Milho: Com foco na safra norte-americana, mercado opera em queda pelo 3º dia consecutivo na CBOT

Publicado em 03/09/2015 10:20

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta quinta-feira (3) do lado negativo da tabela. Por volta das 8h32 (horário de Brasília), as principais posições do cereal exibiam quedas entre 1,75 e 2,25 pontos. O contrato setembro/15 era cotado a US$ 3,51 por bushel, depois de encerrar o dia anterior a US$ 3,54 por bushel.

O mercado caminha para consolidar o 3º pregão consecutivo de queda. Nesta quarta-feira, os preços foram pressionados pelas informações do mercado financeiro, especialmente às preocupações com a economia da China. Além disso, a consolidação da safra norte-americana também foi um fator importante de pressão sobre as cotações.

Enquanto isso, as previsões climáticas permanecem favoráveis nos EUA. A previsão de chuvas no Meio-Oeste alivia os receios com o possível estresse hídrico, conforme reporte das agências internacionais.  Outra variável que também contribuiu para a formação do cenário negativo foi a queda na produção de etanol no país. Até a semana encerrada no dia 28 de agosto, a produção ficou em 948 mil barris diários, contra os 952 mil barris diários indicados na semana anterior.

Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga novo boletim de vendas para exportação. O número é um importante indicador de demanda e pode influenciar no andamento dos negócios no mercado internacional.

Confira como fechou o mercado nesta quarta-feira:

Milho: Forte alta do dólar impulsiona e preços sobem em Paranaguá e na BM&F nesta 4ª feira

Nesta quarta-feira (2), os preços do milho no Porto de Paranaguá registraram ganho de 1,56%, com a saca para entrega outubro/15 negociada a R$ 32,50. No terminal de Santos, a cotação permaneceu estável em R$ 34,00/sc. Mais uma vez, as cotações foram impulsionadas pela forte alta no dólar frente ao real observada hoje.

A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,7598 na venda, com alta de 1,95% e maior nível desde 12 de dezembro de 2002, quando o câmbio chegou a R$ 3,785. Na máxima da sessão, o dólar alcançou o patamar de R$ 3,7738, conforme informações reportadas pela agência Reuters. O câmbio encontrou suporte nas preocupações com as contas públicas do Brasil e com o risco de o país perder o selo internacional de bom pagador.

No mercado interno, as cotações também subiram em São Gabriel do Oeste (MS), com valorização de 5,26% e preço de R$ 20,00/sc e, em Jataí (GO), com a saca negociada a R$ 21,50 e ganho de 2,38%. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.

De acordo com o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, o cenário para o milho é um pouco mais favorável. "Temos a possibilidade dos preços em Chicago recuarem, mas irá cair menos, também temos o câmbio que continua subindo, o produtor já estocou o milho e está bem vendido e os valores do frete tendem a cair. Todos esses fatores aumentam a competitividade do cereal brasileiro no mercado internacional, então sou muito amigável aos preços do grão", acredita Fernandes.

Com isso, a perspectiva é que as exportações de milho sejam recordes nesta temporada, superando o maior nível registrado, de 26 milhões de toneladas em 2013. Em agosto, os embarques de milho totalizaram 2.284,2 milhões de toneladas. No total acumulado de 2015, as exportações do cereal somam 8.874,7 milhões de toneladas.

Além disso, os analistas ressaltam que há boas oportunidades de negociação para a safrinha de 2016. Da safrinha de 2015, a estimativa é que em torno de 80% da produção já tenha sido negociada até o momento. E a perspectiva é que boa parte dos negócios fechados sejam destinados ao mercado internacional.

BM&F Bovespa

As cotações do milho negociadas na BM&F Bovespa fecharam a sessão desta quarta-feira em campo positivo. As principais posições do cereal exibiram altas entre 1,73% e 2,55%. O vencimento setembro/15 era cotado a R$ 30,35/sc depois de encerrar o dia anterior a R$ 29,76/sc. As cotações também foram influenciadas pela forte valorização do câmbio.

Bolsa de Chicago

Pelo 2º dia consecutivo, os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta quarta-feira (2) em campo negativo. Ao longo do pregão as principais posições do cereal reduziram as perdas e exibiram quedas entre 1,50 e 2,00 pontos no final do dia. O contrato setembro/15 era cotado a US$ 3,54 por bushel, mesmo patamar observado no início do pregão.

Na visão do analista de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, o mercado ainda é pressionado pelas informações do mercado financeiro. "Temos a influência da turbulência da China não só no milho, mas em outras commodities também", afirma. Desde a semana anterior, as preocupações com a economia chinesa têm influenciado o andamento das negociações.

As ações asiáticas recuaram pelo 3º dia consecutivo nesta quarta-feira depois dos boletins fracos sobre a atividade industrial na China, Estados Unidos e Europa, conforme divulgou a agência Reuters. O cenário eleva as preocupações sobre a desaceleração do crescimento global.

Outro fator também destacado pelo analista é a consolidação da safra norte-americana. "A produção caminha para reta final e as condições climáticas irão garantir uma safra cheia nos Estados Unidos. A safra norte-americana poderá ficar abaixo da projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), de 347,64 milhões de toneladas, porém, ainda será uma grande produção", ressalta Galvão.

Contudo, ainda há muitas dúvidas por parte dos traders em relação à safra e a perspectiva é que produção fique abaixo dos 340 milhões de toneladas. Em meio às essas especulações, o analista ainda sinaliza que se a safra ficar acima dos 320 milhões de toneladas, os preços deverão operar ligeiramente abaixo dos US$ 4,00 por bushel. "Entretanto, se à medida que chegarmos ao final do ano e registrarmos problemas nas produções da Europa e da Ásia, que sofrem com as adversidades climáticas, as cotações do cereal poderão voltar a trabalhar acima dos US$ 4,00 por bushel", ressalta.

Em relação ao clima no Meio-Oeste dos EUA, as previsões climáticas ainda não apontam nenhuma ameaça à safra americana, conforme reportam as agências internacionais. As chuvas deverão ficar acima da média no Corn Belt nos próximos 6 a 10 dias, período de 7 a 11 de setembro, conforme dados do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país. As temperaturas também deverão ficar acima da média.

Demanda

O analista ainda sinaliza que a demanda pelo milho permanece firme. "E também precisamos reforçar que preços mais baixos estimulam a demanda. Por mais que se fale em desaceleração, a demanda por alimentos continua aquecida", diz Galvão.

Produção de etanol nos EUA

Até a semana encerrada no dia 28 de agosto, a produção de etanol nos EUA foi estimada em 948 mil barris diários. O número representa uma queda de 4 mil barris em relação ao indicado na semana anterior, de 952 mil barris diários. Na contramão desse cenário, os estoques subiram de 18,6 mil para 19 mil barris diários, no mesmo período. As informações foram divulgadas pela AIE (Agência Internacional de Energia) nesta quarta-feira.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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