Atual mercado pecuário pode influenciar em um menor impacto do fogo no Pantanal
Devido ao ciclo da pecuária e os baixos preços da arroba, que estimulam a retenção de animais em propriedades rurais, na espera por uma reação do mercado, pode ser um fator de redução no impacto do fogo neste ano, apesar de estarmos em mais um ano de seca extrema. A afirmação é do presidente da ABPO - Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável do Pantanal, Eduardo Cruzetta, que destacou a importância da presença da pecuária no bioma, não apenas como atividade econômica, mas como ferramenta para mitigar os incêndios.
O presidente da Associação ministrou palestra no 1º Seminário de Prevenção aos Incêndios Florestais de Mato Grosso do Sul, realizado pela Semadesc - Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, e pelo Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de Mato Grosso do Sul (Comitê do Fogo de MS), nesta quinta-feira (22).
“Verificamos que nos últimos quatro anos, os índices pluviométricos ficaram abaixo da média. Isso nos deixa bastante receosos sobre o que pode acontecer em relação ao fogo no Pantanal. Contudo, essa retenção de gado pode tornar o manejo do fogo menos difícil, diminuindo os impactos”, aponta Cruzetta, ao lembrar que onde há pecuária, existe também um manejo e uma atenção maior naquele território, capaz de impedir a proliferação do fogo.
O presidente também descreveu um cenário sobre os registros de incêndio no bioma. “Registros de associados da ABPO, junto com registros acadêmicos, comprovam que esse volume de fogo não é recente. Uma propriedade chegou a registrar seca geral nos anos de 1936, 1937 e 1939. Isso pode ter acontecido algumas vezes na história”, afirmou o presidente da ABPO, ao reforçar dados apresentados pelo doutor em biologia vegetal da UFMS, Geraldo Alves Damasceno Júnior.
“A gente percebe que o fogo é um elemento que faz parte da paisagem do Pantanal”. Segundo o doutor, a partir das buscas em literaturas, quanto à temperatura, e imagens de satélite, entre outras técnicas, é possível afirmar que a presença do fogo analisada no bioma é de pelo menos 12 mil anos, enquanto a presença de humanos no bioma é de 8 mil anos. “Podemos considerar que já havia fogo há pelo menos 4 mil anos, antes dos humanos chegarem na região”, pontua o professor.
Entre as diversas instituições que participaram do 1º Seminário de Prevenção aos Incêndios Florestais de Mato Grosso do Sul, estava o Sistema Famasul, o Corpo de Bombeiros de MS, SOS Pantanal, Icas, Imasul, UFMS, Embrapa Pantanal e Wetlands. “A Famasul é uma das fundadoras do Comitê do Fogo, que originou nos anos 2000. Integramos a iniciativa devido à preocupação em levar esse conhecimento a respeito do uso de fogo, como ferramenta do produtor rural. Preocupado com a sustentabilidade do bioma e do manejo pecuário, o produtor é um agente que deve conhecer e dominar a prática”, finalizou Clóvis Tolentino, consultor técnico do Sistema Famasul.
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