No Amapá, dinheiro público financia “oficina de siririca e chuca” (por REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 24/11/2015 02:05
O evento vai ocorrer na quinta-feira na Universidade Federal do Amapá; organizadores estão bravos porque esse importante debate gerou estupefação

Os sintomas de deterioração das instituições, nesses dias de derrocada do petismo, estão em toda parte. Custei a acreditar no que lia em reportagem do G1, mas é tudo verdade. A Universidade Federal do Amapá — e isso quer dizer que muita criança fica barriguda, com verminose, para que os valentes estudem de graça, com o nosso dinheiro, com o dinheiro dos barrigudinhos — realiza em tal III Simpósio Sobre Gênero e Diversidade.

Só se pensa nisso hoje em dia. Ou melhor: existe a tríade sagrada no neoquerdismo, que poderia ser traduzida pela sigla CAD: ânus, aborto e droga… É preciso ser um militante das três causas para ser um “progressista”. É claro que o povo não está nem aí para isso. É coisa dos donos das causas, dos militantes profissionais, dos superintendentes da opinião alheia.

Muito bem! A Unifap quer fazer o tal simpósio? Vá lá. O que surpreendeu um pouco foi a programação do dia 26, às 17h30: haverá uma, atenção!!!, “oficina de siririca e chuca”. Siririca, se não sabem, é a gíria para masturbação feminiana. E “chuca” é a lavagem anal que antecede, para quem a faz, a relação sexual.

“Oficinas”, como é sabido, costumam ser encontros em que as pessoas praticam determinados procedimentos, não é? Não se trata de uma abordagem apenas teórica.

Tão logo a coisa começou a gerar reações espantadas, os organizadores se apressaram em dizer que a informação que circulava não traduzia todo o evento (ainda bem, né?) e que a “oficina” será uma roda de conversa…

Ah, entendi. Uma roda de conversa para troca de experiências? Haverá o momento confessional na linha “minha primeira siririca?” No caso da “chuca”, haverá expositores exibindo os últimos lançamentos para a execução eficiente do procedimento? Ainda que seja só uma conversa, pergunta-se: por que o Estado tem de arcar com isso?

Notem: eu até poderia fazer aqui algumas digressões sobre o estado emocional miserável em que se encontram pessoas que aceitam esse tipo de exposição da intimidade. Não! Não falo de repressão: falo do contrário. Trato da liberdade. Falo do “habeas corpus”. Alguém que condescende com essa exposição exibicionista do corpo, ainda que falando apenas “em tese”, precisa urgentemente de ajuda. Tenho mais pena do que repulsa.

Atenção! Não há nada de restrição moralista, como poderiam supor alguns, na minha crítica. Uma “oficina” para abordar, sei lá, o sexo oral heterossexual seria igualmente estupefaciente. Não se trata de não reconhecer a diversidade, mas de chamar atenção para o fato de que a diversidade não constitui, por si, uma moralidade, uma ética, uma qualidade, um valor.

Indago: um seminário com essas características está querendo investir na tolerância ou no espírito de gueto; na diversidade ou na particularidade; na convivência com os diferentes ou na afirmação de uma identidade que só pode ser exercida entre iguais e que, por óbvio, só tolera esses iguais?

Uma nota da organização tenta se explicar, afirmando, de maneira cretina, que a “universidade é um espaço que deve ser ocupado pelos debates que não podem circular livremente pelos espaços públicos”.

Trata-se de uma visão autoritária, aparelhista, antidemocrática e fascistoide de universidade. Numa democracia, o espaço público é justamente aquele que congrega as diferenças. Essa concepção de universidade é segregacionista. A propósito: a defesa da pedofilia não “pode circular” livremente no Brasil. Deveria ser permitida na universidade?

Prossegue a nota:
“O pré-evento está agora intitulado por ‘roda de conversa chuca e siririca: um diálogo sobre o corpo, interdições e descobertas’. E o mudamos para evitar a má interpretação que vem ocorrendo. A roda de conversa é sobre nosso corpo, nossos sentidos, nossa cultura, nossos desejos, nossos controles, nossos desvios, nossas repulsas, nossos medos, nossas vigilâncias.”

Então que se vá para o divã no analista. Sem contar, não é?, que juntar “siririca” com “chuca” no mesmo seminário corre o risco de só atrair os organizadores: afinal, quem quer debater siririca, suponho, não tem muita afinidade com a turma da “chuca”, e a turma da “chuca” não deve estar muito interessada na metafísica da siririca.

Os bárbaros chegaram há 13 anos ao topo. Agora estamos sendo apresentados à sua obra.

(por REINALDO AZEVEDO)

Dilma e Cunha deixam de trocar tapas e passam aos beijos quando se encontram na bacia das almas (por Reinaldo Azevedo)

Assim, presidente da República e presidente da Câmara se asseguram e se seguram no cargo mutuamente, afrontando a legitimidade, a legalidade e a moralidade

 

“Se ele tivesse um pouco mais de visão de Brasil renunciaria ao cargo, mas, não tendo, vai ter que ser renunciado”. A frase é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao comentar a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, durante um seminário da Fundação Teotônio Vilela, ocorrido nesta segunda. Como se nota, FHC faz alusão a um movimento de deputados, de vários partidos, para que Cunha deixe a presidência da Casa.

Parlamentares do PSDB, PPS, DEM, Rede, PSOL e PCdoB planejam esvaziar a Câmara para impedir votações. Cunha comentou esse esforço de obstrução nesta segunda. “Eu fui eleito e o momento da minha eleição acabou. Naquele momento, eu tive maioria absoluta sem o PT, sem o PSOL e o PSDB. Se eles estão questionando, podem questionar à vontade. Mas a legitimidade da eleição ninguém pode tirar. Vou continuar exercendo igualzinho o que eu estava exercendo até agora”.

A resposta entra naquelas categoria das coisas que nem erradas estão. Ninguém está questionando a legitimidade da sua eleição, como ninguém questionou até hoje a de Dilma Rousseff. Ambos chegaram aos respectivos cargos legal e legitimamente. A questão é saber se continuam como as condições de garantir o exercício da legalidade e da legitimidade. E a resposta é obviamente negativa.

O presidente da Câmara passou, evidentemente, de todos os limites. As iniciativas a que recorre para impedir o avanço do processo não passam de chicanas de quinta categoria. O próximo passo será apelar à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara apontando erros formais na condução do processo no Conselho de Ética.

Até aliados seus admitem que não há como a coisa não avançar e chegar ao plenário. Ele vai tentar retardar ao máximo. Sim, ele sabe muito bem que vai ser cassado — ou será pela Câmara, o que muito provável, ou será, na prática, pelo STF, onde não há chance de não ser condenado.

Então pra que tudo isso?

Aliás, a fala de Cunha sobre a sua “legitimidade” explica por que é evidente que ele vai recusar a denúncia contra a presidente Dilma Rousseff oferecida pela oposição.

Que coisa, né? Quando Cunha era apenas o operoso presidente da Câmara, e Dilma não sentia seu próprio mandato ameaçado, os dois trocavam tapas. Só passaram a trocar beijos quando ele foi para a bacia das almas, onde com ela se encontrou.

Assim, presidente da República e presidente da Câmara se asseguram e se seguram no cargo mutuamente, afrontando a legitimidade, a legalidade e a moralidade.

Que momento lindo!

Isso tudo num país cuja economia vai afundar mais de 3% neste ano e mais de 2% no ano que vem.

(por REINALDO AZEVEDO)

 

PT só abraça Cunha e lhe dá socorro quando as lambanças do deputado vêm à luz

Incrível! Enquanto não havia nenhuma denúncia grave contra Cunha, PT o combatia. Agora eles se descobriram. E se merecem!

Há algo de absolutamente notável na relação entre o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e os petistas. Vou demonstrar. Antes, algumas considerações.

Deputados do PT se reuniram nesta segunda com os ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Jaques Wagner (Casa Civil) para tratar do caso Cunha. O busílis é o seguinte: o partido e o Planalto impuseram a linha justa aos companheiros: não é para criar caso. Deixem o homem em paz. Lula cuidou do assunto pessoalmente.

Alguns parlamentares estão descontentes. Acham que é peso demais para carregar. Ah, é mesmo, é? Petista vê o partido promover o mensalão, os aloprados e o petrolão, continua na legenda, defende os malfeitos e depois faz beicinho para o presidente da Câmara? Quem tem o Apedeuta da Silva como chefe não tem por que se escandalizar com Cunha, certo? Tenham paciência!

Pode até existir um desconforto ou outro, mas não acredito nesse papinho, não. Afinal, seria preciso que uma objeção de consciência obrigasse esses senhores a repudiar o presidente da Câmara. Mas que objeção de consciência tem quem continua petista?

E agora vamos àquele “algo absolutamente notável” a que me referi. Cunha e os petistas passaram o ano trocando farpas e, às vezes, agressões. Quando Rodrigo Janot soltou a sua lita de investigados, o presidente da Câmara a encabeçava. Ficou furioso. Viu o dedo do Planalto e anunciou seu rompimento.

Notem: nem petistas nem ninguém sabiam daquele passado assombroso de Cunha. As restrições do PT a ele não se davam no campo moral ou ético, mas apenas no ideológico. Cunha foi fundamental para a aprovação da chamada PEC da Bengala — que impedirá Dilma de nomear mais cinco ministros do Supremo caso fique até 2018 — e para enterrar a reforma política aloprada dos companheiros.

Muito bem! O PT deu início, então, a múltiplas operações para desestabilizar Cunha. O debate chegou a constantes bate-bocas.

E quando é que a pax é selada? Ora, justamente quando o deputado está mais ferrado. E não em razão das escolhas políticas que fez, e sim das lambanças.

Ora, PT e Cunha se entendem, depois de quase um ano de pancadaria, justamente quando a biografia do deputado virou uma folha corrida. É claro que isso quer dizer alguma coisa, não?

Ou por outra: o Cunha ao qual servem os petistas tem a mesma moralidade do PT. As divergências são meramente ideológicas, mas todos se igualam nos métodos.

Quem veio tratar do assunto nesta segunda? Ora, comentador universal: Edinho Silva, o ministro “Edson Antonio, ele próprio um investigado da Lava-Jato. Negou o óbvio. Assegurou que o governo não está empenhado em salvar a cabeça de Cunha.

Ah, está, sim! Não deixa de ser curioso que Edinho, que deveria estar cuidando do próprio pescoço, resolva ser a voz oficial nesse caso.

(por REINALDO AZEVEDO)

 

Ipea produz mais uma cantilena para ninar bandidos e abrir as portas das cadeias

No ano passado, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aquele órgão do governo que mantém uma sucursal na Venezuela e sustenta que o modelo econômico de Nicolás Maduro é viável e progressista, divulgou uma pesquisa estarrecedora, que fazia dos brasileiros potenciais estupradores de mulheres, incluindo as… mulheres. Segundo o IPEA, 65,1% concordavam com a frase de que uma saia curta justificava ataques a suas portadoras.

Foi um fuzuê. Notei, então, que, para que fosse verdade, a quase totalidade dos homens tinha de concordar com aquilo, claro!, mas também um número expressivo de mulheres. Bem, não era verdade. O Ipea se corrigiu. Era um erro. Só 26% concordavam com a afirmação.

Como notei à época em que se divulgou o número escandaloso, ele era incompatível com outros, revelados pela própria pesquisa: 91,4% concordavam total (78,1%) ou parcialmente (13,3%) que homem que bate na própria mulher tem de ser preso. Nada menos de 70% discordavam total (58,4%) ou parcialmente (11,6%) da tese de que mulher que é agredida e fica com o marido gosta de apanhar. Enormes 81,1% discordavam total (69,8%) ou parcialmente (12,3%) da afirmação de que a mulher que apanha deve se calar para preservar os filhos. Mesmo diante de tais dados, o Ipea não percebeu que seus números sobre a minissaia estavam errados.

E por que não? Porque existe uma diferença entre pesquisar e descobrir o que está na realidade e torcer os dados para adaptar essa realidade a uma tese.

Agora vem a público um novo estudo do Ipea. Segundo informa a VEJA.com,  o instituto aponta que “o Brasil continuará apresentando altas taxas de violência até 2023. A perspectiva se baseia em uma lista de ‘tendências que dificilmente serão revertidas’ em oito anos, como a alta desigualdade social, o fácil acesso a arma de fogo, o avanço da criminalidade no interior do país, a baixa confiança na polícia, o problema de governança na segurança pública, entre outros motivos. A consideração foi feita no relatório intitulado de ‘Violência e segurança pública em 2023: cenários exploratórios e planejamento prospectivo’, divulgado nesta segunda-feira.”

Bem, o problema já está dado no enunciado, que atribui como principais causas da violência a desigualdade social, o fácil acesso à arma de fogo, a baixa confiança na polícia etc.

Notem o método da pesquisa: os doutores selecionam aqueles que acreditam ser o fatores que induzem a violência, afirmam que eles não serão brevemente corrigidos e, com base nisso, tiram suas conclusões. Bem, e por que assim seria até 2023, quando haveria estagnação ou reversão? Bem, vai ver aqueles fatores passarão por alterações.

É uma falácia em sentido técnico: trata-se de uma conclusão verossímil com base em raciocínio falso. A violência no Brasil explodiu no Nordeste, região do país que mais cresceu nos últimos dez anos e onde se diz ter havido redução da desigualdade. O Ipea está obrigado a provar em que medida a desconfiança na ação da polícia – que coisa boa não é – faz aumentar a criminalidade. Se os indivíduos sitiados pelo crime nos morros do Rio, por exemplo, confiassem mais na polícia, conseguiriam se libertar de seus algozes? Como?

Calma! O estudo tem um objetivo: produzir proselitismo. Informa a VEJA.com:
“O estudo também conclui que o endurecimento da legislação penal, diante das medidas que vem sendo propostas no Congresso, não deve diminuir o índice de criminalidade. ‘A opção por uma política mais repressiva, punitivista e encarceradora (…) e maior utilização da prisão pode diminuir a nossa liberdade e aumentar a exclusão, sem reduzir as taxas de criminalidade’, diz o texto. O relatório também ressalta que a repressão policial direcionada à população mais vulnerável cria ‘um sentimento generalizado de injustiça’, o que afasta a polícia dessas comunidades. O Ipea também critica o que chama de “encarceramento em massa”, dizendo que esse processo ‘facilita o recrutamento do jovem no negócio do crime organizado, além de permitir um aprendizado das tecnologias criminosas, cujo resultado retorna às ruas’”.

O vocabulário é típico do sociologês mixuruca na esquerda bocó. Se a política mais repressiva não é boa, então a menos há de ser. Aí é preciso provar. Vejam no que deu a política de segurança pública do Rio, que:
a: não investiu na punição;
b: não investiu no encarceramento;
c: investiu na integração da polícia à comunidade sem reprimir o pequeno tráfico.

Quem disse que há uma política “encarceradora” no Brasil? A ideia de que se prende demais no país é uma piada grotesca. Que, de resto, desafia a realidade: a taxa de homicídios nos estados brasileiros é inversamente proporcional à de presos. Ou por outra: nos Estados em que se prende mais, mata-se muito menos; nos Estados em que se prende menos, mata-se muito mais. O Mapa da Violência deixa isso muito claro, com um desvio ou outro da evidência, que só confirma a relação inversamente proporcional entre uma coisa e outra.

O estudo do Ipea não serve pra nada. É pura ideologia rombuda. Segundo consta, foi produzido com a participação de pesquisadores do instituto e com a colaboração do Ministério da Justiça. Pé de jaca não produz maçãs, não é mesmo?

O petismo não tem como explicar a carnificina em que se transformou o país em sua gestão e agora busca culpar aqueles que acham que lugar de bandido é na cadeia.

Bem, não me estranha que muitos deles possam achar que lugar de bandido é no governo, nas estatais, nos ministérios e concedendo entrevistas sobre o nosso futuro. O Ipea deveria estudar o impacto que a roubalheira oficial tem na formação da moralidade média do brasileiro.

(por REINALDO AZEVEDO).

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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