Copom surpreende e eleva taxa de juros a 11,25% ao ano

Publicado em 30/10/2014 00:42
A decisão surpreende porque o mercado esperava uma sinalização de elevação da taxa de juros, e não a alta em si

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central retomou o aperto monetário finalizado há 16 meses e elevou a taxa Selic a 11,25% ao ano. A decisão é válida até o próximo encontro, em 2 e 3 de dezembro, que também é o último do ano. Trata-se da maior taxa de juros desde outubro de 2011 e da primeira alta desde abril deste ano. 

A decisão surpreende porque o mercado esperava uma sinalização de elevação da taxa de juros, e não a alta em si. Na última reunião, em setembro, o BC sinalizou a manutenção da Selic. Na ata, a autoridade monetária informara que, com a manutenção da Selic, a inflação tenderia a entrar em trajetória de convergência para a meta de 4,5% em 2016. Pesquisa da Reuters havia mostrado que todos os 43 analistas consultados esperavam a manutenção da Selic.

O BC iniciou a trajetória de subida em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011. 

Segundo o comunicado divulgado pelo BC, a alta dos preços motivou a elevação. "Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016", informa o texto.

A decisão não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11% os diretores Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

Inflação — A inflação segue preocupando o governo e o mercado, principalmente após ter estourado novamente o teto da meta em setembro, acumulando 6,75% em doze meses. Outro fator que deve contribuir para do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o reajuste dos preços dos combustíveis, que estão represados e devem ter alta em novembro. O Boletim Focus, feito com base em pesquisa com o mercado financeiro e divulgado semanalmente pelo BC, já mostra uma projeção da Selic em 11,5% em 2015.

Expectativas — A decisão vem três dias depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato, justamente em um momento em que os agentes econômicos, descontentes com os rumos da economia, buscam sinais de mudança na condução da política econômica. "É uma surpresa para o mercado, mas é surpresa boa. É sinal de que é decisão para restabelecer a confiança no compromisso com a redução da inflação ao longo do tempo", disse o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho.

A expectativa é que o aperto monetário continue nas próximas reuniões. "Decisão de hoje é sinalização de alteração na condução da política monetária. O Copom não deve parar por aí, deve ser o reinício de um ciclo de aperto monetário", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investiment Bank, Jankiel Santos.

O economista-chefe do Banco J.Safra, Carlos Kawal, disse que o BC pode inclusive intensificar o ritmo de aperto nas próximas reuniões. "É possível aumentar o ritmo de alta para 0,5 ponto porcentual em dezembro, 0,5 ponto porcentual em janeiro e 0,25 ponto porcentual na reunião seguinte", disse. A decisão também pode sinalizar que o governo irá usar também a política fiscal para conter a inflação, disse Eduardo Velho.

Já segundo o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, a elevação é um sinal de que o órgão busca "recuperar a credibilidade da política monetária após o embate eleitoral", numa sinalização ao mercado de uma maior rigor da política monetária. "A decisão visa frear a inflação que, ao contrário do que o Bando Central esperava, mostra resistência, e tem ainda como e objetivo de recuperar a credibilidade da política monetária para recobrar as expectativas positivas após os embates", disse.

(Com Reuters e Agência Estado)

 

Mercado

Petrobras e Vale fazem Bolsa recuar 2,45% nesta quarta

Ações da estatal recuaram após afirmação de que o reajuste do preço da gasolina não estava decidido

Pregão eletrônico da Bovespa em São Paulo

Pregão eletrônico da Bovespa em São Paulo (Reinaldo Canato/VEJA)

A BM&FBovespa fechou no vermelho nesta quarta-feira, na mínima do dia, em sessão marcada pelo pessimismo de analistas em relação a empresas como Petrobras e Vale. O anúncio do fim do programa de compra de títulos pelo banco central dos Estados Unidos ao término da sua reunião de dois dias ampliou as perdas no pregão brasileiro na parte da tarde. O Ibovespa fechou em queda de 2,45%, a 51.049 pontos. O volume financeiro da sessão somou 8,3 bilhões de reais.

A bolsa ainda passa por uma acomodação com a eleição presidencial no domingo, no aguardo de indicações sobre a política econômica a ser adotada no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. 

Nos EUA, o Federal Reserve encerrou o programa de compra de títulos conforme esperado pelo mercado e sinalizou confiança de que a recuperação econômica americana seguirá nos trilhos, apesar de sinais de desaceleração em muitas partes da economia global.

Ações — Petrobras encerrou entre as maiores quedas do Ibovespa depois de ter afirmado que não há, no momento, decisão sobre o reajuste dos preços de combustíveis. O Goldman Sachs cortou a recomendação dos papéis de "compra" para "neutra", bem como reduziu o preço-alvo e os excluiu da sua lista LatAm Spotlight.

A Vale também sofreu neste pregão, véspera de divulgação do balanço, após nova queda nos preços do minério no mercado à vista na China, para perto do menor nível desde 2009. O Credit Suisse cortou a recomendação para o ADR da mineradora de "neutra" para "underperform" e o preço-alvo.

Usiminas teve a maior queda do índice, de 8%, após divulgar, na manhã desta quarta-feira, prejuízo de 24 milhões de reais.

Câmbio — O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, mas longe das mínimas da sessão, reduzindo as perdas após o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, demonstrar confiança na recuperação da economia norte-americana.

A moeda dos EUA operou em queda durante toda a sessão, com investidores se desfazendo de apostas de que a reeleição de Dilma Rousseff impulsionaria ainda mais a divisa norte-americana e à espera da decisão do Fed.

O dólar caiu 0,23%, a 2,4684 reais na venda, mas chegou a cair quase 2%, a 2,4250 reais, na mínima do dia. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,6 bilhão de dólares.

(Com Reuters)

 

Proposta de ‘pacotazo’ na Venezuela

Até tu, Maduro? Flag_of_Venezuela

Na Venezuela, o Governo acaba de propor medidas ‘ortodoxas’ na economia, o que está gerando um rali violento nos títulos venezuelanos no mercado internacional.

Entre outras medidas, o conselho econômico do País acaba de propor aumentar o preço da gasolina em 1.328% e começar uma flexibilização do câmbio.

As medidas ainda têm que ser aprovadas pelo Presidente Nicolás Maduro.

O conselho sugeriu aumentar o litro da gasolina de 7 centavos de bolívar para 1 bolívar a partir do início do ano que vem.

Uma cena do dia-a-dia ilustra bem como a gasolina é quase ‘de graça’ na Venezuela. Geralmente, os venezuelanos pagam para encher o tanque com uma nota de 5 ou 10 bolívares. Como o tanque cheio (50 litros) custa só 3,5 bolívares, os motoristas costumam deixar o troco como gorjeta para o frentista, que chega a ganhar 800 bolívares por dia só com este ‘troco’. O relato é do jornal argentino Infobae.

Quem perde dinheiro é a PDVSA, a Petrobras de lá. Cada litro de gasolina custa à PDVSA 2,7 bolívares. A empresa perde por ano 12,5 bilhões de dólares com o subsídio.

Com o aumento proposto hoje, o prejuízo da PDVSA diminui, mas o que os mercados estão comemorando mesmo é que o País está entrando, mui timidamente ainda, no rumo da racionalidade econômica.

Nada, obviamente, está sendo feito por convicção. A Venezuela foi colocada em córner pela queda do petróleo no mercado internacional. O barril despencou de cerca 120 dólares para 83, e bancos como a Goldman Sachs acham que a queda pode se estender até o nível de 60.

Por Geraldo Samor

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Fonte:
VEJA + REUTERS + ESTADÃO

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