Barclays endurece regras de desmatamento para clientes do setor de carne bovina

Publicado em 03/05/2023 09:17 e atualizado em 03/05/2023 10:13

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Por Simon Jessop e Tommy Wilkes

 

 

LONDRES (Reuters) - O Barclays afirmou a clientes do setor de carne bovina que eles precisam evitar o desmatamento em suas cadeias de abastecimento da América do Sul, em um documento visto pela Reuters que endurece a postura do banco, mas não atende às demandas dos ativistas.

O banco britânico Barclays tem sido um foco particular de ativistas devido à sua atuação como financiador da empresa brasileira de processamento de alimentos JBS, que tem sido criticada por seu papel no desmatamento da Amazônia.

A JBS não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O Barclays disse em comunicado à Reuters que "não forneceu financiamento a entidades que realizam essas atividades desde 2021" após "diligência prévia e supervisão aprimoradas para clientes envolvidos na produção de carne bovina ou operações de processamento primário no Brasil".

A nova política do banco sobre desmatamento, em vigor a partir de 1º de julho, não está formalmente na agenda da reunião geral anual do banco em Londres na quarta-feira, mas foi levantada como um problema pelos ativistas.

A pressão sobre as empresas para ampliar seu foco na proteção ambiental aumentou desde um acordo histórico em uma cúpula das Nações Unidas em dezembro para proteger a biodiversidade.

Dados oficiais mostraram a escala da tarefa no Brasil, onde o desmatamento na floresta amazônica cresceu 14% em março em relação ao ano anterior.

O documento visto pela Reuters informa que o banco exige que os produtores de carne bovina proibam a produção ou processamento primário de carne bovina em áreas na Amazônia desmatadas ou convertidas após 2008.

Também exige que eles se comprometam com uma cadeia de fornecimento de carne bovina sul-americana livre de desmatamento, direta e indiretamente, com rastreabilidade total, até 2025 em áreas com alto risco de desmatamento, incluindo a Amazônia, o Cerrado brasileiro e os biomas do Chaco.

As empresas também precisariam monitorar, verificar e relatar os volumes de carne bovina livre de desmatamento até dezembro de 2025 e ter um compromisso político em vigor para respeitar os direitos humanos em suas operações e cadeia de suprimentos.

De forma mais ampla, o Barclays disse que "não tinha apetite" para fornecer serviços financeiros a empresas de soja, carne bovina, óleo de palma, silvicultura e madeira diretamente envolvidas na extração ilegal de madeira ou atividades relacionadas, que usaram o fogo para limpar a terra ou que cometeram atos de violência ou exploração das comunidades locais.

DESMATAMENTO ILEGAL

Uma auditoria do Ministério Público Federal em dezembro disse que quase 17% do gado comprado pela JBS no Pará veio de fazendas com "irregularidades", como desmatamento ilegal.

Uma pesquisa dos grupos sem fins lucrativos BankTrack, Feedback Global e Mighty Earth, compartilhada com a Reuters, estima que o Barclays forneceu 6,7 bilhões de dólares em financiamento para JBS e suas subsidiárias entre 2015 e 2022, tornando o Barclays seu maior financiador.

O Barclays não refutou o número quando questionado pela Reuters.

A nova política, embora bem-vinda, depende demais de dados informados pelas próprias empresas, disse Gemma Hoskins, da Mighty Earth.

"A política não inclui processos suficientes para poder detectar, monitorar ou verificar quaisquer casos que não estejam em conformidade e, em última análise, eles estão pedindo que as empresas façam o monitoramento, relatórios e verificações por conta própria”, afirmou Hoskins.

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Fonte:
Reuters

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