CNC: Dólar e futuros do robusta influenciaram o comportamento dos preços do café arábica em junho

Publicado em 01/07/2015 11:55
Boletim Conjuntural do Mercado de Café — Junho de 2015 —

 

Os futuros do café arábica, negociados na ICE Futures US, encerraram junho com discreta valorização em relação ao fechamento do mês anterior. Os movimentos do dólar e das cotações da variedade robusta na ICE Futures Europe foram os principais fatores que ditaram o comportamento dos preços internacionais do arábica.

No Brasil, o dólar comercial apresentou tendência de queda ante o real ao longo de junho. No encerramento do mês, a divisa norte-americana foi cotada a R$ 3,1089, acumulando desvalorização de 2,4%, nos últimos 30 dias. As perspectivas de continuidade do aperto monetário no Brasil, as especulações sobre o momento de alta dos juros da economia dos Estados Unidos e, em menor escala, a possibilidade de “default” na Grécia foram os principais fatores que influenciaram a precificação da moeda norte-americana.

Até a semana encerrada em 23 de junho, os fundos que operam no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US mantinham elevado número de posições vendidas. Apesar da indicação de aposta na queda das cotações, o saldo líquido vendido no patamar mais elevado dos últimos 12 meses contribuiu para não incentivar novas ondas de vendas, auxiliando na sustentação das cotações do Contrato C.

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O estreitamento da arbitragem entre os terminais de Nova York e Londres também ofereceu sustentação às cotações internacionais do café arábica. Em junho, os preços futuros do robusta apresentaram valorização bem mais elevada que os do arábica. Com isso, a arbitragem entre as bolsas atingiu o patamar mais baixo dos últimos três meses, próximo a US$ 0,5.

O vencimento setembro/2015 negociado na ICE Futures Europe acumulou alta de US$ 131, sendo cotado a US$ 1.784 por tonelada no último dia do mês. Porém, a cotação média mensal, de US$ 1.762/t, foi 10,4% inferior à de junho de 2014. Os preços em patamares menores que os do ano passado têm desencorajado as vendas pelos produtores, principalmente dos vietnamitas.

O Escritório Geral de Estatísticas do Vietnã (GSO, em inglês) estima que as vendas externas no primeiro semestre de 2015 somarão 691 mil toneladas, o menor volume registrado para este período desde 2010. A retração da oferta do país asiático, aliada à quebra da safra brasileira de robusta, tem causado preocupação com a disponibilidade da variedade no curto prazo, evidenciada pelos maiores valores do vencimento julho em relação ao setembro na ICE Futures Europe.

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No entanto, apesar da redução dos volumes vendidos pelo Vietnã, os estoques certificados de robusta monitorados pela Bolsa de Londres mantiveram a tendência de alta e atingiram cerca de 3,1 milhões de sacas em junho, quase o triplo do volume contabilizado no mesmo período do ano passado.

Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C acumulou valorização de 380 pontos, sendo cotado a US$ 1,324 por libra-peso no último dia do mês. A cotação média mensal, de US$ 1,34, foi 23% inferior à do mesmo período de 2014. Porém, quando convertidas para reais, as cotações de Nova York superam o patamar médio de junho do ano passado, devido ao fortalecimento do dólar no Brasil.

Os estoques certificados de arábica da bolsa nova-iorquina apresentaram aumento de 10,75 mil sacas, encerrando o mês em 2,15 milhões de sacas. O volume estocado encontra-se em patamar 14% inferior ao observado no mesmo período do ano anterior, de 2,5 milhões de sacas.

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No mercado físico brasileiro, a comercialização continuou fraca, já que os preços se mantêm aquém das expectativas dos vendedores. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados no final de junho a R$ 417,11/saca e a R$ 307,58/saca, acumulando alta de, respectivamente, 1,8% e 6,3% no mês. Devido à maior valorização do café conilon, o diferencial de preços entre as variedades apresentou significativa redução, atingindo os menores patamares desde fevereiro de 2014. Esse cenário reflete a preocupação com a quebra de safra no Espírito Santo.

O Centro de Comércio de Café de Vitória estima que a produção capixaba de café conilon, em 2015, registrou perdas da ordem de 4 milhões de sacas, gerando impacto negativo de R$ 1,2 bilhão na economia estadual. Há expectativas de redução do volume de café exportado pelo Espírito Santo a partir do mês de agosto.

No tocante à política cafeeira, no início de junho foi publicada a Resolução BACEN nº 4.414, que oficializou e distribuiu em linhas de financiamento o orçamento recorde do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a safra 2015/16. Foram destinados R$ 4,136 bilhões para a atual temporada, montante 8,1% superior ao de 2014. Esse incremento foi puxado pela elevação dos recursos destinados às linhas de financiamento de Estocagem (+15,8%) e Custeio (+12,4%), conforme ilustrado no quadro abaixo.

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Acompanhando a conjuntura macroeconômica nacional, as taxas de juros para as linhas de Custeio, Estocagem, Opções Privadas e Operações de Mercados Futuros e Recuperação de Cafezais Danificados foram fixadas em 8,75% a.a., ante os 6,5% a.a. que vigoraram na safra passada. Os juros para as linhas de Capital de Giro e de Aquisição de Café (FAC) destinada às indústrias e exportadores aumentaram de 7,5% a.a. para 10,5% a.a.

Já em 25 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) ajustou as normas para contratação de operações de crédito rural a partir de 1º de julho de 2015 e, pela publicação da Resolução BACEN nº 4.421, reduziu de 10,5% para 8,75% ao ano a taxa efetiva de juros da linha de Aquisição de Café (FAC) destinada exclusivamente para as Cooperativas de Cafeicultores que exerçam as atividades de beneficiamento, torrefação ou exportação de café.

A Resolução 4.421 também definiu como limite por beneficiário de crédito de Custeio, ao amparo do Funcafé, o valor de R$ 1,2 milhão. Já o limite do crédito por tomador para as operações de Estocagem foi fixado em R$ 2,4 milhões.

* Conteúdo elaborado pela assessoria técnica do CNC.

 

 

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CNC

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