Presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, é indiciado pela Polícia Federal

Publicado em 31/05/2016 20:20
Indiciamento de Trabuco, do Bradesco, é mais um desdobramento da Operação Zelotes, que investiga a compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (em veja.com)

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, foi indiciado pela Polícia Federal em mais um desdobramento da Operação Zelotes, que investiga a compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). As ações do Bradesco passaram a cair fortemente nesta terça depois da notícia do indiciamento.

A assessoria de imprensa do Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal confirmou que recebeu o inquérito elaborado pela polícia relativo ao Bradesco nesta terça-feira. O documento pede o indiciamento do presidente do banco e de outras nove pessoas investigadas na Zelotes. O próximo passo será a apresentação de uma denúncia à Justiça Federal.

As apurações mostraram que o grupo suspeito de corromper integrantes do Carf conversou com executivos do banco sobre um "contrato" para anular um débito de 3 bilhões de reais com a Receita Federal, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Em relatório, a PF já havia apontado que Trabuco e outros dois executivos da instituição se encontraram com emissários da organização criminosa para discutir a atuação no órgão. Os indiciamentos são pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O MPF não soube informar por quais crimes a PF indiciou Trabuco e se há outros funcionários do banco indiciados.

Segundo apurou o site de VEJA, outros dois diretores do banco também foram indiciados: o vice-presidente do Bradesco, Domingos Figueiredo Abreu e o diretor financeiro do banco, Luiz Carlos Angelotti.

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Em nota, o Bradesco nega que houve contratação dos serviços oferecido pelo grupo investigado e acrescenta que foi derrotado por seis votos a zero no julgamento do Carf. "O Bradesco esclarece ainda que o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, não participou de qualquer reunião com o grupo citado".

O mérito do julgamento se refere a ação vencida pelo Bradesco em todas as instâncias da Justiça, em questionamento à cobrança de adicional de PIS/Cofins. Essa ação foi objeto de recurso pela Procuradoria da Fazenda no âmbito do Carf. O Bradesco diz que apresentará seus argumentos juridicamente por meio de seus advogados.

"O indiciamento toma de surpresa a administração do Bradesco, considerando que os dois diretores foram ouvidos apenas como testemunhas e o presidente da companhia sequer foi ouvido e tampouco participou de qualquer reunião com representantes do escritório de assessoria tributária", diz o diretor-executivo gerente, Moacir Nachbar Junior, em outro comunicado, enviado ao mercado.

A outra queda de Dilma, por REINALDO AZEVEDO

O PT realista sabe que essa conversa de volta de Dilma é pura lorota. Mas sempre há alguns tolos entusiasmados. O ânimo do QG da Restauração esfriou bastante com a confirmação da notícia de que Marcelo Odebrecht assinou o acordo de delação premiada.

Ninguém sabe exatamente quantos tombarão com Dilma, mas se dá como certo de que será a sua segunda queda.

Para começo de conversa, o que não vai resistir às revelações será o financiamento de sua campanha.

Mas isso não atinge também Michel Temer, já que ambos compunham a chapa? Será uma tarefa para o TSE. Os comitês financeiros eram distintos, e Temer não tinha como saber como operava, por exemplo, Edinho Silva.

 

Radar TVeja: Um ano depois, fala Odebrecht

Deve vir à tona nos próximos dias, finalmente, a mais aguardada e a mais negociada delação premiada da Lava-Jato.

Depois de um jogo duro por parte da defesa e do Ministério Público, Marcelo Odebrecht fechou o roteiro do que pretende revelar.

Como esticou a corda demais, o herdeiro da maior empreiteira do país está tendo de entregar os anéis e os dedos. O cardápio inclui uma autópsia nos negócios da empresa com o ex-presidente Lula, o esquema de financiamento de campanhas de todos os partidos, incluindo a de Dilma Rousseff em 2014, e os negócios da empresa no exterior, incluindo o complicado esquema de contas e remessas de dinheiro via offshores.

Além de Marcelo, outros executivos e ex-executivos da Odebrecht vão colaborar com as investigações.

A delação deverá ser concluída às vésperas do aniversário de um ano da prisão de Marcelo, em 19 de junho. Nenhum outro empreiteiro passou tanto tempo sob custódia da Justiça em Curitiba.

Nenhum outro, também, fez tanta bravata e bateu no peito dizendo primeiro que não seria preso, depois que não encontrariam nada que ligasse sua empresa ao petrolão e, por fim, que jamais faria delação.

O tempo, como se vê, é capaz de mudar tudo.

Arnaldo Jabor: Ou Temer se comunica ou se estrumbica

Publicado no Estadão

Converso com muita gente culta, de gravata, e concluo: três milhões de pessoas foram protestar nas ruas, mas pouca gente entende realmente o que está acontecendo no Brasil profundo. Profundo no sentido de detalhes contábeis, dos segredos de gaveta que só os carunchos conhecem. Ninguém sabe nada. Essa deficiência da opinião pública é que os petistas usarão para arrasar o governo do Temer. Como o presidente em exercício tem pouco tempo, e como a c***da deixada por Dilma e PT foi imensa, teremos dois anos (se Deus ajudar) para reorganizar a economia, que teve perda quase total. É difícil, por causa das sabotagens e da lentidão brasileira. Por isso, Lula está adorando o impeachment de Dilma. É a melhor coisa que podia lhe ter acontecido. O Sarney disse outro dia na gravação que Lula estava muito deprimido. Deve estar, mas não é uma melancolia inócua, passiva, sem rumo; não, Lula está se preparando para sapatear em cima dos erros e dificuldades inevitáveis desse governo.

Agora, ele e seu PT podem partir para a oposição, contando com uma população imensa de imbecis que serão convencidos de que o impeachment foi só para acabar com a Lava Jato.

A narrativa deles será a de que todo mundo sempre roubou e que eles só entraram na regra do jogo. Mentira. A corrupção do PT inventou algo novo: corromper para governar, pois revolucionário pode roubar em nome do Bem. E, assim, bateram um recorde mundial: nunca na história do mundo houve uma roubalheira organizada como essa.

Temer tem a difícil tarefa de andar na corda bamba, no fio da navalha entre uma equipe econômica de primeiro time e um restolho de vagabundos, que aparelharam ministérios e repartições em geral. Se bobear, Temer pode eleger o Lula em 18, se o ‘grande líder do povo’ não for em cana.

Uma transição de governo intempestiva gera medo, mas também uma esperança de mudança imediata. “Ahhh…, acabou o PT, o ‘petrolão’ – agora seremos felizes.” Auriverde ilusão de minha terra…

O problema é que a herança maldita dessa terrível senhora é um emaranhado infernal para se consertar. Em dois anos, seríamos uma Venezuela. E esta é a felicidade do Lula: a expectativa dos mal informados (que são a maioria) vai se esfarinhar e o Temer será culpado pela c•••da que o PT deixou no meio-fio. A culpa vai ser dele em pouco tempo.

Brasileiro ‘assiste’ ao Brasil. Brasileiro assiste à política como um Fla x Flu, torcendo, xingando juiz, mas quer que o Estado resolva tudo, pois não sabe que o Estado é o problema e não a solução. A sociedade protesta, mas não sabe como tomar as rédeas. Este governo tem um só caminho: conquistar um apoio da sociedade, para que ela entenda que não se trata de ideologias e, sim, de uma tragédia contábil. “É a economia, estúpidos!” (citando o refrão batido do James Carville.)

Temer vai ter de arrumar as contas. Só. E, aí, vem a esparrela: como expulsar 100 mil vagabundos aparelhados no governo? Como impedir que volte a lama debaixo do tapete? Nosso complexo de impotentes renasce feito rabo de lagarto. Debaixo de nossos olhos, a máquina da sordidez nacional ressuscita, como um monstro de ficção científica, um “Alien”.

Os escândalos, cada vez maiores, não podem encobrir o dano nas contas públicas. E tem mais: vai haver aumento de impostos, sim. Não adianta chorar. É impossível, só com ajustes e cortes, resolver o buraco da Dilma de R$ 170 bilhões jogados no lixo. E aí? Como explicar?

Esse é o maior perigo: a teia de escândalos pode mascarar os urgentes acertos da República devastada.

Precisamos que o Temer dê certo, ao menos na economia. Porque ninguém vai às ruas apoiá-lo. Todo mundo tem medo de apoiar governos. É impossível imaginar que brasileiros vão às ruas para defender o ajuste fiscal: “Queremos ajustes!”. É mais fácil ser contra. A oposição enobrece, a adesão é humilhante.

Por outro lado, os militantes pagos da CUT, do MST e outras siglas vão para as ruas, gritar contra. Rolam boatos fortes de que o PT está reunindo muita grana para comprar uns três senadores. É possível.

Por isso, acho que uma das coisas mais sérias que este governo tem de buscar é a comunicação com o país.

Vi outro dia o Temer falando e achei que ele está imbuído de um desejo real de entrar para a história como um cara que ajudou a consertar o Brasil. Houve momentos em que ele mostrou uma virilidade legal. Por exemplo, quando disse que já tinha sido secretário de Segurança em SP e que não tinha medo de bandido. Ali, o povo gostou. Acho que gostou também quando ele disse que não tem medo de errar e que, se errar em algo, consertá-lo-á. Acho ótimo um presidente falando em mesóclises. Melhor que a Dilma na mandioca. Temer tem de falar, muito, explicar para a população o que significa esta fase de nossa vida, muito além de corrupção ou ideologias.

Tem de explicar. Olho no olho. Sem propaganda. Tem de conquistar um carisma. Tem de explicar, como numa gramática, o que é dívida pública, gastos inúteis, aparelhamento do Estado; as pessoas têm de saber contra o que estão gritando ou marchando. A corrupção imensa, pavorosa, não é o núcleo da questão. Ela nasce das condições arcaicas de dentro da organização política e administrativa. Nossa formação patrimonialista está explodindo agora, depois de séculos. É preciso criar um espaço simbólico para esta presidência transitória.

FHC não explicou com clareza o que estava fazendo em seu governo. FHC não conseguiu criar um espaço reconhecível pela opinião pública, que não pode ser confundido com propaganda ou marketing. Por isso, seu excelente governo, que acabou com a inflação e nos jogou num novo mundo administrativo, acabou arrasado pela oposição do PT diante de uma opinião pública desinformada, aérea. É preciso que as pessoas se sintam passageiras no trem do seu governo.

É importante que o lado ‘espetaculoso’ das denúncias não crie uma institucionalização da zona. Há um velho hábito de acharmos que o Brasil não tem jeito. O perigo é ficarmos cínicos, fatalistas e desesperados. Se não der certo, estamos f***dos.

Editorial do Estadão: Por que Dilma não pode voltar

A presidente Dilma Rousseff parece acreditar que, ao se manifestar sobre seu governo e seu afastamento, angaria simpatia e, assim, afasta a hipótese altamente provável de seu impeachment. Sempre que a petista abre a boca, porém, fica claro para o País que, se seu governo já foi desastroso, seu eventual retorno à Presidência seria um cataclismo, pois a administração seria devolvida a quem se divorciou completamente da realidade. No mundo em que vive, Dilma se confunde com Poliana: não cometeu nenhum erro, não é responsável pela pior crise econômica da história brasileira e só foi afastada em razão de um complô neoliberal operado pelo deputado Eduardo Cunha, e não porque a maioria absoluta dos brasileiros exige seu impeachment.

“Temos que defender o nosso legado”, disse à Folha de S.Paulo a presidente responsável por recessão econômica, desemprego crescente, inflação acima da meta e contração da atividade, do consumo e do investimento, além de um rombo obsceno nas contas públicas. Foi essa herança, maldita em todos os sentidos, que criou o consenso político em torno do qual o Congresso faz avançar o impeachment. Assim, quando fala em seu “legado”, não é à dura realidade que Dilma está se referindo, mas sim à farsa segundo a qual seu governo beneficiou os mais pobres – justamente aqueles que mais sofrem com a crise que ela criou.

Na entrevista, Dilma sugere que seu “legado” é a manutenção de programas sociais, o que estaria sob risco no governo de Michel Temer, instituído como parte de uma conspiração para instalar no Brasil uma “política ultraliberal em economia e conservadora em todo o resto”. A desmontagem da rede de proteção aos mais pobres seria, segundo ela, o objetivo dos “golpistas”. Dilma atribui aos adversários a intenção de fazer o que ela própria já estava realizando na prática: todos os principais programas sociais de seu governo sofreram cortes nos últimos anos, em razão da falta de dinheiro.

Especialista em destruir os fundamentos da economia, Dilma achou-se autorizada a comentar as possíveis medidas do governo Temer para tentar recuperar um pouco da racionalidade econômica que ela abandonou. Dilma disse ser “um absurdo” a possibilidade de que a imposição de um teto para os gastos públicos atinja áreas como educação. Para ela, “abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado”. Foi esse tipo de pensamento, segundo o qual há gastos que devem ser mantidos “sob qualquer circunstância”, que condenou o Brasil a um déficit público superior a R$ 170 bilhões.

Ainda em seu universo paralelo, Dilma disse que em 2014 ninguém notou que o País já passava por uma crise, embora o descalabro estivesse claro para quem procurou se informar. “Quando é que o pessoal percebeu que tinha uma crise no Brasil, hein? A coisa mais difícil foi descobrir que tinha uma crise no Brasil”, disse ela, desafiando a inteligência alheia de forma grosseira até para seus padrões. Bastaria ler os documentos de análise da economia produzidos regularmente pelo Banco Central para constatar o desastre desde sua formação até o seu fiasco final com o episódio Joaquim Levy. Ela prefere imputar as mazelas da economia em seu governo à desaceleração da China, à queda do preço do petróleo, à seca no Sudeste e a um complô da oposição e de Eduardo Cunha, que, segundo suas palavras, é “a pessoa central do governo Temer”. Ou seja: para Dilma, se Cunha por acaso não existisse, ela ainda estaria na Presidência, e a crise, superada.

“A crise econômica é inevitável”, ensinou Dilma na entrevista. “O que não é inevitável é a combinação danosa entre crise econômica e crise política. O que aconteceu comigo? Houve uma combinação da crise econômica com uma ação política deletéria.” Segundo a petista, o Congresso, dominado por forças malignas que tinham a intenção de criar um “ambiente de impasse propício ao impeachment”, sabotou todas as “reformas” que ela queria aprovar. Ou seja, Dilma teima em não reconhecer que o clima hostil que ela enfrentou no Congresso foi resultado de sua incrível incompetência administrativa, potencializada por descomunal inabilidade política e avassaladora arrogância. Prefere denunciar a ação de “inimigos do povo” contra seu governo.

Finalmente, convidada a dizer quais erros acha que cometeu, Dilma respondeu: “Ah, sei lá”.

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