Moody's rebaixa rating do Brasil a "Baa3" e muda perspectiva para "estável"

SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou nesta terça-feira o rating soberano do Brasil de "Baa2" para "Baa3", a última nota dentro da faixa considerada como grau de investimento, e alterou a perspectiva da nota de "negativa" para "estável".
A Moody's citou, entre os motivos para o rebaixamento, a fraqueza da economia, a tendência de aumento de gastos públicos e os reflexos da operação Lava Jato afetando a confiança de investidores no Brasil.
"O desempenho econômico mais fraco do que o esperado, a tendência ascendente das despesas do governo e a falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirão as autoridades de atingirem superávits primários elevados o suficiente para conter e reverter a tendência de aumento da dívida este ano e no próximo, e desafiar a sua capacidade de fazê-lo depois", escreveu a Moody's em nota.
A equipe econômica, liderada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) vinha tentando evitar um rebaixamento do crédito com uma série de cortes de gastos para conter o déficit fiscal, que saltou durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
O governo reduziu a meta de economia para pagamento de juros da dívida deste ano a equivalente a 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), contra 1,1 por cento do PIB previsto até então. Também anunciou corte adicional de gastos de 8,6 bilhões de reais.
Contudo, o governo deixou em aberto a possibilidade de fechar o ano com déficit primário de mais de 17 bilhões de reais caso não consiga obter algumas receitas com as quais conta e que basicamente dependem da aprovação do Congresso Nacional, em meio a uma intensa batalha política entre o Executivo e o Legislativo.
Segundo a Moody's, o Brasil pode melhorar sua classificação ou ter sua perspectiva melhorada caso a agência perceba que as perspectivas econômicas do país se estabilizem ou melhorem "mais rápido ou com mais segurança do que o atualmente esperado".
"Tal resultado provavelmente seria associado a reformas fiscais que reduzam a rigidez orçamentária estrutural derivada de vinculações de receitas e crescimento obrigatório em várias categorias de despesa", acrescentou a agência.
Uma fonte do governo disse que o rebaixamento do rating era esperado e salientou o fato de a perspectiva não ter ficado negativa. "Um rebaixamento é sempre negativo mas, por outro lado, a perspectiva negativa não se concretizou, o que reflete que o esforço do governo está tendo efeito", afirmou a fonte.
De modo geral, a perspectiva estável sinaliza que a classificação não deve mudar nos próximos 12 a 18 meses.
A Moody's foi a segunda entre as três principais agências de classificação a rebaixar o rating do Brasil para mais perto do território especulativo, após decisão similar da Standard & Poor's, que tem uma perspectiva negativa para o Brasil. A Fitch Ratings ainda classifica o Brasil dois degraus acima do nível especulativo, com perspectiva negativa.
(Por Patrícia Duarte; Reportagem adicional de Alonso Soto, em Brasília)
Moody's rebaixa nota do Brasil e muda perspectiva para estável
Apesar do rebaixamento, o Brasil permanece dentro do chamado grau de investimento, mas no último degrau dentro da classificação que garante ao país o selo de bom pagador da sua dívida.
No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um "certificado de segurança" que as agências de classificação dão a países que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores financeiros internacionais.
Leia a notícia na íntegra no site do G1 - Economia
Moody’s rebaixa nota do Brasil e coloca país a um passo de perder o grau de investimento
Na VEJA.com.
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou, nesta terça-feira, a nota de crédito do Brasil de Baa2 para Baa3. Trata-se da última nota dentro da faixa considerada como grau de investimento, que é uma espécie de selo de bom pagador. A agência também alterou a perspectiva da nota de “negativa” para “estável”. A Moody’s citou, entre os motivos para o rebaixamento, a fraqueza da economia, a crise política e a tendência de aumento de gastos públicos.
Segundo a agência, a falta de consenso político sobre a política fiscal deve impedir que o governo consiga cumprir a meta de superávit. Em julho, o ministro da Fazenda Joaquim Levy anunciou a redução da meta de 1,1% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB).
A Moody’s considera, ainda, que com a dificuldade de cumprimento da meta, a curva de endividamento do país deve se deteriorar em 2015 e 2016, alcançando a estabilidade apenas em 2018. Com isso, diz a Moody’s, os indicadores do país deverão cair para níveis substancialmente piores que nações emergentes consideradas “pares do Brasil”, com classificação Baa.
A Moody’s reiterou que um dos pontos fortes da economia brasileira é o montante que o país dispõe em reservas internacionais (mais de 350 bilhões de dólares), o que faz com que os choques externos tenham menos impacto sobre o mercado doméstico. Outro fator positivo, diz a agência, é a exposição limitada do país à dívida em moeda estrangeira, além de dispor de uma economia grande e diversificada. A Standard & Poor’s e a Fitch já haviam rebaixado a nota brasileira para o último degrau antes da perda do grau de investimento.
O rebaixamento pela Moody’s aconteceu um mês após a visita dos técnicos da agência a Brasília, para reuniões com membros da equipe econômica. À época, o rebaixamento já era dado como certo.

Moody's ainda mantém o grau de investimento do Brasil. / EFE
EL PAÍS: Moody's rebaixa nota do Brasil e cita economia fraca e crise política
Três semanas após a nota de crédito do Brasil ter sido revisada pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, agora foi a vez da Moody’s também alterar a perspectiva do país. A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito do Brasil deBaa2 para Baa3, o que mantém o Brasil ainda no grau de investimento —dentro da lista dos países bons pagadores— , mas o deixa apenas uma nota acima do nível especulativo.
A decisão do rebaixamento já era esperada por analistas, mas é mais um fator de turbulência nos mercados já afetados pela desvalorização da moeda chinesa e pela crise política. A perspectiva da Moody's para as próximas revisões, no entanto, passou para estável. Antes, ela estava negativa e a expectativa é que a perspectiva fosse mantida, já que cresce o rumor que a perda do grau de investimento do Brasil seria inevitável a curto prazo.
Em nota, a Moody's afirmou que a performance da economia brasileira aquém da esperada e a falta de um consenso político são algumas das razões para o rebaixamento. “Um desempenho econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento de gastos públicos e uma falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirá que as autoridades alcancem um superávit primário alto o suficiente para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e no próximo ano”, justificou.
A mudança da nota fornece, desde a perspectiva de mercado, mais um ingrediente para a discussão sobre a probabilidade da saída da presidenta Dilma Rousseff do Governo. Nas últimas semanas,algumas empresas de análise aumentaram o risco da presidenta não conseguir terminar o mandato.
A Moody's afirmou que a performance da economia brasileira aquém da esperada e falta de um consenso político são algumas das razões para o rebaixamento. “Um desempenho econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento de gastos públicos e uma falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirá que as autoridades alcancem um superávit primário alto o suficiente para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e no próximo ano”, justificou.
Para a agência, o aperto do ajuste fiscal e a política monetária vão fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) caia neste ano e só consiga se recuperar em 2017, com uma taxa anual de crescimento de 2% em 2017 e 2018. As investigações da Operação Lava Jatotambém foram citadas pela Moody’s como um fator negativo para a retomada da economia brasileira. “A baixa capacidade de utilização, a fraca confiança dos empresários e os desdobramentos relacionados à Petrobras afetarão negativamente as perspectivas de investimentos neste ano e no próximo”, afirmou em nota.
A Moody's estima que o país precisa crescer pelo menos 2% e cumprir superavits primários de pelo menos 2% do PIB para estabilizar a dívida. A agência ressaltou que a carga da dívida do Governo e a capacidade de pagamento continuarão a “deteriorar materialmente em 2015 e em 2016”. “A Moody's tem a expectativa de que a carga de dívida crescente se estabilize somente perto do fim do governo atual”, afirmou.
Por outro lado, a agência de risco elogiou a habilidade do país suportar choques financeiros externo. "O Brasil retém vários pontos positivos em termos de crédito que se refletem no rating Baa3: sua capacidade para resistir a choques financeiros externos, tendo em vista as amplas reservas internacionais; um balanço do governo com exposição relativamente limitada a dívidas em moeda estrangeira e a dívidas de não-residentes e uma economia grande e diversificada".
Standard & Poor's
No fim de julho, a agência de classificação de risco Standard & Poor's alterou a perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para negativa, embora também tenha mantido o grau de investimento do país. De acordo com a agência, o número de investigações de corrupção entre políticos e empresas tem um peso cada vez maior nas perspectivas fiscais e econômicas do Brasil, colocando em risco a implementação do ajuste, particularmente, no Congresso.
0 comentário
Proposta aprovada moderniza regras para circulação de máquinas agrícolas no país
Comissão de Agricultura do Senado encerra 2025 com avanços e 28 propostas aprovadas
Por 48 votos a 25, projeto da dosimetria de penas segue para sanção
Trump diz que próximo chair do Fed acreditará em juros bem mais baixos
Ações da China permanecem estáveis com setor de tecnologia em queda
França não está pronta para assinar acordo com o Mercosul, reafirma Macron