Milho: Mercado fecha pregão em campo negativo e registra terceiro mês consecutivo de perdas em Chicago

Publicado em 31/07/2014 17:18

As principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta quinta-feira (31) do lado negativo da tabela. Os vencimentos da commodity exibiram perdas entre 3,75 e 4,75 pontos. O contrato setembro/14 registrou queda de 1,3% e fechou o dia cotado a US$ 3,57 por bushel. 

Contabilizando o pregão de hoje, os preços do milho acumulam perdas de 14%, somente no mês de julho e caminham para a terceira queda mensal desde o mês de setembro de 2011, conforme dados reportados pela agência internacional de notícias Bloomberg. A expectativa de ampla oferta nos próximos meses, a partir da colheita da safra norte-americana, permanece sendo o principal fator de pressão sobre o mercado internacional.

Os produtores dos Estados Unidos deverão colher em torno de 353,97 milhões de toneladas de milho na safra 2014/15, segundo projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). E, por enquanto, o clima favorável, tem dado suporte para essa estimativa. 

Além disso, as previsões climáticas indicam que as chuvas deverão aumentar durante o mês de agosto, após as recentes preocupações com a seca em algumas localidades do Centro-Oeste do país. "O clima é perfeito nas áreas de cultivo do Centro-Oeste dos EUA, o que significa que altos rendimentos são antecipados", afirmou o analista do Commerzbank AG, Carsten Fritsch, em entrevista à Bloomberg. "O que é mais, a chuva está prevista para os próximos dias, o que deve dissipar quaisquer receios de que o rendimento das culturas pode ser prejudicada por condições excessivamente secas", completa.

Com isso, as lavouras norte-americanas permanecem registrando as melhores condições desde 2004. Até a última semana, em torno de 75% das plantações registravam boas ou excelentes condições, conforme dados do USDA.

Vendas para exportação

Nesta quinta-feira, o USDA reportou novo boletim de vendas para exportação. Até a semana encerrada no dia 24 de julho, as vendas de milho referentes à safra 2013/14 totalizaram 173,9 mil toneladas, número pouco abaixo do registrado anteriormente, de 291,5 mil toneladas.

A Coreia do Sul foi o principal comprador do produto norte-americano, com 136,6 mil toneladas. Para a safra 2014/15, as vendas somaram no mesmo período 1.093,2 milhão de toneladas do milho, também inferior ao reportado na semana anterior, de 1.143,2 milhão de toneladas. Com a aquisição de 431,5 mil toneladas, o México foi o principal destino do produto.

Segundo analistas, as exportações pouco abaixo dos volumes registrados na semana anterior também contribuíram pressionar os preços. Até o momento, no acumulado no ano safra, as vendas somam 48.615,0 milhões de toneladas, contra 48.260,0 milhões de toneladas projetadas pelo departamento norte-americano.

Safra de milho mundial

Ainda nesta quinta-feira, o IGC (Conselho Internacional de Grãos, na sigla em inglês) revisou para cima a projeção para a safra global de milho da safra 2014/15. Segundo o conselho, a produção mundial do cereal deverá totalizar 969 milhões de toneladas.

A estimativa anterior era de 963 milhões de toneladas de milho. Já na temporada passada, a produção somou 974 milhões de toneladas de milho. Do mesmo modo, a projeção de consumo registrou um crescimento de 950 para 951 milhões de toneladas, número acima do observado na safra passada, de 937 milhões de toneladas. 

"Forte demanda por carne e amido, combinada com preços baixos e suprimentos amplos, deve levar a alimentação e consumo industrial a novos recordes. Grandes safras também aumentarão o uso direto na alimentação humana", disse o IGC, em entrevista à Reuters.

Produção da Argentina

A safra do milho na Argentina alcançou 79,6% da área cultivada nesta safra, um aumento de 7% em relação à semana anterior. Até o momento, cerca de 20,1 milhões de toneladas de milho foram colhidas, conforme dados do boletim da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, reportado nesta quinta-feira. 

Nesta safra, a área cultivada com o cereal foi de 3,57 milhões de hectares, número abaixo do registrado na temporada anterior, de 3,95 milhões de hectares. A expectativa é que sejam colhidas em torno de 25 milhões de toneladas de milho, queda de 7,4% em comparação com a safra passada, na qual, foram colhidas 27 milhões de toneladas.

BMF&Bovespa

Na contramão desse cenário, os futuros do milho negociados na BMF&Bovespa exibem um movimento positivo nesta quinta-feira. O vencimento setembro/14 era cotado a R$ 23,50, com valorização de 0,86%.

Já no mercado interno, o cenário permanece sem grandes modificações, uma vez que, a colheita da segunda safra permanece sendo o principal fator de pressão nas cotações. Em muitas praças, os preços estão estáveis, porém abaixo do valor mínimo indicado pelo Governo, situação que resulta em comercialização lenta. 

No Oeste da Bahia, por exemplo, com os preços do milho a R$ 20,50, os agricultores reduziram o ritmo dos negócios, segundo o engenheiro agrônomo da região, Armando Ayres de Araújo. "A expectativa é que a comercialização seja retomada nos meses de setembro e outubro", afirma.

Em Balsas (MA), o vice-presidente do Sindicato Rural do município e presidente da Aprosoja MA, Isaías Soldatelli, afirma que os preços estão abaixo do valor mínimo estipulado pelo Governo para a região, de R$ 21,00 pela saca. Com isso, o representante também acredita que seja necessária a intervenção do Governo no mercado, para contribuir com o escoamento da produção.

Enquanto isso, apesar das entidades e representantes do setor já terem solicitado a realização de leilões de Pepro, para contribuir no escoamento e comercialização da safra, nenhuma medida concreta foi divulgada pelo Governo. O secretário de Política Agrícola do Mapa, Seneri Paludo, informou à imprensa que as negociações avançaram, porém o volume das operações e os valores ainda não podem ser antecipados.

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Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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