Dólar sobe mais de 1% e encosta em R$ 3,38, por preocupações com cenário externo

Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 1 por cento sobre o real nesta quinta-feira e encostou no patamar de 3,38 reais, acompanhando o fortalecimento da divisa nos mercados externos diante de expectativas de altas de juros nos Estados Unidos ainda neste ano e preocupações com a desaceleração da China.
A moeda norte-americana avançou 1,25 por cento, a 3,3710 reais na venda, maior patamar desde 27 de março de 2003, quando fechou negociada a 3,386 reais na venda, e após cair mais de 1 por cento na véspera.
"O crescimento do PIB (dos Estados Unidos) faz crer que a alta de juros venha este ano. Ainda não está claro se em setembro ou dezembro, mas deve vir este ano", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
O crescimento econômico dos EUA acelerou no segundo trimestre, sugerindo ímpeto que pode deixar o Federal Reserve, banco central dos EUA, mais perto de elevar a taxa de juros neste ano.
A alta dos juros norte-americanos pode atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados no Brasil, cenário corroborado pela sinalização de que o Banco Central brasileiro não deve voltar a elevar os juros básicos tão cedo após aumentar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na véspera, a 14,25 por cento.
Preocupações com a desaceleração da economia chinesa em meio ao tombo das bolsas do país também sustentaram a aversão a risco.
A tendência para a moeda norte-americana no curto prazo é que continue apresentando volatilidade, em meio a um cenário externo preocupante e sem alívio no front doméstico, onde seguem os receios políticos e econômicos.
"Tem muita instabilidade interna, com as preocupações com a questão fiscal, por exemplo, e o cenário externo também preocupa. Então, no curto prazo, a tendência é que o câmbio permaneça bastante instável", disse Rodrigues.
No mercado local, somava-se ao persistente quadro de apreensão com a situação fiscal e com as turbulências políticas no Brasil a indefinição sobre a intervenção do BC no câmbio, após o salto recente da moeda dos EUA, que tende a pressionar a inflação ao encarecer importados.
"A autoridade monetária diminuirá ainda mais a oferta do
derivativo? Mês a mês houve redução da oferta, e o BC pode
ainda aproveitar o bom momento externo em relação ao juro
americano para reduzir ainda mais a oferta", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu os 6 mil contratos de swaps cambiais que vencem em agosto. Se não realizar leilão no último pregão do mês, como de praxe, a autoridade monetária terá rolado o equivalente a 6,270 bilhões de dólares, ou cerca de 59 por cento do lote total para agosto, correspondente a 10,675 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)
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