Na FOLHA: Contra a crise da Lava Jato, Lula e Dilma escolhem nomes para Fazenda

Publicado em 20/11/2014 06:06
Em reunião nesta terça, foram citados nomes de Luiz Carlos Trabuco, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini. Presidente prometeu a seu antecessor tentar anunciar o substituto de Mantega até amanhã.

A presidente Dilma Rousseff ouviu nesta terça (18) do ex-presidente Lula o conselho de agilizar a escolha de sua futura equipe econômica, para sair da agenda negativa e evitar que a crise detonada pela da Operação Lava Jato imobilize o governo.

Durante encontro nesta terça na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência, Dilma prometeu tentar anunciar o substituto de Guido Mantega (Fazenda) até esta sexta (21).

Pelo menos três nomes foram analisados na reunião: Luiz Carlos Trabuco (presidente do Bradesco), Nelson Barbosa (ex-secretário-executivo da Fazenda) e Alexandre Tombini (atual presidente do Banco Central).

Trabuco já havia sinalizado que poderia rejeitar um convite, mas Lula acredita que ele pode mudar de opinião. Segundo a Folha apurou, na hipótese de Trabuco aceitar, estava sendo cogitada a possibilidade de ele trazer para sua equipe Joaquim Levy, que hoje trabalha num dos braços do Bradesco.

Levy foi secretário do Tesouro na gestão de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda no governo Lula.

Dos outros dois ministeriáveis avaliados, Nelson Barbosa conta com a simpatia dela e a de Lula. Caso não seja a opção de Dilma para Fazenda, pode ir para o Ministério do Planejamento, com a missão de formular medidas para o governo, que já era dele no primeiro mandato.

Já Tombini seria chamado caso a presidente não encontre um nome que considere adequado para Fazenda.

A presidente prefere manter Tombini à frente do Banco Central, que neste final de ano apertou a política monetária para tentar segurar a inflação e fazê-la convergir para o centro da meta de 4,5% nos próximos dois anos.

Do encontro também participaram o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Segundo assessores, não houve definição final sobre o substituto de Mantega. Não estão descartados, segundo eles, uma surpresa ou até mesmo Henrique Meirelles, ex-presidente do BC de Lula.

Na reunião da Granja do Torto, foi praticamente decidido que, neste ano, Dilma deve indicar apenas sua equipe econômica (Fazenda, Planejamento e Banco Central) e o grupo palaciano (Casa Civil, Secretaria-Geral e Relações Institucionais), deixando os ministros das cotas partidárias para 2015.

Na avaliação do governo, é melhor esperar o desdobramento da crise gerada pela Operação Lava Jato e da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados para montar a equipe ministerial vinculada à base aliada.

LULA X MERCADANTE

O grupo de Lula também está preocupado com as primeiras sinalizações do governo sobre medidas na área econômica. Lulistas disseram à Folha que os comentários de Mercadante sobre futuras medidas de ajuste fiscal não estão sendo bem recebidas pelo mercado.

A avaliação é que Mercadante estaria falando demais sobre economia antes da nomeação do futuro ministro da Fazenda, a quem deveria caber o papel de definir a estratégia da nova política econômica da presidente Dilma.

Para lulistas, Mercadante passa a ideia de que o ajuste fiscal não seria prioridade.

Um interlocutor de Lula diz que isso pode ser fatal, fazendo o país perder o grau de investimento, prejudicando a entrada de recursos no país e encarecendo o crédito para empresas brasileiras no exterior.

 

VINICIUS TORRES FREIRE

Calminha depois da 'Juízo Final'

Clima e preços nos mercados financeiros despioram, mas não para empreiteiras e Petrobras

DESDE O DIA DA "JUÍZO FINAL", ontem foi o dia menos inquieto no universo paralelo das finanças. "Juízo Final", como se sabe, foi o nome do conjunto de batidas e prisões da Polícia Federal que levou para a cadeia boa parte da alta direção das empreiteiras do país, na sexta-feira passada.

Pelo menos por um dia, voltou-se mais ou menos ao mau estado do crédito de governo e empresas brasileiros vigente pelo menos até quinta-feira passada.

A coisa despiorou um tanto, com exceção do crédito das grandes empreiteiras e da Petrobras, que levou tombos e ainda está caído.

Aliás, rapazes do mercado lá de fora parecem acreditar, pelo que dizem de público ou nas internas, que as maiores empreiteiras do Brasil podem ser impedidas de fazer negócios com o governo, dado seu envolvimento na roubança. Muitos dizem temer também que outras estatais devem entrar na roda e que obras de infraestrutura podem emperrar.

Sim, a gente especula por aqui no Brasil que tais desenvolvimentos são possíveis, qualquer cidadão que lê jornal sabe disso. Mas esse povo lá de fora parecia ontem muito impressionado, e eles têm dinheiro na caixinha. Fazem avaliações de crédito das empresas. Fazem recomendações de compra e venda de papéis de empresas e governos. Goste-se ou não deles, o que dizem sobre o Brasil pode nos custar caro.

No mais, a coisa ficou um tanto menos nervosa. Caíram as taxas de juros "básicas" do mercado, caíram os juros que o "mercado" pede para ficar com papéis do governo, o dólar deu uma acalmadinha, os títulos da dívida externa do governo deram uma respirada e até o preço das ações da arrebentada Eletrobras subiu, embora apenas alguns degraus do buraco profundo do inferno onde rasteja.

Qual o motivo da baixa da febre, de muito alta para alta? Especulação político-financeira, claro, em parte, e compras de papéis na xepa, na baixa. Especulava-se entre os povos do mercado que, dado o tamanho da encrenca na Petrobras, na política e o diabo, Dilma Rousseff tenderia agora mais para a "hipótese capitulação", nas palavras de um financista.

Isto é, a presidente estaria agora mais pressionada a escolher um ministro da Fazenda que teria ideias e poderes independentes para tocar a política econômica. Quer dizer, independente de Dilma Rousseff. Se isso é fato, sabe-se lá, mas era a especulação entre os povos dos mercados e jornalistas que lidam com o assunto. No Ministério da Fazenda, enquanto se apaga a luz dizia-se ontem que Dilma quer nomear o novo ministro até sexta-feira, amanhã.

Houve também quem interpretasse as últimas declarações de Aloizio Mercadante sobre ajuste fiscal como um recuo em relação às frases impressionantes que o ministro-chefe da Casa Civil soltava até a semana passada, antes da "Juízo Final".

Isto é, Mercadante, atual escudeiro econômico da presidente, desde ontem estaria repassando a "boa nova" de "maior rigor" com gastos, levando a "mensagem do Palácio" para a audiência interessada, de público ou nos bastidores. Diretores do Banco Central falando mais grosso sobre inflação compuseram o quadro da "hipótese capitulação".

Era a especulação de ontem.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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