao que parece, não gostava dessa palavra. Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais “entendimentos políticos”. João Vaccari era conhecido pelos comparsas como Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo frequentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava “as comissões” na empresa sempre nos sábados pela manhã.

Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9º andar do prédio, falava amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o “pixuleco”. Assim, a reunião terminava com a mochila do tesoureiro cheia de “pixulecos” de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: “Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes”. Foi tudo filmado.

Retomo
Aí está apenas parte dos descalabros narrados por Ricardo Pessoa. E agora? Até havia pouco, parecia que o petrolão era fruto apenas de empresários malvados, reunidos em cartel, que decidiram se associar a três funcionários corruptos da Petrobras — tese de Dilma, por exemplo — e a alguns parlamentares, a maioria de segunda linha, para roubar o país. Faltava o cérebro dessa operação, que sempre esteve no Poder Executivo.

Eis aí. Nunca houve cartel. Eu estava certo! O depoimento de Ricardo Pessoa — que não se deixou constranger pela prisão preventiva e que, tudo indica, confessou o que quis, não o que queriam ele confessasse — REVELA A REAL NATUREZA DO JOGO.

Ainda não terminei. Em outro post, vou chamar Rodrigo Janot e o juiz Sergio Moro para um papinho sobre lógica elementar.

Leia na revista:
Achaque 15 milhões

Achaque Gim Argello

achaque Dirceu

achaque TCUAchaque Collor

Achaque Mercadante

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Por Reinaldo Azevedo

 

Desembargador nega habeas corpus a Marcelo Odebrecht em decisão que só engrossa a polêmica sobre o caráter da prisão preventiva e seus motivos

O desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeitou neste sábado o pedido de habeas corpus do empresário Marcelo Odebrecht. A íntegra de sua decisão está aquiE, bem, só pode opinar com qualidade quem a ler.

Algo de reiteradamente estranho está acontecendo com a Operação Lava Jato. Quando os tribunais analisam pedidos de habeas corpus,  deixam de lado o conteúdo do Artigo 312 do Código de Processo Penal e passam a fazer uma análise de mérito da culpa do preso. E, insisto, é preciso ler o documento. Gebran Neto cita, sim, o aludido artigo, que relembro:
“Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.”

Na sua longuíssima decisão, o desembargador se ocupa de evidenciar aquelas que ele considera as culpas da Odebrecht — ainda que ele diga, claro!, que esse é um exame preliminar. O que não encontro no texto é a demonstração de que a prisão é necessária para manter a ordem pública ou econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.

Gebran Neto se contenta em demonstrar a existência do crime — e, nesse caso, ele faz um resumo do que a operação Lava Jato colheu até agora. Ao tratar do indício suficiente de autoria, ele se limita a evocar a teoria do domínio do fato. E pronto.

Pela undécima vez, destaco: ao se decretar uma prisão preventiva — de qualquer pessoa — ou ao se analisar um pedido de habeas corpus, faz-se necessário demonstrar a necessidade com base em ao menos uma daquelas quatro hipóteses:
– ameaça à ordem pública;
– ameaça à ordem econômica;
– conveniência da instrução criminal;
– assegurar a aplicação da lei.

E isso não foi demonstrado. O desembargador se limitou a comprar a tese de Sergio Moro: “O risco de reiteração, de reorganização do grupo criminoso, da prática de atos semelhantes em outros contratos que mantém com o setor público está justificar que os principais responsáveis permaneçam segregados”. E aí estaria, então, o risco à ordem pública.

Ou nos termos já expressos por Moro: a Odebrecht teria de romper todos os contratos que mantém com o setor público para que o presidente do grupo pudesse ser posto em liberdade.

A ser assim, então a ordem pública, neste momento, está ameaçada, com ou sem Marcelo Odebrecht na cadeia. Ou outros não poderiam cometer delitos? Por isonomia, pense-se o seguinte: fosse ele um banqueiro, seu banco teria de ser liquidado para que saísse da cadeia. É evidente que não dá para concordar com isso.

Na fase certa do processo, evidenciada a culpa do empresário, que seja punido. Eu estou cuidando aqui — reafirmando a posição de sempre, ao longo de nove anos de blog — das causas que justificam a prisão preventiva e dos motivos que levam à concessão de um habeas corpus.

Eu sei que a opinião que agrada a muita gente hoje é outra. Mas essa é a minha. E sempre foi assim, pouco importando operação ou pessoa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula mobilizou ministro do TCU contra… o governo Dilma! Ação é parte de sua tentativa de se descolar do governo

Vejam isto.

Lula sabotador

No dia 4 de março, escrevi um post em que afirmava que Lula era o principal agente sabotador do governo Dilma. Voltei ao ponto no dia 27 de maio. 

Leio em reportagem de Marina Dias, na Folha, que o Babalorixá de Banânia, em pessoa, estimulou José Múcio Monteiro, o ministro do TCU que é o relator das contas do governo Dilma, a cobrar explicações sobre as pedaladas fiscais. Múcio foi líder de Lula na Câmara e depois ministro das Relações Institucionais. Quando o ministro se manifestou sobre as manobras contábeis, muita gente estranhou. Houve até quem comentasse que o ex-conservador, convertido ao lulismo, já estava mudando de barco. Parece que a coisa não era bem assim.

Sim, é claro que as pedaladas existiram e que Dilma tem de se explicar. Mais: pedisse Lula a Múcio ou não que enroscasse com as contas, o ministro tinha o dever funcional de fazê-lo. Mas que tenha estimulado… Ah, meus caros, aí é sabotagem da brava mesmo.

Não é a primeira vez que ele puxa o tapete de Dilma, mas é, sim, a primeira que o faz por puro sentimento de vingança. Lula comandou a reação dos petistas ao ajuste fiscal e à terceirização e estimulou as alas sindicais do partido a votar pelo fim do fator previdenciário. Vá lá: ainda que estivesse sabotando Dilma, pode-se argumentar que ele estava tentando recuperar um pouco do espírito do velho petismo.

Nesse caso da pedalada, é diferente. O PT não ganha nada com isso. A sugestão não serve de grito de guerra a unir as esquerdas. Então pra quê? Ora, isso faz parte do esforço de se descolar do governo, procurando circunscrever as dificuldades de Dilma à sua própria gestão. Segundo informa a Folha, ao perceber que a questão tomou uma proporção muito maior do que um simples susto, Lula recuou. Mas o estrago já estava feito.

O Poderoso Chefão do petismo também estimula a formação de uma frente de esquerda. Neste sábado, reuniram-se em São Paulo partidários do PT, do PSOL e do PCdoB e representantes de movimento sociais. Segundo consta, trata-se de uma tentativa de articular uma reação ao suposto avanço de forças conservadoras no país. Na prática, é Lula tentando viabilizar a sua candidatura em 2018, descolado tanto quanto possível de Dilma — na hipótese, claro!, de que ela fique até o fim, coisa na qual muita gente não aposta.

Ora, criada tal frente, é claro que um dos alvos acabará sendo o próprio governo. Eis aí: o criador agora quer matar a sua criatura.

Por Reinaldo Azevedo

 

O uso de senhas como ‘tulipa’ e ‘caneco’ informa que os devotos do ‘Brahma’ inventaram a cautela de altíssimo risco

Lula-Brahma

É sempre assim. Tão logo se descobre que outra reportagem de VEJA vai reiterar que sábado é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, recomeça a apresentação da ária mais enfadonha da Ópera dos Malandros. O elenco da peça produzida, dirigida e estrelada por Lula volta ao palco para convencer a plateia de que verdade é mentira.

Tem sido assim desde a descoberta do Mensalão em meados de 2005. De lá para cá, os canastrões em cena capricham na pose de vítima e repetem as mesmas falas. Os culpados são inocentes. O xerife é o vilão. É tudo invencionice da imprensa reacionária a serviço da elite golpista. O que parece comissão é uma contribuição financeira espontânea e legal. Os responsáveis pela infâmia serão imediatamente processados. E tome conversa de 171.

Não poderia ser diferente neste fim de semana especialmente pressago para celebrantes de missa negra. Apavorado com a reportagem de capa de VEJA, que enfileirou em 12 páginas a essência dos depoimentos prestados pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, o rebanho que acompanha o sinuelo sem rumo nem esperou pela chegada às bancas da presente edição da revista para balir em coro que está em curso mais uma trama sórdida contra o PT.

Como confiar na palavra de um bandido confesso, e ainda por cima delator?, recitam os filiados ao partido que virou bando. Para a companheirada, só é criminoso um parceiro de maracutaias que, em troca dos benefícios reservados aos que aceitam colaborar com a Justiça, decide contar o que fez, revelar o que sabe e identificar os comparsas. É o caso de Pessoa. Até recentemente um generoso amigo de Lula, agora é o inimigo número 1 dos embusteiros no poder.

Coerentemente, os lulopetistas insones com o ruído do camburão enxergam  guerreiros do povo brasileiro em todos os delinquentes que se mantêm de boca fechada — só abrem o bico para mentir. Nada fizeram de errado. Como não aconteceram os crimes que cometeram a mando e sob a proteção dos chefões, não há nada a confessar.

Quem opta pelo silêncio mafioso, como Delúbio Soares no caso do Mensalão ou João Vaccari Neto agora, tem vaga na confraria dos heróis de chanchada, composta por inocentes difamados e ofendidos por direitistas tão inimigos do povo que caem fora do avião ainda na pista quando um ex-pobre se instala na poltrona ao lado.

Além da desqualificação do acusador, o manual da esperteza companheira ordena o sepultamento da prova testemunhal. Se não estiver amparada em provas materiais, toda acusação deve ser rebaixada a fofoca. Para azar dos cleptocratas liberticidas, Ricardo Pessoa juntou aos depoimentos uma pilha de documentos e planilhas com extraordinário teor explosivo. E nem precisava, avisa a consistência das declarações do empreiteiro.

Os depoimentos de Pessoa confirmam que o poder de fogo da prova testemunhal é determinado pelo volume e pela qualidade dos detalhes. Neles é que mora o perigo. Afirmar que João Vaccari Neto recolhia pessoalmente a parte do PT no produto do roubo põe o acusado nas cercanias do tribunal. O banco dos réus fica bem mais próximo quando se acrescenta que a alcunha do coletor de propinas — Moch — foi sugerida pela mochila permanentemente pendurada no ombro. Saber que o tesoureiro gatuno chamava propina de “pixuleco” fecha o círculo que lembra o das algemas.

Detalhes do mesmo calibre também demoliram a piada do chefe que se mete em tudo mas nunca sabe de nada se o caso de polícia envolve parentes, amigos, ministros de confiança e outros meliantes de estimação. “Segundo Ricardo Pessoa”, lê-se na reportagem de VEJA, “a UTC deu 2,4 milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje é secretário de Saúde da cidade de São Paulo”.

As minúcias seguintes atestam que os saqueadores da Petrobras se valiam de métodos que fundiam cuidado e descuido. Ficou estabelecido que os pacotes de dinheiro seriam levados ao comitê da campanha de Lula por Pessoa, por Walmir Pinheiro, executivo da UTC, ou por um emissário ungido por ambos. “Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local”, prossegue o relato, “a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário”.

Ao chegar à cena do crime, o homem da mala deveria sacar da garganta três consoantes e três vogais: “Tulipa”, dizia. E só subia depois de ouvir a contra-senha combinada durante uma conversa no bar: “Caneco”. As duas palavras remetem a chope e cerveja. Chope e cerveja têm tudo a ver com “Brahma”. “Brahma” é o codinome de Lula em muitos emails digitados por quadrilheiros que fazem alusões ao ex-presidente. O resultado da soma da senha, da contra-senha e do codinome é a traseira de um camburão.

No Brasil Maravilha que Lula pariu e Dilma amamenta, surtos de criatividade cretina são cada vez mais frequentes. Não se deve estranhar que, entre um assalto e uma lavagem de dinheiro, os larápios do Petrolão tenham inventado o que se pode chamar de imprudência cuidadosa. Ou cautela de altíssimo risco.

(por Augusto Nunes)

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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1 comentário

  • wrauner roberto costa vila rica - MT

    ...novo povo, muito ingenuo, continua acreditando em antigos ladroes...

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