País precisa 'desesperadamente' de choque de credibilidade, diz Financial Times
Londres - O jornal britânico Financial Times publica editorial na edição desta terça-feira, 28, em que defende mudanças urgentes nas políticas econômicas após a reeleição da presidente da República. "Dilma Rousseff deve agora traçar um novo curso para um país dividido que sofre de desaceleração da economia em meio a um ambiente global cada vez mais difícil. A necessidade de mudança é urgente", diz o jornal que diz que o Brasil "precisa desesperadamente de um choque de credibilidade".
O principal jornal de economia europeu defende que Dilma "precisa abandonar a retórica da luta de classes da campanha e realizar um esforço genuíno e sustentável para recuperar a confiança do sul do País". Ao lembrar que o sul brasileiro votou "esmagadoramente" contra a reeleição, o FT diz que sem o apoio da região "há pouca esperança de alcançar o maior investimento que o Brasil precisa".
Para amenizar essa divisão criada pelas eleições, o FT defende mudanças. "Para recuperar a confiança do setor privado, o Brasil precisa desesperadamente de um choque de credibilidade". O jornal diz que a agenda da presidente reeleita é "longa", mas a tarefa mais urgente é a nomeação de um novo ministro da Fazenda "com estatura e autonomia suficientes para resolver os problemas econômicos do Brasil". "Se ela não o fizer, os mercados financeiros irão forçar um ajuste. Os investidores não estão dispostos a dar o benefício da dúvida", diz o FT.
Além do editorial, o jornal publica uma ampla chamada na capa do jornal com foto de uma eleitora comemorando a reeleição. Há, ainda, uma reportagem que destaca a expectativa de que o segundo mandato de Dilma pode ter um tom mais "reconciliador" após a pequena vantagem nas urnas. Essa expectativa é compartilhada por analistas ouvidos pelo FT e acontece a despeito do forte ajuste dos preços dos ativos visto nessa segunda.
Ibovespa sobe com especulações sobre Fazenda; Petrobras PN avança 3,6%
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa avançava mais de 2 por cento ao final da manhã desta terça-feira, em meio a especulações sobre o futuro ministro da Fazenda, após a mídia citar nomes bem avaliados no mercado como possíveis substitutos de Guido Mantega.
O quadro externo positivo corroborava a recuperação no pregão doméstico, com os papéis da Petrobras avançando mais de 3 por cento, após queda de dois dígitos na véspera, um dia após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Às 11h52, o Ibovespa ganhava 2,09 por cento, a 51.5566 pontos. O volume financeiro do pregão somava 2,37 bilhões de reais.
Na Europa, o índice FTSEurofirst 300 avançava com resultados melhores que o esperado de algumas blue chips, incluindo Novartis e UBS.
Em Nova York, o S&P 500 <.SPX> avançava 0,55 por cento, com resultados corporativos também em foco, além de dados sobre bens de capital e o início da reunião do Federal Reserve.
Operadores ouvidos pela Reuters notaram ainda alguns agentes zerando posições vendidas e realizando lucros, enquanto estrangeiros podem começar a buscar oportunidades na bolsa, passada a eleição e com um quadro menos volátil no exterior.
"As sinalizações na segunda-feira foram mais positivas e sempre há algum crédito para um novo governo, embora no caso de Dilma esse benefício seja bem menor", disse o operador de uma corretora em São Paulo, que pediu para não ter o nome citado.
Entre as indicações bem recebidas no mercado, estão o anúncio por Dilma em entrevista à TV Globo de que novas medidas econômicas serão tomadas a partir de novembro, depois de um amplo diálogo com setores produtivos e financeiros.
Quanto à substituição na Fazenda, saíram na mídia nomes como do presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, do ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, e o ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão.
"É um movimento de compra de Brasil, com o mercado especulando quem ocupará a Fazenda e esperando um bom nome, ao mesmo tempo que os preços de ativos locais ficaram baratos", disse o gestor Joaquim Kokudai, da Effectus Investimentos.
"O mercado estava muito pessimista com a chance de reeleição de Dilma, com motivos como o desempenho fraco da economia, e quando aparece a possibilidade de vir uma inesperada notícia boa, como Meirelles na Fazenda, o mercado corrige", avaliou.
As ações da Petrobras mostravam algum alívio, com as preferenciais em alta de 3,64 por cento e as ordinárias ganhando 3,3 por cento.
Também repercutia notícia do jornal O Estado de S.Paulo, de que o governo federal está perto de conceder um reajuste nos preços de combustíveis para a companhia.
A equipe do BTG Pactual acha que um aumento é improvável nesse momento e mesmo se vier seria bem pouco e não deveria trazer grande impacto no preço da ação. "Se não reduzir investimento (capex), achamos que a piora do balanço continua mesmo com paridade de importação."
Ainda entre as estatais, Eletrobras e Banco do Brasil também estavam no azul.
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